Capítulo 15
"Conhecendo você!"
Adentrei o setor de produção como de costume já tinha uns dias. Anthony me recebeu com uma lista bem explicada e elaborada de materiais que estavam em produção. Passei a conferir e marcar os que já estavam em processo. Anthony e os outros rapazes que mexiam nas maquinas gargalhavam de algumas piadas e eu não dei atenção a isso, pois tinha que concluir minha tarefa lá em cima, para voltar aos outros trabalhos. Um dos rapazes esbarrou em mim derrubando a prancheta com as anotações no chão.
— Opa! — Ele curvou-se ao chão retirando a papelada de onde tinham caído. — Aqui está, me desculpe o inconveniente. — Ele completou ao me entregar os papéis novamente.
— Não há incomode, tudo bem, obrigado. — Respondi vendo ele me encarar.
— Nós já nos vimos antes não? — Ele franziu o cenho. Parecia ter recordado de algo e então ele falou. — Você não era a namorado do Max? Cara verdade é você mesmo.
Ele parecia surpreso, mas incrivelmente eu não recordava dele não.
— Sim eu fui namorada dele, mas ainda não lembro de você. — O encarei passando uma mão sobre o queixo confusa. Ele realmente me conhecia mas eu não recordava dele. Enquanto eu pensava e puxava na mente a porta do setor se abriu e um Lúcio aparentemente estressado nos encarou.
— Qual o motivo da conversa? Porque está parado David? — Ele cruzou os braços mas parecia que estava falando comigo. O rapaz conhecido por David assustou-se passando a voltar a atenção a tela do computador que era ligado a maquina.
Lúcio deu uma passada em minha direção e eu fiquei um pouquinho assustada, talvez não fosse assustada. Mas receosa com o que viria a seguir.
— Preciso falar com você na minha sala mais tarde. — Ele disse tão rápido e saiu logo em seguida, que tive uma certa dificuldade para entender. Quando entendi me questionei infinitamente na cabeça o que ele queria conversar comigo.
Pronto, ele tinha acabado com o meu dia, reconhecia muito bem o quão ansiosa eu sou. E enquanto não nos falar eu não me acalmaria. Quando conclui minhas tarefas no setor de cima vi Lúcio descer direção ao elevador. Apressei os passos o seguindo, quando o elevador se abriu e ele adentrou eu corri para dentro antes que a porta fechasse vendo seu rosto assustado.
Eu sorri aquele sorriso amarelo e sem graça, pois estava um pouquinho envergonhada com a minha criancice em correr para dentro do elevador. Ele deu espaço para que eu ficasse ao seu lado, logo em seguida ele apertou o botão indicando que subiria outro setor. O encarei imediatamente.
— An...— Pausei pensando em como falar. Ele virou o rosto em minha direção cravando seus olhos sobre os meus. Aquele momento que eu quase ficava sem palavras.— Para onde estamos indo?
Ele encarou o indicador no elevador com setas vermelhas indicando mais um setor a cima.
— Certo, vou deixar você no térreo, só um momento.— Ele esperou o elevador parar.
— Está tudo bem com você?— Quê? Porque perguntei isso ao Lúcio? Quando seus olhos voltaram me encarar percebi que ele estava levemente comprimindo os olhos formando aquela ruga muito charmosa que ele tinha no rosto proximo as sobrancelhas. — Você disse que queria falar algo comigo, é só sobre isso.
Eu mordi os lábios tentando esconder meu desconforto ao falar sobre aquilo. E se ele fosse me demitir? Sei lá, e se ele fosse brigar comigo? Eu sou ansiosa, estava uma pilha de nervos. Senti o elevador parar e antes que as portas se abrissem ele voltou tocar nos botões. Eu não fazia ideia pois parecia que estavamos subindo mais e eu não conhecia nem metade da empresa. Ele voltou me olhar novamente. Ele estava se aproximando de mim, senti um frio na barriga e então ele falou.
— Eu estou bem, mas acho que você não. Tá pálida!—Lúcio tocou minha testa com as mãos.— Está um pouco quente também.
E como na ultima vez nós estavamos presos em um momento que sempre se tornava estranho,eu sentia que meu corpo ficava alerta e era dificil saber o que acontecia. Lúcio parecia tão perto e quanto mais o encarava mais estranha me sentia. Por Deus! O que era aquilo?
Lúcio voltou tocar nos botões rapidamente dessa vez fazendo o elevador voltar ao terreo. Seus olhos voltaram ficar a minha a espera de alguma coisa, de alguma palavra.
— Quanto ao que falei que precisariamos conversar.— Ele cruzou os braços. Sim ele tinha que cruzar os braços e ficar tão próximo daquela forma.— Pedi que você tomasse cuidado no seu trabalho, mas percebi que cometeu alguns erros que eram pra ser inadmissiveis.
— AH!— Soltei com um tom de voz muito alto. Engoli ar seco tentando me acalmar e não parecer tão insegura.— Qual erro?— Questionei ao perceber que minha voz voltou.
— Datas, notas e contas.
— Mas estou fazendo todas como você me pediu. — Lúcio parecera surpreso com minha frase.
— Está dizendo que estou errado e que você não pode cometer um erro?— Mordi brevemente os lábios novamente. Vi que Lúcio o encarou de olhos bem estreitos e fixo.
— Sinto muito, preciso que me explique o que houve. Eu tinha esquecido que você também nunca erra.— Foi um comentario bem audacioso e Lúcio não ficou para trás.
— Claro, percebo que temos muito em comum, não é Samira?— Lúcio deu mais dois passos me prendendo completamente contra a parede do elevador pois dei dois passos para trás, mas ele não usou as mãos em nenhum momento. Lúcio tinha um poder gigantesco nele mesmo, seu olhar era a prova viva disso. Era pra ser assustador na verdade mas eu estava completamente sem reação, principalmente por sua audaciosa frase de que somo parecidos. Meus olhos correram por seu rosto, seus olhos sua boca. E como aconteceu na escada, estavamos novamente naquele clima totalmente silencioso onde até a respiração era possivel ser ouvida.
Minha respiração como de costume, estava irregular. Percebi por sentir que a boca estava levemente aberta e a respiração saía por ela. Lúcio usou as mãos para erguer meu maxilar. Uma sensação de formigamento na pele, o que fez com que meus olhos se fechassem.
— Você está com medo?—Abri os olhos rapidamente enquanto o observava.— Porque sinto que sempre que estamos sozinhos você parece tão nervosa?
Abri a boca na esperança de que algo saísse mas minha garganta parecia seca.
— Eu não tenho medo de você.—Eu aproximei meu rosto do dele. Eu realmente fiz isso? Lúcio parecia surpreso, vi seus olhos se fecharem devagar e estranhamente achei a cena extremamente atraente. Tinha algo no Lúcio que era conquistador. Era incrivel pois Lúcio não forçava absolutamente nada, mas era extremamente atraente e convidativo.
Eu sei perfeitamente bem que aquilo não estava nada certo mas não conseguia afastar meu corpo da sensação arrebatadora. Fomos interrompidos ao sentir o elevador sacudir e parar fazendo um barulho. As luzes se apagaram e com o impacto meu corpo foi jogado para trás. Graças ao reflexo de Lúcio consegui permanecer de pé ao sentir suas mãos me rodearem.
— O que está acontecendo?— Com o susto minha voz saía assustada entrecortada com a respiração.
— Fique calma, não é nada de mais. Os responsáveis civis vão resolver. — Eu não consegui vê, pois estava muito escuro. Mas a voz de Lúcio estava muito próxima. O calor do corpo dele se juntou ao escuro me causando um conforto. Aos poucos pude sentir o corpo relaxar, mesmo sentindo que suas mãos estavam por minhas costas me mantendo de frente a ele. Agradeci que pelo menos estava escuro, pois agora eu não tinha nem cara para encara-lo.
Lúcio tateou a procura do botão ao ouvir uma voz masculina sair por ele.
— Estamos bem, resolva o mais rápido de puder. — Lúcio respondeu com o rosto direção ao que parecia ser um interfone.
Senti que Lúcio estava me olhando, mesmo que estivesse escuro. Sua mão permanecia firme rodeando meu corpo. Permanecemos calados por alguns minutos. Eu senti vontade de sentar ali mesmo no chão, mas estava com vergonha de dizer para ele. Como se ele soubesse dos meus pensamentos ele falou, cortando o silêncio.
— Quer permanecer de pé ?— Ele passou me guiar enquanto com a outra mão ele tateava a parede do elevador.
— Seria muito bom sentar. Um pouco complicado fazer isso no escuro mas seria bom sentar.— Eu disse soltando um sorriso. E ele me acompanhou.
Lúcio usou seu corpo para segurar o meu enquanto nós dois escorregávamos as costas na parede. Quando alcançamos o chão suspirei. Lúcio manteve sua mão perto de mim, talvez se caso eu precisasse de algo. Ele era um homem preocupado e eu gostava disso.
Eu não era acostumada a todo aquele cuidado, mas lá no fundo eu gostava, eu sentia que eu podia confiar. Era como se Lúcio fosse capaz de me transmitir segurança, mesmo quando tínhamos nossas birras bobas ou discussões estranhas, mas eu gostava daquilo, eu não precisava ser diferente. Eu só precisava ser eu mesma pois o Lúcio cuidava do resto.
Foi assustador perceber aquilo, pois por um momento talvez eu tenha entendido que de certa forma ele não só tinha poder sobre mim,como eu também gostava daquilo. Pelo menos com o tempo estava começando gostar.
Era como se aquela sensação estranha que antes eu sentia sobre ele fosse sumindo com o tempo. Eu não podia negar que me senti no começo inferior a ele, mas eu gostava da forma que ele me impulsionava, me empurrava para me tornar melhor e aprender ainda mais com ele.
De repente era como se eu estivesse com raiva por perceber que mesmo sem querer demonstrei fraqueza de frente a ele. Eu sei que ele gostava de ajudar, mas saber que ele tinha aquele controle e autonomia, me deixava um pouco chateada, pois meu orgulho gritava lá dentro querendo mostrar que não precisava de nada. Eu tinha que aprender que na vida a gente também precisa acreditar, confiar e aceitar em determinadas situações.
Deus queira que ele não use esse controle para me prejudicar um dia!
— Está tudo bem?— Ele cortou meus devaneios com sua voz grave, porém macia.— Você está muito calada. Está com medo?— E novamente ali estava ele preocupado. Lúcio parecia ter medo de magoar, era estranho perceber aquilo pois sua postura era um tanto agressiva às vezes, e em outras predominante. Mas saber que alguém assim se importa com outros é impressionante.
Mas era de se entender, Lúcio já pedira desculpas a mim antes. Ele também reconheceu que errou em alguns momentos, não era tão estranho perceber que ele se importava.
— Alguma mulher já disse que você a assustou ?— Embora eu não conseguisse vê seu rosto com clareza, pude perceber a mudança em sua postura. Talvez ele estivesse com o rosto em minha direção com seu olhar escuro e fixo.— Você demonstra e pergunta sempre se estou com medo de você. Porque eu teria medo de você se nunca me fez nenhum mal?— Ele permaneceu calado e eu continuei. — Você parece ser alguém rígido e difícil de sorrir como se construisse um muro ao seu redor, é como se tivesse algum medo de machucar. Você parece tão seguro e comigo muitas vezes aparenta preocupação excessiva.
Percebi seu suspirar. Ouvi seu sapato se arrastar sobre o chão, percebi que seu ombro estava próximo ao meu, lado a lado. Ele parecia movimentar as mãos e pelo que conhecia dele, ele estaria passando as mãos sobre as têmporas. Era costume dele quando estava quase sem paciência ou um pouco nervoso. Quando ele falou sua voz parecia mais rouca e muito atraente. Ouvi-la me fez virar o rosto direção a ele e me conectar com seu rosto mesmo sem enxergar muito bem.
— Tem coisas que você não entenderia.— Foi tudo que ele disse.
Passei tatear as mãos a procura do braço dele, quando toquei eu mantive a mão lá.
— Talvez me considere jovem de mais pra falar algo. Vou entendê-lo.— Comentei sentindo ele se movimentar.
— Nunca considerei você jovem de mais. Para mim sua idade é apenas um detalhe. Costumo focar em atitudes e você já demonstrou ser sensata e muito guerreira. Não tirando de você a parte em que é birrenta às vezes.— Eu acertei seu ombro com um tapa leve.
— Muito obrigado pela parte que me toca.— Comentei ouvindo sua gargalhada que era muito boa de ouvir. — Mas em muitas situações você me fez parecer uma criança boba. Era como se eu não soubesse o que estava fazendo, eu me sentia assim.— Eu disse. Mesmo achando que não precisava falar sobre isso, pois estava me abrindo de mais.
— Te fazer ter outra percepção não é dizer que você é imatura. Existem situações que só conseguimos pensar com clareza quando estamos de fora dela. Acho que você teve uma visão errada de mim sobre esse ponto.
— O que posso dizer? Você é sempre muito bom com as palavras. Você é bom assim em outras coisas?— Quando notei que a frase ficou estranha quis me bater. Graças a Deus Lúcio apenas gargalhou.
— Depende de a qual tipo de coisas está se referindo. Acredito que em algumas eu seja muito bom mesmo.— Cobri a boca com a mão ao notar que as frases estavam estranhas ou talvez eu estivesse tendo interpretação errada.
— Para!— Sorri.— Essas frases estão saindo estranhas.
Lúcio realmente pareceu achar graça. Eu não sei quanto tempo ficamos presos no elevador, mas não podia negar que ele era a melhor companhia para aquilo. Quanto mais tempos passamos juntos mais confortável me sinto com sua presença. Sim eu fiquei feliz em perceber aquilo.
Enfim.....ufa! Tá aí mais um capítulo. Foi difícil já que o noivo não parava de me chamar a atenção 😂😂 eu em! Mas saiu. Agora vou sumindo que a atenção é pra ele. Antes disso...o que acharam? Me conta aí que eu amo dialogar sobre os livros 🤭 minha parte favorita? Samira batendo o ombro de Lúcio fazendo ele sorri. Deu pra sentir a cena, eles estavam bem a vontade 🤭... até próxima semana.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro