Mocha
Todos os xingamentos possíveis passavam pela cabeça de Hobi, enquanto ouvia o que Mila lhe contava sobre o cuzão daquele assediador. Se limitou a chama-lo só de filho da puta, mas queria extravasar o ódio que começara a sentir de alguma outra forma. Por isso pisou firme no acelerador.
Porém, o carro não reagiu. Na verdade, ele começou a perder velocidade.
-- Que merda...
Ainda bem que aquela parte da estrada era um trecho plano, então conseguiu desviar o carro para o acostamento bem no momento em que ele morreu.
-- Você não precisa parar o carro. A gente pode ir conversando... -- Mila começou a dizer, mas ele a interrompeu.
-- Não é isso Mira. O carro quebrou.
Parecia ser algum tipo de pane. O que era um grande problema. Pois faziam graus negativos lá fora e ficar no carro, por pelo menos duas horas até que a ajuda da empresa viesse, não era uma opção se quisessem manter todos os membros do corpo intactos. Outra complicação de ser famoso: não poder nem chamar um guincho comum, por receio de ser reconhecido. Encostou a cabeça no banco. Pensa Hoseok...
Mila pegou seu celular, mas estava descarregado, de novo.
-- Me empresta seu celular? -- Hobi desbloqueou a tela e entregou a ela.
-- Mira, é complicado pra mim chamar algum mecânico daqui... Mas também não dá pra esperar alguém vir de Seoul ajudar e...
-- Eu sei. -- Ela procurava algo na tela do iPhone. -- Logo que pensei no mecânico, imaginei que você podia ser reconhecido e isso seria uma grande dor de cabeça. Onde fica o mapa aqui nesse celular? -- Ela pediu ajuda a ele.
-- O que você quer ver no mapa então? -- Ele foi rapidamente até o ícone do mapa.
-- Nossa localização e se tem algum comércio próximo, tipo restaurante ou loja de conveniência, pra gente se abrigar até a ajuda chegar.
Ela era esperta. Hobi sorriu, enquanto fazia o que ela havia sugerido.
-- Tem um posto de gasolina a menos de um quilômetro daqui. Aqui diz que tem loja de conveniência.
-- Então vamos.
Pegaram as coisas no carro e o trancaram. Colocaram os casacos e Hobi ofereceu uma máscara a Mila, que além de ajudar a ocultar o rosto, também protegia do frio cortante. Caminharam o mais rápido que puderam em meio a neve que caia naquele início de janeiro.
Mas ao chegarem no lugar, uma decepção. O posto e a loja estavam fechados. Em algum tipo de reforma.
-- Por que essa informação não estava na internet? -- Foi o resmungo ininteligível de Hobi por trás da máscara.
-- Do outro lado da estrada tem um hotel. -- Apontou Mila.
Ele sabia disso. Tinha visto no celular. Mas havia ignorado aquela possibilidade, pelo bem da própria sanidade mental.
-- Vamos pra lá. Tá muito frio aqui fora. -- Ela parou na beira da estrada, olhando os dois lados antes de atravessar com uma pequena corrida, a mochila balançando nas costas. Hobi a seguiu.
-- Eu falo na recepção. -- Disse Mila a ele na porta. -- Pra evitar te reconhecerem.
Concordou. Contudo, olhando de longe a conversa de Mila com a pessoa que devia estar atrás do guichê envidraçado, parecia que algo não estava indo bem, já que ela começava a ficar irritada.
Ela finalizou a conversa e voltou, com o cenho franzido e os lábios crispados:
-- Só notícia ruim. Eles não alugam quartos por hora, só a diária que vai até amanhã as 11h e não podemos esperar aqui na recepção, porque ela fecha as 22h. -- Ela balançava a cabeça inconformada, já que faltava menos de 20 minutos para as 22h.
-- Então vamos pegar dois quartos e ir embora amanhã de manhã. -- Hobi não negava a si mesmo que havia pensado toda sorte de besteira quando vira o hotel no mapa, porém agora só queria tomar um banho quente e esticar as pernas.
-- Esse é outro problema: eles só tem um quarto vago.
****
Não dava pra dizer que estava tranquila. Estava bem ao contrário disso. Que tipo de pegadinha do destino era essa, em que ela estava dividindo um quarto com Jung Hoseok?
Enquanto examinava o quarto e fingia normalidade, repetia na cabeça: Senhor, não me deixe fazer besteira. Não me deixe agarrar esse homem e assustar ele no processo. Por favor, Deus...
O quarto era pequeno, com uma cama de casal no meio, uma poltrona em dos cantos, um guarda-roupa no outro canto e uma mesa de cabeceira. Não tinha janela, só um exaustor no teto que foi acionado ao ligarem a luz. Além da porta de entrada, havia outra porta que provavelmente era a do banheiro.
-- Bom... pelo menos está limpo. -- Mila quebrou o silêncio, ainda fingindo normalidade, ao tirar a mochila das costas e sentar na beirada da cama.
Hobi continuava parado na porta, com o chapéu mais enterrado na cabeça e ainda de máscara. De onde Mila estava, não dava pra ver nenhuma parte do rosto dele.
-- Eu... -- Ele finalmente falou algo. -- Eu quero... Bom, eu acho que vou tomar um banho. Ali deve ser o banheiro, certo? -- Apontou a outra porta.
-- Acho que sim. -- Mila se levantou pra verificar, porém Hobi foi mais rápido e entrou de uma vez no quarto, indo até a outra porta.
Entrou no banheiro e fechou logo a porta, encostando-se nela. Tirou o chapéu e a máscara e se olhou no espelho em cima da pia. Seu rosto não estava somente quente, mas vermelho também.
Respirando profundamente várias vezes, repetia na cabeça: para de pensar besteira Hoseok, vocês ainda nem conversaram direito. Para de pensar besteira Hoseok, vocês ainda nem conversaram direito. Para de...
Uma batida na porta o fez dar um pulo.
-- Hoseok?
-- Si-sim?
-- Tem toalha aí?
Ele examinou o banheiro e não viu nenhuma toalha.
-- Não. -- Respondeu a Mila.
-- Tem uma aqui. -- Ela disse por trás da porta.
Ele então abriu uma fresta da porta pra ela lhe passar a toalha.
-- Tem um sabonete e uma camiseta aí também, porque acho que você não tem.
-- Obrigada.
A porta do banheiro foi fechada novamente e Mila nem conseguiu explicar que ela já tinha usado a camiseta, mas que ainda estava limpa. Ficou parada perto da porta, até escutar o chuveiro ser ligado e sua imaginação começar a viajar de novo: Jung Hoseok estava nu atrás daquela porta.
Balançou a cabeça. Precisava se distrair.
Colocou então o celular pra carregar, pegou o pijama, abriu um pacote de salgadinho que estava esquecido dentro da mochila. Lembrou da Tha e das meninas, enquanto roía um dos salgadinhos. Ainda tinha mais um monte de pedidos de desculpas a dar... Suspirou. Odiava o confronto. Tinha a impressão que nada de bom vinha dele. Lembrou dos pais brigando e do pai indo embora. Da discussão com a irmã mais velha depois de voltar da Coréia. A briga com o infeliz do professor Park. Ela acusando Hoseok...
Nada vinha de bom do confronto, mas também o medo e a omissão não adiantavam. Precisava aprender o caminho do meio. Mas como?
-- Mira? Ta tudo bem? -- Ela só voltou a si ao sentir a mão quente em seu ombro. Quando seu olhar focou em um Hobi com cabelo levemente úmido e com cheiro gostoso de banho tomado, a imaginação que banira para o fundo da mente, voltou como um soco no estômago. Até deu um pulo!
-- Ah! Você saiu do banheiro! Eu também vou tomar banho! -- Agarrou a toalha e o pijama e saiu de perto de Hoseok, se trancando no banheiro.
O banho tinha acalmado a imaginação e o ânimo de Hoseok. Lembrou que ainda precisavam terminar de conversar e colocar os pontos nos is. Mas, ao sair do banheiro, falara com Mila a distância, perguntando se ela também tomaria banho, mas ela não o ouvira. Ao examinar o rosto dela, cujos olhos pareciam perdidos em um ponto fixo, e a testa franzida em preocupação, se aproximara e tocara em seu ombro. Mas isso a assustara. Dormir de conchinha, depois de conversarem, pelo visto não ia rolar. Esfregou o olho. O que você ainda está pensando Hoseok?
Como iam dormir juntos naquela cama, então?
Pegou um punhado dos salgadinhos que Mila havia deixado em cima da cama e enfiou na boca, indo até o armário. Tinham algumas roupas de cama ali e mais dois travesseiros. Deveria dar.
Depois de arrumar tudo, se sentou na cama e voltou a cheirar a camiseta que ela havia lhe emprestado. Tinha um cheiro bom. Dela.
-- O que é isso? -- Por um momento, Hobi achou que Mila havia flagrado-o cheirando a roupa, mas depois viu que ela estava perguntando sobre o arranjo que fizera.
-- Ah, eu fiz uma divisória na cama, pra cada um ter seu espaço na hora de dormir.
-- Aaaaaaahhhhh... -- Mas que merda, ela pensando besteira e ele fazendo divisória na cama. Aproveitou que precisava guardar suas roupas, pra esconder a cara de decepção. Cai na real Mila, ele é um cara famoso, o que iria querer com você se pode ter qualquer uma?
-- Eu comi um pouco do seu salgadinho.
-- Tudo bem. Se quiser comer mais, fica a vontade.
-- Valeu. Estou com fome. -- Hobi pegou o pacote e os dois ficaram em silêncio, sentados na cama. Só ouvindo o barulho do mastigar.
-- Aquilo que você me disse no carro, antes dele quebrar... -- Ele quebrou o silêncio, após finalizar o pacote.
-- Sim?
-- Eu sinto muito.
-- Eu também. Sinto pelo que ouvi. E principalmente por ter descontado a raiva em você. Sinto muito, de verdade.
-- Mas sabe?
-- O quê?
-- Você não estava totalmente errada...
-- Claro que eu estava!
-- Não. Não estava. Eu não podia ter nada com você mesmo. Se hoje em dia é difícil ter um relacionamento, naquela época era impossível.
-- Por isso você nunca me apresentou para os meninos? -- Algo que sempre se perguntava.
Ela o viu afirmando com a cabeça e desviando o olhar para as mãos.
-- Tudo bem. Eu entendo.
-- Sério?
-- Sim. -- Ela sorriu sem dentes pra ele. -- Acho que eu vou deitar. Eu to meio cansada.
-- Ah tá. Eu vou escovar os dentes.
-- Boa noite.
-- Boa noite.
Hobi foi até o banheiro e pegou o kit de escovação do hotel. Era surpreendente que aquele lugar tivesse um. De dentro do banheiro olhou para Mila deitada. A conversa não tinha se desenvolvido como ele imaginara. Mas como perguntar, a queima roupa assim, se ela era apaixonada por ele, como Thaisi falara? Sentia a frustração.
Terminou de escovar os dentes e apagou a luz do banheiro e depois a do quarto.
Deitou-se ao lado dela, mas ela estava deitada de costas pra ele. Provável que já dormindo. Tão perto, porém tão longe. Virou de costas também. Com sorte, pegaria no sono logo.
****
Não conseguir dormir era normal pra Mila. Naquela noite então...
Levantou da cama, depois de um tempo fingindo que dormia. Hobi dormia de costas pra ela.
Pegou o celular que ainda estava carregando. 00h30. Uma mensagem da Tha de uma hora atrás
Vcs não iam voltar hj? Aconteceu alguma coisa?
Tinham esquecido de informar o que havia acontecido. Tirando o celular da tomada, foi sentar, devagarinho, na poltrona.
O carro quebrou. Estamos em um hotel, amanhã de manhã voltamos.
A resposta da amiga veio poucos segundos depois.
Graças a Deus! Já estava preocupada aqui.
Desculpa Tha.
Tudo bem Milazinha.
Mila ia responder, mas viu a amiga digitando algo. A mensagem demorou a ser enviada.
Eu só fiquei triste por vc ñ ter confiado em mim pra contar tudo.
Aquilo apertou o peito dela. Como explicar por mensagem o que tinha pensado pra não contar? Aliás, saberia explicar de alguma forma? Só decepcionava as pessoas que mais gostava mesmo.
Eu sinto muito.
Foi a única coisa que respondeu.
Qdo vcs voltarem a gente conversa sobre isso. Vou dormir agora. E vc tb deve ir. Boa noite Milazinha.
Boa noite.
Deixou o celular de lado.
Pensamentos de que tinha perdido a amizade da Tha e das meninas, ficaram rondando a cabeça dela.
Parecia lógico. Acabara de receber um fora de Hoseok também, não é mesmo? Simplesmente conseguia sempre estragar tudo. E por isso também as pessoas a abandonavam. Era um desastre humano.
-- Não tá conseguindo dormir?
Mila levantou a cabeça ao ouvir a voz de Hoseok, surpreendentemente baixa.
Balançou a cabeça, mas só depois pensou que talvez ele não pudesse vê-la naquela escuridão.
-- Não. Mas isso é normal. Desculpa se te acordei.
-- Normal? -- Hobi havia se assustado ao se virar na cama e não vê-la do seu lado. Achou que ela tivesse ido embora. Como acabara de acontecer no sonho que o acordara.
Mas então percebera a movimentação atrás de si. Ela estava sentada na poltrona. Levantou-se e foi até ela.
-- Você tem insônia? -- Agora conseguia enxergar e a viu abraçada aos joelhos, com os pés apoiados no assento.
-- Tenho.
-- É alguma preocupação?
Mila quis negar, contudo quando abriu a boca o que saiu foi um pequeno soluço. Estava chorando. Esperava que ele não percebesse.
Sem sorte.
-- Por que você está chorando? -- Ele agora estava agachado na frente dela. E ela só queria morrer de vergonha.
-- Não é nada. -- Falou com a voz embargada.
-- Como nada?
Ela só balançou a cabeça negando de novo e afundou mais a cabeça entre os braços.
Outro soluço, mas agora de surpresa, saiu dos lábios dela, ao sentir os braços de Hobi a envolverem, erguendo-a do assento.
-- Desculpe. -- Foi o que ele disse, ao encaixa-la em seu colo. -- Pode continuar. -- Passou os dois braços ao redor das costas de Mila, meio que obrigando-a a se aninhar nele. Não queria que ela se afastasse. Não até que se sentisse confortada.
A surpresa real foi senti-la abraçando seu pescoço, enquanto o corpo dela convulsionava em um choro silencioso, que depois de um tempo sentiu molhando seu ombro.
Acariciou as costas de Mila por um tempo imensurável, como se quisesse absorver parte do fardo de tristeza que sentia pesar sobre ela.
Ela foi pouco a pouco se acalmando, os soluços se espaçando. E Hobi teve certeza que a crise tinha passado, pois outra se instalou, quando sentiu, agora sem soluços, o corpo dela tensionando em seus braços. Entrelaçou os dedos em volta dela, antes que ela se levantasse.
Empurrando os ombros dele como apoio, Mila realmente tentou sair do colo e do abraço de Hoseok, mas ele segurava-a firmemente, com braços de ferro.
-- Perdão... Eu não sei o que foi...
-- Mira...
-- Você deve estar me achando uma histérica, não precisa sentir pena e...
-- MILA! -- A voz mais potente interrompeu o fluxo de palavras dela, assim como o debater em seus braços. Ela finalmente olhou pra ele, com os olhos brilhantes, o nariz vermelho.
-- Você pode me abraçar de novo? -- Olhos nos olhos. -- Por favor?
Mila não soube dizer se foi a voz doce e persuasiva ou se foi o olhar intenso. Era provável que tivesse sido tudo isso, mais o fato de também querer muito continuar nos braços dele, pois fez o que ele pediu. Se aninhando, como faria uma criança pequena, registrando dessa vez o perfume dele.
Sentia a respiração dele em sua testa quando ele começou a falar:
-- Eu vim te buscar porque queria que você me contasse algumas coisas. Mas acho que eu que devo contar algumas coisas pra você antes.
A voz dele era ao mesmo tempo séria e doce, muito diferente da sempre animada e alta.
-- Sabe que quando o Yoongi hyung trouxe a Thaisi pra nossa casa eu fiquei muito bravo? -- Ele deu um risinho pesaroso. -- Tratei ela mal e briguei com o hyung. De todos os caras, eu fui quem demorou mais pra aceita-la ali, mesmo depois de ver que ela era legal e não queria prejudicar o grupo, de alguma forma, como eu tinha pensado inicialmente. E tudo porque eu estava com inveja. Inveja do hyung, que foi atrás do que ele queria, de quem ele queria. Fez umas burradas, mas consertou. E eu não.
Aquilo pegou Mila de surpresa. Tha nunca tinha dito que Hoseok tinha a tratado mal, só lembrava dela dizendo que ele era mais fechado do que os outros com ela.
-- Quando você brigou comigo, foi horrível. Eu saí de um sonho, pra um pesadelo, no mesmo momento. Mas, apesar da raiva que você despejou em mim, você não estava totalmente errada. Nós teríamos ficado juntos até você voltar para o Brasil, mas e depois? Eu não podia te oferecer nada. Nem te apresentar pros meus melhores amigos eu podia, porque simplesmente era a hora errada pra eu me apaixonar. Quando eu fui te procurar e você já tinha ido embora, foi a segunda parte do pesadelo. Afinal o debut foi horrível, fracasso e tinha sido por causa dele que eu tinha omitido o que sentia por você. E o tempo que achava que teria pra explicar o que estou te falando agora não existia mais. Por isso eu trabalhei mais ainda pro BTS crescer, fiquei empenhado em não deixar nenhum dos caras esmorecer. Precisava que aquilo desse certo. Me apoiei no meu bom humor pra isso, mas ao mesmo tempo eu precisei esconder tudo que me deixava mal. E o que aconteceu entre a gente era uma dessas coisas. Eu passei tanto tempo escondendo isso, que quando a Thaisi apareceu esses sentimentos ruins saíram como uma catarse. Ninguém estava me reconhecendo, nem eu mesmo. Quando eu finalmente admiti que estava assim porque eu não tinha resolvido as coisas com você e que eu nunca mais te veria e teria essa chance, você apareceu, do nada. E eu fiquei com raiva. Como você não tinha falado de mim pra suas amigas? Como você estava fingindo que não me conhecia? Como? -- Ele perguntou e deu mais um risinho irônico.
Abriu a boca pra dizer que não tinha falado nada, pois achava que ele não lembraria dela e seria bem constrangedor sair como uma mentirosa doida para as amigas, mas ele continuou a falar.
-- Aí eu agi feito um idiota, depois você sumiu e todo mundo ficou desesperado, por conta de paparazzi/sasaeng...
PAPARAZZI? SASAENG? O QUE ESTAVA ACONTECENDO? Mila pensou, mas ainda não conseguiu falar porque ele não tinha terminado.
-- ... quando você apareceu e estava com a tia, foi como se eu voltasse no tempo sete anos. Inclusive agora te falando tudo isso.
Ficaram em silêncio, Mila registrando tudo que ele havia falado e ele esperando alguma reação dela.
-- Eu não sei bem o que dizer... -- Disse enfim.
-- Certo. -- Hobi disse em um suspiro. -- Mas posso te perguntar algo?
Se fosse antigamente, ela teria zuado ele dizendo que já havia feito a pergunta. Mas naquele momento, só concordou.
-- Sim...
-- Você gostou de mim... Não. Você era apaixonada por mim a sete anos? -- Ali no colo dele ela pode sentir não só o próprio coração começar a bater mais forte depois da pergunta. O de Hobi também batia cada vez mais rápido.
-- Sim. Eu era. -- E ainda sou, era o que ia dizer em seguida, mas ele se adiantou.
-- Eu também era apaixonado por você. Aliás, ainda sou apaixonado. Totalmente.
-- COMO?! -- Ela se separou do peito dele bruscamente e só não caiu no chão, porque ela ainda a segurava.
Agora eles se encaravam de novo na penumbra. Ele sorrindo docemente e ela muito assustada.
-- É. Te ver de novo, te beijar de novo, te ver ajudando a tia e sendo defendida pelas suas amigas, só me fez ter certeza que você é a pessoa que eu amo. Que eu nunca consegui esquecer.
Mila conseguiu se desvencilhar dos braços dele e se levantar, quebrando o contato.
-- Não Hoseok, eu não sou a mesma pessoa de sete anos. E mesmo a eu do passado fez muita besteira. Eu só faço a coisa errada e tomo as piores decisões. Você está enganado...
Hobi também se levantou e parou na frente dela, ergueu o seu queixo pra que olhasse pra ele.
-- Eu queria que você pudesse se ver pelos nossos olhos, Mira. Da Thaisi, da tia. Pelos meus olhos. Você é maravilhosa, boa, amiga. Você está ali ajudando as pessoas e apoiando, mas só consegue focar nos próprios defeitos.
Ela sentiu de novo os olhos encherem de água.
-- Não...
-- Sim. Eu tenho um palpite que era por isso que você estava chorando. Estou certo?
Ele estava. Mesmo assim ela balançava a cabeça.
-- Mesmo que você não acredite, não muda o modo como vemos você, e o que sentimos por você. O que me faz querer saber: você sente o mesmo por mim? Não o J-Hope, o idol. Eu, o cara comum, Jung Hoseok?
Decidira se declarar primeiro, antes de perguntar pra Mila sobre os sentimentos dela. Era amedrontador falar assim, pois poderia receber um fora. Porém, não poderia pedir algo a ela que ele não estivesse disposto a fazer primeiro.
-- Acho que não teve um dia, desde que nos separamos, que deixei de ama-lo Hobi.
Era como se o sorriso dele não pudesse ser contido em seu rosto ao ouvir a resposta de Mila e ela chamando-o pelo apelido carinhoso pela primeira vez desde o reencontro dos dois.
-- Então nesse caso... -- Ele segurou o rosto dela entre as mãos. -- Eu vou beija-la agora. -- E cobriu os lábios dela com os seus.
Aaaaaaaaaeeeeeee, até eu estou aliviada aqui! Resolveram-se enfim! 😍
Era pra essa parte do hotel ter sido mais curta e mais coisas terem acontecido nesse capítulo, porém eu acho que os personagens tinham que ter esse momento de estranheza sozinhos e de conversa mais profunda também.
Peço que vejam o mv que coloquei na capa inicial e leiam a letra da música. Tem tudo a ver com essa parte da estória e foi uma música de indicação da missright94.
Boa leitura e perdão eu ser essa doida sem cronograma de postagem.
Desejo a todo mundo um feliz ano novo! Acho que essa vai ser minha última atualização desse ano de 2019. Mas tb pode ser que não e vcs receberão outro feliz ano novo meu.
Amo vcs e agradeço muito todas as leituras, votos e comentários, vcs talvez nem saibam como fazem nascer em mim os sorrisos mais plenos de satisfação ao lerem minhas estórias.
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