Macchiato
-- Sim querido! Tome cuidado na volta e não saiam muito tarde do estúdio! -- Mila ouviu So Bi falando com alguém e foi até a porta da cozinha. Será que era Hobi?
Mas só viu a mulher acenando enquanto a porta da cafeteria batia.
-- Quem era? -- Perguntou.
-- Um dos meninos do Bangtan. O mais novinho deles. Uma graça de menino. Veio pegar café para o grupo.
-- Bangtan?
-- É, o grupo de k-pop que o Hoseok faz parte. Você não conhece os outros garotos não é mesmo? -- Ela se virou para Mila que negava com a cabeça. -- Já faz um tempo que eles estão trabalhando no debut.
-- Isso eu sei, o Hobi me contou. Mas não conheço os outros integrantes.
-- São ótimos meninos. Espero que esse ano vá pra frente a estréia do grupo. Ficaria chateada de verdade se desse errado. -- So Bi suspirou. -- Se bem que a vida pode ser só uma grande frustração pra todo mundo. -- Disse pensativa, voltando ao trabalho.
Mila também voltou a trabalhar naquela terça-feira. Finalizava o último doce da noite enquanto pensava sobre o que Hobi deveria ter achado do bolo que havia entregado pra ele no dia anterior. Um celular não seria mal naquele momento. Pelo visto ele não apareceria lá naquela noite, afinal outro garoto já havia pego o café do grupo. Suspirou.
-- Terminou querida? -- So Bi apareceu na porta da cozinha. Ela parecia cansada.
-- Sim. Só preciso colocar o doce na geladeira. -- Ela acondicionou o doce dentro da embalagem cuidadosamente e o armazenou na geladeira.
-- Você se importaria se passassemos na minha casa antes de te deixar na faculdade? Não estou me sentindo muito bem hoje. -- So Bi indagou a Mila.
-- Sem problema.
-- Obrigada! Então vamos? -- Mila assentiu, pegando sua mochila e o casaco. Estavam saindo, mas ela ainda ficava com a sensação de que estava faltando alguma coisa naquele dia...
****
-- Agora arranjou um cara com carro? Está evoluindo hein? O outro cara sabe sobre esse? -- Mila tinha tido o azar de encontrar Rae Won na entrada dos dormitórios.
-- Boa noite pra você também. -- Ignorou as insinuações dela indo para seu quarto. Rae Won a acompanhou.
-- Tenho certeza que deve ter alguma coisa na legislação da faculdade contra prostituição.
Mila apertou os lábios, soltando o ar pelo nariz.
-- Isso eu não sei. Mas deveria ter alguma coisa sobre pessoas se metendo na vida de outras. Boa noite de novo. -- Disse abrindo a porta do quarto e fechando na cara da garota. Encostou na porta fechando os olhos, mas ainda pode escutar do outro lado:
-- Você não pode fazer o que quiser. Aqui é a Coréia, não o Brasil. -- A outra se afastou da porta, mas aquilo afetou Mila mais do que ela gostaria.
Estava bem cansada daquilo. Não sabia o que tinha feito para aquela garota não gostar dela, mas cada dia a convivência estava mais difícil. Agora ela tinha visto o sr. Park deixá-la no dormitório e já supunha coisas horríveis sobre Mila.
Balançou a cabeça, tentando desanuviá-la. Soo Bin saiu naquele momento do banheiro.
-- Oi Mila. Tudo bem? -- Ela perguntou, franzindo o cenho. -- Você está com uma cara estranha.
-- Hoje foi um dia um pouco pesado, só isso. Mas tá tudo bem. E você? Tudo bem? -- Perguntou por educação.
-- Eu estou ótima! Acho que o Minho pode estar a fim de mim... -- Disse Soo Bin num tom de confissão.
-- Que bom! -- Deu um incentivo a menina, apesar de achar que o garoto era do tipo escroto.
Droga... Estava fazendo exatamente a mesma coisa que Rae Won fazia com ela, julgando Minho.
-- Posso usar o banheiro? -- Mudou de assunto.
-- Claro! Eu já vou deitar. Boa noite. -- Soo Bin respondeu, ainda suspirando.
Mila entrou no banheiro, se sentindo totalmente sem energia. Entrou no banho pensando que o dia seguinte precisava ser melhor.
****
-- Sr. Park, a partir de hoje o senhor pode me deixar no metrô. A estação não fica tão longe da faculdade e vai ser bom pra eu conhecer melhor a cidade também. -- Mila tinha resolvido deixar bem separadas sua vida da faculdade e da cafeteria.
-- Tem certeza Mila? Acho que a So Bi não vai concordar com isso...
-- É melhor. Além disso, perto da faculdade não é perigoso. Está tudo bem. Vou explicar tudo isso pra ela. -- Mila insistiu.
-- Se você insiste. Depois conversamos com So Bi então. -- No Byul deu de ombros.
Chegaram na cafeteria, próximo da hora do almoço, que já estava cheia de clientes comprando café e doces. Mas só uma delas chamou a atenção de Mila. Uma que ajudava So Bi a atender os clientes:
-- Hobi! -- Ela exclamou, chamando a atenção não só dele, mas das pessoas em volta. Ficou um pouco envergonhada, mas só até ele sorrir pra ela. Aí foi inevitável sorrir de volta.
-- Tia, a Mila e eu podemos ir? -- Hobi perguntou para So Bi.
-- Claro, claro. No Byul vai me ajudar aqui.
-- Voltamos daqui uns 30 a 40 minutos. -- Informou, pegando seu casaco. -- Vamos? -- Chamou Mila, ainda sorrindo.
-- Vamos. Só vou deixar minha mochila na dispensa. Um minuto! -- Mila respondeu indo para trás do balcão.
Voltou sem a bolsa e os dois saíram da cafeteria para aquele começo de tarde fria de janeiro.
-- Pra onde vamos? -- Mila perguntou.
-- Vou te levar em todas as ruas que dão naquela avenida central e na praça com o posto policial. -- Hobi respondeu.
Eles começaram a caminhar pelo bairro que naquele horário tinha muita gente nas ruas.
-- E aí, experimentou o bolo? -- Mila quis saber depois de um tempo caminhando em silêncio.
-- Comi. -- Hobi fez suspense, sem acrescentar mais nada.
-- Não vai me falar o que achou? -- Mila franziu o cenho.
-- Só posso dizer uma coisa sobre isso. -- Ele respondeu sério, olhando pra ela.
-- O quê? -- Ela estava ficando impaciente e como ele não respondia, pegou no braço dele e sacudiu. -- O quê? Fala logo!
-- Nossa como você é impaciente! -- Hobi começou a rir.
-- Engraçadinho! -- Mila mostrou a língua pra ele.
Ele riu ainda mais.
-- Só digo que você é muito boa nisso! Estava delicioso! -- Hobi enfim respondeu quando parou um pouco de rir.
-- Ah! Eu sabia que tinha ficado bom! -- Ela sorriu orgulhosa, empurrando-o com a mão que ainda estava apoiada no braço dele.
-- Aprovado para entrar no cardápio. Pelo menos por mim está ok! -- Ele confirmou piscando o olho.
-- Vou colocar os ingredientes na lista para o sr. Park comprar então. -- Ela disse, ainda sorrindo.
-- Eu deixei o pote lavado na dispensa, só pra você saber. -- Ele avisou.
-- Obrigada!
Os dois agora tinham parado de caminhar e estavam olhando um para o outro sorrindo. Foi aí que Mila se deu conta que ainda segurava o braço dele. Soltou-o, envergonhada e continuou a andar.
-- Desculpe! Eu tenho essa mania de brasileiro, de falar tocando. Quando vi, já fiz. E sei que vocês não estão acostumados com isso por aqui.
Hobi ficou em silêncio sem responder nada. Ela começou a achar realmente que o tinha ofendido.
-- Tudo bem. Na verdade, eu não me importo que você me toque. Afinal, somos amigos, certo? -- Foi a resposta pensada dele.
Ela se virou pra ele e sorriu:
-- Certo. -- Mas mentalmente anotou o lembrete de maneirar nos toques, apesar da resposta dele.
Eles caminharam por todo o bairro e ele mostrou cada uma das ruas que davam na avenida central. Mila não sabia se iria lembrar de todos os caminhos, mas apreciou a companhia e a conversa dele, que contou mais um pouco sobre a vida de trainee com seus amigos e ela por sua vez contou como estavam indo seus estudos na Coréia.
-- Bom, era isso que eu poderia te mostrar. Conseguiu gravar alguma coisa? -- Ele perguntou quando pararam em frente a cafeteria.
-- Sendo sincera? -- Ela fez uma careta. -- Acho que preciso caminhar mais vezes por aqui para guardar esses caminhos... Desculpe.
-- Tudo bem. É assim mesmo. A gente pode fazer isso mais vezes, se você quiser. -- Ele respondeu. -- Mas só até você guardar os caminhos. -- Acrescentou rapidamente.
-- Seria bom. -- Ela concordou.
-- Podemos fazer de novo na sexta, nesse horário se você quiser.
-- Por mim ok.
-- Fechado então! Agora preciso ir, meu tempo de almoço já acabou e preciso voltar a treinar. Até sexta Mirassi! -- Hobi se despediu dela.
-- Até Hobi!
Ela ficou vendo ele se afastar, e continuou se perguntando se deveria ter dito, entre amigos, que tinha sentido muito a falta dele no dia anterior.
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