Just one day, just (parte 1)
-- O que foi que você disse?
Hobi, que ainda estava sorrindo de pura felicidade, não percebeu a mudança de tom na voz de Mila.
-- Que ainda bem que pude me divertir com você hoje, porque não sei quando vou poder. -- Ele pegou no braço dela, pra que ela deitasse novamente na manta ao lado dele, mas ela o repeliu.
Mila soltou o ar bem forte pelo nariz, quase um bufo. Hobi se sentou, pois enfim percebeu que algo não estava certo.
-- O que aconteceu Mira?
-- Qual o próximo lugar que você gostaria de me levar Hoseok? Talvez um lugar que também não está na sua lista? Um motel por acaso?
-- Do que você está falando Mira?
A mente de Mila só conseguia lembrar do escroto dizendo que qualquer cara na Coréia só estaria interessado em se divertir com ela. Ela só não tinha incluído Hobi. Pelo menos não até agora.
-- Me fala que você nunca pensou em dormir comigo?
Aquela pergunta o pegou realmente de surpresa, mas que a do motel. Ele ficou vermelho e não conseguiu negar.
Aquilo foi o suficiente pra Mila que se levantou pegando sua bolsa.
-- Eu vou embora.
Hobi também se levantou e tentou impedi-la.
-- O que está acontecendo? Por que você ficou nervosa? Eu não estou entendendo.
Olhando pra ele Mila pensou em feri-lo assim como se sentia ferida naquele momento.
-- Isso aqui não deu certo. -- Ela fez um gesto com as mãos indicando a si mesma e a ele. -- Te beijar foi um erro -- Ela de repente se lembrou dele negando que eram namorados pra mulher do tteokbokki e sentiu mais raiva. -- Esse encontro todo foi um erro. É isso que dá eu fazer as coisas por pena.
Dessa vez, foi Hobi quem se sentiu azedar.
-- Pena? Você saiu comigo por pena?
-- Sim. -- Ela mentiu.
-- Você acabou de me beijar por pena?
-- Claro, afinal, a gente não é namorado não é mesmo? -- Complementou com algo que ele acabara de dizer. -- E você não vai ter tempo pra mim também. Por que eu te beijaria, se não fosse por pena? Mas é só isso que você vai ter de mim.
-- Mira! Não e nada disso... -- Ele tinha entendido uma parte do porque ela estar tão brava, mas não sabia como remediar o que acabara de falar, não queria mentir. Teria tempo pra ela? Não sabia.
O silêncio dele só deu mais certeza pra ela que ela não tinha espaço ali. Na vida dele. Ficou com mais raiva. Como era burra!
-- Isso que você persegue tanto, sua carreira, que é mais importante que as pessoas... Espero que dê tudo errado! -- Disse sem pensar. -- Te dei uma força até agora por pena, porque você não tem nada mesmo. Mas a verdade é que quando olho pra você só sinto dó. Você não é capaz do que pretende.
-- Você não acha de verdade isso... -- Ele não queria acreditar naquilo, ela só estava brava, certo? Lembrou dela duvidando de que ele poderia pagar pelo encontro e aquilo realmente soara como pena. Seu coração pesou.
-- Eu tenho certeza. Vou embora. E não me siga!
-- Pode ficar sossegada quanto a isso. -- Respondeu baixo, sério.
Mila percebeu aí que tinha conseguido deixá-lo com raiva. Tanto quanto ela estava. Não se sentiu vitoriosa, porém.
Deu as costas ao Hobi e foi embora. Uma parte dela queria que ele fosse atrás dela, dizendo que ela havia entendido errado, que ela era importante. Mas ele não veio.
Sentiu a primeira lágrima quente rolando no rosto. E chorou. Chorou no metrô. Chorou quando chegou no dormitório. Chorou no banho. Foi dormir chorando.
☕☕☕☕
Dez dias se passaram após o encontro. Mila não havia recebido nenhum sinal de vida de Hobi. Ela sentia muito a falta dele, mas seu orgulho a impedia de procura-lo primeiro. Sentia que estaria se humilhando. Mas seu orgulho não a impedia de chorar de vez em quando, quando ninguém estava olhando. Pelo menos era o que ela achava.
Era o que acontecia naquela terça-feira em que terminava um dos doces. So Bi entrou na cozinha naquele momento e ela tentou limpar discretamente as lágrimas. Sem sucesso.
-- Você está chorando de novo, meu amor?!
De novo? Mila pensou que havia sido discreta.
-- O que aconteceu? Me conta. Está me dando coisas te ver assim triste. Achei que você fosse me contar, mas já faz dias que você está assim.
Foi ai que Mila começou mesmo a chorar mais. Recebeu um abraço inesperado de So Bi.
-- Não fica assim... Não fica assim...
Quando enfim se acalmou, contou tudo a amiga mais velha.
-- Imaginei que fosse alguma coisa nesse sentido. Hobi não apareceu mais aqui. E você, que vivia falando dele, estava assim quieta e chorosa. Mas posso ser sincera com você? -- Mila assentiu. -- Não acho que ele quis dizer que se divertiu com você no mesmo sentido que esse outro cara disse. Eu acho que ele gosta muito de você, até demais.
-- Então por que ele não desmentiu o que eu falei? Por que não veio atrás de mim?
-- Bom... Acho que deve ter sido porque você pegou no ponto fraco dele, que é a carreira. Ele deve estar remoendo cada coisa que você falou pra ele nesse momento. E algumas são verdade, afinal. A carreira dele é o mais importante pra ele, agora. Mas isso não quer dizer que ele não gosta de você e que só queria brincar com você. -- So Bi suspirou. -- Quando você chegar na minha idade, vai perceber que as coisas não são tão a ferro e fogo assim. -- Suspirou novamente. --Mas Mira, eu preciso conversar outra coisa com você...
Ela ficou em silêncio sem saber como continuar.
-- Pode falar So Bi.
-- É que é difícil pra mim... -- Agora parecia que quem iria chorar era ela. -- O No Byul ainda não está bem, apesar de já ter saído do hospital. Por enquanto, conseguimos levar as coisas por aqui. -- Ela suspirou. -- Ontem fui ao médico porque também não andava me sentindo bem, obrigada por segurar as pontas aqui junto com a Hae Jin ontem a tarde. Fiz exames e... Estou grávida.
-- Ah So Bi, que bom! -- Mila pegou nas mãos dela.
-- Sim, sim. Achei que nunca iria acontecer, mas aconteceu. O problema é que o médico disse que pela minha idade e pela diabetes minha gravidez é de risco. E eu quero muito ter essa criança...
So Bi tirou os olhos de Mila e olhou em volta.
-- Mas esse café é meu sonho também... -- Começou a chorar. -- E eu vou ter que abrir mão dele. Agora que as coisas estavam dando certo...
Mila também voltou a chorar. Hae Jin olhava com pena para as duas da porta da cozinha.
-- Ah, eu sinto muito So Bi!
-- Essa é a última semana do café e está sendo muito difícil lidar, já falei com o senhorio e vou entregar as chaves na sexta. Eu não sabia como te contar sem chorar. Mas eu precisava te falar. E te agradecer. Mesmo que não tenha dado certo, se estou fechando o café sem dívidas é por sua causa. Eu nem tenho como te agradecer. -- So Bi abraçou Mila e elas ficaram chorando durante um bom tempo.
Pra Mila, era como se tudo na Coréia estivesse desmoronando.
No dia seguinte, elas colocaram uma placa informando do encerramento das atividades naquela sexta.
O clima de trabalho naquela semana foi de enterro, pois além de fecharem o café, No Byul, So Bi e Hae Jin voltariam pra sua cidade natal, Ulsan, onde a família deles poderia lhes dar apoio naquele momento difícil.
Quando fecharam o café na sexta-feira, So Bi abraçou pela última vez Mila.
-- Você deu seu e-mail pra Hae Jin?
-- Sim.
-- Não quero perder contato com você. -- Mila sorriu das pretensões dela. Achava difícil que com o marido doente e uma gravidez de risco ela teria tempo de sequer lembrar dela.
Mila cumprimentou No Byul, que ainda parecia muito fraco, pela última vez também, assim como Hae Jin.
-- Obrigada por terem me acolhido e me ajudado aqui na Coréia. Sempre me lembrarei de vocês. -- Ela então fez um reverência em 90 graus pra eles, enquanto sentia os olhos arderem de lágrimas contidas.
-- Nós que te agradecemos Mirassi. Você foi a nossa luz aqui em Seoul. Não temos como te agradecer. -- Dessa vez, eles que se curvaram profundamente pra ela.
Todos os olhos estavam cheios de lágrimas quando os três entraram no carro e partiram.
Mila olhou pela última vez a fachada do café. Tinha rido e agora chorado muito naquele lugar. Não retornaria mais àquele bairro. Sentia seu coração partido em milhares de pedaços.
☕☕☕☕
A última semana tinha gastado em estudar e ir para o dormitório. Evitava até mesmo a colega de quarto, usando sempre que podia fones de ouvido.
Estava saindo do refeitório quando viu fascinada Hobi...
Ele estava na televisão do refeitório estudantil. Havia estreado o MV com seu grupo. Bangtan Sonyeondan. De todos os outros, só reconheceu dois deles, os que haviam pegado o bolo de aniversário do Hobi. Os demais ela nunca tinha visto. Por que ela não conhecia nenhum amigo de Hoseok? Ela não conseguia responder aquela pergunta.
☕☕☕☕
Mais uma semana passada. Mila se martirizada vendo o MV de No more dream, uma música muito boa, no YouTube e os programas de competição musical que o grupo participava. Não eram muitos shows, infelizmente. E ficava aperriada com os comentários sobre o grupo. "Feios", "sem talento", "precisavam melhorar". Qual era o problema das pessoas?
-- MIRA!!! -- Soo Bin chamava a atenção dela no meio do quarto.
-- Sim? -- O que ela queria? Mila pensou tirando os fones de ouvido e fechando o computador emprestado.
-- Tem um telefonema pra você lá embaixo.
-- Pra mim? Tem certeza?
-- Sim, pediram pra te avisar. -- Soo Bin percebia que Mila a estava evitando a muito tempo já. Se sentia mal, porque tinha sido uma idiota com a colega e agora que queria se aproximar não conseguia mais. Tinha achado bom terem pedido a ela pra dar o recado.
Quem poderia ser? Seu primeiro pensamento foi Hobi, mas ele ligaria no celular caso quisesse falar com ela. Mesma coisa So Bi...
De repente, Mila sentiu um calafrio na espinha, se levantou rapidamente da cama, calçou os chinelos e saiu correndo para a sala do telefone. Só podia vir de um lugar esse telefonema e que só ligariam se houvesse uma emergência. O Brasil.
Gente, vcs não sabem como chorei escrevendo esse capítulo. Chorando de novo agora.
Espero que não queiram me matar, já estou fazendo isso sozinha aqui.
Sentindo muito mesmo pela Mila. Próximo capítulo vai ser a visão do Hobi sobre tudo e uma partinha explicando o telefonema que a Mila recebeu.
Vou dormir chorando hj, é isso.
Beijos!
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