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Flashback - Hawkins 1959
O ano era 1959, e nascia uma bela e muito saudável garotinha em Hawkins. A Senhora Jones teve um parto normal bastante rápido, e o Senhor Jones jamais esteve tão feliz com sua primeira filha: Florence Jones. O casal estava radiante, encarando a garotinha com os olhos brilhando e corações palpitando. Ela tinha os cabelos ralos pretos como os da mãe, e os olhos verdes como os do pai, era uma criança linda.
Tudo mudou na segunda semana de vida dela. O que os pais pensaram ser um sonho, acabaria se tornando um pesadelo conforme a garota mostrava algumas habilidades um tanto fora do comum, como levitar uma chupeta apenas com a mente. Quando os pais viram pela primeira vez, chamaram um padre pensando que a garotinha fosse possuída por alguma força obscura, mal sabiam eles que ela ainda era a mesma menina, apenas com poderes inexplicáveis.
O famoso exorcismo não deu certo, até porque ela não tinha nenhum demônio ou força obscura nela, então no dia seguinte, ela não só levitou a mamadeira, como também fez o leite dentro dela se transformar em achocolatado. Quando a garotinha fez isso, um pequeno curto circuito aconteceu nas casas de Hawkins e inclusive no grande laboratório. Foi isso que chamou a atenção dos cientistas lá, principalmente do Dr. Martin Brenner, que já tinha alguém do lado de dentro que também causava desestabilização na energia.
Os Jones tentaram ao máximo esconder a filha, e começaram a não sair de casa mais, a não ser que fosse extremamente necessário, e os vizinhos começaram a perceber. Um deles ligou para a polícia, que foi averiguar o que acontecia, mas saiu de lá após o Senhor Jones afirmar que estava tudo certo. Porém, apenas isso chamou a atenção do laboratório.
Laboratório de Hawkins 1965
Com seis anos, Florence já conhecia cada canto daquele laboratório, mesmo que o achasse branco e sem graça demais. Ela sabia que os pais infelizmente haviam morrido, e Dr. Brenner, o qual ela chamava de Papa, dizia que eles haviam sofrido um acidente de carro, deixando a guarda dela para ele. Florence tinha um novo nome ali, e uma pequena tatuagem no pulso que a identificava: Zero.
Além disso, Zero também tinha um único e melhor amigo chamado One. Ela sabia que aquele não era o nome dele, mas não sabia como ele era verdadeiramente chamado antes. One havia chegado antes dela, e havia ajudado Papa a criá-la conforme os anos fossem passando. Ele havia contado a ela seu verdadeiro nome, após acessar a mente do Doutor.
— E o seu nome? — Ela perguntara a ele uma vez.
— Papa não me deixa dizê-lo. — Ele fez uma pausa, e a garotinha encarou o chão. — Promete não contar pra ninguém? — Zero voltou a olhá-lo, animada, enquanto balançava a cabeça positivamente. — Henry Creel, muito prazer. — Zero riu abertamente com a última frase do garoto. Ela realmente gostava dele e se sentia acolhida.
— Como veio parar aqui? Seus pais morreram também? — Ela percebeu One tensionar os músculos, mas mal sabia ela que ele tinha em mente o que dizer quando esse assunto viesse.
— Eu matei meus pais. — Ele disse simplesmente. A pequena franziu as sobrancelhas, assustada. — E você também matou os seus. — Um silêncio se fez presente, Zero não entendia muito bem por que ele dizia aquilo.
— Papa disse que foi um acidente de carro... — Ela tentou contradizer, era inteligente o suficiente para entender a gravidade da frase do garoto, mesmo com apenas seis anos.
— Papa nem sempre diz a verdade, Zero. — Ele voltou a dizer. — Como já sabe, você nasceu com seus poderes, não tinha controle. — Uma pausa. — Então, uma vez quando ficou chateada por sua mãe demorar a te levar a mamadeira você... — Ele respirou profundamente. Zero sentia os olhos arderem e a garganta queimar. — Você quebrou os pescoços deles com a mente. — Ela piscou algumas vezes. — Papa precisou acobertar tudo, por isso ele diz que foi um acidente... Mas eu entrei na mente dele, eu vi.
Zero não impediu as lágrimas de descerem pelo rosto, sentindo sua primeira dor insuportável em apenas seis anos de idade. Seu coração parecia ser esfaqueado, enquanto sua mente criava milhares de imagens de como aquilo tudo poderia ter acontecido. Ela já começava a soluçar quando sentiu One a puxar para um abraço.
— Precisa prometer que não vai contar isso a ninguém. Papa não queria que você soubesse. — Ele
disse enquanto acariciava os cabelos escuros da garotinha. — Promete, Flor...
O simples apelido a acalmara. Ela não percebia, mas ser chamada sempre de Zero também a machucava, como se ela fosse apenas um número. Então, ouvir um apelido diferente trouxe conforto e alívio para seu pequeno e ainda frágil coração.
Mal ela sabia, que os milhares de tubos de sangue que tiravam dela e de One semanalmente, serviriam para uma experiência imoral, e mais para frente, eles teriam muitos outros... Irmãos.
Laboratório de Hawkins 1977
Com dezoito anos, Zero já era uma mulher linda e muito bem formada. Ela chamava a atenção de alguns funcionários, mas os negava apenas com o olhar, já que seu coração pertencia a apenas uma única pessoa. O cara que esteve com ela desde que ela era apenas um bebê. O cara que se mostrava ao lado dela em todos os momentos, e também o cara que havia contado a verdade sobre como seus pais foram assassinados.
One havia se tornado muito mais que um amigo a ela. Havia se tornado seu primeiro grande amor, e estava prestes a confessar isso a ele. Após dizer cada palavra sobre como se sentia, One a puxou pela cintura e a beijou. Seu primeiro beijo. Tão calmo e tão delicado. Seu coração acelerava a cada movimento dos dois. Desde que Zero havia crescido, ele tinha um olhar diferente para ela, mas não poderia fazer nada por ser muito mais velho, ele sabia que era errado.
Mas, com dezoito anos, ele poderia finalmente ceder a sua vontade e tomar a garota para si. E foi exatamente isso que ele fez, com a autorização de Zero, ele fez com que ela fosse dele por uma noite inteira. Eles compartilhavam tudo um do outro, e sabiam cada detalhe de suas vidas e escolhas. Zero não o julgava pelo acontecido com a família de Victor Creel, afinal, ela mesma era uma assassina.
(...)
No dia seguinte, Zero foi chamada para mais uma das milhares de missões fora do laboratório. Como ela era mais "mansa" do que One, ela era mandada para coletar informações em carne e osso, também contando com seus poderes, que não haviam sido bloqueados como os de Henry foram. Papa passava cada detalhe da missão, com aquele olhar superior e intimidador que ela achava que ele tinha.
— Não falhe dessa vez, Zero. — Ele disse por fim. — Sabe o que acontece quando falha.
Ela sabia muito bem, e todas as lembranças da sala completamente escura em que era trancada por dias, com menos do mínimo de comida e água, surgiram em sua mente. Eram dias sem ver One, dias de tortura e saudade extremas de seu único companheiro. Henry sabia sobre o que acontecia com ela, mas não era capaz de fazer nada, porque quando tentava, era também castigado fisicamente por Papa.
Porém, Zero também havia descoberto alguns gostos enquanto estava fora. Por conhecer a cultura americana mais e mais, ela havia nutrido um gosto enorme por música, principalmente o rock 'n' roll. Isso havia sido uma salvação a ela em momentos de tensão e ansiedade, e ela passava horas de seu tempo livre cantando e vivendo pela música. Henry foi o primeiro a dizer o quanto a voz dela era linda.
— Flor, aonde vai? — Ela estava arrumando as coisas em seu quarto quando One chegou.
Ele nem esperou que ela respondesse, apenas a puxou para um abraço, deixando um beijo longo nos lábios dela em seguida, porque ele sabia que ela gostava. Zero sorriu e explicou a ele seu mais novo trabalho.
Quando se despediram, ela foi até a sala onde os mais novos se reuniam, e quando entrou, recebeu sorrisos e acenos de mão de todos, menos de uma em particular. Uma garotinha mais quieta que o normal. Parecia ser mais vulnerável, mas Zero jamais a subestimaria. Após alguns anos, ela era a única que Eleven se abria um pouco mais.
— Eleven. — Ela chegou mais perto.
Em resposta, a mais nova apenas entregou um desenho que fazia. Era um campo cheio de flores, e mesmo que Eleven não soubesse do nome Florence, acabara acertando em cheio com a imagem que pintara de giz de cera. Zero sorriu, e deixou um beijo na testa da menina antes de sair.
Quando ela estava no caminho, parou quando viu a sala particular de Papa. Ela nunca se atrevia a entrar ali, mas sua curiosidade naquele momento falou mais alto, como se alguma coisa a chamasse para aquele lugar. Ela entrou após averiguar que não tinha ninguém, e bem em cima da mesa, havia um gravador antigo. Uma das fitas ao lado do aparelho chamou sua atenção como se brilhasse. Florence/Zero estava escrito.
Zero ignorou todos os alarmes em sua mente para que não fizesse nada com aquilo. Ela colocou a fita para tocar, e ouviu atentamente cada palavra.
— Então, chamamos ela de 002? — Um dos cientistas perguntou. Ela não conhecia a voz. — Já temos 001...
— Não, Florence é diferente. — Papa respondeu, ela reconheceria a voz em qualquer lugar. — Viu como não conseguimos separar o DNA dela como conseguimos com o de Henry? — Ele fez uma pausa. — Florence é única. Não pode ser copiada, então ela não pode vir depois de One.
Uma pausa grande se fez presente. O corpo de Florence formigava conforme o medo de ser pega naquela sala aumentava.
— Ela vai ser 000... E arrisco dizer que ela pode ser muito, mas muito mais poderosa do que Henry Creel.
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Autora: MAIS UM CAPÍTULO FRESQUINHO!!! gente, esse capítulo é só a PARTE 1 do flashback, teremos continuação no próximo com o massacre do laboratório e como a Florence viu tudo e como ela seguiu em frente depois!!!
outra coisa, não acreditem fielmente em tudo o que foi dito pelas personagens nesse capítulo, TEMOS MENTIRAS SIM!!!
foi issoooo, espero mto que estejam gostando! não esqueçam da estrelinha e de comentarem bastanteeee, amo saber o q estão achando!
BJIN PROCÊIS❤️🔥
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