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As mães sempre dizem aos filhos para não falarem com estranhos nas ruas e - principalmente - na internet. Elas estão certas. É um risco iminente. Mas algumas regras foram feitas para serem quebradas se houver, claro, um motivo crível para isso. Click tinha: Esse estranho não merecia mais respirar o mesmo ar que ele.

Jackids69: O que acha de finalmente nos encontrarmos hoje à tarde? Eu poderia te levar para comer, sei lá... um doce? Ouvi dizer que crianças adoram doces.

Click100: Você disse a minha palavra mágica! Eu amo doces, mas não sou criança.

Jackids69: Terei que tirar minhas próprias conclusões. Mas isso foi um sim?

Click100: Foi. Mas isso é loucura. Não devia está convidando um garotinho pra sair.

Jackids69: Mas não estou cometendo nenhum crime, não é? Quero dizer, só vamos sair.

Click100: É. Sair com alguém que você não conhece. E se eu for um psicopata assassino?

Jackids69: Qual é? Você não me parece um psicopata assassino.

Click100: Como pode ter tanta certeza? Você nunca me viu pessoalmente.

Jackids69: Eu apenas sei, tá legal? Isso se chama intuição. Então, está combinado?

Click100: Okay. Combinado. King Burger é uma boa. Às 16h, tá bom pra você?

Jackids69: Está ótimo. Mas como vou saber quem é você quando chegar lá?

Click100: Eu vou tá de moletom. Um moletom grande e vermelho e uma câmera. Talvez eu seja o único garoto no mundo que ainda tem uma câmera fotográfica retrô.

Jackids69: Moletom vermelho. Câmera retrô. Anotado, senhor.

Click100: Não demora. XXXOOO.

Click, click, click!

A câmera captou mais uma imagem. A modelo da vez era uma garçonete de corpo esguio que servia um casal de velhos ao lado, sempre com um sorriso adestrado no rosto. A velha câmera disparou evasiva, no visor, o quadril da bela garçonete, erguido. Ela havia derrubado alguma coisa - o sal de mesa. O homem, com expressão irritada no rosto recheado de rugas, gritou exasperado que ela havia trocado seus ovos mexidos com bacon por panquecas doce.

O velho tinha a síndrome da panqueca.

A mulher de vestido tentou acalmá-lo passando a mão encarquilhada de leve em sua cabeça calva.

A jovem garçonete desculpou-se com palavras amáveis, prometendo que não aconteceria de novo, depois partiu em direção a cozinha levando os pedidos trocados. Ela voltou em um instante, quase tropeçando nos próprios pés.

Quando ela se aproximava da mesa de Click, uma mulher mais velha, corpulenta e cara terrivelmente fechada passou à frente. Ela mandou que a garçonete mais jovem fosse servir os clientes da mesa nove. Ela foi obedientemente.

- Já sabe o que vai pedir? - Ela abriu um sorriso medonho, os olhos esticados e borrados como os de um panda.

- Já. - disse com um certo desapontamento, pois queria que a jovem o servisse. - Eu vou querer um Black Florest Cake.

Click a observou com repulsa manipular a caneta na caderneta.

- Você está com sorte, filho. Temos um último pedaço na vitrine. Vou trazê-lo num piscar de olhos. - Ela lhe lançou uma piscadela e saiu rebolando a buzanfa sob a camisola de bolinhas que usava. Click estremeceu com a cena.

Ele botou a câmera na mesa e puxou algo do bolso. Era uma velha fotografia de um garoto. Ele tinha cabelos amarelados, olhos marcantes e um sorriso radiante. Trajava uma jaqueta de couro preta sobre uma camisa branca e encarava de volta. Com força.

A mulher que Click concluiu que estava fazendo cosplay de Granny, voltara e, com a furtividade de um rato, ele escondeu a fotografia de volta no bolso.

- Aqui está, querido. Aproveite cada pedaço. Está delicioso. - E de novo o sorriso grotesco reapareceu.

Ele analisou a guloseima que não aparentava ser a mesma que comera há muito tempo atrás. E não era. Ele sabia que aquele bolo já estava mofando na vitrine, e continuaria se ele não o tivesse pedido. Mesmo assim, estava com uma cara ótima e, além disso, era só o que seu pouco dinheiro podia lhe proporcionar: uma refeição meia-boca.

A mulher ainda estava lá, estagnada, com o mesmo sorriso inerte no rosto.

- Obrigado. - disse, imaginando que era isso que estava esperando.

Ela caminhou em direção a cozinha, mas Click a interrompeu.

- O garfo. Você esqueceu de trazer o garfo.

A mulher observou a porcelana com a testa franzida. Acreditava piamente que tinha colocado um garfo bem ali, ao lado do bolo. Mas as laterais estavam vazias... Ela apertou os olhos em direção ao garoto que ainda esperava uma resposta, então, disse:

- Só mais um minuto, querido. - E se foi.

Click não conseguia esperar mais um minuto. Não com aquele bolo exalando um perfume tão doce e tão perto, pedindo para ser devorado por ele. Click arrancou um pedaço com a mão mesmo e comeu vorazmente. Sua boca foi invadida pela doçura. Ele tirou outro. E mais outro.

Estava faminto.

Ele quase se engasgou e desejou ter uma coca por perto, mas ele não podia se dar a esse luxo.

Click limpou a mão lambuzada no moletom e olhou com receio para o relógio de parede antigo que marcava 16h50min. Ele estava atrasado. Talvez tivesse acontecido algum imprevisto: um pneu furado, o trânsito fechado, uma reunião em cima da hora... ou talvez só não viesse mais. Uma pena, ele refletiu, seria seu último para ele.

Click estava pronto para tirar suas únicas moedas do bolso e deixar em cima da mesa e ir embora dali, quando ele chegou. Usava uma camisa social branca com botão desabotoado no pescoço - as axilas úmidas - e um jeans. O terno cinza-escuro estava devidamente dobrado sobre o braço. Tinha cabelo escuro, cortado curto. Pele clara, olhos castanhos.

Ele entrou na cafeteria e atraiu olhares como um ímã até a mesa onde o garoto estava. Viu o prato vazio e brincou.

- Parece que quem fez isso estava com uma fome de leão - o homem abriu um sorriso simpático.

Ele deixou o terno no encosto da cadeira ao lado e se sentou trazendo o cardápio para si, mas não o abriu.

- Jeffrey Kenneth? - questionou, surpreso.

- Isso mesmo. E você é o... - ele fingiu pensar - Click100, certo?

- Certo. - seus lábios foram repuxados para os lados abrindo um sorriso aliviado. - A culpa é sua. Você me fez esperar tempo suficiente para devorar um bolo enorme. - Então, disse por fim: - Pensei que tivesse desistido.

- Isso nunca. Eu não queria te fazer esperar, mas o trânsito estava um verdadeiro inferno.

- Eu imagino, Sr. Kenneth...

- Jeff. Me chame apenas de Jeff.

- Tá bom, Jeff.

Os dois riram.

A garçonete velha se aproximou da mesa com o sorriso de espantar mosquitos e saudou o requintado cliente como se saudasse um lorde.

- Eu vou querer... - Jeff disse com o cardápio aberto em mãos - um café expresso e, para o meu amigo aqui, Parfait dans fraise avec chocolat et miel.

A mulher anotou tudo e, antes de ir, recolheu o prato de Click.

Jeff fechou o cardápio sobre a mesa.

- O que seria um Parfait dans fraise avec chocolat et miel? - Click recitou com um tosco sotaque francês que fez Jeff rir.

- Você não sabe o que é? - Jeff estava perplexo. - Em que mundo você tá vivendo, garoto?

- Não.

Ele estava olhando nos olhos de Jeff quando mentiu. O Parfait era uma pérola francesa, a sobremesa favorita do irmão. Era a dele também.

- Você vai adorar. Eu também não sabia o que era até um velho amigo me apresentar.

Quando os pedidos vieram, ele experimentou a sobremesa avidamente.

- Cara, isso é muito doce!

- Eu falei que iria gostar. Todo mundo gosta. - Ele estendeu a mão para pegar o café cujo calor subia dissipando-se no ar. - Ei, vai com calma aí. Há quanto tempo você não come um doce?

- Não sei, mas faz muito tempo - disse de boca cheia.

Nesse instante, dois policiais adentraram a cafeteria. Quando eles passaram pela mesa de Click, o garoto se encolheu, cabisbaixo, se retraindo ainda mais dentro de seu moletom como um caracol. Ele os observou de viés seguirem até o balcão de atendimento e pedirem dois cafés gelados. Enquanto eles esperavam, comentavam acerca de alguns casos de desaparecimento de garotos na pequena cidade. Um deles, o que tinha deixado a arma em cima do balcão, entregava alguns cartazes ao dono do estabelecimento.

- O que foi?

- Nada - respondeu, seco, empertigando-se na cadeira novamente.

- Sabe, eu estou impressionado. Como consegue ficar de moletom aqui dentro mesmo estando um calor infernal lá fora?

Click deu de ombro.

- Eu já estou meio que me acostumado com isso.

- Então é isso. Juro que cheguei a pensar que estava com vergonha de sair com um homem um pouco mais velho que você. Se fosse o caso, eu poderia ir embora e...

- Não, não vá - ele pediu. - Não foi minha intenção. Se quiser, eu tiro o capuz sem nenhum problema.

Click deixou o capuz nos ombros. A boca de Jeffrey se projetou levemente para baixo, estarrecido.

- Diz alguma coisa.

- Caramba! - exclamou. - Você parece ser mais novo do que eu imaginava. Você tem 14 anos mesmo?

- Tenho. Eu não queria que você desistisse do encontro, por isso não mandei fotos antes. Você vai embora agora, não vai? - perguntou colocando o capuz de volta na cabeça, mas Jeff segurou seu braço.

- Não, não vou embora. Só fiquei surpreso, só isso.

- Fico aliviado em saber - Jeffrey ainda o encarava confuso, sua mente nublada lhe trazia sensações e lembranças desagradáveis. Ele já o tinha visto em algum lugar, mas onde?

Click pegou sua câmera e apontou para Jeff. - Sorria.

Ele sorriu - um sorriso borrachudo.

- Essa vai pra minha coleção especial - Ele guardou a fotografia no bolso.

- Legal sua câmera. Onde comprou?

- Na verdade, é uma herança de família. Foi do meu avô, de meu pai e era pra ser de meu irmão mais velho, mas ele disse que uma lata velha não dava de pagar uma faculdade em Dupray. Ele é chato pra cacete.

Click provou mais de seu parfait.

- Seu irmão é tão ruim assim?

- Cara, você tem que ver nas sextas. Sempre passa um programa de casos policias que eu adoro no canal quinze para meia-noite, mas ele sempre me manda pra cama antes das nove como se eu ainda fosse um bebezinho. Mesmo assim - Click concluiu com remorso - eu o amo muito.

- Nossa! Eu te entendo completamente. O meu irmão é o pior de todos. Ele está preso porque plagiou um projeto de uma empresa rival, mas foi flagrado pelas câmeras.

- Isso não foi muito inteligente.

- Eu disse isso a ele. Ele mandou eu me ferrar. Encurtando a história, ele vai ficar no xadrez até a próxima primavera.

- O que vocês fazem lá? Na empresa.

- Testes para detectar atividades paranormais em crianças e adolescentes, e isso é tudo que posso dizer.

- Você tá falando sério?! Tipo, os X-man? - Click deixou cair um pouco de seu doce na mesa. - Algum teste deu positivo?

- Isso é confidencial. Não sei o que aconteceria comigo se alguma informação fosse parar na mídia. Mas posso te levar lá algum dia, à noite, se for um bom garoto, mas sem sua amiguinha aí. - Ele inclinou a cabeça para a câmera fotográfica.

Ele pousou a mão corpulenta sobre a mesa, pelos escapavam por baixo da manga. Uma aliança brilhando de forma gritante no anelar direito chamou a atenção do garoto. Ele era casado. Será que tinha filhos? Se tinha, quais os nomes deles? Click, por um momento, sentiu a consciência pesar pelo que estava fazendo. Mas, de repente, Jeffrey disse um nome bastante familiar.

- O que disse?

- Que meu amigo, Dennis, disse que...

- Não. Antes disso, você disse um nome... Kevin.

- Ah, Kevin Bailey. Ele era o nosso pombo-correio. Um jovem bem atraente, rebelde e bastante boca-suja. Ele foi demitido depois que quebrou o nariz do meu chefe. Enfim, um garoto-problema.

Click riu curto. Sentiu uma sensação estranha, mas agradável ao ouvir Jeff falar sobre Kevin Bailey.

- Você conhece ele?

- Não - mentiu. - Vocês eram amigos?

- Digamos que sim. A gente saía, as vezes. Mas depois ele sumiu do mapa. Nunca mais me mandou mensagem. Eu tentei ligar pra ele várias vezes, mas só dava caixa postal.

- Bom, eu lamento informar - Ele disse mexendo seu parfait em círculo com a colher -, mas Kevin Bailey está morto.

- Está brincando? - Jeffrey parecia chocado. - Você disse que não conhecia ele. Então, como diabos você sabe disso?

- Todo mundo sabe disso - Click refutou. - E também era um trabalho escolar. Saiu nos jornais há três meses. Encontraram ele dentro de um esgoto nojento, o corpo já estava todo ferrado. Ele foi abusado. A polícia... Eles disseram que o assassino não tinha deixado pistas, então, classificaram o caso como insolúvel. Dá pra acreditar?

- Eu não sei o que dizer... Eu estava viajando. - Kenneth esfregou as palma na tentativa de dissipar o clima desagradável que havia se instaurado. - Bailey era um ótimo garoto, apesar de tudo. Ele tinha um futuro brilhante pela frente.

Click encarou com certo incômodo a face rígida e indiferente do homem enquanto falava aquelas palavras.

- Isso já faz muito tempo. Não é bom falar sobre os mortos. Eles podem voltar para sugar as almas daqueles que interrompem seu descanso eterno. É só uma superstição, mas não é bom arriscar.

- Você acredita mesmo nisso?

- Não. Crianças acreditam. - Ele olhou para o relógio de parede pela segunda vez. - Está ficando tarde. Eu preciso ir. Se eu chegar atrasado, meu irmão me mata.
Jeffrey ergueu a mão aberta no ar ao ver a garçonete.

- Pode passar tudo, obrigado.

- Podemos dividir a conta. - Click levou a mão ao bolso - Eu trouxe dinheiro.

- Eu insisto. Afinal, foi eu que te convidei, não foi? - Ele abriu a carteira e tirou uma nota e entregou com a conta. - Pode ficar com o troco.

Click se levantou e passou a cordão da câmera pelo pescoço. Jeff fez o mesmo, seu terno agora sobre o ombro. Antes de deixarem o Café, Click virou o rosto tomado de incertezas pela última vez para os policias sentados no balcão, com seus cafés gelados.

O homem passou o braço pelo ombro de Click e, enquanto iam em direção a um carro preto, disse que queria levá-lo ao seu lugar predileto. Prometeu que não iria demorar. O garoto assentiu sorrindo. Quem assistia a cena, achava bonito o vínculo de pai e filho. Jeff abriu a porta para ele e deu a volta. Click acomodou-se no banco da frente e colocou o cinto de segurança. Havia um copo vazio de café americano no porta copo, um livro do conto da Chapeuzinho Vermelho perto do volante, e uma luz verde que oscilava nos jornais velhos no chão. Era uma pulseira. Parecia ter algum valor. Ele a pegou depressa e a colocou no bolso. Jeffrey entrou, sorrindo, colocou o cinto e girou a chave de ignição. O carro acordou em um relincho.

- Você vai gostar - ele afirmou. - Vai ser o melhor pôr do sol que você já viu. Vai poder tirar quantas fotos quiser.

Enquanto via a cafeteria se afastando gradualmente no retrovisor, Click se perguntou inúmeras vezes se o que estava fazendo era o certo. O carro seguiu por uma estrada asfaltada, enquanto AC/DC cantava Hihgway to Hell baixinho no rádio. Alguns minutos depois, o asfalto deu lugar a uma estrada de terra, em vez de casas, pinheiros emergiam se afastando velozmente pela laterais do carro.

Certo tempo depois, o carro desacelerou até estagnar completamente.

Click saiu do carro primeiro, sentindo a brisa quente de fim de verão roçar a palidez de seu rosto. Ele não sabia onde estava. O terreno era acidentado e uma cerca carcomida por cupins delimitava até onde eles podiam ir. Deu alguns passos em direção a cerca e vislumbrou a enorme bola de fogo recolhendo sua majestade atrás de pequenos morros ao longe.

Ele tirou algumas fotos.

- Não é maravilhoso? - Jeffrey se aproximou, comovido pela refração dos raios luminosos no horizonte.

- É. - Ele apoiou o corpo na cerca enquanto visualizava o mundo lá embaixo pelo olhar da câmera. Jeff admirou a coragem. Então, o garoto disse de repente: - Você tem filhos?

Houve uma expressão de surpresa no rosto do homem seguido de um silêncio infindável. Jeff se perguntou como ele sabia, mas a resposta era óbvia.

- Tenho. - Colocou as mãos no bolsos. - Uma menina linda.

- Aquele livro é dela?

- É sim. Ela é meio fanática por contos de fadas, princesas, Disney, finais felizes... essas coisas. Hoje é o aniversário dela, 14 anos.

Eu acho, Click pensou ao mesmo tempo que se inclinava ainda mais para o abismo, que ela vai sentir sua falta na festa.

- Ela tem bom gosto.

- Por que está dizendo isso?

- Por que eu também gosto de contos de fadas. - A câmera ainda disparava em direção a um pôr do sol que já não estava mais lá. - Especialmente, da Chapeuzinho Vermelho. Eu aprendi várias coisas com ele.

- Como o quê, por exemplo?

Ele se empertigou, olhou para Jeffrey e começou devagar.

- Por exemplo, eu posso ser ingênuo e parecer indefeso como a Chapeuzinho Vermelho, mas esconder um lobo mau dentro de mim; ser, às vezes, nas noites de tempestades, uma vovozinha solitária debaixo de meus lençóis ao mesmo tempo que posso ser um caçador em busca de fazer o que é certo. - Ele desviou o olhar. - Eu acho que todos nós somos um aglomerado de contos de fadas na biblioteca chamada vida. E que, na maioria das vezes, esses contos podem se tornar contos de terror.

- Incrível. - Jeffrey exclamou numa mistura de espanto e fascínio. - Na verdade, você é incrível.

- É mesmo? Isso é ótimo. Eu estava preocupado se conseguiria parecer uma pessoa sofisticada o bastante e terminar estragando tudo.

- Longe disso. Eu tenho que admitir, você me surpreendeu bastante. Você é muito maduro pra um garoto da sua idade.

Click deu apenas um leve sorriso.

O homem acariciou o rosto do garoto momentaneamente. Agora as estrelas tinham surgido no céu, cintilando levemente. O ar era suave. O céu noturno tinha tomado um aspecto mais sério. Como se tivesse obtido um convite silencioso, aproximou-se vagarosamente do garoto, a mão em sua cintura delgada.

Estava chegando a hora. Jeff fechou os olhos. Era sua chance.

Click puxou a faca de cozinha do bolso do moletom onde estivera guardada desde que saiu de casa e o apunhalou no estômago.

Morra, seu desgraçado!

Os olhos de Jeffrey se arregalaram bruscamente, a boca projetou-se para baixo onde um gemido baixo escapou. Ele recuou, sentindo suas entranhas sendo extirpadas para fora. A face, pálida de incredulidade e pavor. Jeffrey levou a mão ao corte na tentativa de impedir o sangue que brotava. Ele encarou Click, assustado.

O garoto divertido e inteligente que conheceu na internet, que havia passado a tarde, não estava mais ali. O belo rosto do rapaz estava obscuro, contorcido de ódio, rancor, nojo - e vingança. Na mão, a faca respingava sangue.

- Eu acho que fui apressado demais - disse ele, friamente, enquanto limpava a faca na barra do moletom. - Não podem me julgar, eu esperei muito tempo por esse momento.

- Seu filho da mãe! Tem noção do que você fez? - Jeffrey envergou-se para frente, tossindo sangue.

- Kevin Bailey era meu irmão.

Ele arregalou os olhos novamente.

- Não é possível... Não é... - A sensação de ter visto aquele garoto em algum lugar voltou. Mas, agora, ele já sabia aonde: no celular de Kevin Bailey.

- Você drogou, abusou e matou meu irmão a sangue frio e ainda jogou o corpo dele num esgoto nojento como se fosse um animal. Você não tem noção de como eu fiquei quando eu vi as marcas. Aquelas malditas marcas! Ele era tudo o que eu tinha. Tudo. E você tirou ele de mim. Você não tinha o direito de tirar a vida dele!

- Eu não sei do que você está falando. - a voz saiu arrastada, as pernas trêmulas, incapazes de sustentar o peso do próprio corpo, desabaram no chão de terra úmida. - Eu não fiz nada...

- Não mente pra mim - reagiu ele de forma brusca. - Eu vi suas mensagens no computador dele. Desde então, andei pesquisando sobre você. Sei que não sou o primeiro garoto que você já conversou. Sei também que todos os garotos que você já conversou desapareceram. Todos eles.

- O que você pretende fazer? Me entregar pra polícia?

- Não - respondeu ele, mais calmo. A faca inquieta acompanhava o movimento circular da mão. - Eu vou te matar. Depois jogar você dentro do primeiro esgoto que eu encontrar.

- Acha que isso vai trazer seu irmão de volta?

- Não, mas vou vingar a morte dele.

Jeffrey riu sem humor.

- Não seja idiota vingando a morte de alguém que não dava a mínima pra você. - Ele tentou se por de pé, mas a dor o derrubou. - Eu vou te contar o que realmente aconteceu, garoto. O seu irmão era um maldito de um viciado. Estava endividado até o pescoço. Ele precisava de dinheiro. Francamente, estava desesperado por grana, tão desesperado que vendeu o próprio corpo para livrar o próprio pescoço.

- Cala a boca! - Click explodiu, atordoado com as novas informações. - Isso não é verdade! Isso não é verdade.

- Tem mais, pirralho. - Ele se empertigou debilmente, apoiando-se no carro logo atrás. A mão ensanguentada ainda agarrada a ferida, a voz fraquejando. - Não fui eu que o matei, foi você. Você era um peso pra ele... Um pé no saco. - Ele riu seco. - Ele preferiu se suicidar do que cuidar de um merdinha como você.

- Cala a boca!

Jeffrey cantarolou sua última jogada.

- Extra, extra! Palerma viciado tem uma morte trágica e deixa um fedelho pra trás!

- Cala a boca! - Click esbravejou enxugando as lágrimas que caiam de forma desesperada, a faca tremia na outra mão. - Cala a boca! Cala a boca!
Ele empunhou a faca cintilante no luar e avançou. Os olhos cheios de ódio, os dentes cerrados.

Jeffrey sorriu.

Ele agarrou o punho armado com certa facilidade e o torceu com força. Click gemeu. A faca deslizou pelos dedos suados até o chão. Jeff, num gesto rápido, a chutou para longe sentindo uma fisgada insuportável.

- Você... foi apressado de novo, garoto.

A mão direita de Jeffrey subiu, golpeou e desceu, acertando a lateral do rosto dele de forma terrível o jogando no chão pedregoso.

- Eu vou te matar, seu desgraçado... - Ele murmurava obstinado, a face latejando. - Eu vou te matar...

Click, ainda zonzo, avistou a faca cintilando em meio às folhagens ao longe. Ele se concentrou para se levantar e correr o mais rápido que pudesse até lá. Mas assim que se ergueu, uma dor se espalhou por todo o corpo, perfurou seus músculos e se embolou em sua garganta, explodindo em um grito choroso. Ele olhou para trás, levando a mão à coxa. A mão voltou trêmula, com sangue quente e escuro.

O sangramento de Jeffrey havia estancado, mas a dor ainda persistia aguda e pulsante. A visão turva dizia que a qualquer momento perderia a consciência, e, se perdesse... Ele tinha que acabar logo com isso. Jeff cambaleou como um bêbado até o garoto.

Click começou a se rastejar para longe dele, o medo crescendo a cada passo descompassado do homem cada vez mais perto.

- Aonde você pensa que está indo? O nosso passeio ainda não terminou. - Ele agarrou o garoto pelos ombros e o virou. As mãos voaram no pescoço delgado, apertando violentamente. - Não devia ter vindo atrás de mim, moleque - rosnou ele exasperado, sentia a visão escurecendo, a cabeça dando voltas. As mãos cravaram mais fundo. - Agora você vai terminar como o idiota de seu irmão ou eu posso deixar seu corpo aqui para servir de comida para os animais selvagens.

As mãos do garoto se debatiam bravamente contra o peito do homem. De repente, elas caíram mole perto da cintura. O homem riu vitorioso, ainda estrangulando o pobre garoto. A mão de Click rastejou-se pela chão até encontrar o bolso da calça, tirou o garfo e o enterrou no pescoço de seu inimigo. O homem assistiu incrédulo um sorriso nascer nos lábios do garoto debilitado. Jeff tossiu, a boca destilando sangue. As mãos se afrouxaram gradativamente no pescoço do jovem, as forças que ainda lhe restava se esvaiu. E ele tombou para o lado.

Click se ergue ofegante, enchendo os pulmões de ar fresco e tossindo bastante. O coração batia forte contra o peito descontrolado. Quando a respiração voltou ao normal, analisou o corpo ao lado, imóvel. Ainda respirava debilmente, os olhos fixados no breu. Era noite fechada agora.

Quando Click puxou o garfo do pescoço, minou sangue e Jeffrey soltou um gemido quase inaudível.

Click ergueu o garfo.

- Quando... meu irmão... descobrir... ele... vai... te matar... - resmungou Jeffrey pela última vez.

- Se ele vier atrás de mim - disse, a raiva voltando a iluminar seu rosto -, não vou pensar duas vezes antes de matá-lo.

E golpeou com o garfo, mas Jeff não gritou. Nem podia. Ele golpeou, golpeou e golpeou de novo. Depois sem saber quanto tempo, ele largou o garfo e, olhando para suas mãos ensanguentadas, chorou. O choro foi seguido por gritos medonhos - desumanos. Como o de um animal sendo estraçalhado.

Ele recuou para longe, exausto. Sentou debaixo de um pinheiro velho, envolvido pela sombra que se alargava até o corpo moribundo. As mãos abraçando as pernas doloridas e a cabeça, confusa, enterrada entre os joelhos.

Numa manhã fresca de outubro, crianças aproveitavam o domingo brincando de futebol quando uma de pé murcho chutou a bola para longe, perto de um esgoto a céu aberto. O garoto foi buscar a bola murmurando. Quando se aproximou do valão, o odor fétido subiu e um grito de horror explodiu em sua boca.

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