Um rápido suspiro ligeiramente a despertou. Sua respiração estava ofegante e suas têmporas embebidas de suor contemplavam  tórridas sensações de ter mergulhado profundamente de um pesadelo horripilante. O relógio bipou marcando três horas da manhã, o silêncio junto com o calor que ali se fazia manifestava insatisfação em querer continuar a dormir, contudo, a sincronia de seus batimentos cardíacos acompanhava o click do relógio do despertador que brilhava seu display destacando-se  à  mesinha de canto até porque seu corpo estava borrado no escuro junto com seus pensamentos perdidos.

O quarto bagunçado mais se parecia uma biblioteca enfestada por livros atravancados na mesa de vime sustentando além de livros um computador atravancado ascendendo nítida luz da tela de descanso que  exibira imagens de bichinhos como; pandas filhotes, gatinhos siameses e curiosamente, na alternância das exibições, extintas espécies de araras em florestas tropicais.  Havia também extensas colunetas de relatórios, ursos de pelúcia amarelados por se aposentarem das brincadeiras na época da infância se entulhando ao redor da luz provinda a  iluminar o percurso do escuro infindável de mais uma longa noite acordada.

 Todas as noites mal dormidas eram motivadas pela excessiva jornada exaustiva de trabalho, recontada inúmeras vezes durante as terapias com Hanna Sakai, sua psicóloga. Os motivos que causavam a insônia e as idas e vindas a terapia rotineiramente  em seu dia-a-dia seriam as muitas razões que lhe obrigassem a visitar o seu passado diversas vezes.

Seus olhos espichados e engolidos pelas pálpebras usavam a luz do computador para fuçar com as mãos por debaixo do emaranhado de travesseiros, seu telefone celular que ascendeu seu display de tela  no exato momento em que ela o encontrara afofado aos travesseiros. A tela abriu com alguns e-mails automáticos que recebera de suas compras na internet e ao passear o dedo indicador na aba de conversas, e lera com o olhos encurtados a seguinte frase automática de Hanna Sakai  que dizia; ´´FAÇA DE VOCÊ  A SUA PRÒPRIA MOTIVAÇAO''!.— Parece que tiraram essa frase da Goldens—Mako fez um sinal negativo com a cabeça ao pensar alto e revirava-se sentindo presa à deliberada insônia remetendo-lhe a constantes crises de ansiedade.

  Em contrapartida, voltou à luz turva da tela, arrastou as digitais em outra conversa e sentiu calafrio ao reler a proposta  indecente de seu chefe exigindo uma noite de jantar e sem direito à inegável falta de abuso de seu poder intimidador e com direito repulsivo de  cantadas  infames nada discretas, que poéticas na visão da opinião formada de seu hediondo chefe; o senhor Taketsuo H. Suh Hakama; um moleque de vinte e cinco anos cujo herdou do pai a multinacional de uma empreitada ligada ao comércio exterior; a  goldens pro companhy.  O império do acervo econômico programado a ornar saltos bilionários na capital e conquistar lucros numerários no país e no globo.

  Enquanto pensava no trabalho, na rotina, no estresse a enfrentar, dos colegas a sofrer inestimável desprezo, fugira do estado de calma e se aprisionava na insônia.  Sentou na cama com a palma das mãos apoiadas no colchão. Depois de tentar todas as opções que lhe proporcionassem sensações de despreocupação atravessou-se levantando agitada e angustiada. Alongou-se, andou de um lado para o outro, e o sono desapareceu junto com a vontade de permanecer quieta. Se tinha algo que aprendera depois de muitos anos tratando sua ansiedade disfuncional era a árdua lição por respirar fundo  com os olhos fechados, compelindo a fingir estar  aliviada de uma tensão que a fisgava com reações categóricas ao que ela relatava para sua terapeuta; maneiras educadas de surtar diante de crises de ansiedade no modo off.

 Cruzou com a pequeninha cozinha que mais parecia aquelas de estabelecimento comercial do qual os funcionários nunca chegavam tão perto de terem um momento de refeição sem ultrapassar os limites dos dez minutos. Examinou a noite estrondosa exaltada por luzes, trânsitos trafegados; todos correndo contra o tempo constantemente.

Mako dispensou o olhar dispersado e perdido no alto dos arranha céus. Segundo sua intuição, não curtia examinar todos os acontecimentos da cidade em virtude de torna-la mais aflita e mais ansiosa. Desde que iniciou seu tratamento com remédios, terapia e livros de autoajuda, a tarefa de se libertar de tudo aquilo equivalente ao mal que lhe causara, sempre a permeou a busca por ser desafiada me meio aos enfrentamentos da vida. No tempo de  todas as noites, antes de dormir sempre ascendia um incenso pendido a uma escultura de lua crescente prateada com olhos e boca sorrindo no pilheiro de xícaras de sua cristaleira rosa. Então para finalizar, tomou um copo de leite quente  como de costume e voltou para cama. Mako era mulher muito solitária desde que tentara a vida adulta em Seul. Antes de trabalhar como  secretária, ganhava a vida como uma crupiê em um cassino não tão conhecido em Taiwan, sua cidade natal, onde cresceu carregando consigo os muitos sonhos.  

A cidade que lhe fizera perder sua mãe numa morte precoce, fora a mesma a proporcionar boas oportunidades. Na juventude dos seus vinte e oito anos, Mako determinou, em contrapartida, dar um rumo a procura por realizações independentes.  Na época, seus tios reprovaram a decisão de morar sozinha em uma enorme cidade grande que a transformaria segundo eles, numa moça ocupada e doente da vida.

 Só havia uma única certeza nessa infame vida.  Guardara uma meta da qual passou a entender depois da morte de sua mãe. Arriscar o mundo afora tentar a sorte e se  reservar  aos desafios, conquistas e uma certeza de que seu fim não seria trabalhando nas plantações de Taiwan. Foi aos poucos matutando a ideia até que certo dia, fez as malas e só informou ao tio e a todos os outros parentes que compartilharia seus sonhos com a nova vida na cidade grande.

 Levara boas recordações da família e a saudade manifestada no perfume delicado da  senhorita Xiaowang; sua mãe eternizada no poder do descanso.  

A mãe  lutava contra um câncer  no colo do útero num estágio avançado que descoberto tardiamente . Costumava apelidar Mako carinhosamente com o nome de Flor de lótus desde o dia em que a adotou a pequeninha garotinha abandonada, compreendera a dádiva de que Mako renasceu a partir do momento que sua vida mudou quando passou a receber o carinho de uma mãe. Lágrimas transcorreram em seus olhos  ao recordar o vasto sorriso da mãe.

   Só não  conseguira chorar não na presença de terceiros, pois nunca na vida alguém abriria os braços para limpar  seu coração de fortes emoções como sua mãe o fazia tão tenazmente.  Portanto, não havia ninguém a quem depositar afável confiança,  muito menos demonstrar ombro amigo para aflorar sua fragilidade. Em seu local de trabalho, aos olhares famigerados de todos, era fuzilada por maus comentários  sobre ser uma garota misteriosa sem futuro ou prestígio familiar. Mako era  silenciada o tempo todo em seu ambiente de trabalho machista e rotulada como um homem de maquiagem discreta, prontamente a ser desconsiderada atraente por não dar em cima de ninguém.

 Seu corpo magro descarnado e com aspecto de fraca enganara qualquer um que tentasse a julgar pela fragilidade física.  Poderiam até inferioriza-la. O que a destacava de outras garotas era a singularidade em seu rosto luminoso conciso. Seus  olhos suínos adereçados sempre com uma maquiagem circunspecta e uma boca afinada e espaçosa. Seus visuais camaleônicos lembram uma gueixa moderna como se usasse uma bolsa de grife abarrotada de segredos, à espreita de tirar da mesma fantasmas do passado e amarras que ainda enredam sua estabilidade mental em nós atados, o medo de ser piada, as fobias, a ansiedade, a depressão ainda pertenciam-na por trás de um sorriso firme e difícil de ser executado diante de tanto escuridão resguardada. Portanto, logo, superar  era o que mais lhe impunha tenra dificuldade.  Adormeceu com o aroma do incenso e por sentir determinado entusiasmo das férias programadas para daqui a dois meses.