O mensageiro
Encontrava-se na mesma posição. Tocou as pernas em protesto de uma latejante e pulsátil dor. Sentira a cabeça fisgar e coçar postulada pelo sangue seco.
—Eu adoro esse elevador! Você não? —Sorriu compulsivamente, revelando uma nada tímida covinha no queixo circunferente ao rosto. A expressão polida revelava um homem elegante de bom porte.
—Você está fraca, Mako!—Aproximou-se e atreveu-se a tocar suas feridas. Um dedo cobriu a boca obrigando a descansar a voz no momento em que um murmuro ameaçou sair. Mako pode sentir uma loção típica de flores em seus dedos. Seus cabelos empapados com um brilho provocavam uma protuberância em suas orelhas. Olhar em seus olhos era como andar numa montanha russa, outrora uma mescla de sensações que a estimulavam a sorrir, embora ainda estivesse com vontade de chorar. Sua pele nevada resplandeciam os olhos negros, os mesmos rebuscavam um toque diabólico. Denotou má influência em seus olhos riscados com uma fina camada de lápis.
—Poupe suas energias quando for realmente necessário!—franziu a testa e fechou o sorriso. Mako o examinava dos pés a cabeça enquanto o dono da voz parecia rosnar com resmungos, algo curioso.Seu terno antigo carregava uma clássica personalidade caricata dos anos setenta objetivando uma atmosfera vívida de filmes clichês de terror. Existira em seus traços expressivos uma profusão emblemática estimulada pela curiosidade a respeito de um home divido pela beleza e pelo mistério— Logo entenderá do que estou falando! —Levantou e andou de um lado para o outro.
Observando o caminhar, ouvira um estalido de seus joelhos descartando a opinião de ser um fantasma.
Com as mão sob a fina cintura regressou a encará-la de um jeito que fosse lhe ater de dúvidas se de fato, faria o que estivesse prestes a fazer. Convencido a estado deplorável daquela garota despencada como um saco de batatas, obrigou-se a retirar um ínfimo frasco metálico do bolso, o exaltou por alguns segundos e conferiu uma fina ponta de sangue no ponto central na altura da testa e alertou.
—Nada do que você já presenciou aqui lhe surpreenderá!— Apontou o frasco em direção a jovem debilitada e regou as seguintes palavras.
---ESTA NÉVOA PERCORRERÁ POR SUAS CORRENTES MENTAIS E LIMPARÁ SUA ALMA MANCHADA E MARCADA PELA DERROTA!
´´ Os olhos acanhados de Mako esbranquiçaram com a fumaça do que se parecia ser novamente a névoa cintilante transcorrendo por todo o elevador. Então subitamente na mesma velocidade envolvera seu corpo o fazendo flutuar sem nenhuma explicação. Sumariamente, a garota inconscientemente demonstrava reverência ao nevoeiro. Seus braços crepitavam em conjunto com as pernas provocando movimentos curvos, involuntários provando o que parecia ser uma esplêndida lealdade. Havia um ser celestial além do excêntrico homem que a contemplava exalando a mesma fumaça por sua boca estabelecendo um tipo comunicação. Ouvira uma voz carinhosa que trazia tenra suavidade através de palavras incompreensíveis confessadas na voz afetiva cuja assemelhava-se com a de uma mulher que estivesse no corpo celeste daquelas luzes e um ar de fragilidade foi absorvido em sua voz comensurável. Entre uma reverência e outra a neblina gélida a tomava por inteira. "
Seu corpo frágil antes fraco agora, estaria prestes a torna-se fortificado por uma flutuante sensação de euforia provocada por todo aquele vendaval agitando seus pequenos cabelos, amassando suas roupas e esfriando a sua espinha. No mesmo instante, seu espírito aceitava com compreender o que lhe dizia aquela voz feminina e, por entre uma luz branda que enquanto vento soprava todo o sentimento ruim, enquanto luz pálida, transluzia a esperança. Tratava-se de um novo despertar que a salvaria de todas as feridas sendo integrada pelo branco que não possuía rosto, nem corpo, nada material que fosse lembrar um ser humano. A voz era o elo exprimindo diálogo através de uma cura alimentando seu espírito da escuridão que banhava seu corpo numa forma que pudesse trazê-lo de volta. A neblina estava prestes a salvá-la como um abraço maternal salva uma criança do medo do escuro.
Em primeiro plano, revelou um sorriso por sentir seus ferimentos limparem. Em segundo plano, a névoa entregava com tanta veemência uma vivacidade carregada por um entusiasmo à beira de uma explosão dos mais perfeitos sentimentos. Embora seu corpo, até então, atravessava uma luta hermética na causa de derrotar o medo, a dor e a agonia não significando que ainda ali, em suas cicatrizes mentais, deixassem de existir resguardos de pequenos fragmentos de escuridão. O sujeito que a acompanhava agraciava com um sorriso explosivo sentindo uma euforia superior as melhores sensações percorrendo por sua espinha. O homem inclinou-se, sussurrou palavras incompreensíveis e então ao observar parcialmente o dourado pairando novamente no elevador e identificar um espiral de fumaça desvencilhando de Mako, mordeu os lábios aproximando-se remexendo inteiramente seu corpo. A energia manifestava agitação motora e mental.
Em um movimento preciso retirou do bolso o frasco e o ergueu no alto do polegar. A névoa cumprindo a sua missão de limpeza libertou-se do corpo banhando-o completamente. Todo o processo se estendeu até a voz feminina cessar seus gritos celestiais dissociando da pele de Mako e regredindo ao interior do frasco.
Sua pressão era tão impactante que o sujeito andava para trás como se um vendaval soprasse seu vasto corpo como uma folha de papel. O corpo lustroso de Mako pela luz dourada despencou como um candelabro e foi quando o homem sem tempo para recuperar-se do fôlego que teve que correr para segurá-la em seus braços. Em razão da distância que havia separado, mesmo que a todo custo tenha forçado suas pernas para frente empurrado contra vento, ele a tomou pelos braços antes que chocasse seu corpo ao chão. Mako acordou examinando tudo ao seu redor, sobretudo o semblante franzido do homem ao coloca-la no chão de um jeito cauteloso e educado.
—Quem é você?—Perguntou se afastando dele. A jovialidade portada em sua voz repercute como uma linda bossa naquela quietude que se fazia ali dentro.
—Essa e outras perguntas serão respondidas depois de alguns esclarecimentos necessários!—Interpôs uma perplexidade em seu rosto seguido por uma pausa.
Sua inquietude a deixava nervosa e curiosamente na hora em que respondeu uma pergunta por algum motivo, seus pés persistiram a vontade de caminhar—Que tipo de esclarecimentos?—O tom indomável na voz o deixou estático—Por que você me salvou? Essa névoa, igual aquela...
—Aquela que a ligou com a criatura grotesca?—Ele a interrompeu com as mãos guardadas nos bolsos laterais da calça.
—Sim—Respondeu relaxando o peito—Cada vez mais notava a beleza misteriosa do sujeito com que lhe impressionava com o brilhantismo no sorriso. Seus olhos embora fossem negros, brilhassem tanto quanto os sapatos de bico quadrado polidamente lustrados. A caixa torácica ampla e os braços robustos deixavam o terno um pouco apertado, todavia ainda ostentava um toque de elegância sem necessitar compará-lo com um paneleiro vestido mentalmente.
—Qual é o seu nome? E por que me trouxe de volta pra cá?— O homem aproximou-se e congelando seus olhos por alguns minutos deixando a na defensiva de sentir a necessidade de se afastar.
—Ao invés de ficar me encarando, podia responder \ minhas perguntas!— Murmurou ao cruzar os braços como uma garota mimada. Considerou expressiva ansiedade e com as mãos fletidas para cima apresentou-se.
—Eu sou o que muitas pessoas escondem, embora sentem o tempo todo. — O timbre majestoso do homem conseguira sempre abalar as estruturas de Mako. Talvez ela não soubesse atrelar isso ao pressuposto de que poderia ser um homem encantador ou, que ela gostasse do perigo já que diante dos estereótipos, aproximava mais para um psicopata sanguinário.
—Então, é um vampiro? Um fantasma? Um engraçadinho que tá tornando toda essa brincadeira de mal gosto um purgatório?—Seu tom sarcástico o fez menear a cabeça negativamente.
—Eu entendo, eu realmente entendo o seu nível de resistência quanto à aceitação dos fatos ocorridos aqui.— Enfiou uma das mãos no bolso interno perto da gravata, logo retirou um cigarro e um isqueiro.
—Ah! Era só o que me faltava eu respostas cabíveis e você simplesmente vai nos matar aqui com este cigarro—O homem dava risadas e cortejava aquele cigarro como uma prazerosa noite de sexo.
—Eu não via a hora de fumar, afinal tudo isso é cansativo não? — Apontou o cigarro para ela que revirou os olhos.
—EU NÃO FUMO, OBRIGADA!— Respondeu enquanto seu pensamento a alarmava para ir direto ao assunto. Antes de repudiar sua raiva sua enigmática citação´´ EU SOU O QUE MUITAS PESSOAS ESCONDEM, EMBORA SENTEM O TEMPO TODO'' ficou repetindo em sua cabeça até que falasse algo e não se atrelasse a esta afirmação.
—O que você é? De verdade!
—Eu sou você Mako—Retrucou secamente e aprofundou seus olhos que ainda dilatavam-se com o vício copioso de tragar incansavelmente como uma chaminé. —Eu sou a sua fobia, a sua tragédia, sou o lado obscuro que lhe derruba todos os dias.
A princípio, pensou em tirar sarro do homem que até então, parecia ser o seu herói salvador, ao invés disso, respirou fundo e esperou até dizer algo maduro que não fosse ofendê-lo; —Eu ainda estou considerando a sua resposta, o que não soou esclarecida para mim.
—Eu sei que é difícil aceitar os fatos, afinal de contas você enfrentou situações perturbadoras e isto é um avanço a considerar que você anteriormente, nem aos menos sabia controlar a respiração.
—Pare! Por favor!—Implorou proferindo não olhá-lo.—Eu não sou obrigada a lembrar de todo o inferno que estou passando.
Ele ao consenti-la, conjecturou um sorriso debochado e pacientemente permitiu que o assovio dos ventos interrompesse aquele silêncio que ambos fizeram. A fisionomia pálida como se estivesse sem sangue provocara certa aflição. Evitava persegui-la com o olhar, uma vez que ao intencionar seu medo ele sentiria poder controlá-lo, e não cessá-lo, de modo algum. Por fim, ao comê-la com o olhar, ouviu suas palpitações. Notou que estava cabisbaixa olhando para todos os botões andando de um lado para o outro com os braços cruzados, virou de lado, quase que de costas a ele. Abrira a boca, mas conteve-se em não dizer nada. Mako ainda não percebera que seus olhos negros escondiam algo em seu interior. O lado negro guardava algo que não seria controlado por muito tempo.
—Disse que é o meu medo. — Implicou fuçando os botões ainda de costas, enquanto que o sujeito a escutava atentamente. —Se você faz parte de mim, deve me ajudar!
Ele moveu a cabeça negativamente. Mako virou o pescoço para o lado reprovando sua resposta e voltou o dedo nos botões.—Então, não me resta nada a envelhecer igual a você para depois perambular por aí.
—Você ainda tem uma saída garota, pare de drama!— O sarcasmo em sua voz a deixou tão irritada que ela chutou a porta. E então virou novamente enfurecida e apontou o dedo como uma arma em direção ao rosto pálido.
—Você é um hipócrita daqueles que usurpam uma pessoa que está à beira de colapsos. USE AQUELA MALDITA FUMAÇA E EVAPORE DAQUI. ME DEIXE SOZINHA!—Desatinada aos prantos começou a sentir falta de ar.
Isso tudo atiçou o sujeito que já estava com os olhos pegando fogo. A sensação quente percorria em sua alma escurecida pelo medo, enquanto que dava um frio em seu bolso pela névoa opostamente ao calor que emanava de seus olhos.
—Trate de levantar, do contrário só alimentará a minha chama !— Sua voz arrogante engrossava acautelando Mako.
—Seus olhos estão pegando fogo!—Mako o advertiu arrastando-se com o quadril para o canto que ela julgou ser o mais distante dele.
—E é graças a você! — Resmungou evitando farejar o temor que estimulava seu olfato como uma carne saborosa, prontamente a ser servida. A escuridão perpetuava sentindo extrema vontade de explodir e engoli-la.
—Você não pode me ferir!— Contestou. As mãos molhadas tocaram num pedaço de pedregulho sem explicação alguma do porquê de estar ali. Discretamente a escondeu debaixo da coxa esquerda e aproveitando que ele cobrira seus olhos empurrou um pouco a pedra fingindo sentir muita coceira na perna.
—Não precisa guardar algo em sua defesa, garota! — Disparou como um tiro deixando-a boquiaberta. — Minha intenção aqui é perpetuar seu medo. Eu não condeno sua alma como outros, eu me alimento de sua escuridão. Continuou.
—Sou apenas um sentimento ruim figurado num corpo masculino. Terá que fazer um esforço Mako, ou eu serei promovido a levá-la de encontro a um destino nada agradável para você e conclusivo para mim.
Mako o ameaçou com a pedra agarrada entre o punho.
—Não ouse me dopar com aquela fumaça. Senão eu vou estourar a sua cabeça!
—Com esse pequeno infame aerólito? — Expressou com as mãos longe do rosto. A chama que iluminava seus olhos era ostentosa como uma chama fina, porém encorpada que poderia incendiar a quem longe estivesse do alcance do alvo.
Continua. Votem e comentem.
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