11 | 𝐃𝐎 𝐘𝐎𝐔 𝐇𝐀𝐕𝐄 𝐓𝐎 𝐋𝐄𝐓 𝐈𝐓 𝐋𝐈𝐍𝐆𝐄𝐑?
▪ A TENDÊNCIA DE TAYLOR PARA SUFOCAR SEUS PARCEIROS É ATERRORIZANTE, ENTÃO NÃO É DE ADMIRAR QUE ELA NÃO CONSIGA FAZER COM QUE NENHUM DE SEUS NAMORADOS FAMOSOS FIQUE POR PERTO POR MAIS DO QUE ALGUNS POUCOS MESES.
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Aos 17 anos, Taylor parecia ter conseguido o que considerava a oportunidade de sua vida. Foi em 2007, alguns anos antes de Kanye West tirar o microfone de suas mãos no VMA, e alguns anos antes de ela também ser indicada como Melhor Artista Revelação no Grammy Awards, e alguns meses antes de ela tocar com ingressos esgotados como atração principal, pela primeira vez.
Na época, ela ainda era apenas uma adolescente equilibrando a escola com sua carreira musical e, de repente, descobriu que havia conseguido o lugar de abertura na turnê de verão do astro country Kenny Chesney. Naquele momento, foi a oportunidade mais significativa de sua vida. E ela tinha 17 anos.
Isso deveria ter mudado sua vida, e ela estava muito animada. Mas então, um dia, ela chegou em casa e encontrou sua mãe, Andrea, soluçando nos degraus da frente. Parecia impossível não se preocupar. Taylor logo pensou que havia ocorrido alguma tragédia familiar. Em vez disso, o choro tinha a ver com sua atuação na turnê de Chesney. A cervejaria Corona o patrocinava e era impossível ter menores de 21 anos na equipe com a turnê sendo nos Estados Unidos. O que significava que Taylor não poderia mais fazer parte da abertura.
Ela ficou arrasada, é claro. E Andrea, que apoiou Taylor todos aqueles anos, também. Andrea costumava dizer que sempre haveria uma saída da vida normal se a filha decidisse que a carreira musical não era algo que deveria seguir. Mas, honestamente, sempre que Taylor ouvia sua mãe reforçando que ela tinha uma alternativa à parte de fazer sua carreira musical funcionar, ela sentia como se a estivesse ouvindo dizer: 'Se você quiser parar de respirar, tudo bem'.
Quando ela começou a namorar Jamie, só a ideia de sua partida começou a soar assim também. Aquela coisa toda de "se você quiser parar de respirar, tudo bem". Quase como se a eventual partida de Jamie fosse a sensação exata de parar de respirar. As pessoas poderiam dizer que estava tudo bem e que, se acontecesse, ela também ficaria bem. Mas ela sabia que não era assim, porque parecia muito vital. Se ela parasse de respirar, ela definitivamente morreria, e se Jamie fosse embora - Taylor não achava que ficaria bem se isso acontecesse. Mas ela pensar isso, não necessariamente classificava como um fato. Ela havia pensado coisas semelhantes em relacionamentos anteriores.
De qualquer forma, Taylor começou a pensar muito sobre isso quando voltou de Londres e foi surpreendida por uma enxurrada de notícias sobre ela e Jamie. Nos últimos dias, elas não pareciam capazes de dar um passo sem virar notícia. E embora Taylor já tivesse se adaptado às partes ruins da própria fama, ela ainda não acreditava que Jamie estivesse cem por cento confortável, não importa o quanto ela continuasse dizendo o contrário.
As duas passaram o aniversário de Taylor juntas. Depois, Taylor voltou a Nashville, para uma comemoração com amigos no dia 17. E então, um dia depois, o rosto de Jamie apareceu na capa da Us Weekly, com uma frase desconfortável sobre como a inglesa parecia ter seguido o mesmo caminho de Jake, e nem sequer se preocupou em aparecer na festa de aniversário de Taylor. O que estava muito longe da realidade. Mas ela estava lá.
Jamie não fez comentários, mas não parecia difícil imaginar o que ela poderia estar sentindo. Era realmente desconfortável toda a atenção que ela recebia para coisas que não deveriam importar. Taylor sempre ficava muito chateada com isso, com o "espetáculo". Jamie se preocupava com ela, e a publicidade sempre era "muita", mas ela queria fazer funcionar.
Então o aniversário ficou para trás e o mês de dezembro passou muito rápido, na verdade. Depois veio o final do ano em que Jamie e Taylor passaram na Times Square, escondidas entre um monte de gente enquanto assistiam à "queda da bola", marcando o final de 2011. Logo janeiro chegou. E os próximos quarenta dias pareceram um verdadeiro inferno.
Na segunda semana de janeiro, elas foram vistas em Fishkill Farms em Hopewell Junction, Nova York, onde visitaram a folhagem de inverno, mas já sem neve. Lá havia trenós para alugar, então elas fizeram o check-in no armazém principal da fazenda antes de subirem a encosta. Depois estavam andando por entre as árvores, se divertindo juntas, parecendo muito felizes. Alguns clientes tentaram tirar algumas fotos delas, mas as duas se esconderam da agitação entre as árvores. Elas então passaram pelos pomares e compraram algumas maçãs na saída. Jamie foi quem pagou a conta de US$ 300.
No dia seguinte, elas estavam tomando um brunch no Brooklyn com alguns conhecidos de Taylor. Uma de suas melhores amigas chegou logo depois, Emma Stone, que insistiu que Jamie a chamasse pelo seu nome verdadeiro, Emily.
O brunch foi no Al Di La no Brooklyn e Jamie sentou-se ao lado de Taylor o tempo todo. Mas Taylor, que estava usando maquiagem pesada durante aquele fim de manhã, tentando encobrir sua falta de sono nos últimos dias, parecia um tanto quanto desconfortável com os paparazzis do outro lado da rua. Apesar disso, ela conseguiu dar alguns sorrisos e risadas, enquanto Jamie jogava o papel de "a garota legal" sem nem mesmo tentar. Ela era realmente muito mais gentil do que se pudesse esperar, a mais nova do grupo, que tirava tempo para conversar com os garçons e não conseguia parar de sorrir de qualquer besteira. Além disso, ela estava linda, mas sem nenhuma surpresa, usando jeans claros, tênis brancos, camisa branca e um sobretudo preto. Mais tarde, deixando o brunch, Jamie saiu com Taylor e Emma, e então elas se encontraram com Andrew, e foram passear juntos pelo bairro de Park Slope, no Brooklyn.
Na semana seguinte, as duas se hospedaram no Post Ranch Inn em Big Sur, na Califórnia. Contrariando todo o cronograma inicial, elas passaram a maior parte do tempo no quarto - o mais caro do hotel, com lareira e vista para o mar - por conta da atenção que acabaram ganhando. Durante a noite, elas saíam para o jantar no Sierra Mar, mas isso foi realmente o máximo, para que tudo não se tornasse "demais". Mas no terceiro dia no hotel, Taylor acordou animada o bastante para insistir que ela e Jamie tomassem café da manhã no restaurante, ao invés de se limitarem ao quarto.
No tempo que elas seguiram para o café da manhã, o sol ainda estava baixo, mas bonito o bastante para pintar a manhã com um brilho mais quente. As duas se sentaram numa mesa muito perto da varanda, com vista de frente para o mar. O cheiro de café tinha tomado todo o espaço, e Jamie acabou se rendendo a bebida, enquanto Taylor sorvia um copo de suco de laranja.
Jamie tomou um gole de café, com o vapor perto de seu rosto, e Taylor não pôde deixar de rir da maneira como ela torceu o nariz, quando reparou como o café estava muito doce do que o costume. Não era como se ela estivesse em Londres, onde o normal era enfiar apenas um cubinho de açúcar no próprio café. Eles tinham feito isso por ela, e exagerado um pouco na dose.
— O que é tão engraçado? — a mais nova disse.
— Você — respondeu Taylor, simples. Sua risada saiu suave, e Jamie acabou rindo também — Você odiou o café.
— Bem, meu objetivo é sempre ser impressionada — ela disse, pousando a xícara na mesa — E eu não fui. Além disso, alguém tem que te manter entretida, por isso a minha careta de um minuto atrás.
— Ah, você está fazendo um trabalho fantástico.
Jamie estendeu a mão por cima da mesa e pegou a mão de Taylor, seus dedos entrelaçando-se sem realmente um segundo pensamento, parecendo natural. Elas ficaram assim por apenas um momento.
— O que vamos fazer hoje? — Taylor perguntou, recostando-se na cadeira, um segundo depois — Eu achei que seria divertido seguir uma das trilhas, tirar algumas fotos, passar o dia fora.
— Honestamente, eu pensei em irmos para a piscina — Jamie disse — Apenas tentar uma coisa-
— Muita gente — Taylor interrompeu, dando uma olhada pelo salão aberto. Tinha muita gente ali também, mas a maioria estava focada nas próprias conversas.
— É só uma ideia — Jamie deu de ombros — Se você quiser ir em uma das trilhas, podemos fazer isso.
Taylor queria, e queria mesmo, mas também queria se sentir um pouco mais normal. Ela não precisaria se preocupar com a atenção alheia se fosse qualquer outra pessoa, e então suspirou suavemente, pensando sobre como também não queria se preocupar justamente com aquilo naquele dia, depois de tantos dias se atendo aquela tarefa.
— Não, eu acho que deveríamos ir para a piscina — disse Taylor, sua voz suavizando. Ela olhou para os olhos de Jamie, depois desviou o olhar para seus lábios, vendo um sorriso singelo começando a crescer ali — Estamos aqui, e o dia está realmente lindo. Além de que eu posso lidar com alguns olhares.
— Nunca duvidei disso.
— A bajulação vai te levar para muitos lugares — Taylor brincou, tentando aliviar o clima, e esconder o fato de que sim, ela sabia lidar com alguns olhares, o que não significava que gostasse deles.
Depois do café da manhã, as duas voltaram para o quarto, mas apenas para trocarem de roupa. Do lado de fora, elas seguiram até uma das áreas comuns, até chegarem à piscina aberta, já rodeada de gente, mesmo naquele horário. Taylor estava usando um maiô em tom de azul escuro, com pequenas bolinhas brancas por toda a estampa. Jamie estava usando um biquíni em um roxo claro, junto com um boné com o logotipo da equipe de produção de Game of Thrones, um presente que ela tinha ganhado de um dos garotos da equipe de design de set. O boné estava torto em sua cabeça, e seu cabelo parecia um pouco mais bagunçado, o que a deixava ainda mais bonita, pelo menos foi o que Taylor pensou.
— Isso era para estar assim? — brincou Taylor, estendendo a mão para ajustar o acessório em Jamie, envolvendo os braços ao redor dos ombros dela logo em seguida.
— É minha declaração de estilo — a mais nova foi irônica dizendo isso, e terminou rindo quando Taylor riu também. Ela tirou o boné de sua cabeça, e colocou em Taylor, deixando um beijo em seus lábios — Combina melhor com você.
— Você acha?
— Tudo combina melhor com você — Jamie respondeu, sua voz suavizando enquanto olhava para ela. Elas ficaram ali por um momento, sem realmente se importar com o espaço ao redor. Sem se importar com a atenção, ou com o fato de que pelo menos umas cinco pessoas diferentes tinham sacado seus celulares e câmeras, para registrar o momento como se fosse deles.
Taylor de repente se desvencilhou do aperto da namorada, encostando seu corpo contra o de dela. Ela era aleatória em seu próprio jeito, e teve um último pensamento, murmurando sobre isso logo em seguida.
— Por que ultimamente você parece mais alta do que eu? — ela disse, abaixando o olhar para comparar a diferença entre os ombros, vendo a diferença. Jamie era um pouco mais baixa, mas realmente muita pouca coisa.
— Eu ainda estou crescendo — Jamie brincou.
— Hm, realmente não. Com um pouco de folga, eu ainda sou mais alta — Taylor falou, rindo por um momento. Jamie passou um braço em volta da cintura dela para a sustentar, mas seu toque foi gentil. Ela se inclinou para a namorada, suas testas se tocaram e, por um momento, todo o resto desapareceu. Mas apenas por um momento, porque logo se tornou impossível não tomar consciência da atenção que elas recebiam.
Na noite de segunda-feira, já na semana seguinte, Jamie e Taylor estavam chegando a Santa Bárbara, parando para tomar um sorvete no caminho para Los Angeles. Elas colocaram os pés na McConnell's Ice Cream e chamaram a atenção dos clientes jovens por toda a loja, incluindo parte das meninas que trabalhavam por lá, na faixa de idade das duas. Foi quase como se o ambiente tivesse mudado, todos acenderam e pediram para tirar fotos com elas, o que as duas se obrigaram a fazer porque era difícil as ver recusando aquele tipo de interação. Taylor recebeu uma sugestão de um dos funcionários, depois de olhar todos os sabores e não conseguir decidir sobre nenhum. Partindo disso, ela e Jamie ficaram uns 20 minutos dentro do McConnell's, e aí se separaram quando foram abordadas por fãs agitados no estacionamento do lugar.
Jamie precisou voar para Londres, por alguns dias, mas voltou rapidamente para St. Louis no jato particular de Taylor para conhecer a família dela. Taylor tinha uma grande família por lá, então elas apenas se reuniram na casa de Andrea na cidade, tiraram um tempo na cozinha, para fazerem receitas juntas, contar histórias e rir. O que parecia mesmo um bom tempo. A família de Taylor adorou Jamie, e o pai dela pareceu ter tido aquela mesma boa impressão, depois de tanto tempo adiando um momento mais familiar como aquele.
Ao ponto que, dois dias depois, Jamie estava voltando para Nashville com Taylor e os pais dela. Diferente de St. Louis, onde elas tinham passado despercebidas de toda a atenção da mídia, em Nashville, foram fotografadas tomando café da manhã com Scott e Andrea no Fido, uma cafeteria que tinha se tornado a preferida de Jamie, desde que ela tinha colocado os pés naquela cidade.
Do lado de dentro, os quatro estavam sorrindo, e conversando muito. Era bem óbvio como as energias tinham se encontrado, e era tudo muito agradável. Ou pelo menos, deveria ser tudo muito agradável, com o clima bom sendo cortado apenas pelo apenas o incômodo de Taylor em ter visto do outro lado da rua dois ou três paparazzis brigando pelo melhor registro daquela manhã.
Mais tarde naquele dia, depois de deixar os pais em casa, Taylor levou Jamie para visitar o Gaylord Opryland para ver o Jardim Conservatório. Elas ficaram perto uma da outra o tempo todo, mas naquela noite, depois de voltar para casa, Jamie foi vista fazendo uma corrida solo no Whole Foods perto do apartamento de Taylor, o que rendeu mais algumas cliques e perguntas na manhã seguinte sobre a razão para Taylor não ter a acompanhado - como se precisasse haver alguma razão para Jamie ter ido comprar sachê de chá sozinha.
Três dias adiante, depois de se limitarem ao apartamento de Taylor no centro, as duas finalmente foram vistas outra vez. Elas saíram no fim da manhã de casa e seguiram para o Crema, onde pediram dois cafés no balcão e se sentaram por ali, conversando de mãos entrelaçadas. Elas ficaram no Crema por meia hora, ou pouco mais que isso. Depois, naquela noite, as duas pararam na CityHouse para jantar, e foram fotografadas entrando no restaurante, usando pulseiras de miçangas rosa, combinando - um presente singelo que tinham ganhado de uma das primas mais novas de Taylor durante a viagem das duas para St. Louis.
Quatro dias depois, Jamie estava viajando para Londres. Então, lá, ela fez dois testes diferentes para dois filmes de uma mesma produtora, e depois voltou para os Estados Unidos. A inglesa pousou em Los Angeles, em um voo comercial, e foi direto para a casa de Taylor em Hollywood Hills. A mais velha estava em um estúdio da cidade, gravando alguns vocais, mas elas se encontraram no fim daquela tarde, quando Jamie entrou em um táxi e foi até o estúdio. No início da noite, ela estava entrando no SUV de Taylor.
As ruas estavam movimentadas, mas não foi até chegar na Sunset Strip, já muito perto de Hollywood Hills, que o zumbido suave do motor, mesclado a uma conversa animada dentro do carro, deixou a cena para dar espaço ao incômodo de Taylor assim que ela reparou como um carro de paparazzi as seguia. Era uma noite não tão usual, porque ela estava desacompanhada - na verdade, um dos poucos dias em uma cidade grande que ela não tinha saído com os seguranças grudados em si. E ela deveria ter se acostumado, mas ter um carro a seguindo não era animador, ainda mais quando a pessoa ocupando o passageiro do mesmo carro, estava com uma câmera apontada para o que ela e Jamie faziam.
E então, de repente, a tensão aumentou no carro quando Taylor virou o volante, pouco antes da entrada que sempre tomava seguindo para casa.
— Isso é uma loucura — ela murmurou, com a voz baixa tingida de frustração. Jamie estendeu a mão, a apoiando gentilmente no braço dela, por um segundo ou dois. Mas a inglesa não disse realmente nada.
Taylor avistou o primeiro dos três Starbucks na Sunset Boulevard, e virou no estacionamento, fechando os vidros do carro, e parando ao lado de um sedan branco. O olhar dela correu o espaço, e ela viu o carro que estava atrás dela se aproximando. Ela parecia realmente irritada, a um ponto que qualquer medo tinha se escondido por baixo da própria frustração. O carro parou distante, mas parou de qualquer forma. E então Taylor alcançou o celular e ligou para Noel. A conversa foi muito rápida, e ela terminou murmurando que o esperaria ali mesmo.
Quando desligou, Jamie voltou a estender a mão, dessa vez para pegar a mão dela, mas Taylor acabou se afastando sem realmente reparar, antes de desligar o carro de vez.
— Você está bem? — Jamie perguntou, e terminou se sentindo um pouco idiota, porque a resposta parecia óbvia, mas ao mesmo tempo ela não tinha ideia do que perguntar se não aquilo. Era realmente um território novo, porque em que mundo ela precisaria se preocupar com o que dizer enquanto estava sendo seguida por um paparazzi.
— Não se trata mais de privacidade — Taylor comentou — É só a coisa toda de segurança, você sabe... eles poderiam ter feito alguma merda lá atrás.
— Eu sei, T — Jamie assentiu — E é assustador, olhando a situação assim, mas eu preciso que você tente ficar calma. Estamos bem.
— Eu odeio essa merda — ela murmurou, apoiando a cabeça no encosto do banco, e virando o rosto na direção de Jamie, vendo o mesmo carro de antes parado alguns metrôs de onde ela estava. O homem no banco do passageiro ainda estava tirando fotos, e Taylor revirou os olhos — Odeio que por mais que a gente tenha tentado, não nos tivemos um dia normal sem sermos caçadas como dois animais nas últimas semanas.
— Eu também odeio isso — Jamie admitiu — Mas é meio que parte da coisa toda-
— O que não diz nada, porque continua não sendo justo — ela disse, e então suspirou cansada, antes de diminuir ainda mais a voz — Você merece algo melhor do que essa loucura.
— Isso não é verdade — a mais nova retrucou — Eu sabia no que estava me metendo.
— Você vive dizendo isso, mas você não deveria ter que lidar com isso, independente de saber ou não — Taylor se irritou — Você não deveria ter que lidar com minhas inseguranças que voltam toda vez que esse caos retorna também.
— E você acha que eu me importo com isso, T? — Jamie imitou a posição da namorada, apoiando a cabeça no encosto do banco e virando o rosto para a encarar de lado. Sua voz ficou mais clara, mas também mais baixa, mais tímida — Eu me importo com você, e me importo com o que a gente tem.
— Mas quanto tempo mais antes de você se cansar disso? — ela disse, e quis chorar assim que as palavras deixaram sua boca — Antes de se cansar de mim?
— Eu não vou me cansar de você — Jamie garantiu.
Taylor sabia o que estava tentando fazer, e o que queria fazer. Ela queria dar um passo adiante e fazer de tudo para provocar Jamie até que elas brigassem, e fazer isso até que Jamie decidisse ir embora, porque aquela era a forma dela ir embora também. Taylor tinha um rosto bastante encantador, e era divertida ao extremo em sua superfície, mas ela sabia ser esplendidamente egoísta assim que começava a notar os sinais de uma situação que não poderia suportar. A atenção toda se tornava insuportável quando havia uma outra pessoa na cena, e aquilo ela não poderia aguentar. Ela só queria fugir, e queria uma razão para fazer isso, mas ao mesmo tempo não queria ser a pessoa fazendo isso.
Sentada ali no carro, sozinha com Jamie, com o silêncio cortando o espaço, Taylor sentiu que havia perdido o controle, pelo menos um pouco. Tudo que ela pudesse decidir fazer ou não, era continuar com aquilo ou tomar o caminho contrário, e ela queria tanto tomar o caminho contrário, se esconder, e tentar lembrar de um tempo em que a vida não era aquilo.
Talvez fosse mais fácil se a situação fosse ainda mais dramática. Se fosse Jamie quem estivesse tentando desistir delas, e depois de tudo aquilo, fosse ela quem estivesse dando desculpas, como alguma besteira sobre ter se apaixonado por outra pessoa ou qualquer merda como aquela. Mas não. Elas eram um casal bonito, e elas se amavam. Elas eram um casal lindo. Eram um casal charmoso, mas também eram um casal decadente e sem esperança.
Taylor fechou os olhos e pressionou a cabeça contra o encosto do banco. Ela pensou nos últimos dias, e em todas as vezes em que ouviu Jamie dizer sobre como a queria, e como ela tinha se sentido com todas aquelas palavras. Ela só precisa admitir. Ela amava Jamie, e isso era o que mais doía, porque ela também queria esquecer que a amava, para conseguir ir embora sem peso algum.
Ela queria muito ir embora.
Também queria que Jamie quisesse ir embora, para que não sentisse tão mal consigo mesma sobre isso. De modo que, naquela noite, mesmo com tudo parecendo meio incerto, havia uma conversa que precisava acontecer entre elas, mas ao mesmo tempo, com a situação aparentemente exposta, a conversa definitivamente não seria boa. Taylor estava mais triste do que irritada, e Jamie não parecia diferente.
— Você me ama? — Jamie murmurou depois de algum tempo.
Taylor a encarou. Elas ainda estavam sustentando aquela mesma posição, as cabeças encostadas no banco, os olhos se encontrando. Mas elas tinham companhia, e Taylor não conseguiu não olhar diretamente para a janela do assento de Jamie, vendo o carro e o paparazzi, ainda ali.
— Eu não quero-
— Você me ama? — Jamie repetiu, ainda murmurando.
— Você sabe que eu estou tentando te proteger disso, não sabe? — Taylor não respondeu a pergunta, mas se apressou em fazer outra.
— Eu te amo, Taylor — Jamie falou — Eu te amo tanto que farei exatamente o que você quiser. Se você não me ama, diga que não me ama, ou se você me ama, mas não o suficiente para lidar com isso... com essa situação. Então me diga e eu... irei embora. Mas primeiro você tem que esclarecer para onde estamos indo partindo daqui... — ela suspirou cansada — Você me ama?
— Eu te amo — Taylor confessou — Desde o momento... Desde o momento em que te vi naquele bar de hotel, eu te amei desesperadamente. Mas não consigo respirar quando você está por perto porque tudo ao meu redor parece se fechar. Esse... esse relacionamento, as pessoas querem fazer disso a história delas, mas não estou disposta a ver isso acontecer. E eu sei como isso termina. Eu só... eu te amo, Jamie. Meu coração chamou seu nome desde o primeiro momento que te vi... quero que você saiba disso. Eu quero que você saiba. Mas não posso fazer isso. Eu apenas... eu não posso.
Os quarenta dias que pareciam um inferno, terminaram com um carro acelerando pela saída da garagem da casa de Taylor em direção ao LAX, depois do estrondo da porta de entrada no fim daquela noite. Taylor viu Jamie saindo, não apenas de casa, mas saindo de Los Angeles. E embora ela tenha pensado sobre como não queria que Jamie tivesse ficado magoada, também pensou sobre a coisa toda da respiração. Ver ela ir embora deveria ser como parar de respirar, mas não foi.
Estar sozinha era como finalmente respirar.
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