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09 | 𝐈 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐊 𝐈 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐇𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄𝐍 𝐖𝐇𝐎'𝐒 𝐓𝐎 𝐒𝐀𝐘?

▪ QUEM É JAMIE HARINGTON: A SUPOSTA NAMORADA DE TAYLOR SWIFT VEM DE BACKGROUND 'POSH', TEM LIGAÇÕES ANCESTRAIS COM CHARLES II E ROBERT CATESBY. A ATRIZ LONDRINA ESTUDOU EM ESCOLA PARTICULAR ÀS MARGENS DO RIO TÂMISA E FOI ACEITA NO TRINITY COLLEGE, EM DUBLIN. ELA JOGA TÊNIS AOS FINS DE SEMANA E PASSA O VERÃO COM A FAMÍLIA EM SALCOMBE.

▪ OBVIAMENTE, SE VOCÊ PENSA EM UM ATOR OU ATRIZ BRITÂNICO, VOCÊ APENAS IMAGINA QUE ELES SEJAM ALGUÉM EXTREMAMENTE 'POSH', UM GRADUADO EM HARROW OU ETON - BEM, NÃO FOI DIFERENTE DO QUE IMAGINARAM ASSIM QUE COLOCARAM OS OLHOS EM JAMIE E KIT HARINGTON. AGORA, COM JAMIE SUPOSTAMENTE NAMORANDO TAYLOR SWIFT, TODAS AS ATENÇÕES SE VOLTARAM PARA ELA E CONTAMOS O QUE DESCOBRIMOS SOBRE A GAROTA DO NORTE DE LONDRES.

▪ PARA SEU NOVO FILME, 'SHORT TERM 12', DESTIN CRETTON ESCALOU A ATRIZ INGLESA JAMIE HARINGTON COMO SUA PROTAGONISTA.

▪ QUEM É PAUL MESCAL: O QUERIDINHO DE WEST END QUE CHAMOU A ATENÇÃO COMO RIFF EM WEST SIDE STORY, NO PICCADILLY THEATRE. MESCAL ESTÁ EM UM INTERESSANTE ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO DE ESTRELATO. ELE COMANDA OS OUTDOORS EM PICCADILY, TEM CULTIVADO UM GRANDE E DEDICADO EXÉRCITO DE FÃS AMANTES DO TEATRO E RECENTEMENTE VIRALIZOU ENQUANTO APENAS VIVIA SUA VIDA, BEBENDO CERVEJA VESTINDO SHORTS DE GINÁSTICA.

▪ PAUL MESCAL É A MAIS NOVA ESCALAÇÃO EM SHORT TERM 12, DE DESTIN CRETTON. ELE INTERPRETA UM CONSELHEIRO PARA CRIANÇAS PROBLEMÁTICAS EM UM LAR ADOTIVO E, ESTRELA O FILME AO LADO DE JAMIE HARINGTON. O ROTEIRO GANHOU A NICHOLL SCREENWRITING FELLOWSHIP. O ÚLTIMO FILME DE CRETTON, I'M NOT A HIPSTER, ESTREOU NO SUNDANCE. SHORT TERM 12 É BASEADO EM UM CURTA-METRAGEM QUE CRETTON PRODUZIU, E GANHOU O PRÊMIO DO JÚRI DE MELHOR CURTA-METRAGEM EM SUNDANCE HÁ DOIS ANOS.

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— Qual é o seu filme de Natal favorito? — Taylor perguntou em uma manhã fria, vestida com o moletom preto de Jamie, com calça de pijama rosa, em um tom de rosa bem vivo que ganhava ainda mais destaque devido aos coraçõezinhos brancos que cobriam a peça.

Ela estava na varanda do quarto de Jamie no Hotel em Belfast. A inglesa deveria estar no set de filmagem no início da tarde, mas ainda eram seis da manhã. Taylor havia desembarcado em Belfast exatamente duas horas antes, saindo de Indiana. Dois dias antes, ela havia feito um show em Vancouver e depois viajado para um compromisso com ela, os pais e Austin, na faculdade dele, Notre Dame — algo como um dia em que os estudantes recebiam suas famílias. Mas terminando isso, ela realmente não se importou em ganhar mais algumas horas de sono ruim dormindo no jato particular quando isso significava que estava indo visitar Jamie.

Então, claro, elas estavam ali, na varanda do Hotel, vendo uma neblina tomar conta da cidade, com um vento frio soprando de um lado a outro, sentadas em lados opostos, com uma mesa com tampo de vidro entre elas. Apoiado em cima havia duas xícaras de café, tão quentes que o vapor ainda saía nítido o suficiente para ser visto, e além das xícaras, uma caixinha de papel rosa com três éclairs - antes eram quatro, mas Taylor pegou um e quebrou ao meio, dando a outra metade para Jamie.

Jamie ainda estava de pijama – um conjunto de duas peças, num tom de azul bem escuro – e por cima um casaco North Face, bem cheio, mas perfeito para o clima. Tinha amanhecido com o frio característico daquela época em Belfast e Jamie não estava reclamando de forma alguma – porque, na verdade, ela adorava.

— Hm... — a inglesa pensou um pouco — Eu amo 'Love Actually'. E você, qual é o seu segundo favorito?

— Por que meu "segundo favorito"? — Taylor olhou para a namorada do outro lado da mesa e a viu sorrindo suavemente, antes de pegar sua xícara e tomar um golezinho de café.

— Porque o primeiro também é 'Love Actually'.

— Eu te contei sobre isso?

— Eu vi na internet — Jamie deu de ombros.

— Você me procurou na internet? — a americana riu.

— Mas só depois do terceiro encontro — Jamie tentou se defender — E, vamos lá, não adianta agir como se você também não tivesse jogado meu nome na busca do Google.

— Você não pode dizer se fiz isso ou não — disse ela — É uma suposição, nada mais. Nenhuma evidência.

— "Nenhuma evidência"? — Jamie riu e jogou a cabeça para trás por um breve momento — Você pesquisou muito sobre mim, e eu tenho certeza depois disso.

— Ok, ok... — Taylor dispersou o assunto, ainda rindo um pouco — Voltando ao filme... É ruim dizer que eu realmente não tenho um segundo filme de Natal favorito? 'Love Actually' é uma grande coisa para mim, eu assisto todo Natal.

— Na minha casa assistimos 'Home Alone', todo Natal — Jamie disse — É a nossa coisa durantes os feriados do final de nao, mas eu amo muito mais 'Love Actually'. Hm, eu também gosto de Elf.

— Esses também são bons — comentou Taylor — Mas sabe o que eu gosto mais do que filmes de Natal?

— Não, mas tenho certeza que terei a resposta agora mesmo — Jamie sorriu, como uma brincadeira, e Taylor percebeu. Ela ganhou aquele tom irônico e devolveu isso com um pedaço de guardanapo de papel, que foi jogado na direção da inglesa.

Jamie riu, mas foi rápida o suficiente para pegar o guardanapo e amassá-lo, deixando-o ali mesmo em cima da mesa.

— Continuando... — disse Taylor — Gosto muito de comédias românticas.

— Você assistiu 'Punch-Drunk Love'?

— Não — ela balançou a cabeça, negando — E eu sei que preciso muito ver isso.

— É meu filme favorito do PTA — Jamie comentou — E 'Faithful'... Você já viu?

— Aquele com a Cher? — Taylor perguntou, e Jamie acenou respondendo que sim, ao que Taylor respondeu — Eu não vi.

— Ok, 'His Girl Friday'? — perguntou a inglesa, como se fosse realmente sua última tentativa de provar algo.

— Nunca ouvi falar — Taylor deu de ombros.

— Como alguém que afirma amar comédias românticas-

— Eu sei, eu sei... — a loira interrompeu Jamie.

— Vamos assistir esses filmes esta noite — Jamie disse — Espero que você saiba.

— Temos um encontro com seus colegas de elenco lá embaixo — lembrou Taylor.

— Acho que eles não vão se importar se eu perder isso hoje.

— Mas eu vou me importar, amor. Você sempre fala das noites no bar do hotel, dos jogos, das conversas-

— Ok, entendi, entendi... Vamos ao bar do Hotel — disse ela — Hm, acho que hoje vamos jogar Letters Of Whitechapel. Alfie comprou o jogo semana passada e não para de falar sobre ele.

Mais tarde, eles jogaram Letters Of Whitechapel. Antes disso, é claro, Jamie foi ao set de Thrones em Banbridge. Ela dirigiu e deu carona para Richard, que também gravaria somente naquela tarde. O resto do elenco havia filmado pela manhã e Kit era um dos únicos que ainda estava no set porque tinha mais duas ou três cenas para terminar. Depois disso, Jamie voltou para o hotel com o irmão, enquanto Richard saiu um pouco mais tarde.

Eles se encontraram no bar do hotel por volta das dez da noite, e Richard chegou apenas uma hora depois. Além deles, Emilia, Jack, Gethin, Alfie e John Bradley-West também tinham marco presença. Lena desceu para uma cerveja ou duas, bem como Carice, mas logo ambas voltaram para os quartos e ficaram apenas os mais jovens - o que, na verdade, era bem como o arranjo de sempre.

Alfie animou todo mundo para que eles jogassem Letters Of Whitechapel, um boardgame que parecia a combinação perfeita, junto com um pouco de bebida, para algumas discussões mais acaloradas. No jogo, os investigadores trabalhavam à procura de Jack, o Estripador. Eles deveriam caçar o misterioso assassino pelas ruas e becos do distrito de Whitechapel. Um jogador faria o papel de Jack, e seu objetivo era matar cinco vítimas, e retornar ao seu esconderijo, antes de ser pego. O resto dos jogadores fariam o papel dos policiais que deveriam cooperar entre si para capturar Jack antes que o jogo acabasse, após 4 noites - no caso, 4 rodadas.

O jogo em si rendeu algumas risadas, outras boas discussões e realmente muito assunto. Uma única partida tomou uma hora inteira. Depois disso, todos ali apenas pediram uma outra rodada de bebida - Guinness para alguns, úisque para outros e vinho branco para Taylor -, e mergulharam em conversas paralelas.

Jack comentou que tinha jantado no quarto mesmo e, na verdade, tirando Emilia, todo mundo tinha feito isso. Ali, no bar do Hotel, eles serviam pequenas porções de batata, tortas, tiras de peixe empanado e todas essas coisas, e na maioria dos dias, quando o elenco ia encontrar para alguns "pints" de Guinness, eles normalmente já tinham feito uma pausa para o jantar - às vezes iam jantar juntos, em outros dias faziam isso no quarto mesmo, sozinhos. Richard, em algum momento comentou que iria pedir uma sobremesa, e realmente pediu. A escolha foi torta de maçã, e ele dividiu o único pedaço com John.

A "reunião" no bar do Hotel se estendeu pelo resto da noite, mas no início da madrugada, Kit foi o primeiro a se levantar, comentando que ainda precisava descansar depois do dia cheio. No dia seguinte, ninguém iria gravar pela manhã, mas durante à tarde todos eles estariam de volta ao set, então todo mundo acabou se levantando também, um a um, indo se despedir uns dos outros antes de pegarem os elevadores.

No geral, havia dois andares inteiros reservados para o elenco. Emilia e Gethin ficavam no andar em que Jamie ficava, mas o restante dos garotos ficava no de baixo. Então Jamie e Taylor dividiram um elevador com Emilia, enquanto Gethin ficou lá embaixo, tendo comentado que iria fumar antes de subir.

A atriz mais velha se despediu da amiga quando parou de frente para o quarto. Elas acenaram uma para outra, e Emilia abraçou Taylor antes de abrir a porta do quarto e sumir lá dentro.

Algumas horas depois, quando a manhã chegou, e junto dela uma chuva forte, parte do elenco se encontrou lá embaixo, no restaurante, para o café. Dessa vez, além do grupo da noite anterior, Iain Glen, Carice, Lena, Charles Dance e Michelle Fairley também estavam. Todo mundo se uniu em duas mesas próximas e a hora seguinte foi passada em conversas paralelas. Taylor, que parecia ter criado de imediato uma amizade com Emilia, se manteve ao lado da garota pelo café, enquanto que ao lado dela, estava Jamie, envolvida em uma conversa com Kit e Richard.

Naquela tarde, Jamie estava de volta ao set. Durante a noite, ela se reuniu outra vez no bar com os amigos. O dia seguinte se passou quase que da exata maneira como os dois anteriores, e então, um dia depois, nos primeiros raios de sol da manhã, a inglesa estava se despedindo de Taylor no saguão do Hotel. A americana seguiu para o aeroporto, enquanto Jamie dirigiu para mais um dia de gravação.

A vida quase parecia calma demais - quase. Na noite anterior, um jornal tinha publicado um artigo afirmando que Taylor estava definitivamente namorando uma jovem atriz do Norte de Londres. Mas tantos jornais tinham feito publicações parecidas que mal pareciam um problema, se não fosse o fato de que o jornal em questão era o The New Yorker - envolvido, de algum jeito muito torto, em tentar narrar a situação de uma visão muito ampla, porque, aparentemente, para eles, era muito interessante focar na vida de Taylor, falando sobre uma virada abrupta na imagem que se tinha da garota. O caos parecia pronto para tomar tudo, como Taylor, sua equipe e todos ao seu redor, deveriam saber que aconteceria. Isso porque a história dominou feeds e páginas iniciais de outras publicações, sem muita surpresa.

Taylor ficou sabendo disso apenas quando desembarcou em Nashville. Tinha recebido mensagens de Andrea e Scott e muitas, mas muitas, chamadas de Paula. Para alguém cujo único trabalho era se preocupar com a imagem de Taylor, parecia mais do que óbvio que algo tinha acontecido quando a americana viu todas aquelas chamadas de sua publicista.

Honestamente, a loucura em si era de se esperar, não só porque Taylor tinha uma das bases de fãs mais desequilibradas conhecidas pelo homem - ou, pelo menos, parte dela -, mas porque a sociedade em geral tinha uma obsessão doentia com a vida amorosa da garota. À parte disso, também havia o fato de que era o The New Yorker mergulhando com tudo nessa narrativa. Já tinha saído fotos das duas de mãos dadas, se abraçando, beijando uma o rosto da outra - mas até aquele momento, tudo poderia apenas não passar daqueles velhos comentários como, "elas são boas amigas". E elas realmente eram, mas também estavan a um passo além da amizade.

A base para o artigo do The New Yorker afirmava que "uma fonte próxima a Swift", tinha dito que o casal estava "loucamente apaixonado", e o frenesi das pessoas em torno das "notícias" era familiar. Taylor e suas fachadas pessoais/românticas tinham se tornado o saco de pancadas do mundo por alguns anos, com a mídia documentando todos os rumores de relacionamento que ela tinha, situação por situação e aventura por aventura, como se ela fosse uma máquina de namoro, completamente maníaca e preparada para acelerar e conseguir um novo romance em qualquer oportunidade.

Eles disseram que Taylor tinha trocado John Mayer por Jake Gyllenhaal, no que Gyllenhaal tinha dispensado ela por ser "muito jovem" - ou seria, por "esperar demais" da relação que eles tinham. Antes disso ela tinha quebrado o coração do pobre Taylor Lautner e ganhou uma ligação curta antes de ser dispensada por Joe Jonas. As pessoas eram duras quando citavam esses momentos, quando, na realidade, essas não eram notícias estranhas para alguém na casa dos 20 anos. Quantas pessoas todos aqueles que apontaram o dedo tinham beijado, namorado e dado as mãos em público quando tinham 20 e poucos anos? Provavelmente na mesma proporção que Taylor, mas a diferença era que a vida romântica dessas pessoas não era mantida sob um específico olhar, para milhões de pessoas dissecarem e abrirem buracos, buscando ligações com cada linha que Taylor tinha escrito em suas músicas.

O problema com aquela matéria do The New Yorker não foi tanto o fato de cobrirem sua vida amorosa, ou mesmo o público prestar atenção, mas sim que, por aqueles últimos meses, aquilo era tudo o que cobriam quando estavam falando dela. Todas as pessoas se importavam, por alguma razão, com quem Taylor estava beijando. De repente, toda a sua personalidade tinha sido reduzida aos seus relacionamentos. Constantemente menosprezada e ridicularizada por escrever canções sobre ter seu coração partido, quando homens que escreviam canções semelhantes eram parabenizados por serem tão vulneráveis. Sem mencionar que a coisa toda cheirava a 'slut-shaming' - bastava comparar o tratamento que ela recebia ao tratamento disposto em Leonardo DiCaprio, que tinha tido mais de dez namoradas naqueles últimos quinze anos.

O problema com tudo isso também - à parte da matéria -, era que Taylor talvez estivesse esperando algum movimento de Jamie. Mas era difícil esperar algo quando, na verdade, a inglesa mal tinha ideia do impacto "maior" a pressão ao redor de tudo aquilo. Jamie ainda estava em Belfast, mas tinha passado o dia trabalhando. Depois disso, ela enviou algumas mensagens para Taylor e partiu durante a madrugada para Los Angeles.

Jamie agora tinha uma assessora, e tinha um agente, mas ambos estavam bem mais preocupados com os passos próximos dela diante de sua carreira em Hollywood do que com qualquer comentário do The New Yorker sobre um relacionamento que - de uma maneira honesta - ainda era muito novo. Ainda mais quando a matéria do The New Yorker, em si, parecia inofensiva para Jamie e para imagem dela - não que ela tivesse noção disso. Até porque, era claro que Jamie tinha falado sobre aquela relação, e todos perto dela sabiam, mas era um conceito diferente. Jamie era nova e não havia tanto peso sobre ela quando o assunto era aquele, tão específico. Ela não tinha experiências tão ruins lidando com a fama, mas Taylor tinha.

No dia em que Jamie chegou em Los Angeles, ela tentou ligar para Taylor e não recebeu resposta alguma. Então, terminou se preocupando. Mas entre mensagens não lidas e ligações que não foram respondidas, ela também tinha uma agenda cheia com dois testes e uma entrevista para o que seria sua primeira capa de revista, sozinha - uma matéria de capa para a Wonderland Magazine. Antes da entrevista e das horas incontáveis gastas em Studio City - exatamente onde iria ser fotografada -, ela estava em um prédio comercial na Sunset, esperando para que um "teste de química" tivesse início. Havia uma câmera posicionada no tampo de uma mesa, onde Destin Cretton e o produtor Asher Goldstein estavam.

A outra parte do teste estava atrasada em alguns minutos, mas ninguém por ali parecia estar realmente irritado com isso. Afinal, eles estavam em Los Angeles - o trânsito era sempre desculpa para tudo. Além de que Destin e Asher estavam lá, conversando com Jamie como se fossem velhos amigos, enquanto Destin pensava com muita certeza que tinha mesmo encontrado sua 'Leading Girl', ou na verdade, tinha encontrado a 'Leading Girl'. Ele quase conseguia ver Jamie em todos os grandes projetos dos próximos anos, quase como se ela fosse uma nova Clara Bow, mas das telas coloridas. Pelo menos, tão ousada quanto.

No passado, os Estados Unidos tinham se apaixonado por Clara, muito porque enquanto outras estrelas dos anos 20 poderiam parecer caricaturas melodramáticas aos olhos, Bow sempre aparecia como uma pessoa cheia de vida. Ela era a garota que morava ao lado, mas que também podia muito bem fazer parte da turma dos garotos da sua rua. Com Jamie, o conceito parecia ser quase o mesmo. Na verdade, Destin via isso com clareza, e entendeu que a indústria - e o público - estavam se apaixonando pela inglesa, por conta de diversos fatores diferentes. Seus olhos e sua beleza angelical, mas também porque ela era despreocupada, cheia de energia, segura de si e independente. Jamie não era especialmente sedutora, mas era muito elegante - como em, "elegante" em um estilo inglês, quase saída de um filme realmente -, e ela atraía a atenção por estar sempre de bem consigo mesma.

Destin queria dizer que ela era o arquétipo da mulher moderna, se é que poderia colocar dessa maneira. Mas ele conseguia ver. E, bem, ele também detestava usar a palavra 'ícone', mas Jamie quase parecia um ícone mesmo. E se antes Bow tinha sido fundamental para exemplificar a imagem da mulher dos anos 20 - muito porque ela era a personificação da coisa toda. Ali, para as centenas de milhares de mulheres que estivam no cinema toda semana, Destin conseguia ver a mesma coisa com Jamie, com a inglesa sendo um modelo a seguir.

Quase quarenta minutos depois do horário realmente marcado, a primeira escolha de Destin para o papel de co-estrela de Jamie em seu filme entrou na sala, em jeans claros, camisa cinza e um tênis adidas branco, mas gasto. Ele tinha o cabelo cortado embaixo, mas com mais volume em cima, e estava carregando uma franja bagunçada quase como se tivesse acabado de acordar, ajeitado o cabelo de qualquer jeito e partido para o dia - o que, em qualquer outro garoto talvez parecesse terrível, mas nele funcionava.

— Me desculpe — a voz do garoto saiu, suavemente rouca, e Jamie, que estava sentada na ponta da mesa longa onde Destin e Asher estavam, virou o rosto. Foi imediatamente, a garota mal tinha essa intenção, mas pegou o sotaque dele e logo o reconheceu porque escutava praticamente todos os dias estando em Belfast — Essa cidade é completamente maluca, e eu estou habituado a andar indo para os lugares, fazer isso em Londres é muito mais-

— Fácil — Jamie completou o pensamento do garoto, e pela primeira vez ele a encarou, sorrindo gentil.

— Muito mais fácil — ele reforçou.

— Podemos começar então? — Destin chamou a atenção dos dois.

Jamie acenou de lado e viu o garoto acenando de outro. Ele se aproximou de Jamie, deixando a bolsa que carregava apoiada na mesa, e estendeu a mão para um cumprimento. As frases seguintes foram bem sucintas. Jamie se  apresentou, e escutou ele se apresentando também, dizendo que se chamava 'Paul'. Jamie, por sinal, já o conhecia, mesmo que de longe. Ela comentou sobre como havia o visto em cartazes de divulgação em Piccadilly, e ele falou que também tinha, obviamente, como mais outros milhões de pessoas, assistido a garota por dez semanas seguidas na tela da Sky Atlantic, por onde Game Of Thrones passava no Reino Unido.

Em seguida, Destin deu as instruções básicas, mas deixou aberto para que Paul e Jamie fizessem da maneira que se sentissem mais confortáveis. Eles tinham uma cena específica para representar e discutiram brevemente como fariam antes de seguirem. A maior parte daquilo era mais sentimento, na verdade. Quando os dois viram a luz na câmera, indicando que eles estavam sendo gravados por Destin a apenas alguns passos, segurando uma filmadora compacta da Panasonic, foi quase como se a atmosfera tivesse mudado completamente.

Para Paul, sua técnica era bem simples. Fazendo teatro, ele gostava de imaginar tudo que não pudesse realmente ver no cenário. No caso, ali, o cenário não era realmente alguma coisa. Eles tinham as paredes brancas, mas nada além disso. Então, na mente dele, e se lembrando bem do que tinha sentido lendo o roteiro, logo o garoto imaginou uma casa um pouco bagunçada, como se fosse o fim de uma festa. Não tinha realmente ninguém ali se não ele e Jamie - ou Grace, o nome de seu personagem. Eles estavam na cozinha, mas poderiam estar na sala também. Na verdade, eles estavam na bancada que dividia a sala da cozinha. Mason, o personagem de Paul, estava apoiado ali, e Grace chegou depois de ajeitar parte da bagunça de copos e tantos outros pratos e talheres.

Grace então abraçou Mason como se pudesse fazer aquilo para sempre. Naquele momento, ela se sentia perfeitamente segura, mas um pouco errada - em contrapartida, abraçando alguém que tinha acabado de conhecer, para Jamie, poderia ser mesmo uma sensação estranha, mas ela estava fazendo funcionar.

Ali, mesmo sem que eles despejassem fala alguma, meio que houve um entendimento - e Destin não tinha ideia de onde veio -, de que Paul e Jamie se deram bem. Destin não era novo no trabalho, e ele sabia que às vezes poderia ser prejudicial forçar a química em duas pessoas. Então, de modo que algum queria fazer isso, e nem mesmo precisaria. Ele tinha duas peças que gostava muito, e elas se encaixavam. O que, naquele meio, era tão difícil de acontecer logo de cara. Às vezes, e Destin sabia, era preciso apenas deixar as coisas fluírem e apenas confiar que as duas pessoas entendiam os personagens em uma perspectiva de equipe. Jamie e Paul tinham feito isso, no sentido de que a versão dele de Mason se encaixava totalmente na versão de Grace que Jamie estava imprimindo, e vice-versa.

— Eu não posso fazer isso — a inglesa pegou o caminho dali, e Destin deixou um sorriso de lado se mostrar assim que reparou como ela tinha apagado completamente qualquer resquício de seu sotaque. Ela estava falando como qualquer outra pessoa nascida e crescida em Los Angeles.

— Estamos falando sobre o quê? — Paul continuou, dando sua linha. Ele também deixou de lado o forte sotaque irlandês. Do outro lado, Jamie se afastou dele, mantendo as mãos na cintura, enquanto ele mantinha as mãos no rosto dela, mas com o espaço maior. Eles estavam se olhando, e Jamie tentou sorrir, mas o sorriso saiu falhado, como se ela estivesse nervosa demais para fingir qualquer coisa. Nisso, o olhar de Paul mudou, como se ele tivesse entendido sobre o que eles estavam falando. Ou como se Mason tivesse entendido sobre o que Grace estava falando — Vai ficar tudo bem. Podemos pagar.

Jamie pensou sobre o que Grace queria falar por apenas um momento. Ela respirou fundo, porque imaginou que faria isso nessa situação, e então tentou se colocar de vez na cabeça do personagem. Ela deveria estar muito nervosa? Talvez sim, mas também não iria querer demonstrar isso, não sendo quem era. Não sendo Grace.

Do outro lado, Paul estava se perguntando a mesma coisa. O que Mason faria? A resposta veio como um estalo, e ele tentou abraçar Jamie de maneira mais envolvente, como se puxasse ela para um abraço de verdade, mas ela não deixou, e se afastou dando alguns passos pela sala. Destin abriu o plano. O diretor caminhou para trás, e a estabilidade da câmera deu o tom da cena - aquilo paracia bagunçado e pronto para explodir, e era essa a sensação que eles deveriam imprimir realmente.

Tudo o que aconteceu depois dali foi mágico, e Destin não tinha outra palavra para descrever o momento se não essa. Paul parecia tão atordoado e a cada palavra que escutava de Jamie, era como se pedacinho por pedacinhno dele estivesse se quebrando. Enquanto Jamie não parecia tão diferente. Ela estava ali, tentando se explicar, em uma situação em que não era uma pessoa perfeita, e tinha tantos medos, e não queria confrontar nenhum deles. Ela estava fugindo - Grace estava fugindo, e Mason estava desistindo.

Mais tarde, saindo daquela sala e entrando no banco de trás de um táxi, Jamie fez isso com Paul do lado. Eles tinham obtido o aceno positivo de Destin e foram apresentados brevemente a janela de gravação. Ainda não havia uma data específica, mas no início do próximo ano, muito provavelmente, os dois estariam em Los Angeles por um mês inteiro, gravando Short Term 12.

Jamie disse para o motorista do táxi que ela estava voltando para o Downtown LA Proper Hotel, ali por perto, e Paul também não estava ficando longe, mas no meio do caminho os dois mudaram os planos quando o irlandês questionou se Jamie não gostaria de parar para um café na Hill Street. Alguns minutos depois e eles estavam entrando no Cherry Pick e sentando em uma das cadeiras altas da mesa acoplada à parede direita, perto da janela.

— Podemos fazer aquilo do, eu digo uma palavra e você me responde com algo que a palavra te faz lembrar, e vice-versa — Paul comentou pouco tempo depois de ver seu café chegando junto do de Jamie. Os dois fizeram o pedido de dois americanos, mas o de Paul estava sem açúcar algum enquanto Jamie tinha acrescentado um cubinho ao copo descartável, antes de misturar e fechar ele com a tampa.

— Vamos lá — ela acenou para o garoto.

— "Video Village" — ele disse.

— Por qual motivo "Video Village" surgiu na sua mente?

— Estou esperando que você responda — ele riu.

— Ok, ok... — Jamie pensou por um momento — Briga. Quero dizer, a questão de quem vai se sentar na "Video Village" causa muita discórdia no set, porque todo mundo quer dar uma olhada no feed de vídeo, mas o espaço está sempre cheio. Tem o diretor, o supervisor de roteiro, diretor de arte, o de produção-

— O produtor executivo — Paul completou — Eu sei bem.

— Acrescente também "curiosidade", porque eu queria ver a coisa toda daquela perspectiva, pelo menos uma vez — ela deu de ombros — Mas agora sou eu. Então... "Jantares do elenco".

— Estranhos — ele falou — "Festas de encerramento".

— Turbulentas e às vezes esquisitas.

— "Leituras de mesa".

— Você pulou minha vez — Jamie disse, mas deixou para lá e logo em seguida respondeu — Mas "leituras de mesa", acho que... Nervosismo. Hm, "quartos para presentes", você sabe, como esses quando você ganha coisas demais e enfia tudo em um só lugar. Eu via muito disso no teatro.

— Eu ganhei muitos presentes nas últimas semanas — Paul confessou — Mas eu não guardei realmente muito além das cartas e de todas essas coisas. Hm, mas eu recebi um casaco bordado que aparentemente veio do Japão, então se você me diz "quartos para presentes", eu digo "legal", ou "casaco bordado do Japão".

— Eu fico com "casado bordado do Japão — Jamie sorriu.

— Deixe-me perguntar uma coisa — Paul disse — Sem tópicos rápidos agora, mas o que deixou você animada em fazer Short Term 12 neste momento? Eu sei que você está Game Of Thrones, obviamente... É tudo muito distante.

— Bem, eu não acho que estou em um ponto em que sinto que posso pular em qualquer coisa e estabelecer algo que seja de qualidade por mim mesma, porque sou muito nova nessa coisa toda — Jamie disse — Então estou tentando achar projetos interessantes.

— Ah, bem, eu penso assim também — ele falou — Mas sabe que, eu relutei um pouco antes de mandar minha fita de teste porque Destin deixou claro que estava procurando um tipo muito específico de cara. Ele queria alguém daqui e eu fiquei preso nessa ideia de que não iria conseguir falar igual um cara de Los Angeles depois de tantos meses fazendo um sotaque de Nova York-

— Para West Side Story — Jamie comentou, e Paul acenou concordando — Com quais sotaques você sofre?

— Eu nunca fiz um britânico de verdade — ele confessou.

— Mas você acha que está preparado se precisar fazer um?

— Não, eu realmente não tentei e não planejo fazer isso. Teria que ser algo muito específico.

— Cockney?

— Cockney? — ele riu — Eu acho que cairia na caricatura se tentasse. Uma caricatura ruim.

— E quanto ao inglês "posh"?

— Exatamente como você fala? — Paul brincou, ainda que não fosse nenhuma mentira. Jamie realmentinha falava um inglês "chique" — Ei, você volta para Londres depois daqui?

— Belfast — Jamie respondeu — Por quê?

— Não, eu ia te chamar para ir me assistir em cima do palco — ele deu de ombros — Tenho minhas duas últimas semanas, e então vou para Nova York.

— Broadway?

— Tínhamos fechado isso meses antes — ele explicou.

— E quando você volta para Londres?

— Provavelmente vou ficar indo e vindo, na verdade.

— Diversão, diversão, diversão — ela brincou.

— Sim, mas eu vou com calma porque não quero me divertir tanto — ele falou despejando ironia, e terminou rindo quando Jamie riu.

A conversa deles não terminou por ali. Pelo contrário, eles tinham muito assunto, um atrás do outro, mesmo que sem planejamento algum. Um assunto só caiu depois do outro, e quando Jamie se viu, ela estava acompanhando Paul em um segundo copo de café. Do outro lado, praticamente no outro canto do país, Taylor estava em um estúdio de fotos em Nova York, conversando com uma jornalista que, depois de acompanhar uma sessão de fotos extensa, parecia pronta para começar a conversar com Taylor, antes de montar a matéria que tomaria a capa da Teen Vogue do mês seguinte.

Taylor, depois de tantas trocas de roupas, tinha se acomodado em uma calça jeans e uma camisa preta muito antiga de alguma turnê do Oasis - uma camisa que, por sinal, não era dela. Era de Jamie. Antes, ela estava sentada em uma poltrona, mas logo depois acabou indo para o chão, chegando para perto da mesa de centro, para apoiar a caixinha de papel com comida chinesa que seria seu jantar naquele dia, mesmo que ainda fosse apenas seis da tarde.

A jornalista Lauren Dunn estava no sofá de frente para a mesa do centro. Ela estava com o gravador de voz ligado, mas também estava anotando uma coisa ou outra e, ali, não parecia nem um pouco interessada, tampouco tinha a necessidade ou desejo de escrever sobre a sexualidade de Taylor - que, especialmente naqueles últimos três ou quatro dias, vinha sendo extramente comentada. Simplesmente não tinha sentido para ela, talvez por ter uma filha na idade da loira, a ideia de que ela deveria fazer aquilo porque era parte do que iria garantir que as pessoas comprassem aquelas revistas e acessassem a matéria online sem parar. Lauren estava tentando ser gentil, o que era muito raro naquele meio, e deu espaço para que Taylor falasse sobre o que ela queria falar.

Mas, num desses assuntos pontuados por Taylor, ocorreu que elas acabaram caindo no tópico "relacionamentos", porque estavam falando das letras que Taylor escreviaa. E claro, a americana não perdeu tempo em dizer que achava profundamente chato, a ponto de realmente a enfurecer, todas as intermináveis especulações sobre sua vida amorosa ou sobre quem ela era. Agora eles estavam focados em tentar entender se estar sendo vista com Jamie, era Taylor se assumindo bissexual.

— Para ser sincera, às vezes eu me sinto cansada dos relacionamentos — ela disse — Mas não dos "relacionamentos", e sim da coisa toda que vem com eles.

— A exposição? — Lauren perguntou.

— É, porque acho que a mídia me enviou uma mensagem realmente injusta no último ano, que é a de que não tenho permissão para namorar por emoção, diversão, novas experiências ou lições de aprendizagem. Eu tenho que fazer isso para que seja um relacionamento duradouro de vários anos e, acredite, eu não entro em relacionamentos esperando que eles acabem, mas isso acontece, e então... Bem, eu sigo em frente, ou pelo menos tento — ela deu de ombros — Mas se faço isso, sou uma 'serial dater' e todas essas coisas.

— A narrativa tem sido errada...

— E é sempre a mesma coisa — Taylor revirou os olhos — Como em "ah, ela está conversando com essa pessoa, ela está perseguindo a pessoa". Eles criam um começo para a história que não aconteceu na maioria das vezes, então eles têm que criar um final. Então eles sempre vão para o mesmo final fabricado que todos os outros tablóides compram, que é eu esperando mais do que deveria esperar. Eu agindo igual uma louca, ou eu tendo emoções demais e afastando as pessoas, coisa que... — ela ficou em silêncio por um momento, se interrompendo, porque levou parte da comida até a boca e voltou a falar apenas depois de mastigar e engolir — Hm, honestamente, nunca foi o motivo de nenhum dos meus rompimentos.

— Qual foi o motivo?

— Tentar conhecer alguém é só... É como entrar no meio de uma arena de gladiadores com alguém que você acabou de conhecer e, de repente, o público e a mídia podem fazer sinal positivo ou negativo e tudo fica muito difícil — ela falou — Tem tanta pressão... Então eu... E-eu simplesmente não quero tentar mais também, sabe?!

— Se significa passar por isso de novo.

— É, algo assim — ela acenou.

— Bem, eu realmente não sei o que dizer sobre isso — Lauren foi honesta.

— Não, você não precisa dizer nada — Taylor sorriu gentilmente, sem realmente mostrar os dentes — Acho que... Quando você tem dois namoros em menos de um ano e todo mundo está te chamando de louca, fazendo piadas sobre você em premiações e buscando cada mínima coisa sobre a vida das pessoas com quem você pode ou não sair. Deus... — ela revirou os olhos, mal reparando que tinha, indiretamente, revelado que estava mesmo namorando Jamie — Isso é humilhação pública. E eu não acho que seja justo... Nunca consegui lidar com isso, não, mas antes eu tentava abafar tudo e agora, agora parece impossível. E não é como se eu tivesse procurado o problema. Foram, tipo, cinco anos trabalhando antes de me tornar reconhecível por todos e quando isso aconteceu, eu estava apenas vendo o lado bom de todas as coisas, mas ultimamente, os lados ruins são tão claros que eles gritam na minha cara.

Taylor mal tinha ideia da razão pelo que tinha sido tão honesta, mas ela estava ali, falando muito mais do que talvez devesse. E no dia seguinte, ela estava conversando novamente com Lauren, mas dessa vez por telefone, enquanto seguia no banco de trás do SUV, em direção a seu apartamento em Nashville.

Naquela noite, o que, na verdade, Taylor não esperava era que Jamie fosse bater em sua porta - mas ela deveria ter imaginado. Depois de um dia inteiro sem resposta a ligações e mensagens, ela talvez devesse imaginar que receberia um aceno mais vísivel. A coisa era que Jamie tinha que estar num avião para Belfast, mas não, ela estava ali. E quando bateu na porta de Taylor, depois de passar por Greg e mais dois seguranças, para então entrar no elevador e encontrar Noel sentado no saguão privado de Taylor, ela cumprimentou o segurança e abriu a porta do apartamento, vendo praticamente todas as luzes apagadas, com exceção de uma única luz na cozinha, que iluminava parte da bancada.

Taylor estava ali no sofá, deitada, mas ela se sentou e acendeu a lâmpada do abajur perto do sofá. Jamie caminhou até chegar perto do sofá, mas não se moveu o suficiente. A inglesa estava usando um suéter laranja e uma calça de pijama xadrez, preta e branca. Ela estava carregando apenas uma bolsa a tiracolo, mas a puxou de si e a apoiou no sofá, e Taylor imaginou que ela tinha deixado o resto de suas coisas lá embaixo - ou talvez as coisas estivessem em um Hotel, ou então Jamie tinha realmente viajado com pouca coisa, mas essa última alternativa era muito pouco provável porque a garota estava sempre arrastando sua mala de mão pelos cantos.

— Estamos bem? — a mais nova disse, como se aquela não fosse a primeira vez tendo que lidar com aquele tipo de situação. Mas era, porque era realmente a primeira vez que Taylor tinha fechado Jamie para fora do seu mundo, depois que as coisas ficaram sérias de verdade.

— Eu quero dizer que sim — Taylor murmurou — Mas acho que a resposta é não.

— Claro... — ela assentiu.

Uma garrafa de vinho estava na mesinha de centro, pela metade, e Jamie viu que a taça ao lado ainda estava meio cheia. Ela não disse realmente nada. Deu a volta no sofá e acabou se sentando ao lado de Taylor, e a loira se inclinou para a mesa de centro, drenou o que restava de vinho em sua taça e então a colocou de volta ali, antes de se inclinar e sentir Jamie a puxando para um abraço. Ela estava com os pés levantados e apoiados no sofá, e as pernas bem próximas do peito, parecendo um amontoado de ansiedade - como se fosse uma criança, com medo porque sabia que tinha feito um pouco de besteira. Mas ela também faria de novo se voltasse para 24h atrás, e sabia disso.

— Não sou muito boa nessas conversas — Taylor falou — E eu sou boa em muitas conversas.

— Não precisamos conversar — Jamie falou.

— Mas acho que precisamos.

— Só acho que não precisamos fazer isso agora — Jamie se corrigiu.

Taylor entendeu, e então deixou o silêncio cair na sala, naquela meia escuridão. Mas logo o silêncio começou a parecer perturbador demais para duas pessoas - porque ela estava bem no próprio silêncio, mas com Jamie ali, ela queria falar sobre qualquer coisa. O problema era que não podia fazer aquilo. Elas realmente tinham um bocado de coisas para discutir.

— Eu quis muito te ligar — Taylor falou — Mas se eu fizesse isso ontem, então eu acabaria dizendo o que não queria dizer.

— Isso é sobre a coisa do New Yorker? — Jamie quis saber.

— E sobre tudo, na verdade — ela murmurou — Você viu o que falaram...?

— Eu vi hoje de manhã — a garota confessou — O que parece bem pior para você do que para mim. Eles me pintando como a "coitada" da vez, como se você estivesse apenas esperando o momento para sair correndo e me colocar de uma maneira totalmente errada nas suas músicas.

— Você acha que eu posso fazer isso?

— É uma pergunta séria? — Jamie queria rir um pouco, porque não se imaginava respondendo aquilo de maneira séria. Mas a resposta honesta era, obviamente, não.

— Não, não... — Taylor balançou a cabeça, negando, como se pudesse se arrepender da resposta que teria — Não acho que é.

— Bem, a resposta é não, de qualquer forma — ela deu de ombros, e então ficou em silêncio por um momento, antes de continuar falando — Você queria ir embora, não queria?

— Um pouco — Taylor foi honesta — Mas achei que seria muito injusto. A coisa é que... Eu ainda quero um pouco... Ir embora, digo.

— Porque você acha que isso não vai dar certo? — a inglesa tentou entender.

— Porque sempre começa assim — Taylor disse — Nunca sou eu, ou a outra pessoa. Claro que, às vezes é a outra pessoa, e às vezes sou eu, mas na maioria das vezes são só os outros. Então, não sei... Eu queria ter coragem o bastante para dizer que você vai ficar melhor sozinha e ao mesmo tempo, mesmo sabendo o quão miserável você pode ficar ao meu lado, eu queria apenas te segurar aqui, e isso é algo tão horrível de se pensar, Jamie.

— Você acha mesmo? — Jamie perguntou, mas ela mesma queria responder, dizendo que tinha certeza de que não ficaria nada bem. A pergunto, no entanto, pareceu um pouco perdida, então ela esclareceu — Que eu vou ficar melhor sozinha?

— Talvez eu ache — Taylor sugeriu num meio sussurro, pensando em como aquela questão em específico, ela não conseguia dizer se não com aquela voz, como se estivesse lutando para não dizer nada.

— Você sabe... Se você decidir sair da minha vida, terá que se comprometer com isso, né?! — Jamie falou, no mesmo tom. E então, de uma hora para outra, elas estavam falando muito baixo — Então, se você for, terá que ficar longe, mesmo. Porque eu não espero que você bata na mesma porta que uma vez bateu com tanta certeza, querendo concertar as coisas. Porque se você for... Eu acho que consigo sair bem disso, algumas etapas difíceis no caminho, mas eu sei me virar. Uma segunda vez e então... Bem, aí eu teria um problema muito grande, porque eu realmente te amo, T — por alguns segundos, as duas ficaram ali olhando para o nada, antes de olharem uma para a outra, e então Taylor quem tomou a iniciativa e beijou Jamie na boca. Foi um beijo demorado, mas muito mais triste do que feliz. Ela se afastou logo em seguida — Está tudo bem?

— Sim — Taylor balançou a cabeça e em seguida murmurou — Me desculpe por ontem.

— Foi um dia estranho sem realmente falar com você — Jamie confessou.

— Eu estive pensando muito em você — Taylor disse.

— Eu não estava diferente — a inglesa falou — Eu tenho saudades de você o tempo todo.

Na maior parte do tempo era aquilo que fazia ser tão difícil para Taylor sair correndo dos problemas que vinham quando se tinha um relacionamento público, porque na situação em questão, a outra parte do relacionamento era Jamie, e então a inglesa estava sempre com algo para dizer. Como se tivesse preparado todas essas declarações simples com antecedência, mas que eram sempre tão honestas. Ouvindo aquilo, a garganta de Taylor doeu, como se ela fosse chorar - mas ela segurou qualquer lágrima que pudesse cair, pelo menos em um primeiro momento.

A americana sentiu Jamie tocar seu rosto, ainda naquele meio escuro, sem ver muito dela, mas ao mesmo tempo vendo absolutamente tudo. Foi quando a garota começou a chorar, o que seria confuso em qualquer situação. Mas Jamie apenas aproximou mais o contato, e no instante seguinte, Taylor estava ali, com o rosto encaixado em seu pescoço, ainda chorando, e querendo ser qualquer outra pessoa, mas queria ser qualquer outra pessoa com Jamie - longe de tudo aquilo.

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