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Ian Brown (The Stone Roses) #1


1982

A semana havia começado e aqui estou eu novamente, no primeiro banco do ônibus e sozinha. Eu sempre me sentava aqui e todos já pareciam entender isso. Ninguém sequer olhava para o espaço vago, como se sentar ao meu lado não fosse uma opção. Pelo menos eu tinha meu próprio lugar marcado, sem precisar reservá-lo.

Estou nesta escola há cinco meses e não consegui me conectar a alguém suficientemente para chamar de amigo. Alguns da minha sala me olhavam estranho, como se eu não tivesse capacidade de entender as coisas. Já ouvi duas meninas dizerem sem discrição que me achavam muda ou que possuía algum outro tipo de deficiência. Eu realmente não abria muito a boca na escola, o que não significa que eu não queria falar com as pessoas. Diversas vezes eu tentei, mas sem obter sucesso da parte do outro. Isso desmotiva totalmente a arriscar uma conversa da próxima vez.

O barulho dos meninos baderneiros lá do fundão ecoavam no ônibus inteiro durante todo o trajeto. E como a maioria deles estudavam na minha classe, a voz deles ecoavam na minha cabeça durante quase todo o dia também.
Felizmente eu aprendi a deletar os nojentos diversos palavrões que eles soltavam como se fosse um suspiro.

- Calem a boca, seus tagarelas! Tem gente que não acordou ainda. - Phil, o líder da nossa classe bradou a eles, com olhos pesados.

Um deles falava especialmente mais que os outros. Quase podia-se ouvir seu tom de voz ecoando por mais tempo na cabeça de quem o escutava.

- Hey, Phil - começou - não temos culpa se sua noite foi tão ocupada que acabou esquecendo da aula no dia seguinte... - disse sugestivamente.

A risadas dos amigos vieram em seguida.

O sujeito, Ian Brown, podia ser considerado o pior deles, pois todos o viam como um líder; Agia como um e parecia determinado a dar uma porção de ordens, seja você quem for. Nunca vi muitas pessoas se aproximando dele, exceto os garotos do seu tipo.

É estranho admitir que algo mexeu em mim quando o vi pela primeira vez. Mas observando cada vez mais suas atitudes, eu cada vez mais me mantinha distante. Ele parecia ofensivo demais: Não era aparentemente amigável e poucas vezes se mostrava paciente. Ele estabeleceu bem a imagem de "valentão."

O ônibus estacionou. Eu embora na frente, não tinha a mínima pressa em levantar.

Quando eu acreditei que boa parte das pessoas já haviam descido, levantei e me dirigi à porta frontal seguindo a fila de pessoas que saíam. Tive que diminuir os passos logo que percebi um garoto à minha frente que parecia ser tão retraído quanto eu, transpondo os pés vagarosamente. Isso não era problema - para mim, pelo menos, porque não imaginava que poderia ter alguém tão pressuroso logo atrás.

Estando prestes a atravessar a porta, um empurrão me atinge com tanta força que parecia ser mais de uma pessoa empurrando. Foi justo no momento que meu pé estava suspenso no ar, quase tocando o último degrau do veículo.

Me desequilibrei e inevitavelmente caí.

As risadas surgiram loucamente dentro do ônibus enquanto meu peito conhecia dolorosamente o chão.

- Você está bem? - uma voz preocupada se aproximou, me levantando pelo braço. Era o garoto dos passos lentos.

Não respondi de imediato, pois ainda estava lidando com a dor. Apenas me virei, confusa para olhar o que podia ter causado minha queda e encontro um par de olhos castanhos, me encarando com indiferença.

E pela primeira vez, Ian Brown falara comigo.

- Ops, foi sem querer. Não esperava que você fosse cair. - zombou sarcástico enquanto saía acompanhado risonhamente da sua turma, como se aquela fosse a coisa mais comum do mundo.

Não esperava que eu fosse cair?
Depois de um empurrão daqueles?

De toda forma, sua declaração não fazia sentido sem um "desculpe" bem acompanhado. Mas eu estava longe de me importar.

Olho para o garoto a minha frente que se dispôs a me ajudar e lembro de respondê-lo:

- Sim,estou. Obrigada. - Eu sabia que meu semblante não estava nada bem. Sentia os olhos lacrimejarem. Tinha realmente doído.

- O que houve? - Ele pergunta.

- Nada. Só...deixa pra lá.

Faço o caminho até minha sala e sento na carteira um pouco aliviada. Ninguém parecia mais lembrar da minha vergonha. Revejo anotações das aulas passadas antes da professora chegar. E um barulho infernal vindo lá de trás.

°○°○°○°•°○°•○°

Passando-se mais alguns dias comuns,me assegurei de ter cuidado em subir e descer do ônibus.Nunca se sabe quando algum cabeça quente pode estar bem atrás de você.

Certa vez no intervalo, eu lia meu livro no ginásio em um local que eu pudesse estar segura de levar uma bolada: risco que qualquer um pode correr. Então eu escuto um estrondo que mais parecia ser um prato de porcelana enorme quebrando. Desvio meu olhar do livro no momento em que vejo a diretora se aproximando dos valentões da minha sala.

Com a cara mais fechada do mundo eu os vi abandonarem a partida de futebol.
Não soube explicar o que houve exatamente. Mas por terem quebrado um monumento escolar, eles já deveriam estar encrencados.

Subindo no ônibus, era notável ver que o acidente causou burburinho.Todos conversavam com um certo tom de impacto. Deixo isso de lado e vou calmamente a caminho do "meu" banco.

Mas antes, Lançando uma olhada para os fundos, o reparo vazio. Apenas Ian está sentado no banco habitual, ao lado da janela e sozinho como eu nunca o vi antes. Estranho...onde estão seus amigos?

Pela primeira vez, durante aqueles segundos que vi Brown sozinho, ao redor de vários bancos vagos e raramente olhando as pessoas ao seu redor, foi como me enxergar nele.

Uma personalidade forte como a dele não atraía todas as companhias. As afastava.
Mas ainda não conseguia parar de pensar em como ver aquilo me deixou inquieta. Ele parecia tão sozinho.

- Ei menina, vai sentar ou não? Já vou dar a partida. - balbuciou o motorista.

Ainda não sabia explicar o que deu em mim quando sentei ao lado do garoto que me empurrara outro dia e me dirigira um olhar sem qualquer arrependimento.

Talvez identificação. Ou mesmo perdão.

Mas aquela atitude não faria o menor sentido se eu ao menos não tentasse falar com ele. Quase imóvel, eu experimentava pela primeira vez, sentar ao lado dele.

Até que eu escuto duas garotas conversarem extremamente alto, do outro lado.

- Já tava na hora dos idiotas irem para uma detenção. Quebrar a escultura que o clube de arte fez do fundador da escola é imperdoável.

- Eu achei bem merecido pra eles. Só faltavam dar na nossa cara com aquela bola estúpida. Pena que nem todos foram punidos - Ela olha indiscreta para Ian.

Ele continuava da mesma maneira que sentei aqui, inclinado para a janela, fitando o mundo lá fora. Duvido que ele não tenha ouvido, assim como duvido que ele não tenha me reparado aqui.

Então, arrisquei:

- Com licença, sabe dizer que horas são?

Ele não se moveu.

- Ian - Tomei coragem para chamá-lo diretamente.

Ele vira o rosto para mim.

- Sabe me dizer que horas são? - repito

- Não tenho relógio. - Voltou normalmente a fitar a janela, dessa vez com uma pose diferente. Pernas abertas e o cóccix mais inclinado para a frente, em posição de dar a luz, junto de uma mão no queixo.

Foi uma tentativa idiota. Só consegui tirar uma frase dele e agora tinha sua perna direita encostando ligeiramente na minha esquerda.

Ele não parecia irritado nem relaxado. Algo o incomodava. Por ter essa incerteza, preferi deixá-lo em paz e ignorar minha intuição idiota de ter sentado aqui. Eu não tinha como mudar aquela situação.

Puxei meu livro didático da mochila e comecei a ler de onde parei. Era uma obra que falava da Inglaterra na década passada e eu tenho apreciado a leitura até então. Para deixar o exemplar mais a minha cara, tive que colocar uma fotografia do meu vocalista favorito de todos os tempos - Morrissey, colada na contra capa. Eu amava aquela foto em que ele segurava o microfone com uma mão e um ramalhete de flores com a outra.Depois de alguns segundos apreciando ritualmente a foto, eu sigo com a leitura.

Fico feliz de ter desenvolvido uma boa concentração ao ponto de não mais me sentir em um ônibus. Após certo tempo de leitura eu já podia me imaginar em Coronation Street. Por essa razão, eu sempre tinha o livro carregado na mochila. Ele me fazia esquecer das angústias.

O garoto que se movia do meu lado esquerdo do banco também não chegava a me distrair. Mas acabei o percebendo perguntar algo com as outras pessoas dos bancos mais próximos. No momento em que minha atenção fugia, foi quando eu aos poucos sentia um rosto se aproximando do meu ombro ei uma voz adentrar meu ouvido.

- Duas e quarenta e cinco.

Fecho o livro e o olho no momento em que sua cabeça pendia de volta para trás. Como o usual, tinha a face séria.

- Desculpe?

- A hora. Duas e quarenta e cinco.

Eu não sabia quanto tempo fazia que eu o tinha perguntado. Mas ele havia lembrado de responder. Mesmo alguns minutos já terem sido passados.

Quase no mesmo instante o ônibus estagnou na minha parada. Guardei rapidamente o livro e fui à porta frontal. Sem olhar para trás.

•°•°•°•°•°•

No dia seguinte a galera do barulho estava de volta (na ida, pois de fato eles levaram uma suspensão e vão ficar depois das aulas. É o tipo de informação que corre à solta na escola).

Hoje eu tive minha aula favorita: literatura. Era bom saber que a minha leitura era para mim entretenimento e ao mesmo tempo, tarefa escolar.

Ainda me ocupava na mente o episódio do dia anterior. Desde o momento em que me sentei ao lado de Ian, tudo foi estranho. Mas não um estranho ruim, pois eu vi como um ato positivo ele ter se importado em me dar uma informação que eu havia pedido. Eu achava que ele raramente ou nunca fizesse algo educado assim.

Presenciar isso fixou na minha mente um princípio muito conhecido: Não julgar antes de conhecer.

Que paradoxal. Isso era refletido de volta para mim.

O sinal toca e a aula acaba.

- Se acalmem aí. Ainda temos outra aula após o recreio, gente. Lembrem-se que vamos usar o livro.- alertou a professora.

Eu ouvi alguns alunos resmungarem e outros quase gritarem em pânico. Eles tinham dificuldade em lembrar dos dias de trazer o livro. E sabiam da punição.

- Ah não, eu não posso levar mais uma ocorrência por esquecer esse maldito livro...-- Um deles falou para si.

Estava dando uma olhada na sala inteira quando reparei que ela estava se esvaindo. Saio também para pegar meu lanche e após isso, me deliciar com a leitura do meu livro.

Voltei à sala poucos minutos depois. Alguns grupos de alunos passavam o intervalo em sala de aula. Procurei meu livro na mochila mas não o encontrei.

Procuro diversas vezes, passando sempre pelos mesmos bolsos até explorar a mochila inteira. Mas eu sempre o deixava no mesmo local. Sempre.

Eu tive um pressentimento horrível.Mas resolvo o deixar de lado e seguir para a diretoria.Esperava que lá esse problema ganhasse desfecho.

Respirei fundo tentando acalmar a velocidade do coração enquanto andava.Mas passar em frente aos bancos do refeitório já era suficiente.Um grupo de 3 garotos se debruçava sobre um exemplar igual ao meu. Naquele momento meu cérebro e meu coração se uniram em sincronia para dizer: É o seu.

Os três não pareciam totalmente abertos a uma conversa. Mas fui lá mesmo assim.

- Com licença - Já me acostumei com olhares estranhos daquele tipo sobre mim - Eu...Sabe, perdi um livro igualzinho a esse. Não acho ele em lugar nenhum.

A minha incapacidade de comunicação me bombardeia ainda mais agora. Antes de eu terminar, eles pareciam nem querer estar ali.

- Eu...- continuei - Posso verificar se esse é o meu?

Eu tive minha resposta:

- Eu tenho um igualzinho ao seu também. É que..não deu pra pedir a editora que fizessem um diferente pra que você pudesse diferenciar. - Sorriu forçadamente.

Senti meu coração levar um leve aperto.

- P-por favor, eu sei como diferenciar. Tem uma foto na contracapa do meu -

- Sabia que acusar alguém assim do nada é feio? - outro deles falou, me interrompendo.

Falar com 3 garotos mal encarados já era ruim o suficiente. Mas era pior quando nenhum deles parecia dar importância ao que você dizia.

- Não estou acusando ninguém. Eu só quero encontrar meu livro -

- Lamento. Da próxima vez, cuida melhor das suas coisas. - falou friamente.

- Dá o livro pra ela.

Uma voz reconhecível veio de trás de mim. Eu pulei de susto.

Em seguida, travei onde estava para ver quem estava logo atrás.

- Qual é, Ian. Ela perdeu o livro e eu tenho que dar o meu?

- Dá logo.- Ian responde. Nunca presenciei uma voz tão firme.

Eu nunca o vi com aquela expressão séria antes. Nem mesmo quando ele estava sozinho no ônibus. Só o olhei. Não por muito tempo pois não sabia o que dizer, nem fazer.

Os três pareceram se sentir ameaçados, pois desde o instante que Ian chegou, eles se levantaram como se fossem embora.
O que tinha o livro em mãos, o segurava firme contra ele. Ian se aproximava de um jeito ameaçador. Mão estendida, o esperando pôr lá o livro.

- Te dou a chance de escolher - Ele começou, em proximidade perigosa com o garoto. - vai dar ou não?

- É meu. - o garoto respondeu ferino.

- Vai dar ou não? - repetiu Brown.

- Não.

- Então acabaram suas chances.

Nunca acreditei que um dia presenciaria o valentão da escola socar a cara de outro valentão, naquela velocidade impressionante, por causa do meu livro.

No segundo seguinte, o menino estava no chão, com as mãos vazias. Os outros garotos rapidamente foram até ele, para o levantar e saírem em poucos segundos, resmungando ainda que assustados, que Ian é um monstro e que seria expulso da escola por aquele feito.

Ele, como sempre, não demonstrava resquícios de preocupação. Era cheio de atitudes. Sejam elas boas ou ruins, eram as atitudes dele.

Eu permaneci lá, horrorizada. Não olhei mais para Brown e queria sair de lá correndo. Achei que ele pudesse me bater também.

Até que vi meu livro sendo erguido à minha frente, pela mesma mão que havia se formado para um soco. O segurei com pressa.

A primeira coisa que fiz foi verificar se de fato o livro pertencia à mim.

Meu coração batia forte, mas era aliviado por ver a fotografia de Morrissey lá. Deslumbrante e alheia a toda aquela confusão.

Deixei sair um sorriso aliviado. Me dando conta de que ele ainda estava lá na minha frente. Me envergonhado de sentir olhares de várias pessoas pelo ocorrido.

- Como você sabia? - foi a primeira coisa que lhe perguntei.

- Você estava lendo ontem, no ônibus, não estava? Depois vi de longe eles abrindo o livro. Então vi que era a mesma foto que tinha no seu. - Sua expressão não era mais tão séria e sua voz se permitiu suavizar um pouco.

Senti o rosto esquentar e infelizmente isso afetou minha próxima fala.

- A-ah, Obrigada. De verdade...- falei aos gaguejos.

Ele não se moveu. Mas me olhou dos pés à cabeça, depressa.

- Gosta dos Smiths?

- Amo. - Respondi segurando o livro que quase escorregava contra mim.

Ele balançou a cabeça positivamente.

- Música favorita?

- Bom, tem tantas...acho injustiça mencionar só uma. - rio - E a sua?

Não sabia se ele era de fato fã, mas o momento pedia aquilo.

- Gosto de Half a person e How soon is now.

- Incríveis.- me surpreendi. Aquilo me deu coragem para falar o olhando. - Eu...não sabia que você curtia música.

Ele riu, o que pra mim pareceu mais um zombamento. Mas algo me dizia que não era.

- É claro que eu gosto. Se não, não seria um vocalista.

O livro quase escorrega dos meus braços novamente.

- Você canta?

E a partir daí o que deveria ser um curto diálogo se transformou em uma conversa onde pela primeira vez eu não o via com sua intangível imagem de valentão.

O sinal tocou, esgotando o tempo da nossa conversa. Ele acenou com a cabeça e se encaminhava para o outro lado.

- Ian! - O chamei. Fiz um gesto mostrando o livro assim que ele virou. - Obrigada mais uma vez.

Em resposta, ele negativou com a cabeça com um ligeiro sorriso.

Era aquela a primeira vez que eu o via sorrir?

Não, era a primeira vez que ele sorria para mim.

Me preocupei com o que senti naquele momento. Era como se eu estivesse finalmente o conhecendo. E não a figura ameaçadora vista por toda a escola.

Aquela foi a atitude mais gentil que alguém fez por mim. Mesmo que fosse um pouco...violenta.

Na volta ao ônibus, o encontrei sentado atipicamente no lugar que sempre era meu no ônibus. Seus amigos ainda estavam suspensos até a próxima semana, então ele continuava sozinho. Mas não parecia triste.

Sentei ao seu lado. Silêncio total. Após alguns minutos ele não tardou em puxar um assunto.

- Então, que outras bandas você gosta?

E dali em diante eu o conheci e ele me conheceu, de fato. Minhas falas ficaram trêmulas mas ele não mostrava se importar. Ele era paciente quando eu levava um tempo pra pensar e tinha foco na atenção.

Mas me pegou de surpresa o fato dele ser vocalista de uma banda.

- The Stone Roses?

- Sim - Disse sonhador.

- Isso é um máximo! Já começaram a ensaiar?

- Bom, íamos - suspirou - mas os idiotas acabaram sendo suspensos na semana que íamos começar.

- Que pena. Eu adoraria ver você cantando. Assim... Eu quis dizer...sabe, é que não dá pra imaginar...

Ele apoiou a cabeça no banco, rindo. Eu sabia que minha cor já estava mais intensa que a de um tomate. Ri sem graça.

- É claro que você vai ouvir.

- Vou?

- Seremos famosos.

Não tive mais o que dizer naquele momento e ele permaneceu mascando chiclete.

- Ei

- Sim? - O olho mas ele não retribui.

- Foi mal por ter te empurrado naquele dia. Não foi de propósito.

- Tá tudo bem. Não liga pra isso, ok? Já passou. - Eu me surpreendi com aquilo. Seu pedido de desculpas.

- Passou? Então por que a sua cara ainda tá vermelha? - aproximou o dedo indicador olhando meu rosto com atenção.

- N-não tem graça -

- Eu rio mesmo assim. - Responde rindo e voltando a ficar torto no seu lado do banco.

Os próximos dias seriam assim. Tendo a companhia um do outro na volta pra casa. Aprendi a aproveitar já que sexta e próxima semana ele voltaria a ter a boa e velha, ainda que conturbada, companhia dos seus amigos.

•°•°•°•°•°•°

Então, naquela manhã eu entro no ônibus. Ian não estava lá no meu banco. Estava no fundo acompanhado dos amigos. Tudo voltara ao seu normal, mesmo que eu não estivesse satisfeita com isso.

Sinto que ele foi a única pessoa que me conheceu de verdade nessa escola. Foi bom cada momento de nossas conversas. Gostaria que tivesse durado.

Prestes a me sentar, ouso enviar mais um olhar até lá, despretensiosamente. Até que precisei desviar rapidamente, quando vi de relance que os olhos castanho escuro já me fitavam. Me sento de imediato.

Morrissey, voce entende minha timidez melhor que qualquer um.

Durante a aula ele não falou comigo.
No intervalo ele não falou comigo.
Não me arrisquei a olhá-lo mais uma vez, por mais que quisesse.

Foi terrível ver esse impasse, quando dias atrás conversávamos naturalmente. Aceitei minha parcela de culpa nisso.

Subindo e encarando a tortuosa volta ao ônibus, eu me perguntava se ele ainda se sentiria sozinho. Eu estaria lá com ele se sim. Sem dúvidas. Mas tinha receio quando ele estava com os amigos. Sempre havia a impressão que eles evitavam falar comigo.

Mas Ian não evitava. Ele estava lá, no momento que subi no ônibus, sentado no lugar que sempre conversávamos. Com o lado vazio me esperando e com os olhos aguardando os meus. Dessa vez eu não desviei.

Eu sorri de imediato sem perceber, e olhei em volta para em seguida me perguntar: o que ele está fazendo aqui e não com os amigos?

Me sentei rapidamente.

- Achei que você fosse ficar lá atrás. - não evitei de falar.

- É que às vezes - Ele começou, parecendo ponderar - ...eles conseguem falar alto demais.

Antes que eu pudesse responder algo, um grito vindo de trás ecoou no veículo inteiro.

"Ian e S/N são o mais novo casal na área galera!"

Eu olhei para frente, totalmente desconcertada. Achava que não teria mais coragem de olhá-lo. Mas ele estava bem ao meu lado.

- Falei. - Completou desdenhoso

- Palhaços.

Não falei nada mais. Ele também não.

Até que alguns momentos, voltamos a ter uma boa conversa. Sobre como seria um máximo estar numa banda.

- Tá com seu livro aí?

- Tô. Por quê?

- Quero só ver uma coisa.

"Hey, ele vai dizer isso quando estiver no seu quarto também!"

Ignoramos a piadinha. Eu o entreguei meu livro com certo cuidado e confiança.

- Agora, uma caneta.

- Ian...você vai riscar meu livro?

Ele revirou os olhos.

- E qual o problema?

- Não faz isso. Vai ficar feio se riscar.

- Te garanto, não será um risco feio. - enfatizou a última palavra.

Eu comprimi os lábios e pensei em silêncio enquanto ele me aguardava com o livro em mãos.

- O que você vai fazer?

Ele sorriu de canto

- Você vai ver.

- Ian...

- S/n...- repetiu no mesmo tom, só que mais travesso - Não estrague a surpresa.

Eu procurei uma caneta na minha mochila e encontrei uma vermelha.
Ele a pegou e se endireitou no lado do banco, ficando de frente para mim, a fim de que eu não pudesse ver o que ele escrevia.

- V-você vai ver se acabar com o meu livro fazendo desenh -

Mais rápido do que eu pensei, ele terminara. Me entregou o livro fechado e a caneta.
Com certo medo, eu recolho. Abro e encontro na contracapa, abaixo da foto de Moz, uma escrita em letras de formas, ligeiramente tortas. A assinatura "Ian Brown x"

- Por quê? - indaguei curiosa.

- Um autógrafo. Isso já é uma resposta.- sorriu.

Eu ri contidamente.

- Você é mesmo cheio de si hein? - Falei não pretendendo ser rude. Era apenas parte da brincadeira.

- Ora - Ele tentava se explicar enquanto eu ria - Você ia acabar implorando pra eu te dar um de qualquer jeito! Além do mais, pode vender daqui há uns anos. Vai valer uma fortuna. O primeiro autógrafo de Ian Brown...- explanou com as mãos.- Vai poder comprar milhares de livros como esse.

- Não! -Disse quase a tempo de interrompê-lo.- Não vou vender. Vai ficar comigo.- olhei novamente a contracapa.

Eu tinha um sorriso que não conseguia tirar e nem diminuir.

- É, eu não esperava que você já fosse minha fã.

- E como fã, fico honrada em receber seu primeiro autógrafo.

Então rimos e tivemos mais uma conversa sobre fama, música e sonhos. Eu não tinha nenhuma dúvida de que Ian alcançaria o estrelato.

Alguns engraçadinhos vendo o bom ritmo da nossa conversa, continuaram com as piadinhas. Alguns chamavam a atenção de Ian mencionando para tomar cuidado e não me empurrar no altar do casamento. Outros mais atrevidos, a fazer sons constrangedores de beijos e outros falavam de coisas que eu nem conseguia entender.

Mas Ian e eu não nos importávamos. Parecia que ele se importava bem menos que eu. Nada podia atrapalhar nossa conversa, que nunca deixava um fim à amostra. Isso me fazia muito feliz.
Me desanimei quando o ônibus diminuía a velocidade e minha parada já podia ser vista a frente. Organizei minha mochila e me preparava para me despedir de Brown. Mas ele disse:

- Ei, primeira fã, me lembra de te dar um ingresso do nosso primeiro show.

- Com certeza.- Ele era a pessoa que realmente me conheceu aqui. Não sei se prosseguiriamos com uma amizade duradoura para isso mas ele já arrancara tantos sorrisos de mim. - Até amanhã.

- Até.- se esticou no banco, agora que tinha mais espaço

Só depois de sair do ônibus, reparei que amanhã era sábado.

Chegando em casa e tendo um merecido descanso, vou indo fazer minhas tarefas. Deixando o livro sobre a mesa e dando olhadas na minha foto de Morrissey que agora acompanhava meu presente de fã, logo abaixo dela.

Me pego observando-a por mais tempo, não percebendo a entrada da minha mãe na sala e passando por mim.

- Ei, não sabia que o nome desse vocalista da foto é Ian Brown.- alegou confusa. Confundindo as coisas.

- E não é - respondi. - esse é um autógrafo de outro vocalista.

.................

Olá meus xuxus! Como vocês estão?
Se ficou até aqui saiba que durante muito tempo eu desejava avidamente conhecer fãs de Stone Roses assim como eu. Mas essas pessoas seguem até hoje de encontrar. Então, se você é uma delas, pode se considerar meu amigo! Sério, de ❤️.

Como deu pra ver essa imagine é bem anacrônica, já que Ian não era um estudante do ensino médio na época dos Smiths. Haha! Na época que escrevi essa imagine (em 2020), nem me atentava a esses detalhes.

Até a próxima imagine! Se votar e comentar, estaria me ajudando muito, tá? Só pra vc saber. 🫶🏻✨️


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