- ELISAAA! - Ouço minha mãe gritar no andar de baixo e abro apenas uma fresta da porta do quarto para ver minha mãe subindo as escadas e vindo em minha direção.

- Sua avó está te esperando para vocês irem ao circo. Você sabe que ela não gosta de esperar.

- Estou descendo mãe - sento-me rapidamente na cama e calço meu all-star, pego minha bolsa e saio do quarto descendo as escadas contado os degraus - um costume meu-.

- Pronto vovó, não fique brava - Rio levemente de sua expressão de falsa zangada.

- Vocês jovens de hoje em dia, demoram muito para se arrumar, vai entender.

Saímos pela porta nos despedindo de mamãe, já ué voltaríamos apenas tarde da noite.

Uns vinte minutos chegamos no circo e realmente fiquei impressionada, era realmente muito diferente de todos em que fui. Era espetacular.

Sorrio boba e pego na mão de vovó nos conduzindo até a arquibancada.

×××

Devo admitir. MELHOR ESPETÁCULO DE TODOS.

Vovó disse que iria sair para comprar pipoca e refrigerante, então avisei que "iria" ao banheiro. Claro que não fui.

Fui explorar e ver se acho o -melhor- mágico desse circo.

Já estava um pouco cansada de ficar andando por esses corredores e não achar nada. Então vejo uma porta, acho que achei o que eu estava procurando.

Vou com passos rápidos até lá, e fico um pouco apreensiva, será que era o certo?

Não importa. Minha curiosidade fala mais alto.

Parada em frente a porta com seu nome verdadeiro e escrito não entre, bati levemente na porta, mas não houve respostas.

Com cuidado, abri a mesma e coloquei metade de minha cabeça para dentro, e não havia ninguém, então logo eu já estava fechando a porta comigo dentro do cômodo.

Olho ao redor e vejo que é um cômodo simples, eu realmente esperava por mais. Tinha um enorme quadro de um baralho pendurado e isso me intrigou.

Comecei a andar pelo cômodo indo diretamente para a pequena cômoda perto da parede e tentei puxar a gaveta, mas estava trancada e solto um suspiro irritado.

Me agacho e começo a procurar, talvez estivesse debaixo do tapete que havia em frente e eu realmente estava. Dei sorte.

Abro a gaveta que e me decepciono levemente, quando vejo que só havia um livro mesmo, que estava mais para um "diário", pego-o pensando em abrir, mas não tenho tempo, quando escuto sua voz.

- O que pensa que está fazendo? Sabia que a curiosidade matou o gato, Elisa?

Viro-me rapidamente quando ouço sua voz -até a voz é bonita-.

— Eu me perdi - Rio levemente sem humor algum.

— Se perdeu? - ele entra e fecha a porta, fazendo que seja ouvido apenas um clik.

— Minha vó está esperando por mim, vou indo - tento passar pelo mesmo, mas ele coloca o braço me barrando.

— Devolva.

— Do que está falando?

O mesmo se aproxima e pega o objeto que estava em minha destra escondida atrás da minh costa. Merda.

— Isso.

— Foi mal hum, juro que não vai mais se repetir.

O mesmo me analisa por um instante e vira de costas guardando o "diário" de volta ao lugar.

— Só saia.

Sem nem pensar duas vezes saio e ando de volta ao centro do show, vendo minha avó olhar ao redor, acho que ela está me procurando.

— Vovó, desculpa, acabei me perdendo, os corredores eram todos iguais.

Ela apenas ri de mim e segura minha mão, e nos preparamos para o restante do show quando as luzes se apagam.

×××

— MÃE CHEGAMOS!!!

— Não grite menina, ela já pode estar dormindo - olho o relógio de ponteiro pendurado da parede perto da escada e eram 00:25.

Realmente, principalmente que amanhã é o plantão dela no hospital.

— Durma bem vovó.

Subo para o meu quarto e fecho a porta, me escorando, pensando no "encontro", pelo menos não foi tão desastroso.