07 | NAS GRAÇAS DO ANJO
TINHA CERTOS TIPOS de coisas que ninguém sabia sobre Dean Winchester. A primeira delas era que ele nunca era sincero sobre suas próprias emoções, ele sempre esconderia todos seus sentimentos a sete chaves. Isso incluía seus momentos de alto teor sexual.
— Merda. — xingou baixinho, enquanto esfregava o vidro do próprio carro.
Estava muito feliz por ter Cass de volta no bunker, após achar que nunca mais veria o anjo. Apesar do fato de que sua mãe supostamente estava morta, saber que tinha uma mínima chance de ela estar viva o deixava com um humor excelente.
Só que o humor de Dean estar bom resultava em seus outros pensamentos ganharem mais pose, invés dos ruins. Isso significava pensar na garota com quase a metade da sua idade que vagava pelo bunker e cruzava olhares com o seu vez ou outra.
Dean a detestava, tanto que se forçou a não falar com ela desde o princípio. Até claro, ela começar a aparecer em seus sonhos de formas inusitadas. Isso piorou muito mais as coisas para o lado dele, era como competir contra si mesmo. Sem contar nas vezes que a via com Sam ou Jack, uma sensação ruim começava a crescer na boca do seu estomago. Ele detestava tudo isso.
Ter Castiel de volta significava que poderiam ter respostas sobre Jack e Mavis, de verdade. Mas, pelo visto, até agora ele não tinha falado muito mais do que deveria. Ele estava no vazio, Dean mal consegue imaginar o quão ruim deve ter sido. Se fosse comparado ao inferno, já tinha uma boa ideia.
— Ei. Quer uma mãozinha?
A voz pouco ouvida de Mavis soa pela garagem. Dean demora alguns segundos para olhá-la, uma parte sua implora para não fazer tal coisa. Depois do último caso e depois de Castiel ter voltado, eles pareciam ter mais com o que conversar.
A mais nova se aproximou, esticando a cerveja para o loiro. Dean demorou um pouco para pegar o objeto, agradecendo com um aceno de cabeça.
— Tô quase terminando. — desconversou o Winchester, dando o primeiro gole na cerveja gelada.
Mavis havia feito um coque, os fios escapavam pelas laterais todo despojado. Uma camiseta surrada antiga de Sam do AC/DC caia sobre seu corpo, ultrapassando o short, como um vestido. O loiro notou os detalhes rapidamente, observando que ela estava descalça.
— Minha mãe nunca nos deixou ter um carro. — tocou a lateral do Impala, vendo a superfície extremamente limpa — Mas, sempre gostei deles.
Dean deu um pequeno sorriso amarelo, terminando de esfregar o vidro.
— Gosto muito desse.
Mavis tinha um sorriso singelo nos lábios, como se admirasse o Chevrolet 67. E essa imagem fez Dean se sentir orgulhoso do próprio automóvel.
— Que bom que nisso você tem bom gosto. — Dean deu ênfase, achando que ela não fosse perceber.
Porém, Mavis franziu as sobrancelhas, curiosa. Apoiou as duas mãos sobre o capô do Impala, atraindo totalmente a atenção de Dean. A diferença de altura deles era bastante perceptível, mal batia no ombro dele.
— Não entendi.
O mais velho jogou o balde de água sobre o vidro, tirando o sabão.
— Nada não. — desconversou — Só sua playlist que é...
— Ei, ei, ei. Não fala assim da Taylor Swift. — fingiu estar zangada — Aquele dia todo mundo estava curtindo, ok?
Dean balançou a cabeça, rindo baixo com a lembrança.
— Sim, os dois gays; Sam e Jack.
O som da gargalhada da mais nova preenche todo o ambiente, deixando Dean desnorteado. Ela pega o pano felpudo e começa a secar a lataria do Impala, ainda perdida em meio à própria risada.
Mavis sabia que Dean não gostava dela. Então, estar ali era a sua tentativa em apaziguar um pouco as coisas entre eles, se de fato todo mundo fosse ter que conviver junto —, então, que não tivesse clima ruim. Mas, também tinha a parte do desafio que a fazia querer descobrir a razão por ele ser tão detestável.
— Castiel falou com você sobre mim? — ela fez a pergunta de milhões.
Estava interessada em descobrir mais da própria vida e o que tinha acontecido, para toda aquela merda feder.
Dean balançou a cabeça em negação, dando outro gole na cerveja.
— Ele está muito concentrado na temporada nova de Orange is the new black. — elevou os lábios, pensativo por um instante — Quase incomunicável.
— Não é? — Mavis deu outra risada, se abaixando para pegar o pano que tinha caído — Falei para ele não ver essa série na frente do Jack.
Foi como ser atingido por um soco no estômago. Dean levou a garrafa de cerveja para frente do colo, ao sentir a fisgada em seu pau. Se desesperou ao ver a forma como havia começado a querer ficar duro. Apenas a imagem dela secando a lataria da baby, era suficiente para ele...
— Tá me ouvindo? — Mavis estalou os dedos frente ao seu rosto.
Só assim Dean se deu conta de que ela estava totalmente à sua frente. A altura é muito mais perceptível. Os olhos achocolatados encaram os seus, à espera de uma resposta.
Dean tossiu seco, antes de responder.
— Uhum.
Mavis balança a cabeça, perdida nos próprios desvaneios. Voltando a prestar atenção no carro.
— Por isso eu acho importante incluir Jack. — balbuciou ela.
Dean balançou a cabeça positivamente.
— Tem razão.
Mas, ele não fazia noção do que a mais nova estava falando. Apenas concordou com medo de que ela notasse a forma como havia o afetado, fazendo simplesmente nada. Era patético, o tipo de coisa que normalmente acontece quando se tem dezesseis anos e não trinta e nove anos.
☄️
— Como você está, Cass?
A voz de Sam soou no ouvido do anjo assim que ele colocou os pés na biblioteca. A primeira vista Castiel estava normal, o rosto ainda abalado como sempre, mas tirando isso ele parecia perfeitamente igual.
— Estou bem, Sam. — respondeu, se sentando na cadeira a frente dele.
Ninguém ainda tinha tido a "conversa" de fato com Castiel, pois ninguém sabia como começar aquele assunto. Primeiro que todos pensaram que ele estava morto, definitivamente. Sem volta, sem nada. E segundo que nem eles sabiam muito bem quais respostas procuravam.
— Cass, desde que você ficou esse tempo todo, você sabe...
— Morto. — completou o anjo, dando um pequeno sorriso amarelo.
— É, morto. — Sam também deu um sorriso pequeno — Dean tinha certeza de que não voltaria. Mas, eu acreditei que sim. Ou, pelo menos alguma coisa iria acontecer para termos respostas.
A feição no rosto do ser celestial pareceu um pouco abatida, como se pensasse com cuidado nas próprias.
— Sobre o Jack, ele é...
— Não. — cortou Sammy — Ele é um bom garoto, confio que estamos fazendo bem com ele. O que me incomoda é a Mavis. A razão por ela conseguir sentir Jack e o fato de ter aparecido aquele dia lá e...
Castiel quebrou o contato visual, suspirando pesadamente.
— Sam, Mavis foi um trabalho pessoal a mando de Deus. — sua voz saiu rouca, seria.
Os olhos do Winchester mais novos se tornaram genuinamente confusos.
— Ela não devia ter saído do círculo. Isso foge dos planos dele.
— Planos? — indagou o moreno — Castiel, que planos?
— Isso é o que pretendo descobrir.
A boca do mais novo foi aberta e fechada duas vezes seguidas, sem saber o que responder.
— Ela me disse que aquele dia foi puxada para você. Como se sua presença a chamasse. — murmurou Sam.
— Tenho quase certeza de que não era eu que estava a puxando. E sim Jack.
Castiel divagou, os olhos perdidos em algum ponto específico da mesa.
— Com a queda do círculo, temo o que pode acontecer. — foi sincero.
Sam se curvou sobre a mesa, apoiando as duas mãos ali.
— Isso quer dizer que ela corre perigo?
Castiel balançou a cabeça em negação, antes de dizer.
— Quer dizer que todos nós estamos correndo perigo. — endireitou a postura, encarando agora as órbitas claras do amigo — Conheço Deus tempo o bastante para saber que ele não aceita quando as coisas fogem de seu próprio controle.
{...}
Depois da pancada feia que tinha levado na cabeça no último caso. Mavis ainda não estava cem por cento, vez ou outra seu nariz sangrava e ficava mais fraca que o normal. Por isso andava evitando se locomover muito ou fazer coisas pesadas demais. Os pesadelos também tinham ficado piores, a fazendo acordar no meio da noite suando frio e as vezes chorando.
Era um misto confuso de sentimentos. Algo que daria tudo para descobrir como resolver.
— Acabou os pratos?
A voz de Dean indagou a ela assim que entrou na cozinha. Mavis estava sentada na cadeira, apoiando o prato sobre a mesa —, pronta para dar a primeira garfada no macarrão feito de janta por Sam.
— Não!? — arqueou as sobrancelhas confusa, apontando para o armário onde geralmente ficava os utensílios — Por quê?
— Não? — o loiro perguntou, cruzando os braços sobre o peito — Achei que fosse dividir esse prato com um dos meninos.
Mavis ergueu os olhos, cerrando.
— Dean, todo mundo já comeu. — enrolou o garfo na pasta, com paciência — Esse é o meu prato.
— Pai do céu... — sua voz se tornou alarmante, quase como indignação — Você foi possuída?
A mais nova revirou os olhos, erguendo o dedo do meio para o Winchester. Resmungando um: otário.
Dean se moveu até a panela, também enchendo o próprio prato com o resto do macarrão. Passando pela geladeira e pegando uma cerveja, se sentando na mesa alguns minutos depois.
— Tava amarrado? — provocou Mavis de volta — Passando fome a quantos dias?
Os olhos do mais velho se levantaram do prato, a encarando.
— Olha quem fala. — encheu a boca com a comida, apontando o garfo para ela — Meio metro de gente e come mais do que pedreiro.
— Se foder.
Dean suprimiu a risada, porém suas bochechas arderam ao fazer aquilo —, lhe impedindo de rir. Ele não sabia de onde tinha criado coragem suficiente para parar de a ignorar, mas se deu conta de que quando não ignorava, ela não aparecia em seus sonhos. E isso era gratificante. Quase como enganar seu subconsciente e Dean amava uma competição, ainda mais quando era consigo mesmo.
— Temos um caso. — a voz de Sam chamou a atenção dos dois.
Ele entrou no ambiente, segurando o notebook em mãos.
— Jack, encontrou na verdade. — apoiou o aparelho na frente dos outros dois — Túmulo vazio. E pelo visto os mortos estão revivendo em Dodge City, Kansas.
A garota moveu os olhos da tela do notebook para o loiro a sua frente. Vendo a forma como a expressão em seu rosto mudara rapidamente, os olhos esverdeados perderam o foco, Dean olhou brevemente para baixo tentando suprimir o pequeno sorriso em seu rosto.
— Vamos checar. — ele tentou segurar a empolgação na voz.
— Isso é sério? — indagou Mavis, puxando o notebook para perto de si — Pelo que diz aqui pode ter sido só um relógio roubado do túmulo.
— Já investigamos por menos. — balançou a mão, tentando se conter — Aliás, Dodge City é... muito maneira.
Mavis cerrou os olhos, não entendendo por quê ele tinha sido atingindo por aquela onda de animação do nada.
— Então, — o sorrisinho ainda estava em seus lábios — dois caçadores, um garoto meio anjo, uma ex isolada — apontou o garfo para Mavis novamente — e um cara que voltou dos mortos. De novo.
Ele se levantou da mesa, sem nem mesmo ter terminado de comer totalmente. Aquilo parecia o atingir com muita animação, o fazendo se esquecer dos problemas ruins.
— Time Livre Árbitro 2.0, lá vamos nós.
☄️
Quando o Impala ganhou a interestadual 281, todos ali dentro do automóvel estavam meramente cansados. Apesar de terem tido uma boa noite de sono, diferente de Dean que era o motorista —, o restante não estava tão animado com aquele caso, que na verdade não parecia ser uma grande coisa. Mas, claro, ninguém queria estragar o bom humor do Winchester mais velho. Humor esse que demorou muito tempo para ser recuperado.
Mavis dividiu o banco traseiro com Castiel e Jack, se fosse um pouco maior teria sido completamente desconfortável. Mas, não foi. Em poucas horas já estavam chegando no destino, se acomodando no motel de beira de estrada escolhido por Dean, lógico.
— Certo. Esse deveria ser o melhor quarto do lugar.
O loiro balançou as chaves nos dedos, demonstrando totalmente sua animação antes de enfiar a chave na fechadura.
O quarto era completamente decorado com coisas de cowboy. Todo o design, aquilo fez com a única garota presente sentir o estômago embrulhar ao ver tanta masculinidade impregnada no ar. Havia muitos quadros colados nas paredes sobre os caubóis da cidade, Dean falou animadamente sobre todos os eles para as pessoas presentes.
Mavis colocou a própria mochila na cama da esquerda, notando que tinha apenas mais duas camas no quarto.
— Proponho um banho, churrasco e amanhã vamos ao cemitério. — animou Dean, sendo o primeiro a entrar no chuveiro.
Os olhos de Sam Winchester buscaram os de Mavis, pois apesar de se darem bem, não tinham tido muito tempo sozinhos nos últimas dias desde o caso e isso o incomodava. Afinal, gostava da presença dela e da conversa. Mas, parecia que desde aquele último caso ela se tornou mais fechada.
Mas, ela estava ocupada com Jack.
— Então, normalmente usam isso para a distração? — perguntou o mais novo.
Mavis deu uma pequena risada, desbloqueando o próprio aparelho celular.
— Dá para fazer tudo por aqui. Até ver Scooby-Doo.
O sorriso cresceu nos lábios do mais novo, empolgado com a ideia.
Castiel observava a cena assim como Sam, porém com sentimentos diferentes, quase como encanto. Ele não sabia o que fazia com que aqueles dois tivesse tamanha ligação, mas também essa era uma das poucas coisas que o preocupava. Pois, ali de onde estava, a forma como que eles se tratavam era bonita.
Antes de morrer e ser sugado para o vazio, Castiel desejava que Jack tivesse pessoas boas a sua volta e que o ensinassem os valores certos. Achava que Dean iria conseguir fazer a cabeça de Sam e não confiar no filho de Lúcifer, mas agora diante essa cena Castiel era grato por ter sido Sam quem conseguiu mudar a cabeça de alguém. E também, claro, ele era grato por Mavis. A qual a presença mudava todos os homens daquele ambiente.
{...}
Quando o dia amanheceu, cada um deles decidiram o que iria fazer. Castiel e Dean ficaram para investigar o último ataque da madruga, enquanto Sam, Jack e Mavis se arrumaram para ir ao necrotério da cidade.
Foi a primeira vez que Mavis vestiu um terninho feminino e de que Jack também entrou em um terno. O dela era em tons claros, como azul bebê. O do Jack era marrom claro. Os dois estavam usando gravatas azuis, que combinava com Mavis.
— Ei, cara. Qual foi?
A legista se assustou assim que viu os três desconhecidos em seu ambiente de trabalho.
— Desculpe, eu não queria te assustar... — pediu Sam — É que não tinha ninguém lá em cima. Você é?
— Athena Lopez, agente funerária. E vocês?
— Agente Eliott. Esses são os agentes Paxton e Brandon. FBI. — se apresentou Sam, tirando a identidade falsa.
Mavis fez a mesma coisa, menos Jack que havia se distraído e começado a observar o local a sua volta.
— Eles são agentes do FBI? — indagou a mulher — Os pais de vocês autorizaram?
A garota bateu a língua no céu da boca, antes de responder.
— Somos estagiários. — Mavis forçou simpatia — Os primeiros da turma.
Sam começou a interrogar a agente funerária. Coisas qual Mavis tratou apenas de observar, invés de se intrometer novamente. Ela olhou a volta junto a Jack, vendo as coisas que Sam não veria. Menos de dois minutos depois os três já estavam novamente fora do ambiente fechado, andando pelo cemitério.
— No relatório policial, havia algo sobre ratos estragando o caixão. — comentou Jack.
O aparelho medidor de ondas eletromagnéticas que detectava a presença de espíritos estava apitando loucamente nas mãos do Nefilim, o que já era de se esperar já que estavam em um cemitério.
— É um rato bem grande. — ironizou Mavis, abrindo o caixão com o pé.
— É.
Tinha um acúmulo de areia no meio do gramado, onde a fita da polícia estava cercando.
— Está bem, vamos ver aqui. — balbuciou Sam.
O caçador pulou dentro do túmulo vazio, como se já tivesse feito aquilo milhares de vezes antes e de fato havia. Porém, era a primeira vez que Mavis o via agindo daquela forma, tão proativo. O conjunto do terno caindo sobre os ombros largos e extensos de Sam, o cabelo super brilhante, sem contar na forma que a barba se encontrava. Ele estava extremamente atraente.
A garota tentou afastar o pensamento, pigarreando falso. Enquanto Sam espalhava a terra, em busca de alguma coisa.
— O que é isso?
Jack indagou, assim que mais velho voltou a superfície com algo em mãos.
☄️
— São restos.
Definiu Dean, assim que os três chegaram no quarto de hotel. Ele estava sentado na poltrona, usando um chapéu branco, segurando o objeto em mãos. Trajava uma blusa social branca, por cima estava um paletó preto. Sem contar nos detalhes de caubói fazendo parte de seu visual.
— São mordidas. Pode ser um Ghoul.
Mavis observou o Winchester mais velho encantado com o objeto em mãos. Totalmente imerso ao clima. Anotou mentalmente que chapéus caiam bem nele.
Jack olhou confuso para Castiel.
— Um Ghoul é monstro que devora mortos. — explicou.
— Esses são aqueles que toma a forma de quem eles comem, certo? — perguntou Mavis ao anjo.
Recebeu uma balançada de cabeça em concordância.
— Se forem decapitados morrem.
— Ou seu cérebro for esmagado. — completou Dean a frase de Castiel.
O loiro jogou o objeto nas mãos do anjo, que pegou sem nem olhar.
— Então, é como um zumbi metamorfo?
Jack era bom nas perguntas, isso facilitava muita coisa para Mavis que nunca tinha colocado em prática.
— É, basicamente isso. — apontou Sam — E ele pode ter feito túneis naquele cemitério.
— Mas, se ele pode ser qualquer um como nós o achamos? — o mais novo perguntou de novo.
{...}
O restante do dia foi um pouco cansativo, principalmente para Sam que sentia os pesos das palavras de Castiel até aquele momento. Jack, Mavis e o anjo tinham saído para comprar um lanche. Deixando apenas os irmãos no quarto, enfurnados nas pesquisas.
— O que foi, cara? — perguntou Dean, impaciente — Vai quebrar esse lápios aí.
Sam percebeu que estava batucando o objeto sobre a mesa já a vários minutos.
— Foi mal.
Pediu, passando as mãos no rosto em sinal de cansaço.
— Não dormi direito essa noite.
— Incomodado com alguma coisa? — perguntou Dean, esticando os pés sobre a mesa.
— Não. Quer dizer, sim. Não sei. Tem essa coisa com a Mavis também, ela não anda se comunicando direito.
Sam foi sincero, colocando a prova tudo o que andava o afligindo nos últimos dias. O mais velho arqueou as sobrancelhas, tirando os pés da mesa e arrumando a postura.
— Pode ser... — Dean gaguejou — Pode ser por causa dos pesadelos.
A confusão pairou sobre o rosto do moreno.
— Pesadelos? — indagou.
— É, cara. — balbuciou Dean, se levantando — Ela tem tido pesadelos, ultimamente.
Sam não sabia sobre aquilo. Mas, a forma como foi sincero com Dean —, acabou deixando o mais velho desconfortável.
— Chama ela pra jantar, sei lá...
O loiro supôs, porém seu tom de voz saiu extremamente baixo. Mas, audível o suficiente para Sammy ouvir. No segundo seguinte Dean sentiu uma lufada de ar acertando sua nuca, como se o próprio vento tivesse o estapeando.
A porta do quarto foi aberta e os três mosqueteiros passaram por ela. Jack e Mavis imersos em gargalhadas, enquanto Castiel mantinha a maior cara de tacho possível.
— O que aconteceu? — perguntou Dean, curioso.
— Eu acidentalmente fui perseguido por cachorros. — respondeu o anjo, cansado.
Mavis e Jack se jogaram no sofá, perdidos ainda nas risadas.
— Acidentalmente não. Você foi, de fato, perseguido por cachorros. — as bochechas da garota estava vermelhas, os olhos lacrimejando.
— O quê?
Dessa vez quem indagou foi Sam.
— Eles estavam com fome, parecia. Castiel ficou segurando os lanches. Parece que sentiram o cheiro. — explicou Jack.
Mavis bateu as mãos sobre o colo, secando as lágrimas que escorreram por seu rosto.
— Cara, eu não ria assim a dias.
— Não acredito que perdi essa cena. — resmungou Dean — Que merda.
☄️
Após o lanche, Dean encontrou as filmagens do homem que tinha cometido o crime na noite anterior. Não era ninguém mais e ninguém menos que um dos melhores matadores de todos, Dave Mather. O Winchester mais velho se sentiu extremamente empolgado, mais do que antes. Aquele caso realmente fazia o se sentir mais vivo, mais encantado.
O quinteto foi até a funerária novamente, após Jack apontar que Dave era o cara que estava no porta retrato da agente funerária. Não perderam muito tempo com a moça, pois o Ghoul não estava lá com ela. Decidiram seguir a pista que levava até o banco e por sorte, o encontraram.
— Dave Mather. — Dean o cumprimentou, apontando a arma para ele — Roubar um banco é ousado.
O caubói desceu o desgraça, puxando o lenço vermelho do rosto para que Dean o visse melhor.
— Você deve ser o caçador.
— E você deve ser o que gosta de bancar o caubói. — refutou o loiro de volta.
— É minha roupa favorita. — ironizou de volta — Gosto de ficar com um pouco do velho Dave em mim.
Ele se preparou para fugir, porém o barulho da arma destravando de Sam atraiu seus olhos.
Jack, Castiel e Mavis estavam pouco atrás.
— Devem ser dois, três e uma gostosinha caçadores. Deve ser meu aniversário.
Mavis ergueu as sobrancelhas ao ouvir o tal comentário sobre si mesma. Sem querer se gabar, mas gostou do que ouviu.
— Por que não vem conosco? — Sam deu o ultimato — Podemos resolver isto rápido.
É claro que não seria tão fácil como planejaram. O Ghoul levantou a arma para atirar em Dean, porém Sam fora mais rápido e o acertou no ombro. Começando um tiroteio logo em seguida.
Castiel puxou Jack e Mavis, os escondendo atrás do banco. Os forçou a se abaixar, enquanto apoiava os irmãos.
— Vocês estão bem? — o anjo perguntou aos mais novos.
— Estou bem.
— Estamos bem.
Balançaram as cabeças em concordância, agachados no chão.
— Eu cuido disso. — Jack se levantou, começando a correr na direção do Ghoul.
— Jack.
Mavis e Castiel gritaram em uníssono o nome do garoto. O anjo foi quem fora atrás primeiro, a tempos de ver o Nefilim levar dois tiros no meio do peito. Essa cena assustou Mavis, pois nunca havia presenciado algo daquele tipo antes.
Jack sorriu para Dave Mather, usando seu poder logo em seguida. Porém, não tinha notado que o segurança do banco havia acabado de sair para fora. Ele voou para trás junto ao Ghoul, batendo a cabeça de uma vez no poste. Falecendo.
☄️
Aquela tinha sido a primeira morte de Jack. Ele se sentiu um lixo, a pior coisa do mundo, se sentiu semelhante ao seu pai. Uma criatura horrível. Não havia nada que nenhum dos outros falasse que ia o ajudar a melhorar, era péssimo.
O caso foi resolvido por Dean.
Então, logo os cinco já estavam de volta dentro do carro em direção ao bunker.
Mas, os pensamentos do Nefilim estavam sendo assombrados pela morte que tinha cometido. Ele não conseguia pegar no sono, mas quando conseguiu —, dividiu o banco traseiro com Castiel. Enquanto, Mavis foi na frente com os irmãos, pois queria dar o espaço necessário para o mais novo descansar.
Castiel por outro lado estava com fones de ouvido, vendo um vídeo no YouTube sobre como lidar com crianças com trauma. Deixando assim então o silêncio pelas mãos de Sam, Dean e Mavis.
— Ei... — Sam cutucou a garota ao seu lado, ganhando os pares de olhos achocolatados sobre os seus em seguida — O que você acha de sair para comer alguma coisa?
Perguntou muito baixo, mas Dean que estava do outro lado com as mãos ao redor do volante —, ouviu perfeitamente. Não notou a forma como os nós de seus dedos começaram a ficar brancos, conforme apertava o couro.
— Eu gostaria muito, Sammy.
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