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✨ Capítulo Único ✨

Porto Seguro, Ba - 2024」

Tobias Vasconcelos

Você era o sol mais bonito que havia iluminado a minha triste vida. A flor mais cheirosa do meu vasto jardim. E o ar mais puro que cheguei a compartilhar.

Minha memória ainda é capaz de refazer todo aquele dia em que o destino resolveu finalmente nos juntar. Ainda é capaz de sentir o cheiro da maresia e do vento gélido existente naquele momento totalmente inesquecível. Ainda é capaz de lembrar o ritmo rápido que meu coração bateu quando meus olhos encontraram-se com o seu e como minha respiração levemente falhou. Ainda é capaz de lembrar do seu vestido longo amarelo feito de crochê e dos seus cabelos cacheados perfeitamente volumosos. Ainda é capaz de lembrar do calor dos seus lábios nos meus, quando o explodir de fogos de artifícios fez-se presente ao nosso redor. Ainda é capaz de lembrar como nossos corações se conectaram para sempre naquele dia.

Mesmo que você, meu amor, não seja mais capaz de se lembrar do momento mais mágico das nossas vidas. Não se preocupe, farei de tudo para que se lembre e volte a me amar.

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「Porto Seguro, Ba - 2015」

Ano Novo de 2015.

Foi quando nos conhecemos e tudo na minha vida encheu-se de cor. Lembro perfeitamente daquele dia e como ele tinha sido uma merda total, até chegar o horário de comemorar mais uma volta estúpida da terra no sol. O ano em si já tinha sido horrível, pois foi quando eu terminei o meu maravilhoso ensino médio e passei pelo terror da pior prova feita pelo ser humano: O Enem.

Só que, esse pequeno momento não interferiu em nada em nossa vida, além do que aconteceu naquele dia. Logo pela manhã, recebi a notícia que a minha irmã, Julia – que na época tinha 9 anos –, e a minha mãe não poderiam passar o ano novo comigo. Assim como não puderam passar o Natal, a Semana Santa, o São João e até mesmo, o meu aniversário junto a mim.

Meus pais se divorciaram quando eu tinha uns 6 anos, e como o novo marido dela me odiava, eu acabei ficando com o meu pai aqui na Bahia, enquanto via ela indo embora para o Espírito Santo sem nenhum remorso em me deixar para trás. E desde então só vejo a minha mãe em feriados longos ou em caso extremo de doença.
Meu eu criança sente muita falta dela. Meu eu adolescente, odeia muito ela. E meu eu adulto, entende e perdoa ela.

Só que, voltando para nós. Eu fiquei extremamente perdido depois daquela notícia. Não sabia se chorava de raiva ou se saia com meus amigos, e bebia até entrar num coma alcoólico. E por ser ano novo e por eu ter recusado viajar com o meu pai para Santa Cruz Cabrália por causa da minha mãe. Simplesmente, chutei o balde e decidi que precisava beber.

Sabe, hoje, eu agradeço muito a minha mãe por ter furado comigo. Assim, eu pude curtir sem que houvesse amanhã e ainda conhecer Você, o amor da minha vida.

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Após 5 ligações efetuadas para meus cinco amigos da época – Eduarda, Milena, João, Vandesley e Isabela –, resolvemos participar do esquenta num clube perto da casa da Milena e depois assistir os fogos na praia, e logicamente, beber até esquecermos nossos nomes.

Era uma programação perfeita, para seis jovens imprudentes. Mas, quando você chegou no nosso círculo, a perfeição tornou-se mil vezes maior e melhor.

— Sabe, Tobias... — começou a Isa, enquanto analisava o meu guarda-roupa. Como ela era a minha vizinha, assim que a ligação acabou ela veio correndo para a minha casa —,suas roupas estão tão fora de moda. Meu Deus! Acho que isso explica você ser o único cabaço do grupo.

— Eu não sou cabaço, Isabela. — falei firme e ela desarnou a rir.

— Se você diz. — continuou rindo — Mas, é o único que nunca namorou. Então dá no mesmo.

— Não preciso namorar pra perder o meu cabaço. — cruzei os braços e ela riu da minha pose. Menina ridícula.

— Depois está cheio de bicheira, e não sabe o porquê. — ela continuou rindo e voltou a atenção para o guarda-roupa — Sua sorte que nós cinco não tínhamos planos de sair da cidade, mas achei muito estranho quando você ligou atrás de encher a cara. Você fica tontinho só com dois copos de vodka, quero nem ver quando provar o licor de cacau que meu pai arranjou para nós. — ela ainda está encarando o guarda-roupa.

— Só achei que seria bom chutar o balde um pouco, foi um ano muito puxado e eu só preciso relaxar antes de ingressar na universidade no próximo ano. — soltei um suspiro longo e sentei na minha cama, ela me olhou profundamente.

— Bebida não resolve problemas, Tobias. Apenas cria mais. — ela suspira e se aproxima colocando a mão no meu ombro.

Isabela sempre teve muita propriedade em afirmar isso, por ter crescido numa família alcoólatra. E mesmo que ela faça terapia e tente não ser como eles, ela já está no mesmo caminho que eles. Algumas raízes presas em nossa alma, nunca são completamente cortadas.

— Não precisa resolver, se me fizer esquecer. Já está perfeito! — ri e ela se afastou revirando os olhos. Menina difícil.

— Se você acordar numa sarjeta amanhã, pode saber que foi eu que te joguei lá. — ela riu e pegou uma camisa de linho minha que até etiqueta tinha ainda — É essa! — ela me olhou com os olhos brilhando e se aproximou.

— Por qual motivo a minha aparência é tão importante? Só vamos ver uns fogos idiotas e beber muito.

— Só larga de ser chato e vista-se bem! Não é todo dia que o Tobias Divertido aparece, então tem que mostrar uma boa aparência. — ela sorriu.

— O que vocês estão aprontando?

Por um momento vi a Isabela ficar mais branca do que papel e ficar hesitante ao me responder. Com certeza ela e os outros estão aprontando alguma coisa, dificilmente ela vem aqui mudar a minha aparência. Nesse caroço tem angu.

E realmente tinha. Meu eu de 18 anos nunca iria imaginar que aquela simples mudança de visual mudaria tudo na minha vida.

— Nada. — a cara nem treme.

— Isabela! — disse firme e ela fingiu não me ouvir — Isabeca! — ela me encarou. Odiava ser chamada assim.

— Isabeca é o seu caneco, Tobias! — eu ri.

Nunca entendi o motivo dela deixar o João chamá-la assim, mas quando fazíamos isso só faltava nos matar.

— As meninas vão levar umas garotas para curtir com a gente, e achamos que seria bom você estar mais arrumadinho. 

— Não me coloquem nos b.o de vocês!

— Qual é, Tobias? Beijar alguém na queima de fogos é tão divertido!

— Diga por você. — ela revira os olhos e joga a camisa em mim.

— Seu chatonildo! — mostra a língua — Agora prova essa camisa e vamos terminar de te produzir.

— Eu não sou suas bonecas, Isa!

— Teoricamente você é, bebê. — piscou e voltou a vasculhar meu guarda-roupa.

Que garota insuportável.

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Depois de sei lá quantas trocas de roupas, finalmente estávamos a caminho da casa do João. Iríamos nos arrumar lá e descer todos para o bairro da Milena.
A noite prometia, só não sabíamos que seria tanto assim.

Devo admitir meu amor, que por muito pouco não desisti dessa farrinha. O dia estava quente, tivemos que ir andando por causa do trânsito horrível na cidade – os turistas estavam chegando a rodo –, e eu ainda tomei uma topada. Mesmo que a ideia tenha sido toda minha, ao ver meus braços e pernas cheios de sangue e sujeira, quase entendi que aquele dia não era para mim.

Ele de fato não era para mim, era para nós.

— Com essa sorte toda, já pode jogar na Mega da virada. — Isa disse rindo, enquanto me via andar mais lentamente por causa das dores que se tornavam crescentes.

— Cala a boca, garota! — ela riu e começou a correr.

— Quem chegar primeiro vai poder escolher a primeira bebida.

— Assim não vale!

— É claro que vale! — deu a língua e continuou correndo.

Se não fosse o João, ela já teria sido eliminada do nosso grupinho. Ela é simplesmente insuportável.
E digo para você meu amor, ela não mudou nadinha. É uma mãe bem maluquinha, mas foi uma das únicas que continuou sendo a minha amiga depois desse ano novo.

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Com exceção da Milena, todos os outros já estavam na casa do João nos esperando.

— Chegou as margaridas! — disse João, assim que passamos pela porta. A Isabela foi correndo para ele igual uma criança e se jogou nos seus braços — Eu também estava com saudades. — sorriu.

Com certeza tem alguma coisa acontecendo aqui. E realmente tinha alguma coisa acontecendo. Quem diria que ela e o João estavam juntos desde o início do ano e ninguém no grupo percebeu isso?

— O trânsito estava uma merda, então viemos de viaçãocanelinha. — respondi e logo apontei para meus múltiplos machucados.

— Ele caiu igual uma jaca madura. — Isabela disse rindo e eu só desejei matar essa menina.

— Oh, Toby! — disse Eduarda com sua voz mansa, ela era a mãe do grupo — Venha cá, vou te fazer uns curativos.

Sorri largamente e a acompanhei para cozinha, por sorte tinha alguns produtos de primeiros socorros na casa do João, eu não era o único que tinha o azar de cair nos momentos mais inoportunos. Assim que os curativos foram feitos, retornamos para a sala, onde o João e o Vandesley colocavam garrafas e mais garrafas na mesinha de centro.

Ainda dá tempo de desistir? Infelizmente, não dava tempo.

— Puta que pariu! — falei num tom desesperado — Vamos beber entre amigos ou abrir um barzinho com o nome “dois irmãos”? — perguntei rindo, de desespero.

— Véi! Se depender de mim, vamos beber até o cu pedir arrego. Então a finalidade, não me importa. — respondeu Vandesley com seu jeito desbocado de sempre e voltou a atenção para as bebidas.

Quem diria que uma diversão entre amigos, tornaria uma tarefa tão complexa. Mas, mesmo que tenha sido complexo, foi uma ótima despedida.
Depois do Ano Novo meu amor, todo esse grupo desapareceu.

A Eduarda foi estudar Relações Internacionais na USP, a Milena tirou um ano sabático e sumiu do mapa, a Isabela e o João tornaram-se professores de História, casaram, tiveram a Júlia e foram morar em Salvador; e o Vandesley, fez um cursinho técnico e foi trabalhar como açougueiro. E eu? Mantive contato com a Isabela, me formei em Arquitetura, tive uma linda filha com você e casei com o amor da minha vida, você.

Bebidas arrumadas e postas no fundo do Jeep do João, nos arrumamos e fomos em rumo ao nosso primeiro destino: O clube.
O lugar mágico, onde nos conhecemos.

Sei que eu disse que aconteceram merdas nesse lindo dia, e sei que não foram muito grandes. Mas, te conhecer todo machucado e triste por ter sido abandonado pela própria mãe, é uma merda gigantesca na minha visão.

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O clube era próximo do mar e a Milena disse que nos encontraria lá, juntamente das meninas. O dia já não estava mais tão quente e o sol quase não se fazia mais presente, a lua já apontava sua chegada e até hoje tenho uma foto congelada. Registrar o pôr do sol com o mar calmo, e justamente naquele dia, só deixam a memória mais inesquecível ainda.

Adentrarmos no clube e ele estava cheio de turistas, e era visível pelos vários idiomas pronunciados ao mesmo tempo. Com exceção da Isabela que ainda tinha 17 anos, todos nós tínhamos 18 e conseguimos entrar tranquilamente. Já ela, teve sorte de conhecer o DJ da noite e ele permitir sua entrada oculta.

— Bem que meu pai disse que ser amigável, abre portas. — ela disse sorrindo e jogando seus cabelos negros para trás, como uma patricinha moderna.

— Abre só portas ou abre pernas também? — Vandesley perguntou rindo e como resposta recebeu um chute.

— Toma distraído! — gritou João e bateu no ombro do amigo — Da próxima vez, o chute vai ser meu e bem no meio das suas bolinhas de gude — Van engoliu em seco.

Depois desse grande vexame, o clima ficou muito ruim, para não dizer péssimo. O Vandesley fingiu que aquilo não aconteceu e se saiu da gente, a Eduarda avistou sua peguete Manuela e vazou, ficando só eu, João e Isabela.

Bom, o clube era o lugar que deveríamos ter nos conhecido. Mas não foi assim que aconteceu.

— Gente! — gritou Milena euforicamente do bar, enquanto acenava para a gente — Aqui! — nos chamou com a mão e nos aproximamos.

— Você já está em águas sem a gente? — perguntou a Isa num tom cabisbaixo, enquanto via a Milena com uma garrafa de pitu.

E eu tenho culpa se vocês são lentos? — disse rindo e virando a bebida um pouco na boca — Só que isso não é importante, preciso apresentar o restante da galera para vocês.

Ela virou-se para um grupinho perto da gente, que eu nem tinha prestado atenção. Perceber as pessoas nunca foi o meu forte.

— Gente, esses são o João, a Isabela e o Tobias! — ela disse alegremente, enquanto nos apresentava. Apenas acenamos e demos sorrisos forçados — E esses são a Maria, a Érica, o Matheus, a Camila e a... — ela parou abruptamente, como se procurasse alguém.

— Ela só vem mais tarde, a costureira não terminou o vestido dela. — uma das meninas disse sem muito interesse. Como se a garota que faltava, não fizesse diferença.

Taís, e sua cabeça de vento. Sempre deixando as coisas para última hora. — Milena disse um pouco irritada — Bom, que ela apareça na praia mais tarde e não nos dê um perdido. — riu e foi atrás de bebidas para gente.

Estava na hora da festa começar.

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Mesmo que a ideia tenha sido minha, já estava achando tudo aquilo um grande tédio. O ritmo musical que tocava não me agradava nem um pouco, a bebida era ruim – muito forte e queimava a minha garganta, então optei por largar o álcool e consumir apenas sucos naturais, e sem a adição de álcool ou bala. E para piorar a minha situação, a cada 15 minutos a Milena jogava uma das meninas para cima de mim.
Uma merda total, está num lugar cheio de gente desconhecida, com música ruim, bebidas péssimas e pessoas sem ambição nenhuma do próprio futuro.

Eu sei que com 18 anos, a nossa única preocupação é não ser preso, nem engravidar alguém e de quebra, conseguir um emprego razoável e estável. Mas, o mínimo que esperamos de uma pessoa com 18 anos é uma pequena lista de metas e sonhos, mesmo que não aconteça como o planejado, o importante é ter uma rota de fuga. Ou no melhor dos casos, um ponto de partida.

Sei que os filósofos dizem que saímos do nada para o nada, mas eu não acredito nisso. Eu sei que saímos de algum lugar pequeno para algum lugar gigantesco. E pode parecer clichê, mas o meu lugar gigantesco era e é Você.

O sol já tinha desaparecido completamente e as ondas já começavam a se agitar freneticamente. As estrelas já dominavam o céu, e a lua já fazia o seu papel: Brilhar e ser a testemunha do nosso amor.

Não lembro em qual momento abandonamos o clube e as meninas pararam de investir em mim. O tempo passou tão rápido e tedioso, que nem registrei todos os acontecimentos. Isso acontece às vezes, meu cérebro desliga e não capta todas as informações ao meu redor. Quando dei por mim, já estávamos na praia numa rodinha duvidosa, com mais pessoas desconhecidas, uma fogueira e um violão desafinado.

Só que mesmo nessa situação ruim, o clima parecia mais leve e divertido. Não sei se era por causa da agitação do mar que estava melhorando o meu humor ou se era por causa da companhia que estava ficando mais agradável. Mas, eu só sei que meus pêlos da nuca ficaram arrepiados de repente e meu peito teve uma pequena palpitação.
Era um sentimento de pressentimento ruim com a ansiedade da expectativa, como se eu conseguisse sentir que alguma coisa iria acontecer.

E, de fato, aconteceu. Você aconteceu. Como uma estrela cadente que surge magicamente no céu, você surgiu para roubar o meu coração com seu brilho celestial e único.

— Aleluia, você chegou! — gritou a Milena animada e um pouco bêbada, enquanto erguia sua garrafa de cerveja. Sua voz estava completamente direcionada a alguém atrás de mim.

— Sinto muito pelo atraso, mas essa gostosura não ficaria pronta sozinha. — uma voz doce, quase angelical respondeu rindo.

Foi como ouvir a sinfonia mais calma e doce de um concerto de música clássica. Como observar a estrela mais brilhante e o mar mais tranquilo. Ouvir aquela belíssima voz, era como se eu estivesse flutuando nas nuvens ou nos meus sonhos mais profundos. Era como se aquela voz me tocasse por inteiro sem encostar um dedo em mim.
Logo, senti o meu coração se agitar do jeito mais inusitado possível, como se ele conversasse e desejasse aquela doce voz, como se a minha alma clamasse por mais. Então, num impulso, virei-me para trás e dei de cara com a primeira maravilha do mundo.

Meus olhos pousaram instantaneamente no seu longo e belíssimo vestido de crochê amarelo, e viajaram por alguns segundos na sua pele negra que é reluzente como as estrelas. Seguindo para seus lábios carnudos e seus cabelos cacheados perfeitamente volumosos, até que chegou no seus lindos e intensos olhos.
Pode ser loucura, mas esse é e sempre será o olhar mais lindo que já vi em toda a minha vida inteira.

Você me olhava intensamente, como se pudesse ver através da minha pele. Observava cada traço meu, como se eu fosse uma das pinturas de Van Gogh e sustentava o olhar no meu, como um jogo de não piscar.
Fui capaz de sentir o meu coração acelerar, como nunca antes e por um segundo perdi a habilidade de respirar naturalmente. Era como se você me seduzisse como uma sereia e me congelasse como Medusa. Era como se só existisse nós dois ali, e nem o vento gélido ou o cheiro intenso da maresia seriam capazes de atrapalhar esse momento inesquecível.

Bom, mas a Milena era capaz.

— Taís Muniz, dando o ar da graça. — Milena disse rindo. Não era capaz de dizer em qual situação ela estava, pois a minha atenção estava toda projetada no anjo na minha frente.

— Antes tarde do que nunca. — você respondeu, fazendo com que a nossa troca de olhares fosse quebrada.

Você se aproximou da rodinha e sentou no lugar vazio que tinha do meu lado. Por um segundo, nossos braços se tocaram e parecia que eu iria infartar, de tanto que a minha frequência cardíaca aumentou.

— Dona Suzete demorou tanto assim? — perguntou uma das meninas que conheci mais cedo.

— Ela estava de babá do neto e a cada 5 minutos tinha que parar de fazer a roupa, porque a desgraça do menino não aquietava o facho. — disse rindo, enquanto as meninas acompanhavam o riso.

Eu não era capaz de prestar atenção em mais nada, além de você.

— Pessoal, essa é a Taís Muniz. Minha vizinha e ex-colega de escola. — Milena apresentou olhando para nós — Taís, esses são o João, a Isabela, a Eduarda, o Vandesley e esse idiota ao seu lado, é o Tobias. — revirei os olhos com a palavra que usou comigo e dei um dedo como resposta.

Você riu do meu comportamento e deu outra olhada intensa em mim. Aceitou uma bebida e entrou no papo da galera, mas tudo o que eu conseguia fazer era admirar você.

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Bebidas vão, músicas vem, e assim seguimos a noite. Contando os minutos para o próximo ano e temerosos pelo futuro que viria pela frente. Agora, não somos mais adolescentes descobrindo o mundo, somos adultos que teremos que encarar o mundo, seja ele bonito ou feio. Daqui para frente, é só para trás.

— Gostei da camisa. — Você disse próximo do meu ouvido, enquanto apontava para a minha camisa de linho verde.

— Gostei do vestido. — disse com um sorriso discreto e você fez questão de retribuir — Como você aguenta aquela maluca? — perguntei, enquanto apontava para a Milena que brincava de virar vodka diretamente da garrafa.

— Como você aguenta ela? Até onde eu sei, vocês são amigos desde os 11 anos e eu só estudei com ela por alguns meses. Mas tenho que admitir que ela é maluca, já que grudou em mim igual carrapato.  — riu, e sua risada aquecia o meu pobre coração.

— Acho que ela é a corda que mantém esse grupo unido, sem ela, já estaríamos vivendo as nossas vidas das formas mais inusitadas possíveis. — dei uma risada e bebi um pouco do meu suco de laranja.

— Ela é o Sol e vocês são os planetas que habitam ao redor dela. Por isso vocês, e eu, aguentamos ela. Sua luz genuína nos cativa e é da nossa natureza manter o belo o mais perto possível da gente.

— Falou como uma filósofa moderna agora. — você riu largamente, como se eu tivesse descoberto o sonho da sua vida.

— E se eu te contar que o meu sonho é ser uma filósofa inesquecível igual Sócrates e Kant, você acreditaria?

— Talento você tem, só falta investir.

— Isso significa que você acredita em mim?

— Podemos ter nos conhecido agora, mas eu reconheço uma pedra preciosa quando eu vejo uma.

Vi suas bochechas ficarem levemente rosadas e seus olhos encararem a bebida, como se estivesse puramente envergonhada. Essa foi uma visão genuína, que fez o meu coração balançar outra vez.

— Pode ser só impressão minha, mas eu sinto como se você fosse a última peça que faltava no meu quebra-cabeça.

— Eu sinto que você é a rosa que faltava no meu pequeno jardim particular.

— Vou adivinhar. — você sorriu e fingiu pensar — Eu sou a rosa e você vai ser o meu pequeno príncipe?

— Se você quiser. — você sorriu e empurrou o meu ombro — Vou considerar que isso foi um sim.

Quem sabe. — um sorriso gigantesco preenchia o seu rosto e era completamente impossível não me derreter por você.

Continuamos conversando e rindo das coisas mais banais possíveis, como o nome do primeiro bichinho de estimação, a maior vergonha que já passamos na escola e as experiências terríveis do nosso primeiro beijo. Era como se a gente já se conhecesse de outras vidas e as nossas almas aproveitavam para matar a saudades.

Pois, a paz e a alegria que eu senti desde o momento que você pisou os pés naquela praia. Só podia significar que pertencemos um ao outro.

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A conversa estava tão deliciosa e o clima estava tão agradável com as músicas que tocavam no violão agora afinado, que nem nos demos conta que faltavam apenas cinco minutos para meia noite. Para o momento que tudo mudaria eternamente na minha vida.

— Atenção! — gritou Isabela, erguendo uma garrafa de licor no ar — Daqui cinco minutos teremos o início de um novo ano e poderemos gritar e agradecer por termos vencido a desgraça do ensino médio. — assim que terminou sua fala, deu um grito forte e todos fizeram questão de acompanhar, com exceção de mim e de você.

Eu gostei do meu ensino médio e pelo o que me lembro, você também disse que gostou do seu. Então, não tínhamos motivos para agirmos igual a eles.

Assim que os gritos cessaram, eles seguiram em direção ao mar cantando e dizendo que iriam pular as sete ondinhas. Eu permaneci sentado e você também.

— Quer ir com eles? — perguntei, esperando que a resposta fosse não.

— Melhor não. Não estou afim de molhar esse vestido belíssimo. — riu e passou as mãos pelo vestido.

Realmente era um belíssimo vestido, só não era mais bonito que você.

— Você sabia que devemos fazer um pedido antes dos fogos? — você disse toda animada, enquanto pegava nas minhas mãos.

— Um pedido? Para quê? — perguntei confuso, nunca tinha ouvido falar desse lance de pedido. Só que alguns anos depois, eu descobri que isso era apenas uma brincadeira que se tornaria nossa tradição de ano novo.

— Para os deuses nos abençoarem com as melhores energias e sermos felizes o ano inteirinho. — você falava tão animada sobre isso, que acabei entrando na onda.

— Massa! Então, dizemos o pedido em voz alta ou em pensamento?

— Em pensamento é claro! Só os deuses podem saber. — piscou e fechou os olhos. Depois de uns segundos fechados, você abriu e me olhou com um sorrisinho malicioso.

Faltavam dois minutos.

— Sua vez!

Fechei os olhos e a única coisa que via era você. Eu via seus cabelos, seus olhos, seus lábios, seu corpo, suas mãos macias. Eu queria você, meu pedido foi você e sempre será você.

Abri meus olhos e você me encarava como se tivesse pedido a mesma coisa. Até hoje, eu não sei o que você pediu, mas eu espero saber um dia.

Faltava um minuto.

— Que os deuses nos abençoem! — você disse com os olhinhos brilhando mais que as estrelas e se aproximou.

Faltavam alguns segundos.

— Seria errado, eu responder “amém”? — você riu e se aproximou mais.

Faltavam 30 segundos.

— Sendo bem sincera, eu não faço a mínima ideia. — eu me aproximei e coloquei a mão na sua cintura.

Não fazia a mínima ideia de quanto tempo faltavam naquela hora, mas já era possível ouvir as pessoas animadas e dando início a contagem regressiva.

10!!!

— Se você tivesse chegado mais cedo, teria me divertido mais e teria tido mais tempo com você. — falei e você colocou o braço no meu pescoço.

8!!!

— Tudo acontece no tempo certo, e nada nos impede de termos mais tempo amanhã ou depois.

6!!!

— Você quer passar mais tempo comigo? — sua resposta foi um sorriso e uma respiração mais próxima da minha.

4!!!

— O que você acha?

Foi o suficiente. Assim que eu ouvi o primeiro explodir de fogos anunciando o novo ano, capturei seus lábios e pude finalmente sentir o calor dos seus deliciosos lábios. O beijo era doce, igual a sua voz e calmo igual um rio. Nossas mãos exploravam todos os lugares possíveis e nossas bocas continuavam unidas como imãs.
Estávamos unidos, pela eternidade.

Em algumas paradas para retomar o oxigênio, era possível ouvir as pessoas desejando “Feliz Ano Novo”, uma para as outras.

— Feliz Ano Novo, Taís! — falei, enquanto dava um selinho longo.

— Feliz Ano Novo, Tobias. — você retribuiu o selinho e com as minhas mãos no seu cabelo iniciamos um beijo mais intenso ao som dos fogos de artifícios.

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Porto Seguro, Ba - 2024

Você pode até não acreditar em mim, mas depois daquele beijo, nos tornamos um só.

Eu consegui nota suficiente para ser estudante de Arquitetura na UFBA e você conseguiu entrar em Filosofia lá também. Como já estávamos num lance sério, numa loucura resolvemos dividir um apartamento em Salvador para vivermos as maravilhas do amor e da vida universitária.

Nos casamos e construímos uma linda vida, tivemos a Liz Maria, nossa filha amada e super inteligente. Nossa vida estava simplesmente perfeita, igual aos filmes de romance que amamos maratonar no fim de semana. E estávamos extremamente ansiosos para comemorar os nove anos do nosso amor.

Assim como em toda sorte, existe uma grande maré de azar, o pior aconteceu. O motivo deu estar aqui contando essa história, aconteceu. Em 24 de Maio, um motorista imprudente bateu contra o nosso carro enquanto você ia buscar a nossa filha na escola, fazendo com que você entrasse em coma. Ao acordar, você não lembrava mais de mim, do nosso amor, da nossa filha e muito menos de si própria.

Pela gravidade do acidente, esperávamos um estado vegetativo ou até mesmo a amnésia. Mas, ver as possibilidades tornarem-se reais, fez com que um buraco abrisse diante dos meus pés e eu caísse dentro dele.

Perder você para você mesma, é a pior dor que eu e a Liz podemos sentir.

— Sr. Vasconcelos? — chamou a enfermeira atrás de mim, fazendo com que eu voltasse à realidade.

A nossa triste e cansativa realidade, que enfrentamos desde o acidente.

— Pois, não? — respondi ainda com a mente longe e olhei para ela.

— O Doutor Rodrigo autorizou a saída da paciente. — sorri — Mas, salientou que se esse método de estímulo psicológico não funcionar, infelizmente não terá mais nada que possa ser feito.

— Vai funcionar. Eu sei que vai! — meu sorriso se alargou, a enfermeira deixou o quarto e eu comecei a preparar as coisas.

Como nada parecia estar fazendo efeito no tratamento da Taís, o Doutor Rodrigo concordou com a minha ideia de levá-la onde tudo começou e tentar refazer aquele momento mágico, da melhor forma possível.
Por sorte, eu ainda tinha aquela mesma camisa verde de linho e a Taís ainda guardava aquele precioso vestido amarelo de crochê.

— As estrelas vão mesmo ajudar a mamãe? — Liz perguntou, enquanto eu dirigia em direção a praia.

Mesmo que a Taís não lembrasse mais da gente, acabamos criando um vínculo afetivo e de confiança ao longo dos meses. Ela me estranhava às vezes, mas amava conversar e brincar com a Liz.

— É claro que vão! Os deuses me disseram.

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O pôr do sol já se fazia presente quando chegamos na praia. A Liz desceu praticamente correndo do carro, estava ansiosa para sentir a areia morna em seus pés. Ela amava a praia e amava ouvir a nossa história de amor, amava saber como decisões impulsivas levavam a situações incríveis – nem sempre isso funcionava, mas ela amava acreditar que sim.

Enquanto a Liz brincava com os grãos de areia e sentia o mar dando “olá”, a Taís observava em completo silêncio do carro. Desde o acidente ela só ficava em silêncio, trocava poucas palavras com Liz, mas continuava preferindo o silêncio.
Era doloroso vê-la naquele estado, ver o amor da minha vida definhando aos poucos, perdendo seu brilho celestial, sua alegria e sua personalidade extrovertida, apenas por não conseguir lembrar de si mesma por completo.

— É seguro ela brincar sozinha? — Taís perguntou, sem tirar os olhos da nossa filha.

— Nem um pouco! — disse calmo, estimular os instintos maternos dela também faziam parte do meu plano. E acredito que funcionou, já que ela me encarou imediatamente.

— Você é maluco? Como pode deixar uma criança, uma menina, sozinha assim? — sua voz estava alterada, era a primeira vez que ela ficava exaltada, desde o acidente.

Até quando ela acordou e não reconheceu a gente, manteve a voz calma e o olhar sereno. Ela queria entender a situação e sabia que surtar não era a melhor opção, ainda mais quando éramos os únicos parentes próximos dela naquele momento. Sua mãe não é mais viva e seu pai nunca deu muita importância para ela, além da minha família, ela só tem a mim e a nossa filha.

Apenas dei risada da sua reação e saí do carro, demorou um pouquinho para ela sair também e começar a me seguir. Seus passos eram lentos e sua atenção estava em tudo, seu instinto curioso era maior que seu medo de redescobrir o mundo. O nosso mundo.

— Sabe que dia é hoje? — perguntei enquanto sentava num tronco perto da Liz, que ainda brincava alegremente.

— O calendário na minha parede marcava terça-feira. — suspirei.

— Hoje é o último dia do ano. E foi justamente nessa praia e nessa mesma data que nos conhecemos. — ela me olhou profundamente e depois encarou o mar — Sei que ainda pareço louco para você, mas pode ter certeza que eu não sou.

— Você não é louco, apenas imprudente.

— Imprudente?

— Sim. — ela sorriu, o sorriso mais lindo do mundo — Mesmo que eu não lembre nem um pouco de vocês, você fez de tudo e ainda faz muito por mim. E só uma pessoa imprudente agiria desse jeito.

— Eu não diria que é imprudência, diria que é amor.

— O amor é advindo de uma imprudência, ou no melhor dos casos da loucura. — disse com um sorriso confiante e voltou a observar nossa filha, seu instinto filosófico ainda estava ali.

— Vamos brincar? — Liz perguntou, enquanto a puxava pela mão. A Taís hesitou um pouquinho, mas levantou.

Ver as duas rindo e correndo na praia fez uma nova memória nascer na minha cabeça, um novo momento inesquecível se formou. Como se os deuses dissessem que esse momento seria o novo ponto de partida das nossas vidas, como se o amor da nossa família torna-se a nova base das nossas vidas.

O ano novo de 2015 sempre será importante para as nossas vidas, mas o dia de hoje será o nosso recomeço e  a nossa maior felicidade.

— Vem papai! — Liz gritou e sem pensar muito, fui para perto das duas.

Elas são tudo para mim e nem o brilho das estrelas são capazes de ofuscar todo o amor que sinto por elas.

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A noite já se encontrava densa, quando sentamos na areia para descansar e comermos um pouco. A Liz estava exausta e a Taís ria para os quatro ventos, aparentava estar feliz e isso era ótimo. Ao longe, era possível ver alguns grupos de pessoas e todos felizes, apenas esperando o explodir de fogos.

Gostei da camisa. — ela disse com um sorriso imenso e um pequeno deja vu surgiu na minha cabeça.

Gostei do vestido. — falei com um sorriso singelo e vi o brilho em seu olhar desaparecer em questão de segundos.

Taís desceu o olhar para a própria roupa e sorriu, e depois olhou para mim com um olhar diferente. Fiz questão de desviar o olhar, não significa muito.

— Foi uma senhora muito gentil que fez e no dia dos últimos detalhes estava tão ocupada com o neto, que acabei me atrasando para uma comemoração em grupo. — riu.

— Eu sei, eu estava lá. — falei sem muito ânimo encarando o mar, acredito que ela lembre disso por eu ter contado para ela mais cedo.

— É, você estava. — meu olhar voltou rapidamente para ela, com muita expectativa.

— Estava? Você se lembra de mim?

— Não. — riu — Mas eu lembro do vestido e de alguém ter me feito esse mesmo elogio há alguns anos.

— Então, por qual motivo disse como se lembrasse?

— Para te alegrar, você parece tão desapontado consigo mesmo.

E eu estou.

— Eu só queria que você lembrasse de nós. — ela sorriu.

— Não há motivos para tanta pressa, eu continuarei aqui. Me lembrando ou não, o importante é que vocês dois me fazem bem e eu quero permanecer aqui. 

— Você quer continuar aqui? — recebi um sorriso como resposta.

Tudo acontece no tempo certo, Tobias. — ela pegou as minhas mãos — O amor não pode ser comprado, assim como não pode ser apressado. Se for para eu voltar a te amar ou até mesmo lembrar de nós, vai acontecer.

A pressa é inimiga da perfeição. — falei baixo e ela apertou a minha mão como se concordasse.

Continuamos ali, não sei por quanto tempo de mãos dadas, apenas observando as pessoas e as estrelas. A Liz dormia com a cabeça no colo da Taís e ela fazia carinho na cabeça da nossa filha com um sorriso largo. Ao longe já era possível ouvir algumas pessoas iniciando a contagem regressiva e eu sentia que tudo seria diferente após o explodir de fogos.

Passei meses tentando fazer com que ela lembrasse de nós e esqueci como o presente era mais importante. Estava tão preso em voltar para o nosso passado que esqueci de observar o presente, esqueci de ver como a nossa filha crescia rapidamente e encarava toda essa situação de um jeito feliz – mesmo que ela estivesse triste pela Taís não lembrar dela, ela não contava sobre o passado, apenas criava novas memórias com a mãe.

Esqueci de prestar atenção no novo vínculo emocional que tínhamos criado, esqueci que o passado só tinha importância para ser o nosso ponto de partida. Esqueci que o amor é uma questão de conquista e não de moldagem. Fazer com que ela lembre, não fará com que o amor seja o mesmo.

Descongelar uma foto, não trará o mesmo sentimento da primeira vez, quando pensou em capturar aquele momento mágico para eternidade. Assim como uma memória afetiva não causa o mesmo impacto, quando relembrada.

— Está na hora! — alguém gritou perto da gente e meu coração se agitou freneticamente.

10!!!

Tudo parecia estar em câmera lenta.

Você sabia que devemos fazer um pedido antes dos fogos? — falei animado e ela me olhou com os olhos brilhando.

Um pedido é? Para quê? — um sorriso imenso estava nos lábios dela.

8!!!

Para os deuses nos abençoarem com as melhores energias e sermos felizes o ano inteirinho. — falei animado e ela fechou os olhos imediatamente.

— Sabe? Eu amo pedidos! — disse com os olhos fechados e abriu rapidamente, parecia ter pressa — Sua vez!

6!!!

Fechei os olhos e a única coisa que eu via era a minha família. Num momento feliz como esse, apenas vivendo o presente intensamente e deixando as memórias apenas no mundo do sensível. O passado não importava mais, só o que viria dali para frente.

Meu pedido era elas e apenas elas.

4!!!

Abri meus olhos e a Taís me olhava com um sorrisinho maroto.

— O que você desejou?

— Se eu disser, os deuses não vão nos abençoar.

2!!!

— Não quero que os deuses me abençoe, quero que você faça isso. — se aproximou do meu ouvido — Por isso eu pedi um beijo.

Ouvir aquilo era como um pino sendo arrancado agressivamente. Olhei profundamente em seus olhos e a beijei. Assim como na primeira vez, ao fundo fui capaz de ouvir o explodir de fogos e uma leve risada escapar dos seus lábios. O beijo era o mesmo de sempre, doce e calmo, arrepiava minha alma e acalmava meu coração.

Perfeitamente na medida.

Em algumas paradas para retomar o oxigênio, era possível ouvir as pessoas desejando “Feliz Ano Novo”, uma para as outras. E o momento tornou-se mágico, igual a primeira vez.

Feliz Ano Novo, Taís! — falei, enquanto dava um selinho longo.

Feliz Ano Novo, Tobias. — ela retribuiu o selinho e, logo depois encostamos nossas testas com um sorriso largo nos lábios.

Beijamos nossa filha na bochecha e desejamos “feliz ano novo” em seu ouvido. Ela tem sono pesado e nem os fogos são capazes de acordá-la.

Talvez, um dia, a Taís se lembre de toda a nossa história ou acabe nunca se lembrando. Mas, nada disso importa mais. O importante é o presente, e as novas memórias que faremos.

— Essa noite está tão cintilante. — ela disse sorrindo e me abraçou, era o suficiente para recomeçarmos.

E cintilante era o nosso coração que suportaria tudo e viveria tudo novamente, como se fosse a primeira vez. Só que dessa vez, sem muita pressa, iríamos apenas desfrutar o agora. O amanhã, resolvemos amanhã.

6416 palavras.

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