capítulo 11, correndo contra o tempo.
capítulo 11, correndo contra o tempo.
()
isaac estava a caminho da casa de seus pais com natália quando o celular tocou.
"aconteceu alguma coisa pastor?".
"um capanga do olavo acabou de me ligar, dizendo que sequestrou a sofia, a beatriz e a rebeca". "disse que quer eu, você e a natália na clínica clandestina até meia-noite, porque se passarmos desse tempo ele vai matar as três". naquele momento tiago aprendeu o significado da palavra desespero, a possibilidade de perder rebeca era capaz de perder o pouco bom senso e a razão que tinha.
"ele deu o endereço da clínica?". isaac questionou consternado.
"o infeliz disse que quer fazer um joguinho com a gente, nós vamos precisar encontrar a clínica até meia-noite, se não,se não eu não quero nem pensar isaac".
"nós nos encontramos na entrada da estrada que leva até o local onde o doutor alan desapareceu, mas eu preciso que o senhor fique calmo".
"você diz isso porque não é a mulher que você ama que está nas mãos de um psicopata doente como aquele, não me recrimine isaac, você não ia querer estar na minha pele hoje". apesar de odiar tem que concordar com ele naquela situação, isaac não revidou sabia que o pastor estava certo.
"o que aconteceu isaque?". natália indagou preocupada, a julgar pela expressão apreensiva do amigo constatou que seu dia não terminaria nada bem, a sucessão de tragédias era evidente.
"nós estamos com sérios problemas naty, infelizmente meus planos de te deixar ter um luto tranquilo terão que esperar". iniciou da maneira mais tranquila possível, apesar do momento exigir pressa.
"não procure as palavras certas para tentar minimizar o impacto isaac, diga logo, nada pode ser pior que a morte da minha mãe".
"natália pior que dependendo do ponto de vista pode ser mais forte do que a perca da sua mãe".
o jornalista explicou tudo a amiga que, em decorrência da dor do luto carregou em seus ombros toda a responsabilidade pelo ocorrido.
"era para eu ter desistido disso no momento em que passamos por aquela perseguição". "o pastor estaria ao lado da esposa, não teriam sequestrado a sofia e muito menos a bia que é uma criança, que já perdeu o pai e não merece estar passando por tudo isso".
colocando-se no lugar de natália isaac conseguia compreendê-la, estava confusa e assustada.
no entanto, rebeca assumiu os riscos ao entrar nas investigações com eles, os quatro investigaram por vontade própria sem serem forçados por ninguém e ela precisava parar de atribuir tudo de ruim que acontecia ao fato das investigações existirem.
o nervosismo proveniente do clima tenso fes com que o jornalista se calasse, qualquer palavra poderia atingir natália diretamente por conta do estresse e preferiu não fazê-lo.
conhecia um casal que se deixou levar pelas emoções em situação semelhante, palavras cortantes foram proferidas por ambas as partes,e poderia não ter tido a chance de pedir perdão a julgar pelo final do embate acalorado entre a polícia e os assassinos.
sabendo que por vezes conseguia ser mil vezes pior que o irmão, o jornalista optou pelo silêncio, evitando que o descontrole assumisse o lugar da razão.
aquela era a mulher que amava e por mais insegura em alguns momentos, era a mulher que havia escolhido para pássaro resto de sua vida e deveria aprender a conviver com certos defeitos pois a vida não era um conto de fadas e nunca seria.
natália tinha o apelido de cinderela, mas era uma mulher como qualquer outra.
possuía qualidades, defeitos e estava exausta emocionalmente.
"só queria que você soubesse que está sob minha proteção incondicional durante todo esse percurso, e depois dele também se infelizmente não encontrarmos o seu pai vivo, você nunca estará sozinha pois sempre terá a mim além de deus obviamente". declarou acariciando o rosto molhado pelas lágrimas.
"eu nem sei o que dizer!".
a frase eu te amo estava presa na garganta de natália, que pensava em dizer por mais irrelevante que fosse naquele momento.
"estamos todos uma pilha de nervos natália, o silêncio é nossa melhor demonstração de afeto e de apoio por enquanto, qualquer palavra pode nos deixar ainda mais transtornados". foram as últimas palavras do jornalista, antes de chegar próximo ao carro do pastor.
"ele foi esperto, me ligou às 22:30 foram 40 minutos de percurso então temos pouquíssimo tempo a julgar pelo tamanho dessa maldita estrada". tiago declarou com uma fúria descomunal, enquanto adentrava o carro do jornalista.
()
rebeca tentava acalmar a criança que chorava em seus braços, o corpinho quente estava trêmulo por conta do medo enquanto sofia não fazia outra coisa que não fosse sucumbir ao pânico.
sofia era uma mulher que não podia passar por emoções fortes, a esposa do pastor compreendia isso e por mais difícil que fosse tentava manter o controle da situação ajudando as duas pessoas indefesas ao seu lado.
orava a deus pedindo auto controle triplo, pensava em uma sequência de fatores que poderiam acarretar em sua morte ali, sem nem mesmo poder se despedir do marido, da filha ou dos netos.
beatriz, sofia e rebeca foram deixadas em um quarto aberto, sem nenhuma vigilância no interior da clínica.
parecia que o intuito de rubem e olavo era justamente a exploração do local como se o ambiente mórbido fosse um ponto turístico.
"tia, eu estou com medo!". "será que vai acontecer alguma coisa com a minha mãe?". beatriz perguntou com a vozinha embargada pela fraqueza da febre e o medo.
"nós três vamos ficar bem princesa, eu te prometo isso, agora fique calma porque nós precisamos ser fortes pela sua mãe". sofia sentia o ar escapando de seus pulmões lentamente, a morte era algo certo e por mais aterrorizante que fosse não conseguia se controlar.
"é que eu tenho medo de ficar sem ela igual o meu pai, não quero ficar sozinha tia!". beatriz aconchegou-se ainda mais nos braços de rebeca, como se sua vida dependesse daquilo.
"ah meu deus, ah meu deus, ah meu deus!". sofia desmaiou instantaneamente, para espanto de beatriz e rebeca.
"mãe". beatriz exclamou.
"calma princesa, devem ter outras pessoas aqui, você não pode sair daqui por nada porque eu vou procurar alguém para ajudar a sua mãe está bem?". rebeca lembrou-se do fato de que o pai de natália poderia estar ali, alan era médico e por mais que não fosse sua área provavelmente sabia como ajudar sofia.
"a senhora promete que vai voltar?".
"eu prometo meu amor, fica aqui com a sua mãe e não deixa ela sozinha por favor".
rebeca percorreu toda a clínica.
subiu e desceu escadas, adentrou celas e quartos, aquela verdadeira estrutura hospitalar que conseguia ser melhor do que muitas upas no brasil era utilizada para fins cruéis, julgando pela quantidade de corpos que se aglomeravam não só nos ambientes mas também nos corredores.
seus olhos encheram-se de lágrimas com a constatação de que eram vidas destruídas vidas jovens que mereciam uma segunda chance.
adentrou a última cela, parando para recuperar o fôlego devido à quantidade de minutos que passou correndo por todo aquele lugar que parecia não ter fim.
alan abriu os olhos, o rosto feminino era desconhecido apesar do medo estampado no mesmo.
rebeca reconheceu o médico pelas fotos que viu no jornal e a semelhança física com a filha.
"você é?". a desconfiança era evidente nas palavras do neurologista.
"rebeca, esposa do pastor que também estava investigando o seu desaparecimento junto com a natália, muita coisa aconteceu na cidade durante o tempo em que você esteve aqui". "mas isso não importa agora, um dos capangas do olavo me sequestrou com uma moça e uma menininha de 3 anos, a mulher tem síndrome do pânico e acabou de desmaiar na frente da filha". "por favor, precisamos da sua ajuda urgente".
"o nome da moça por acaso é sofia?". o temor na voz de alan ao perguntar foi quase palpável.
"sim, por que?".
"o pobre coitado mandou eu me preocupar com a minha filha quando na verdade era ele quem devia estar preocupado com a esposa e a filha".
"o senhor conhece o tiago?".
"dá uma olhadinha ali atrás, rapidinho".
"meu deus ele está vivo?".
"está tão fraco que é como se não estivesse mais, é melhor não acordarmos ele, vamos lá, vou ajudar vocês".
"meu deus pobre homem".
"dona rebeca, esse homem praticamente me segurou aqui dentro durante três anos, eu estou vivo ainda por causa dele e confesso que estou me sentindo um fracasso como médico por não conseguir retribuir". "ele me pediu para avisar o irmão para cuidar da família, vou tentar fazer isso ao menos pela mulher que ele amou até o último instante de vida dele".
os dois correram até o salão principal da clínica, sofia continuava da mesma forma enquanto beatriz acariciava seu rosto.
sofia foi colocada de barriga para cima, com os instrumentos médicos contidos em uma das salas, alan fez a medição da pressão.
()
o relógio marcava 23:59 quando depois de percorrer um longo caminho o grupo aproximou-se dos portões da clínica, onde eram aguardados por olavo e ruben.
"preparados para o início do espetáculo?". "acho que vocês irão gostar muito das nossas instalações, afinal serão o último vislumbre que terão antes da visão do céu, já que vocês acreditam tanto nele". algo além da psicopatia estava presente nas palavras irônicas de olavo.
"se você teve coragem de fazer alguma coisa com a minha esposa eu juro que mato você com as minhas próprias mãos!".
o fato de que precisava manter o autocontrole era irrelevante para tiago que não aceitaria nenhuma retruca da parte de isaque, tentando ensinar as boas maneiras das investigações pois quem estava com a corda no pescoço não era a mulher que amava.
"não se preocupe pastor, prometo que vocês vão morrer um do ladinho do outro, gente para morrer não vai faltar mas garanto que darei uma atenção muito especial ao lindo casalzinho que não deve partir desse mundo separado".
"você matou a minha mãe seu animal, eu devia fazer o mesmo com você".
"me poupe natália, vai sofrer logo pela clara que nunca te deu o mínimo de atenção?". "você não tem noção de quantas vezes ela me pediu para dar um fim em você, da pior forma possível, não apenas te colocando em uma clínica clandestina como nós dois fizemos com seu pai". "pode guardar as lágrimas para o seu reencontro com o alan, ele vai acontecer, vou dar essa última alegria a vocês dois para que não digam que eu sou uma pessoa ruim". "agora vamos entrar, o espetáculo está marcado para meia-noite e eu não quero atrasar nenhum minuto".
()
com rebeca e alan distraídos cuidando da mãe, beatriz resolveu se afastar percebeu que antes de ir embora o homem que as sequestrou carregava uma mochila deixada em uma sala com a porta trancada.
a chave da mesma foi deixada embaixo da porta, e os dedinhos de beatriz eram suficiente finos para conseguir pegar.
apesar da pouca idade era demasiadamente esperta, e depois de algumas tentativas frustradas a pequena conseguiu destrancar a porta e abrir.
no meio da enorme quantidade de armas e roupas a pequena encontrou bastante camuflado sendo coberto por três camisas um celular.
não era digital como o da mãe, mas tinha botões.
desde muito pequena aprendeu o número do tio e da avó quando a mãe passava mal era ela quem comunicava a família.
a mãe estava passando mal naquele momento e o tio deveria saber.
a polícia havia descoberto através de um dos homens que trabalhava na clínica o endereço da mesma, fornecendo uma delação premiada estimada em r$ 40.000.
as sirenes estavam desligadas, tanto das viaturas quanto ambulâncias.
rafael acreditava que a cunhada e a sobrinha estavam seguras em casa, enquanto a mãe trabalhava no hospital.
a ligação de um número desconhecido chamou a atenção do policial, que não costumava receber esse tipo de chamada em seu celular pessoal.
"pois não?".
"tio, a gente está aqui". "um homem malvado tirou a gente de casa, bateu na minha mãe e na tia rebeca, e a mamãe desmaiou". beatriz sussurrou, evitando chorar para não ser ouvida por ninguém.
"como assim filha, eu não entendi". "para onde esse homem levou vocês?".
rafael buscava manter a calma, enquanto a polícia começava a se afastar do centro urbano da cidade, adentrando a estrada de terra.
"eu não sei, eu só sei que tem muita gente morta e fede muito, e também que esse homem malvado bateu na minha mãe, bateu na tia rebeca e por culpa dele minha mãe ficou daquele jeito e desmaiou de novo".
uma fúria desmedida atingiu rafael, a raiva que jamais pensou que seria capaz de sentir por alguém tomou conta do policial que sempre era o mais calmo de toda a família.
"eu já estou chegando aí princesa, fica calma que eu vou salvar vocês, mas eu preciso saber, você encontrou seu pai aí?".
"não, eu não vi meu pai aqui, acho que mataram ele".
"o que você pensa que está fazendo, sua pirralha dos infernos?". rafael só conseguiu ouvir um grito desesperado da sobrinha após as palavras furiosas logo a ligação foi encerrada.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro