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~34~

Nick

Por volta das oito e meia do dia seguinte, pego a chave do carro que aluguei e me preparo para sair do quarto de hotel onde minha mãe e eu estamos hospedados. Mas ao que parece, logo serei apenas eu aqui, pois ela está determinada a voltar para Cancún para cuidar do reality.

- Rosie também precisa voltar. - ela está pegando suas coisas para sair. - O programa está em risco desde que você saiu. - aponta para mim. - Vou passar no quarto dela e tenho certeza que ela vem comigo depois que eu mostrar a queda de audiência que o reality teve nesses últimos dois dias.

- Eu acho que Rosie não vai voltar com você. - cruzo os braços. - Principalmente agora que ela descobriu que a Lizzie é a filha perdida dela.

Minha mãe para de conferir seus objetos na bolsa e arregala os olhos ao me encarar.

- O que você disse?! - se aproxima.

- A Rosie é mãe da Lizzie.

- Rosie já havia me dito que tinha uma filha perdida... Mas como ela sabe que isso não é um golpe dessa garota?

Dou uma risada.

- Rosie e Lizzie são mãe e filha. - digo tranquilamente. - Nem precisa de DNA. A Lizzie até tinha no bolso uma foto com o pai dela, o namorado da Rosie que a engravidou na adolescência.

Minha mãe abre a boca com surpresa e sorri ao ficar sabendo da grande fofoca.

- Então é mesmo verdade! - esfrega o queixo. - Isso significa que Lizzie é filha da diretora do programa! - se empolga. - Imagine só a publicidade que isso vai dar não só para o reality, mas também para sua carreira, Nick!

Fecho os olhos e passo os dedos pelos cabelos demonstrando minha completa decepção pelas atitudes de minha mãe.

- Mãe - seguro em seus ombros. - , me escuta; eu amo você, sério mesmo, mas não aguento mais que seja minha empresária. Isso está te deixando maluca e gananciosa.

- Eu faço tudo isso por você, filho. Só quero o seu bem, Nicholas!

- E eu quero o seu. - sorrio. - Por isso está demitida.

Ela ri, deve está pensando que estou de brincadeira. Porém, seu rosto se enche de fúria quando percebe que estou falando sério

- Como é que é?! - se desespera. - Não pode fazer isso comigo, Nicholas! Eu sou sua mãe!

- É exatamente isso que eu quero que você seja: minha mãe. - lhe dou um beijo na bochecha. - Vou na delegacia ver minha namorada. - me viro para sair. - Não precisa mais se preocupar com coisas do reality ou agenda de shows. Vou contratar outro empresário. Quero que cuide um pouco de você. - abro a porta. - Sai com o papai pra jantar, vai numa praia, sei lá... Tchau, mãe.

- Nick! - mesmo já no corredor ainda consigo ouvi-la gritar. - Não pense que acabamos por aqui, Nicholas! Isso não vai ficar assim!

Passo pelo quarto de Rosie e ela abre a porta me fazendo parar.

- Demitiu sua mãe? - ajeita a bolsa no ombro.

- Já estava na hora. - volto a caminhar pelo corredor e ela me acompanha.

- Concordo com você. Ela estava me assustando. - rimos juntos. - Ah, Nick, parando pra pensar agora, você é meu genro.

- E você é minha sogra. - a olho de soslaio. - Nem quero ver os sites de fofoca quando tudo isso vazar.

- Vai ser uma confusão, Nick. Pode apostar.

Lizzie

Antes das nove e meia da manhã, Nick chega à delegacia acompanhado por Rosie - às vezes ainda nem acredito que ela é mesmo minha mãe, não vou me acostumar a chamá-la assim tão cedo - e um homem negro e careca de terno, quem imagino que seja o advogado.  O policial que nos colocou nessa cela ontem à noite, vem abri-la e nos guia para a sala de visitas.

- Depois que terminarem aqui, venho levar vocês duas e o advogado para verem o delegado. - o policial diz. - Ele vai ouvir as suas versões e falar sobre o caso.

- Tudo bem. - assinto. - Obrigada.

Ele sorri para todos antes de sair e corro para a abraçar Nick e minha mãe ao mesmo tempo.

- Fico tão feliz em ver vocês dois aqui. - digo. 

- Você está bem? - Nick pergunta preocupado. - Já tomaram café da manhã? - ergue um pacote marrom que exala um cheiro ótimo. - Trouxe rosquinhas. - sorri de orelha a orelha.

- Você leu meus pensamentos! - pego o pacote e vou para a mesa ao mesmo tempo em que Dayane me acompanha. - Com certeza passar a noite na cadeia foi uma das coisas mais humilhantes que vivemos, não é? - olho para minha amiga enquanto dou uma mordida em meu café da manhã repentino.

- Definitivamente! - ela saboreia uma rosquinha recheada de chocolate. - Aquele colchão fino me deixou com uma dor terrível nas costas. - reclama massageando a lombar. 

- Me sinto péssima vendo vocês nessa situação. - Rosie toca meu rosto. - Mas agora tudo vai dar certo. - sorri. - Este é o Sebastian, meu advogado de todas as horas. O melhor!

- Oi, meninas. - o homem de terno aperta minha mão primeiro e depois a de Dayane. - Sua mãe já me falou de toda a história, mas quero ouvir tudo de vocês. Podemos começar? 

- Sim. Quanto antes melhor. - limpo os cantos da boca com um guardanapo e Nick senta ao meu lado. - Por onde começo?

- Pelo começo. - o advogado põe sua maleta sobre a mesa. - Quero saber tudo, tudo sobre essa Ivone, suas irmãs, sobre o que elas te fizeram passar... E principalmente sobre as provas que podemos usar contra elas.

- Certo. - penso um pouco. - A Frederica, minha irmã mais nova, já me disse que vai depor a meu favor. Eu confio nela.

- Tem certeza, Lizzie? - Nick toca minha mão.

- Sim. Foi ela quem me ajudou a fugir.

- Frederica mudou muito na casa. - Dayane diz. - Acho que tudo que ela mais quer é ficar livre da mãe também.

- Não acredito que você ficou anos com uma mulher dessas! - Rosie... minha mãe anda pela sala de um lado para o outro. - A cada hora que se passa fico com mais raiva de mim! Como pude te deixar nas mãos dela? - senta ao lado de Sebastian, ficando de frente para mim.

- Mãe... - é um pouco estranho dizer coisas como essa. - , você não teve culpa de nada, eu sei que procurou por mim e sei que se pudesse, teria me mantido com você. - sorrio e ela parece se acalmar.

- Bom, voltando ao assunto... - Sebastian junta as mãos sobre a mesa. - Se tivermos mesmo esse depoimento da sua irmã, já há uma chance de vitória. - ele me deixa aliviada com essas palavras. - Mas você tem algo mais concreto contra a Ivone? Vídeos, fotos...?

Penso por alguns instantes e me lembro dos documentos guardados no cofre. Com certeza o testamento em que meu pai deixava uma parte da herança para mim está no meio daqueles envelopes.

- O testamento do papai! - falo. - Ele me deixou dinheiro e uma parte da casa, mas ela pegou tudo!

- A ladra da história é ela! - Dayane já está atacando outra rosquinha.

- Isso é o bastante para tirarmos as meninas daqui e incriminar Ivone? - Nick questiona com um toque de ansiedade na voz.

- É sim! - o advogado diz cheio de confiança. - Lizzie, você tem esses documentos?

- Não. Mas eu tenho certeza de que eles estão em um cofre na minha casa. Um cofre com senha que fica no quarto da Ivone.

- Ótimo. Eu vou solicitar um mandato de busca para pegarem isso na sua casa e quem sabe os policiais encontrem mais coisas. - Sebastian explica. - E também vou falar com o delegado sobre uma fiança para que vocês aguardem o julgamento em liberdade.

Nick põe o braço em torno dos meus ombros e me abraça feliz.

- Eu disse que daria certo!

- Ainda não saímos daqui. - digo. - Está comemorando cedo demais.

- Estou esperançoso! - me encara.

- É isso aí! - Dayane também comemora antes da hora. - A gente vai dar o fora desse lugar rapidinho.

Preciso admitir que agora, com todas essas pessoas ao meu lado, também sinto a esperança brotar dentro de mim.

Algum tempo depois, quando o policial Jin aparece para levar Dayane, Sebastian e eu ao encontro do delegado, damos de cara com Ivone no corredor da delegacia.

- Elizabeth - ela me olha da cabeça aos pés. - , está aproveitando bem sua estadia aqui?

Me preparo para respondê-la, mas Rosie, que vinha logo atrás com Nick, começa a falar antes que as palavras saiam da minha boca.

- Escuta aqui, Ivone, você pode ter feito o que fez com a minha filha durante todos esses anos, mas agora estou aqui. - ela se aproxima da bruxa. - Estou aqui e você vai ter que passar por cima de mim se quiser tentar prejudicar a minha menina!

- Como assim sua filha? - Ivone alterna o olhar entre mim e minha mãe. - Você é...?

- Eu sou a mãe biológica da Lizzie.

- Achou que ela ia estar sozinha, não é, sua mocréia velha? - Dayane a enfrenta e ela continua sem palavras.

- Você vai ter um final terrível, Ivone. - Nick passa o braço por meus ombros. - Se eu fosse você, me prepararia para o que estar por vir.

- Vocês são um bando de...

- Senhora - o policial Jin ergue a mão para que Ivone não continue. - Diante da situação, brigas devem ser evitadas. Deixem para resolver essas questões no julgamento.

- Ele tem razão. - Sebastian nos alerta. - É importante que não revidem nada desse tipo.

Dayane e eu assentimos em concordância e Ivone diz:

- Nos vemos no tribunal, Elizabeth.

Ela se vira para ir embora e Nick me abraça com força.

- Ela vai se dar mal nessa, Lizzie. - ele tenta me fazer sentir segura. - Nós vamos vencer. - beija o topo da minha cabeça.

- O delegado está pronto para falar com vocês e o advogado. - o policial interrompe o momento abrindo a porta do escritório.

- Vamos lá, meninas. - Sebastian vai na frente e Nick me deseja boa sorte assim como Rosie.

Dayane e eu damos as mãos e entramos juntas na sala. Não sabemos se estamos preparadas para o que vamos ouvir aqui, mas estamos juntas.

Nick

Depois do que parece ser uma eternidade, finalmente Lizzie sai do escritório do delegado acompanhada por Dayane e Sebastian.

- E então? - pergunto quase sem conseguir ouvir o som da minha própria voz, pois meu coração bate forte no peito. - Vão ficar em liberdade até o julgamento?

Ela e Dayane trocam aquele tipo de olhar que significa algo. Algo que só as mulheres entendem.

- Digam logo! - Rosie quase grita.

- Vamos ficar em liberdade! - Lizzie e Dayane falam ao mesmo tempo e sinto como se um peso saísse das minhas costas.

Animadas, as duas pulam em Rosie e eu para nos abraçar.

- Graças a Deus! - Rosie fala aliviada.

- As meninas vão aguardar o julgamento em liberdade e é quase garantido que vamos vencer o caso com todas as cartas que temos na manga. - o advogado sorri.

- Obrigada, Sebastian. - Lizzie o agradece.

- É. Você foi demais lá dentro. - Dayane ri. - Imagina só no tribunal!

- Só fiz o meu trabalho. - encolhe os ombros. - Agora tratem de descansar e se prepararem para o julgamento na semana que vem. - ele aperta a mão de Rosie. - Eu entro em contato para marcar uma reunião com você e as meninas em breve. Até logo. - se despede.

- Nem acredito que vamos embora daqui. - Dayane olha para cima. - Mas onde você vai ficar agora que não mora mais com aquela megera? - ela se dirige a minha namorada.

- Para falar a verdade, eu não tenho a mínima ideia.

- Você vai ficar com a gente. - Rosie arranca um sorriso dela. - Vou poder ficar mais tempo com a minha filhota. - as duas se abraçam.

- E eu vou ficar mais tempo com a minha namorada. - lanço um sorriso para ela que retribui. - Agora é sério, vamos embora daqui.

Assim que deixamos o prédio da delegacia, seguimos em direção ao hotel onde Rosie e eu estamos hospedados enquanto Lizzie e Dayane caem no sono no banco de trás.

Vejo Lizzie cochilar pelo espelho retrovisor e um sorriso ganha forma em meus lábios.

Sempre farei o possível para protegê-la. A partir de agora, se depender de mim, ela jamais vai estar em perigo.

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Oi, amores!

Mais um capítulo na reta final pra vocês!

Agora que o bicho vai pegar nesse julgamento, hein?!

Hahaha fiquem ligadas que na semana que vem sai o último capítulo e em seguida o epílogo!

Até lá e fiquem com Deus! 💕❤️

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