Em meu colo
— Que nome daremos à pequenina?
— Isto não será necessário. A avó disse que ela se chamava Mily Agarb — respondeu-lhe a mulher esguia ao seu lado.
O senhor olhou atentamente os olhos extremamente escuros do bebê com carinho. No entanto, sua observação foi interrompida pelo rangido da porta que se abria com delicadeza — tal como se aquele ser que a abria, não quisesse realmente realizar aquele ato.
Uma criatura, pequena e magricela, apareceu pela fresta e espiou. Corajosamente, adentrou.
O senhor apenas riu.
— Pequena, o que está fazendo?
— Mi-mi-minha irmã... Me devolva...
— Fale firme, Ayara! — a criança encolheu os ombros diante da bronca da enfermeira chefe, que não abalada por causar uma expressão infeliz no rosto da garota continuou: — Ninguém irá ouvir se você continuar a falar tão baixo e gaguejando.
— Dê um tempo para ela, Nietta. — o senhor lhe repreendeu suavemente e então se virou para a garotinha que ainda os encarava: — Não ligue tanto para a Antonietta, pequena. Você quer este bebê? Então venha cá.
***
Segunda-feira
Dez de dezembro
Onze e cinquenta e quatro
Qual a sensação de segurar um pequeno embrulho em seus braços finos e fragilizados?
O que se sente quando um bebê balbucia em seu colo?
Alguém poderia me descrever o que senti naquele dia?
Não.
Vocês não saberiam.
Porque aquela foi a última vez em que, naquele orfanato precário, eu segurei em minha irmã mais nova.
Apenas dez segundos.
Apenas o suficiente para que meus fracos braços não a aguentasse mais.
A última vez antes de eu ir embora para sempre.
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