Patricia
Caminho pela trilha suave que serpenteia entre as colinas verdes de Nova Veneza, com a brisa leve do fim da tarde acariciando meu rosto. O céu, pintado com tons quentes de laranja e rosa, reflete a serenidade da paisagem. As árvores altas e os campos de flores silvestres criam uma sinfonia de cores e aromas que me faz sentir parte deste lugar pacífico. Enquanto me aproximo do antigo carvalho onde Patrícia costuma se sentar para relaxar, vejo-a lá, com o cabelo castanho solto e uma expressão tranquila no rosto. Ela está absorta em um livro, completamente imersa nas páginas. Patrícia sempre teve essa capacidade de se perder em suas leituras, algo que ela mencionou em várias conversas. Ela adora romances antigos, aqueles em que a paixão é descrita com uma intensidade quase palpável, ficou bem claro isso nos anos em que pude ouvir suas conversas nos corredores da escola.
"Boa tarde, Patrícia," digo, tentando soar casual enquanto me aproximo.
Ela levanta os olhos do livro, e um sorriso suave aparece em seu rosto. "Oi, Gustavo. Não esperava te ver por aqui."
Sento-me ao seu lado, na mesma sombra do carvalho, e olho para o livro em suas mãos. "O que você está lendo?"
"É um romance vitoriano," ela responde, fechando o livro e o colocando de lado. "Gosto desses romances antigos. Eles têm uma forma especial de capturar os sentimentos e as sutilezas das relações."
"Interessante," digo, tentando disfarçar a minha intenção. "Sempre achei que esses livros são como uma janela para um mundo que nunca conheceremos realmente. Acho fascinante como eles retratam as emoções."
Ela sorri e olha para mim com curiosidade. "Você também gosta de ler?"
"Sim, mas meus gostos são um pouco diferentes," admito. "Eu gosto de livros que desafiam a percepção, algo mais intenso."
Patrícia parece interessada. "Quais são alguns dos seus favoritos?"
"Alguns mistérios e thrillers," digo, mantendo o tom leve. "Mas, na verdade, estou aqui para algo mais. Queria conversar com você sobre algo que tenho em mente. Algo que pode precisar da sua ajuda."
"Estou curiosa. o quê?" Patrícia pergunta, interessada.
"Eu gostaria de investigar um pouco mais sobre as famílias antigas de Nova Veneza," explico. "Ouvi rumores sobre uma conexão histórica entre algumas famílias e a minha, a família de nome estranho, Valente. Parece que há registros antigos que poderiam revelar algumas informações interessantes."
Os olhos dela se iluminam com curiosidade. "Isso soa fascinante. Onde você pretende procurar essas informações?"
"Na biblioteca da cidade," digo. "Eles têm arquivos históricos e registros antigos que podem nos dar pistas. Pensei em ir lá amanhã e gostaria de saber se você poderia me acompanhar. Seu conhecimento sobre a história local pode ser muito útil."
Patrícia sorri, entusiasmada. "Claro, adoraria ajudar. Vou me encontrar com você na biblioteca. Que horas você pretende ir?"
"Que tal às dez da manhã?" sugiro.
"Perfeito," ela responde. "Estarei lá".
Com o desenrolar da conversa eu decidi que iria usar o conhecimento de Patrícia para descobrir mais sobre minha família, eu sabia que não teria nada como as mortes na biblioteca mas mesmo assim fiquei com receio de levar isso adiante. Será que minha família me contou toda a verdade sobre a maldição? Sempre me perguntei o porque de eu e nem ninguém nessa cidade ter visto alguma bruxa, minha família sempre me fez acreditar no mundo sobrenatural mas será que tudo era verdade?.
O dia seguinte chega e encontro Patrícia na biblioteca. A pequena construção de tijolos vermelhos, com janelas grandes que deixam entrar a luz natural, é o lugar ideal para mergulhar em registros antigos. Entramos e começamos a explorar os arquivos, rodeados pelo cheiro de livros antigos e papel envelhecido. Enquanto revisamos as pilhas de documentos, começamos a encontrar registros de casamentos, nascimentos e falecimentos que datam de gerações passadas. O trabalho é meticuloso e exige paciência, mas a cada documento desdobrado, a excitação cresce.
"Veja isso," Patrícia diz, apontando para um registro antigo. "Aqui está um documento que menciona a família Valente, datado de 1902. Eles tinham uma propriedade nas colinas."
Pego o documento e o examino com cuidado. "Interessante. A propriedade fica próxima ao local onde minha família tinha terras há muito tempo."
"Sim," Patrícia confirma. "Parece que havia uma rede de propriedades e negócios entre as famílias da época. Talvez a nossa pesquisa possa descobrir mais sobre esses laços."
A cada descoberta, os registros começam a formar um quadro mais claro. Encontramos menções a encontros sociais e acordos comerciais que ligam a família Valente a outras famílias influentes da época. Algumas páginas revelam detalhes sobre um antigo casarão que parece ter sido um ponto central para reuniões e eventos importantes.
"Olhe aqui," digo, apontando para uma página desgastada. "Este documento menciona um encontro entre os líderes das famílias, incluindo a Valente, para discutir a expansão dos negócios. Isso deve ter sido um evento significativo para a época."
Patrícia examina o documento com interesse. "Parece que há uma história rica e complexa por trás dessas famílias.
Naquele exato momento a curiosidade me consumia e a busca de alguma verdade me fez convidar Patrícia para ir ao casarão.
"Patrícia," começo, "encontramos algumas pistas interessantes sobre a família Valente, mas há uma coisa que gostaria de investigar pessoalmente. Conheço um casarão antigo que pertenceu à minha família há muito tempo. Talvez possamos encontrar mais informações lá."
Ela olha para mim com entusiasmo. "Isso soa maravilhoso. Quando podemos ir?"
"Que tal agora?" sugiro.
“Ótimo, vamos!”
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