Achei meu namorado
Eu estava inquieta, a mente girando em torno da situação de Gustavo. Sem conseguir dormir, eu esperei a madrugada chegar para colocar meu plano em ação. Decidi ir até o porão, na esperança de que ele ainda estivesse lá. O silêncio da casa parecia quase opressor, mas eu precisava saber o que havia acontecido. A sensação de frio nas escadas e o eco dos meus passos no corredor eram desconcertantes.
Quando cheguei ao porão, a escuridão era quase palpável. Acendi uma pequena luz mágica, e com um feitiço, revelei uma parede oculta que não tinha percebido antes. Meu coração acelerou; o que será que poderia estar escondido ali?
Com outra magia, abri a parede. O espaço revelou-se apertado e úmido, e lá estava Gustavo, desacordado, caído em um canto. Meu coração se partiu ao vê-lo assim. “Gustavo, por favor, acorde!” implorei, enquanto o sacudia suavemente.
Ele gemeu e abriu os olhos, um olhar confuso e cansado me encontrou. “Rafaela?” Sua voz estava fraca, mas ele parecia reconhecer-me imediatamente.
“Sim, sou eu. Vou tirar você daqui tá bem?” Eu estava desesperada, mas sabia que precisava ouvir o que ele tinha a dizer.
“Não... não sei. Minha cabeça está girando. Há uma coisa que você precisa saber.”
“O que está acontecendo?” A ansiedade em minha voz era incontrolável. “Fale logo.”
Ele respirou fundo. “A minha família está amaldiçoada há anos. Houve um acordo com bruxas no passado com famílias fundadoras da cidade, minha família foi uma delas. As bruxas queriam dominar a cidade, queriam controlar a cidade e até onde eu sei as famílias até tentaram lutar mas era impossível vencer. As bruxas então prometeram deixar a cidade e tirar a maldição que elas haviam colocado e fazer com que ela voltasse a prosperar, mas em troca, precisavam de algo... sempre que alguém das famílias fosse completar 18 anos, essa pessoa precisaria matar alguém para que o acordo continuasse. Rafaela é uma coisa pra explicar mas eu preciso perguntar, você sabia disso tudo?”
“Eu não sabia de nada,” eu disse rapidamente, tentando ser sincera. “Você precisa acreditar em mim.”
Gustavo me olhou nos olhos, e por um momento, o medo e a incerteza desapareceram. “Eu acredito em você,” ele murmurou, e, sem mais palavras, seus lábios encontraram os meus em um beijo que misturava alívio e desespero.
Eu sabia que não podíamos ficar mais um segundo no porão. O medo de que minhas mães pudesse nos encontrar era palpável, e eu precisava agir rápido. “Gustavo, vou usar um feitiço para nos tirar daqui,” eu disse, minha voz decidida. “Segure-se forte.”
Ele me olhou com um misto de esperança e apreensão. “Para onde vamos?”
“Para longe daqui,” eu respondi, já começando a traçar as palavras mágicas necessárias para a fuga. “Tem que ser rápido.”
Levantei a mão e conjurei um feitiço de teletransporte, sentindo a energia mágica fluindo através de mim. O ar ao nosso redor começou a brilhar, e uma sensação de peso nos envolveu. Gustavo agarrou meu braço, e um momento depois, fomos engolidos por um turbilhão de luz.
Quando o brilho se dissipou, estávamos na clareira da floresta, a poucos passos do casarão antigo da família de Gustavo. Olhei ao redor, tentando recuperar o fôlego. “Estamos seguros por enquanto,” eu disse, respirando fundo.
Gustavo olhou para o casarão com uma expressão tensa. “Precisamos ir para lá. O casarão tem uma história... e pode ser o único lugar onde podemos encontrar respostas.”
“Vamos,” eu concordei, começando a andar em direção ao casarão. “Mas me diga, o que há de tão importante lá?”
Gustavo parecia hesitar por um momento, como se estivesse tentando reunir suas palavras. “O casarão foi onde minha família e as outras fizeram o acordo com as bruxas. Tinha um livro lá e pode haver mais documentos ou pistas que expliquem mais sobre o que aconteceu e como podemos reverter isso.”
Chegamos à entrada do casarão, uma estrutura imponente e antiga, coberta por musgo e parcialmente escondida pela vegetação densa. “Parece mais assombrado do que eu imaginava,” comentei, observando as sombras que se arrastavam pelas paredes desgastadas.
Não se deixe enganar pela aparência. Há segredos importantes aqui,” disse Gustavo, com uma determinação firme.
Depois de vasculharmos o casarão e encontrarmos um antigo cômodo que parecia em boas condições, eu usei um feitiço para acender a lareira. As chamas crepitantes começaram a iluminar o ambiente, lançando uma luz quente e acolhedora que contrastava com a frieza e o desespero que sentimos até então.
Sentamos próximos à lareira, e Gustavo parecia cada vez mais pesado com a carga das revelações que precisava fazer. “Rafaela, há algo que eu preciso te contar,” ele começou, sua voz carregada de dor e frustração. “Minha família está envolvida em algo muito mais complexo e sombrio.”
“Estou ouvindo,” eu disse, olhando fixamente para ele, tentando absorver cada palavra.
“Como eu te falei antes, há anos atrás minha família e outras famílias fundadoras da cidade fizeram um acordo com bruxas. Para que a maldição que elas tinham colocado na nossa cidade fosse quebrada e a cidade prosperasse, o pacto exigia sacrifícios,” Gustavo explicou, a tristeza evidente em seu tom. “Muitos de nós tivemos que matar pessoas desconhecidas e outras famílias fundadoras. Isso se tornou um ciclo de violência e morte.”
Eu franzi a testa, chocada com o que estava ouvindo. “Matar outras famílias fundadoras? Isso é horrível.”
“Sim,” ele confirmou. “Havia uma forma de quebrar a maldição definitivamente, quando restasse apenas uma família fundadora, a maldição seria quebrada. No começo foram anos de paz mas depois as mortes começaram. O problema é que, há algum tempo, só restou a nossa família. Meu pai matou um casal que era a última família fundadora que restava, sei que isso é horrível e eu demorei pra entender que eles não tinham escolha, eles queriam me proteger. Achávamos que isso tinha quebrado a maldição, mas ela continuou. E ninguém sabe o porquê.”
Eu respirei fundo, tentando entender a complexidade da situação. “Então, quer dizer que você terá que matar alguém?”
Gustavo passou a mão pelo rosto, visivelmente exausto. “Sim, aparentemente agora é a minha vez de cumprir esse papel. Mas eu não quero fazer isso. Não quero continuar esse ciclo de violência.”
Ele olhou para mim com uma mistura de esperança e desespero. “Preciso de ajuda para encontrar uma maneira de reverter isso sem mais mortes. Se a maldição não foi quebrada quando pensávamos que deveria, então talvez haja uma maneira de quebrá-la sem mais sacrifícios. Talvez possamos encontrar uma solução juntos.”
Eu o beijei tentando oferecer algum conforto. “Vamos encontrar uma solução. Não vamos deixar que mais sangue seja derramado. Se há uma forma de resolver isso sem violência, encontraremos.”
Naquele momento eu estava cheia de perguntas, porque minhas mães fariam isso? Eu não conseguia entender, fui criado lendo e aprendendo coisas boas sobre as bruxas do passado e não fazendo algo tão cruel. Me perguntava porque minha família queria sumir com meu namorado? Eu tinha muitas perguntas mas eu precisava manter o foco e ajudar meu namorado a quebrar essa maldição.
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