Epílogo
— Oi — disse ele, meio sem jeito. — Faz tempo que não nos falamos... Estou com saudades! — Pigarreou uma vez, sentindo-se estranho, e buscou o olhar da pessoa que o tinha convencido a fazer aquilo. O sorriso dela aqueceu seu peito e lhe deu forças para continuar. Abaixou-se na grama bem cortada e fitou as inscrições na lápide cinza.
— Na verdade, pai, vim hoje aqui para te pedir perdão. Espero que possa me ouvir de onde estiver, ou, se não puder, que de alguma forma você tenha partido sabendo que eu sinto muito. Você não ganhou muitos prêmios de pai do ano ao longo de nossa vida juntos, mas me amou e isso me basta. O que eu sempre quis te dizer e não consegui é o quanto me orgulho de ser seu filho. Você fez muitas coisas boas: construiu uma empresa próspera, deu emprego para muitas pessoas e se preocupou com todas elas. Você deu um pai para um garoto que não tinha culpa dos seus erros e que merecia o seu afeto, e insistiu no perdão do seu filho revoltado, apoiando a ambos sem distinção. Você também amou a minha mãe e a fez voltar a se abrir para a vida... — Marcos sentou-se na grama, e, mais relaxado, voltou a falar: — Certo, já enchi muito a sua bola. Você também me deixou acreditar que eu era o filho indesejado e que não fazia diferença me perder, e me cobrou que eu colocasse a família em primeiro lugar quando você não fez isso. Tudo bem, tinha razão em não querer que eu errasse também, mas já devia saber que só aprendemos com nossos próprios erros. Por último, e o mais importante: você me excluiu de seus últimos momentos e não permitiu que eu me despedisse. Isso foi mais o mais difícil de perdoar: não ter estado ao seu lado naquela noite. Talvez você soubesse que eu ia acabar desmoronando e, como o tempo era curto, que não conseguiríamos dizer tudo o que precisávamos um para o outro. Talvez minha presença atrapalhasse mais do que ajudasse. Ainda assim, queria ter estado lá, olhado em seus olhos e segurado a sua mão.
O vento seco e gelado do inverno soprou, bagunçando o cabelo do jornalista. Após fungar uma vez e impedir as lágrimas de começarem a cair, ele continuou:
— Minha mãe acha que você não suportaria se despedir de mim e por isso preferiu não me dizer o que estava acontecendo. Pode ser que ela tenha razão. Odiei Ricardo por ter tomado um momento que acreditava ser meu, mas no fundo sempre soube que só estava procurando alguém a quem culpar por ter perdido a chance de passar mais tempo com você. Cometi muitos erros tentando entender isso e quase perdi minha família até concluir que não podemos deixar o passado comandar nosso futuro. Não importa quão obscuro tenha sido o ontem, temos o hoje para fazer diferente. É nisso que eu tenho me apegado todos os dias enquanto descubro quem sou e o que quero para a minha vida.
Marcos sorriu antes de trocar a próxima confidência:
— Vai ficar feliz em saber que seu maior desejo se realizou e que seus dois filhos, além de se darem bem, atualmente estão trabalhando juntos. Não se anime demais porque eu não desisti do jornalismo, apenas decidi esperar um pouco mais e me focar no que era mais urgente. Aceitei o pedido de Ricardo e o estou ajudando a implantar o projeto que desenvolvi com Gisele e minha equipe secreta. Até agora só investimos, o retorno virá somente mais tarde. Outras mudanças estão sendo feitas e uma das melhores foi o rebaixamento de Dantas. Ele agora é supervisor de estoque e não me atrapalha mais, mas se engana quem pensa que a ideia de tirá-lo da jogada foi minha. Ricardo não aguentava mais a resistência dele a respeito de qualquer novidade e educadamente o transferiu para um cargo de menor importância, deixando o caminho livre para as pessoas que não tem medo de mudar e se atualizar. A Essence está passando por uma grande transformação. Quando terminarmos, ela terá uma nova cara e estará pronta para voltar a crescer com qualidade e solidez. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas já avançamos bastante.
Marcos ficou mexendo na grama em silêncio por um tempo, sentindo-se em paz com o passado pela primeira vez. Havia dito ao pai todas as coisas que precisava, mas ainda não se sentia pronto para sair dali.
— Serei pai novamente em pouco tempo — comentou. — É assustador ter um ser frágil e indefeso precisando da minha proteção. Nesse caso, mais frágil ainda, já que estamos falando de uma menina. Posso imaginar você rindo da minha situação. Não faço a menor ideia de como agir ou me comunicar com uma menininha, só sei aquilo que todo pai sabe: que marmanjo algum vai se aproximar dela até ela ter trinta anos.
Alguns metros à frente, Ângela passeava por entre os túmulos, distraída. Marcos esperou que ela olhasse na sua direção e acenou, chamando-a para se juntar a ele.
— Olhe para ela, pai, veja como são lindas as minhas meninas — comentou enquanto Ângela se aproximava com seu barrigão de sete meses de gestação. Era o mês de julho e o casaco que ela usava não fechava na sua barriga redonda, aquecida pela blusa branca de tricô que usava por baixo. — Foi ela, sua cúmplice, que me convenceu a fazer isso. Confesso que ainda é difícil eu me abrir e ficar falando sobre coisas que me incomodam, mas prometi que faria qualquer coisa se ela me aceitasse de volta e agora estou pagando o preço. Até terapia eu tive que fazer.
Ângela chegou e Marcos se levantou.
— Conseguiu dizer tudo? — ela perguntou, e seu olhar de preocupação o fez perceber mais uma vez o quanto era amado.
— Consegui — respondeu, trazendo-a para junto do peito.
— Você está bem? — Ângela insistiu, afastando o rosto para observá-lo.
— Mais que bem — tranquilizou-a, sorrindo e beijando a ponta do seu nariz. — Estou feliz que esteja aqui.
— Eu também — disse ela, satisfeita por estar participando de mais um momento importante da vida do homem que amava.
— Vou só me despedir e podemos ir almoçar, depois te deixo na revista a tempo da sua reunião — disse Marcos, referindo-se à reunião que ela teria com uma empresa interessada em um espaço de divulgação na sua revista recém-lançada com Andréa, sua ex-chefe do interior e uma de suas madrinhas de casamento. A revista tinha sede em São Paulo e fora ideia dela, que havia procurado Andréa durante a sua estadia no interior e exposto o que planejava. Naquele mesmo período, vendeu a casa dos pais e investiu o dinheiro no projeto, imaginando que eles ficariam felizes por seguir em frente. Andréa também investiu sua parte no negócio e elas iniciaram a sociedade. Ângela foi escolhida como editora-chefe e estava tão empolgada e trabalhava tanto que Marcos precisava lhe enviar vários SMS, e-mails e mensagens de texto por dia para lembrá-la de comer de duas em duas horas, tomar suas vitaminas, e não esquecer seus compromissos com o pré-natal. Como já não possuía uma jornada dupla, todas as tardes ele pegava o filho na escola, levava-o para o futebol ou qualquer outro de seus compromissos, depois ia até a revista lembrá-la de que já era a hora de ir para casa. No fim da noite, após o jantar, os três se deitavam juntos na cama para observar a bebê se mexer. Eles finalmente tinham uma empregada e ela não precisava mais se preocupar com o trabalho de casa.
— Vou te esperar lá na frente. — Ângela se esticou na ponta dos pés para beijá-lo, depois se abaixou para depositar as flores que havia levado e acariciou a lápide do túmulo de Felipe. — Tchau, Felipe! Sentimos sua falta!
Marcos a ajudou a se levantar e esperou ela se afastar alguns passos. Quando se viu novamente sozinho, respirou fundo aquele ar que sua nova liberdade emocional lhe proporcionava, e despediu-se:
— Até mais, pai. Prometo voltar outras vezes para conversar com você. — Andou alguns passos e parou. — Eu te amo!
***
Alguns meses depois...
Ângela inspirou a brisa fresca daquela noite de verão e aconchegou-se melhor no estofado da varanda da casa de Ilhabela para escrever sobre seu quinto, e último ano. Era 31 de dezembro e faltavam poucos minutos para o início de um novo tempo.
Diário dos Cinco Anos
Ano V
Esse ano se iniciou com muitas dúvidas, dores e dramas. Após o final de um ano desastroso, eu acreditava que meu casamento havia acabado. Era tanta mágoa e ressentimento morando em mim, que não vi outra alternativa a não ser dar um tempo de tudo e me afastar. Temi pelo futuro da minha família, especialmente depois que descobri que estava grávida, mas quando Marcos foi ao meu encontro naquele morro e disse que me amava e me queria de volta, vi em seus olhos a chance do nosso recomeço. Não vou dizer que foi fácil me desfazer das reservas que me acostumei a ter e voltar a confiar nele, mas ele soube ser paciente e me provou, dia após dia, que falou sério quando disse que ia cuidar de mim e me fazer feliz novamente. Para começar, parou de querer fazer tudo ao mesmo tempo e abriu mão (temporariamente) do jornalismo para se dedicar um pouco mais à empresa do pai. Queria que meu sogro visse como seus filhos trabalham bem juntos. Os dois se complementam: enquanto um é impulsivo e possui instinto aguçado para boas oportunidades, o outro é sensato, o que o torna um excelente administrador. Os dois se dão bem e é quase como se tivessem sido criado juntos.
Eu também tenho trabalhado muito desde que fundei minha própria revista, a "Mulher em foco". Eu e Andréa investimos cada uma determinada quantia, e Marcos nos ajudou na estruturação do negócio. Batalhamos bastante no primeiro semestre reunindo uma pequena e boa equipe, correndo atrás de patrocinadores e investindo em publicidade. Lançamos o primeiro exemplar em junho e atualmente estamos em nossa sétima edição. Escrevemos aquilo que gostamos de ler, ou seja, matérias de qualidade com humor e crítica na medida certa. Falamos sobre beleza interna e externa, relacionamentos, filhos, carreira, política, esportes, e tudo mais que interesse à mulherada. Ainda somos pequenas e mal conseguimos pagar as contas no fim do mês, mas estamos começando a ficar conhecidas e nossos contratos publicitários estão cada vez mais gordinhos. Quem fez nosso site foi o Edu, webmaster respeitado do interior que por acaso também é meu ex-noivo. Marcos, é claro, surtou quando chegou na revista e nos viu conversando, juntamente com Andréa, relembrando os velhos tempos no Vale Impresso. Ele mal conseguiu disfarçar os ciúmes e depois ficou me provocando, dizendo que eu tenho uma queda por bons moços. Fui obrigada a lembrá-lo de que eu até gosto do conceito do "bom moço", mas que amo mesmo o meu "já não tão complicado" bad boy. Edu e eu nos importamos um com o outro e sempre seremos amigos, mas ele tem sua família agora e eu não consigo imaginar a minha vida com qualquer outro que não seja o meu marido.
Sobre as pessoas que amo:
Malu descobriu que teve endometriose, um problema cada vez mais comum para as mulheres modernas que não tem um monte de filhos como antigamente, e que isso a impedia de engravidar de novo. A gravidez do bebê que ela perdeu, segundo os médicos, por si só foi um pequeno milagre. Ela fez o tratamento e há pouco tempo recebeu a notícia de que está pronta para aumentar a família. O que me deixou feliz foi que, enquanto não podia engravidar, ela decidiu voltar a estudar e se matriculou em um curso de Pedagogia. Sempre achei que ela daria uma ótima professora porque é durona e ao mesmo tempo carinhosa com as crianças. Tenho certeza de que seu lado mãezona a ajudará muito na carreira.
Bia tem agora sete anos e está cada dia mais bonita. Seu cabelo é mais claro que o da mãe e ela é naturalmente séria, embora se solte mais quando está com Vítor. Os dois são inseparáveis, tanto que, às vezes, eu e Malu cogitamos a possibilidade de algum dia eles se apaixonarem. Apesar de alimentarmos secretamente esse desejo, é óbvio que não iremos interferir. A essa altura de nossas vidas, conhecemos bastante de amor para sabermos que ele precisa de liberdade para acontecer. Se tiver que ser, será. Deixemos que o tempo nos diga onde cada um irá encontrar a felicidade.
Ricardo está namorando com Gisele desde o início do ano. Eles são bem reservados, mas é possível perceber como estão felizes e acho que logo teremos outro casamento na família.
Melinda está bem. Claro que ela não esqueceu Felipe, isso nunca vai acontecer, mas está sorrindo novamente e voltou a interagir com a família da mesma forma que antes. Prova disso é que continua se metendo na educação de Vítor e me deixando louca de vez em quando. O importante é que ela está feliz pela primeira vez em anos e sinto que isso tem muito, senão tudo a ver, com o fato de Marcos também estar. Depois do que Ricardo fez por Vítor, ela passou a aceitá-lo definitivamente como membro da família e o trata com o mesmo carinho que dispensa a todos nós. Para não quebrar a tradição, vez ou outra marca jantares na sua casa, e diferentemente do que costumava acontecer, não há mais tensões à mesa, silêncios prolongados ou olhares atravessados; pelo contrário, nós rimos, conversamos sobre muitas coisas e fazemos bastante barulho. Felipe sempre é lembrado, mas de um modo nostálgico e bom.
Vítor está cada dia maior e mais esperto, tem opiniões próprias e respostas para tudo. Com seis anos, está cheio de janelinhas e vive atrás do pai dele, importunando-o para levá-lo para praticar esportes. Ele gosta de experimentar: já fez judô, caratê, futebol, me acompanha de bicicleta quando corro no parque, e tem vários troféus que ganhou na natação. Tenho muito orgulho do meu garotinho e sei que, quando crescer, ele será o tipo de homem pelo qual uma mulher sabe que vale a pena lutar.
Ana Clara... nossa pequena Aninha, nasceu em setembro. Se Vítor se parece fisicamente comigo, ela é a cara do pai. Os homens da casa são megaprotetores e sei que ambos vão comer na palma da mão dela a vida toda. Seu parto foi um pouco mais longo e complicado que o de Vítor, e novamente Marcos segurou minha mão do início ao fim, sem nunca soltá-la. Graças a Deus deu tudo certo! Atualmente, ela está com três meses e é toda sorrisos para todo mundo. Fofa!
Quanto a Marcos, meu amado, imperfeito, e belo marido: Pela primeira vez, sinto que ele está com a alma leve. Depois do que aconteceu conosco, ele finalmente se deu conta do que estava abrindo mão e voltou atrás. Agora sei que ele sofria porque se punia por tudo que dera errado em sua vida. Ele carregou por muito tempo um peso que acreditava ser seu, e o escondeu sob uma fachada de revolta que afastava de si as pessoas que mais amava. É como dizem: a vida é a melhor escola. Fico feliz que ele tenha percebido que estava jogando nossa felicidade fora e tenha tomado a decisão consciente de recomeçar. Penso em tantas pessoas que não acordam a tempo de fazerem mudanças significativas em suas vidas e vivem para sempre reféns de seus traumas, e sei que tivemos sorte. Todos os dias ele me diz ao menos uma vez que me ama e sempre coloca a nossa família em primeiro lugar. Eu continuo tão apaixonada por ele como quando nos casamos, com a diferença de que agora estamos mais fortes e maduros para viver esse amor. Talvez eu escreva um novo diário, pois a partir de amanhã começará um novo ciclo. Independente de escrever ou não, posso me basear nos últimos dez anos para prever algumas coisas:
Nem tudo será fácil. Teremos problemas e precisaremos lidar com eles. Vamos rir bastante e teremos também nossa cota de lágrimas. Eu e Marcos trabalharemos todos os dias e muitas vezes nos sentiremos cansados e desmotivados, mas juntos superaremos nossas dificuldades. Brigaremos, é claro, e faremos as pazes em pequeno ou grande estilo. Nos amaremos, veremos nossos filhos crescerem, e acompanharemos de perto as vidas daqueles que amamos. Talvez tenhamos que passar momentos realmente difíceis, mas confiaremos em Deus para nos guiar nas intempéries.
Hoje é um dia muito especial, porque estamos fechando uma etapa de nossas vidas e nos abrindo para o futuro. Todos estão lá embaixo e daqui a pouco vou descer para abraçá-los e lhes desejar os melhores votos.
Que meus próximos cinco anos sejam repletos do que estou sentindo nesse momento: um amor enorme pela minha família, a sensação de dever cumprido, e a esperança de um futuro próspero e feliz para todos nós.
Com um suspiro de satisfação, Ângela fechou seu diário e contemplou o oceano por alguns minutos, até Vítor e Marcos entrarem no quarto e irem ao encontro dela e de Aninha, que dormia a seu lado no estofado da varanda.
— Viemos ver se está tudo bem com nossas princesas — disse Marcos, inclinando-se para beijar a esposa.
— Não, papai, a mamãe é a rainha e a Clarinha é a princesa — disse Vítor, acariciando o rosto da irmã adormecida. Desde o nascimento dela, ele havia se tornado superprotetor, tanto que dava palpite em tudo relacionado a ela e era o único que a chamava de Clarinha, enquanto os outros a chamavam de Ana Clara ou Aninha.
— E você é o meu príncipe lindo — disse Ângela, beijando o rosto corado do filho, que aproveitou o fato de a irmã estar dormindo para pular no colo da mãe.
— Olha só o que temos aqui — Marcos disse ao se sentar ao lado da esposa e pegar seu diário. — O que escreveu sobre mim dessa vez?
— Você quer ler? — Ângela perguntou, dando permissão para que ele visse o que acabara de escrever. Para sua surpresa, ele não o abriu.
— Assim, com você oferecendo, não tem graça. Além disso, gosto de pensar que não preciso mais ler seu diário para saber como se sente.
— É mesmo, sabichão? E como é que eu me sinto?
— Com um marido incrível como eu, você só pode estar feliz!
Ângela revirou os olhos e prendeu o riso. Marcos levou uma mão às suas costas e se aproximou um pouco mais para sussurrar em seu ouvido:
— E se o que sentir por mim corresponder à metade do que o que eu sinto por você, serei o homem mais feliz do mundo. Porque você é tudo para mim.
— Adivinha? — Ângela o provocou com um sorriso terno e o beijou, depois se levantou com o filho. — É melhor irmos agora. Está quase na hora dos fogos.
O casal desceu com os filhos e se reuniu com o restante da família em volta da piscina. Ricardo e Gisele estavam claramente apaixonados e não se desgrudavam, mostrando uma faceta de seu relacionamento que não deixavam transparecer no dia a dia da empresa. Melinda, como sempre impecavelmente vestida, não se cansava de mimar a neta e reclamou com Ângela por ter demorado tanto para descer com ela. Vítor começara a correr com Bia pelo jardim, e apesar de não tirar os olhos deles, Malu se encontrava relaxada e conversava com Carlos sobre as aulas que iria iniciar como professora substituta, enquanto ainda estudava Pedagogia.
Quando o relógio marcou meia-noite, todos brindaram pelo ano feliz que se despedia. Também brindaram pelo novo ano que se iniciava, e por tudo de bom que ele traria às suas vidas.
Horas depois, Ângela estava de pé na varanda, sozinha e em paz. Contemplava o oceano quando se viu envolvida pelos braços do marido.
— Por que está aqui? Senti sua falta na cama — ele disse com a voz sonolenta.
— Já estou indo. Só estava, você sabe... pensando.
— Em quê?
— Em nós dois. No passado, mas, sobretudo, no futuro — respondeu, virando-se para ficar frente a frente com ele.
Marcos sorriu e acariciou as costas da esposa com carinho, antes de perguntar:
— E o que imagina para o nosso futuro?
Ângela refletiu por alguns segundos e respondeu, olhando-o nos olhos:
— A vida.
— Simples e profundo. Gostei!
— Pois é isso mesmo — ela defendeu. — O que imagino para nós é a vida em toda a sua complexidade. Muita coisa pode acontecer, mas se nos mantivermos fiéis a tudo aquilo que nos importa e não esquecermos nunca de valorizar o que temos, tenho certeza de que nos sairemos bem. Eu sou muito feliz por ter você e nossos filhos ao meu lado porque, sem amor, não há muito pelo que lutar. E a minha vida é cercada de amor.
— Se não fosse esse amor, sabe Deus como estaríamos hoje depois de tudo o que eu fiz — lamentou ele.
— Pare de se culpar — Ângela pediu, tocando o cabelo escuro do marido sem deixar de olhá-lo nos olhos. — Nós nos magoamos, é verdade, mas nos amamos na dificuldade e isso salvou o nosso casamento. Se tivéssemos atendido ao impulso e abandonado o navio quando a coisa apertou, não estaríamos aqui hoje. Tudo o que nos magoou no passado, fortaleceu o nosso amor. Sem dificuldades, não podemos valorizar aquilo que temos.
— É verdade. — Marcos estreitou ainda mais a distância que os afastava, colando seus corpos. — Eu costumava achar que tinha todas as respostas e que sabia para onde estava indo. Hoje, fico feliz de não saber. Nem consigo responder à pergunta que te fiz no passado: Onde me imagino daqui a cinco anos? A verdade é que não tenho a menor ideia de onde estarei. O que eu sei, com toda certeza, é que vou continuar te amando como eu amo agora, e assim será durante toda a nossa vida.
Experimentando a felicidade de amar imensamente e ser amada na mesma medida, Ângela sorriu sem poder evitar as lágrimas que se avolumavam em seus olhos. E quando Marcos a tomou nos braços e se inclinou para beijá-la, sussurrou:
— Eu também vou te amar. Daqui a cinco anos e para todo o sempre!
FIM
Ainnnnnnn! Tem um olho na minha lágrima. Fui revisar o capítulo e chorei de amor. Foram dez anos da vida desse casal que eu amo tanto. Dez anos de desafios, perdas e ganhos, vitórias e derrotas, como é de fato a vida.
Curiosamente, faz dez anos que convivo com eles, porque iniciei o Cinco Anos em 2009. Quantas lágrimas, sorrisos, raiva, e amor eu vivi com eles, e quanta gente legal eu conheci pessoalmente ou pela internet através deles. Vocês fazem parte desse time!
Vou parar, porque estou ficando muito emotiva kkkkk
Espero que vocês tenham gostado do livro e que apesar dos capítulos mais difíceis, a história como um todo tenha valido a pena e deixado um sorriso em seus rostinhos lindos.
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Como adquirir o livro?
O livro encontra-se à venda na Amazon. Para encontrá-lo, procure por: Cinco anos os desafios (pois a amazon não mostra se procurar pelo nome da autora, aparece só primeiro, não sei porquê).
Também tenho a versão impressa (linda, folhas amarelinhas, diagramação perfeita), mas no momento ela está esgotada e só tenho do primeiro livro.
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Não vamos perder o contato. Se ainda não me seguem aqui, sigam para ficar sabendo sempre que eu postar uma nova história.
Quem quiser participar do meu grupo no facebook, ficarei muito feliz também. O grupo tá um pouco parado, confesso, mas pretendo reanimá-lo e ir soltando uns spoilers da história nova por lá. O nome do grupo é Autora Cristiane Broca.
A rede social que eu mais uso é o Instagram. Lá posto sobre as minhas leituras, bobeiras, escritos, filho, cachorro... kkk É cristianebroca
E se quiserem ter acesso às minhas outras redes, informações sobre minhas obras e textos que escrevo, entrem no meu site: www.cristianebroca.com.br
Um grande beijo e até a próxima!!!
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