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Capítulo 16


Na madrugada de terça-feira, Marcos foi acordado pelo barulho do telefone. Com o aparelho do quarto desativado por causa daquele tipo de ligação fora de hora, arrastou os pés até a sala imaginando quem estaria ligando e refletindo sobre qual seria a sua reação quando ouvisse a voz do outro lado da linha. Se fosse Ângela, algo poderia ter acontecido com Malu, o que seria péssimo. Se fosse alguém do trabalho, era bom ser muito, mas muito importante mesmo, porque viajaria no dia seguinte e precisava descansar. Se fosse trote, engano, ou qualquer outra coisa, mandaria a pessoa se ferrar, na melhor das hipóteses.

Com a sala na penumbra, banhada apenas pelo reflexo da lua que invadia o cômodo por uma fresta na cortina, o jornalista dirigiu-se ao telefone e deu uma topada com o dedo mindinho em uma das mesas que compunham a sala de estar.

― Droga! ― praguejou, quase desistindo de atender a ligação por achar que acabaria sendo mal-educado de qualquer forma, independente de quem fosse. O telefone tocou novamente e, respirando fundo o atendeu.

― O que é? — perguntou de modo grosseiro. Ninguém respondeu. ― Alô! ― tentou novamente. A pessoa do outro lado continuou em silêncio. Ele ouvia uma respiração, mas ninguém dizia nada. ― Escuta aqui, engraçadinho, você tem cinco segundos antes de eu desligar o telefone, então é bom que seja importante!

― Sou eu ― sussurrou uma voz feminina. Marcos ainda se encontrava entorpecido pelo sono e levou alguns instantes para reconhecer parcialmente a dona daquela voz.

― Mãe? ― perguntou na defensiva, sem saber ao certo se era mesmo ela.

― Sim ― confirmou Melinda. A voz continuava baixa e estranha, mas ele conseguiu ouvi-la melhor e ficou alerta.

― Por que está me ligando a essa hora? Aconteceu alguma coisa?

Silêncio.

― Mãe? ― insistiu.

― Aconteceu ― Melinda disse com clareza.

Marcos ficou apreensivo e sentiu o coração acelerar. ― Com quem? ― perguntou, tentando aliviar parte do cenário desastroso que se passava em sua mente com todas as pessoas que amava. Assim que soubesse o "Quem?", se concentraria nas outras perguntas: "O quê?", "Quando?", "Onde?" e "Por quê?".

― Seu pai ― disse Melinda, fazendo o sangue do jornalista congelar nas veias. O alívio que ele esperava não aconteceu.

― O quê? ― perguntou ansioso, e quando a resposta não veio, ofegou e repetiu: ― O que aconteceu com ele?

― Marcos... Seu pai... acabou de falecer!

***

Surreal foi a sensação de Marcos ao entrar no velório do pai, horas depois de ter recebido aquela ligação. Todo o sentimentalismo, os pensamentos distantes, aquela conversa misteriosa... de repente faziam sentido. Felipe tivera que fazer uma cirurgia de risco que não podia mais ser adiada e não sobreviveu. Segundo Melinda, ele havia enfartado no ano anterior e isso lhe trouxe complicações, entre elas, uma insuficiência cardíaca que só poderia ser resolvida através de operação. Os médicos haviam recomendado que ele operasse antes do Ano Novo, mas ele preferiu esperar e correr o risco, sabendo que poderia morrer a qualquer momento ou, na melhor das hipóteses, ter seu quadro agravado. Melinda sabia de tudo o tempo todo. Segundo ela, Felipe a fizera prometer que não contaria nada a ninguém e que eles levariam a vida normalmente enquanto ele resolvia assuntos imediatos que necessitavam de sua atenção. Sempre que tocava no assunto ele dizia que se fosse para operar e morrer, um risco real e bem grande, preferia esperar um pouco mais. De alguma forma, ele sabia o que iria acontecer, Marcos não tinha dúvidas. A última conversa que tiveram estava viva em sua mente, assim como o sorriso e a forma como ele o olhava, às vezes com orgulho e outras vezes com culpa.

Uma culpa que tinha ajudado a alimentar ao longo de todos aqueles anos. Naquele momento, no entanto, Marcos não sentia arrependimento. Também não sentia a tristeza profunda que pensara que sentiria quando tivesse que passar por aquilo. Suas emoções estavam adormecidas e a sensação que tinha era a de estar em um sonho ruim, como se suas pernas o tivessem levado até ali de forma automática e já não comandasse o próprio corpo.

Havia muita gente naquele espaço ornado com belas coroas de flores, demonstrando como o empresário era querido. Eram funcionários da Essence, parceiros de negócios, conhecidos e amigos íntimos que disputavam espaço para se aproximar do caixão e abraçar Ricardo. O professor, visivelmente emocionado, recebia o carinho de todos sem hesitar ou disfarçar a dor que estava sentindo.

Aos poucos as pessoas começaram a notar Marcos, porém, exceto alguns amigos do jornal, ninguém ousava se aproximar para abraçá-lo e lhe dizer que lamentava a sua perda. Não era segredo para ninguém que o jornalista famoso era filho do empresário, assim como não era segredo que eles haviam ficado anos sem se falar. Ricardo, ao contrário, sempre tivera uma boa relação com o pai, frequentara a empresa, os círculos de amizades dele, e desabafava seus sentimentos naturalmente, dando aos outros a oportunidade de se aproximarem e prestarem suas condolências.

Para Marcos, que não esboçava nenhuma emoção, sobrava apenas curiosidade, especulação, e alguns acenos de pesar.

Ricardo viu o meio-irmão durante uma folga nos abraços e foi até ele.

Frente a frente, os dois se estudaram por um momento desconfortável até que, após um pequeno gesto de reconhecimento de ambos, Ricardo tomou a iniciativa e eles se abraçaram. O abraço durou pouco e não passou de um pequeno gesto entre dois irmãos que não se conheciam muito bem, mas entendiam ao menos parte do que o outro estava sentindo. Quando acabou, eles se olharam constrangidos. Marcos desviou os olhos para o chão, e como ele não parecia disposto a atravessar a multidão para ir até onde estava o corpo do pai, Ricardo o chamou:

— Vem comigo.

Todos observaram o jornalista se aproximar do caixão e se prepararam para assistir a um show fúnebre que não aconteceu. Eles haviam visto o sofrimento de Ricardo e esperavam ver o seu, mas ele se negou a dar a eles o que pediam e permaneceu em seu estado silencioso de torpor. Ricardo o deixou sozinho para que tivesse privacidade e ele apreciou o gesto, porque desde que pusera os pés ali estava se sentindo como um intruso no velório do próprio pai. Olhando para o corpo dele, tentava entender o sentido daquilo tudo: a doença, o segredo, seus últimos momentos juntos... Não chorou, não esboçou uma feição distorcida de tristeza, e cinco minutos depois de chegar ali, afastou-se em silêncio e retornou para o fundo do salão.

Melinda só apareceu na hora do almoço. Ela havia cuidado de todos os preparativos durante a madrugada, mas demorou a sair de casa sabendo que aquela seria a última vez que veria o marido. Adepta à filosofia: "Se for sofrer, que sofra linda!", usava um belo e sóbrio vestido preto, meia calça escura, salto agulha e óculos Prada. Sua maquiagem era suave, com exceção do bom e velho batom vermelho. Marcos sabia que devia estar furioso por ela ter compactuado com o segredo do pai, mas, ao vê-la, não conseguiu pensar em outra coisa que não fosse confortá-la.

De mãos dadas, mãe e filho caminharam até o caixão. Ricardo deu os pêsames a Melinda e se afastou novamente, como fizera mais cedo.

Melinda ficou calada, o olhar preso ao rosto do homem que amava há quarenta anos e que havia perdido novamente. Ninguém podia saber pelo seu rosto o quanto estava sofrendo, a não ser que prestasse atenção em seus olhos; estes estavam carregados de dor e perda. Uma única lágrima caiu de um deles antes que ela pusesse as mãos nas de Felipe, beijasse seu rosto e lhe dissesse "Adeus".

― Vamos lá fora um pouco ― pediu ao filho enquanto se afastavam. Os dois saíram para o dia quente e ensolarado de São Paulo e se encostaram a uma parede próxima à entrada do velório.

Por alguns minutos ninguém disse nada. Durante esse período eles se limitavam a olhar para o nada e, ocasionalmente, um para o outro.

Melinda acendeu um cigarro, coisa que não fazia há vinte anos, e antes que fosse repreendida, lançou um olhar para o filho que o desafiava a dizer qualquer coisa.

― Se eu não recair hoje, não recaio nunca mais. E não me olhe assim, você sabe que eu tenho o direito de enlouquecer um pouco depois do que aconteceu.

― Sim, eu sei ― Marcos assentiu.

Melinda tragou profundamente, inundando-se com a fumaça forte e sentindo o peito queimar, rejeitando o que lhe era oferecido. Soltou a fumaça devagar, tossiu duas vezes, e buscou os olhos escuros do filho, tão parecidos com os de seu pai.

― Por que a Ângela não está aqui?

Marcos olhou para o outro lado e deu de ombros.

― Ainda não contei para ela.

― Por quê? ― insistiu Melinda, e como não obteve resposta, suspirou. ― Marcos, ela é sua mulher! O lugar dela é aqui, do seu lado!

― Ela também é a mãe do meu filho, portanto, o lugar dela é com ele. Aqui não é ambiente para crianças; mais tarde eu ligo e conto o que aconteceu.

Melinda quis discutir, mas sabia que não iria adiantar. Atirou o cigarro ainda novo no chão e pisou nele para apagá-lo com a ponta do sapato.

― Quer saber, eu já vou ― afirmou, alisando o vestido para ir embora.

― O quê? Você não vai ficar?

― Não tem nada aqui para mim, e depois, me sentirei horrível de qualquer jeito, então não faz diferença estar aqui ou em casa. ― Apertou o ombro dele e olhou fundo em seus olhos. ― Ligue para a sua mulher e não faça nenhuma estupidez. Eu te amo, filho!

Marcos apertou os lábios e a observou partir. Refletindo, chegou à conclusão de que havia herdado da mãe, entre tantas outras coisas, a maneira de lidar com as emoções. Ela estava destroçada por dentro, mesmo assim, não tinha um fio de cabelo fora do lugar e não se permitia ficar ali, chorar e extravasar como uma pessoa normal.

***

As horas passavam e o desconforto de Marcos aumentava cada vez mais. A cada dez minutos ele pegava o celular, selecionava o número da esposa, e antes que apertasse o botão de ligar, desistia. No fundo sabia que o motivo de não conseguir ligar para ela era porque temia desmoronar na sua frente. Não queria falar com ninguém sobre o que estava acontecendo, nem ter que encarar seus sentimentos; ainda assim, o que mais desejava era que ela estivesse ali. Em meio a centenas de rostos, o único que queria ver era o dela. Pensava nisso quando a viu na porta de entrada, ofegante e agitada, procurando por ele. Soube naquele instante que Melinda havia ido embora para avisá-la e se oferecer para cuidar de Vítor enquanto ela ia atrás dele.

Ângela se destacava dos demais porque não usava preto, mas uma calça jeans desbotada, sandálias rasteiras, e a camiseta amarela do Bob Esponja. Seu cabelo estava preso num coque desgrenhado, e o rosto, apesar de corado, não tinha nada de maquiagem.

Para Marcos, foi como ver o sol em meio à escuridão. Ângela correu na sua direção, e quando se aproximou o bastante para ficar ao alcance das suas mãos, a abraçou com força, mostrando a todos que podia ser receptivo, desde que à pessoa certa.

― Estou aqui, querido! ― Ângela declarou em seu ouvido. — Você não está mais sozinho. — Com os olhos cheios de lágrimas, ela o beijou várias vezes sem se preocupar com as pessoas que os observavam. Suas lágrimas eram pelo sogro, mas também por ele, pelo que estava sentindo e não conseguia externar. Ela também havia passado por aquilo e o entendia, embora tivesse ficado magoada por ele não ter lhe telefonado. Eles podiam ser diferentes em muitas coisas, mas na dor eram iguais. — Obrigado por estar aqui — disse ele, envolvendo-a ainda mais em seus braços. — Eu preciso de você!

Ângela se afastou um pouco e buscou seus olhos.

— Eu não vou a lugar algum.


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Oi, amores! Alguém suspeitou que isso fosse acontecer? Me contem.

Apesar da sofrência, gostaria muito que vocês votassem no capítulo para que outros leitores possam encontrar o livro com mais facilidade. 

Essa semana como prometido teremos mais um capítulo.

Beijão!

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