Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1


Ano I

"Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria."

(1 Coríntios 13)

― Acorda, dorminhoco... ― Ângela sussurrou para o marido adormecido, deslizando a mão da base da sua coluna até a nuca, para os cabelos negros e espessos nos quais enroscou os dedos. Marcos gemeu baixinho, reconhecendo o toque, porém, se recusou a despertar. Aproximando-se mais, Ângela distribuiu beijos leves por seu ombro e subiu pelo pescoço, sussurrando em seu ouvido:

― Ei, preguiçoso, precisamos levantar.

Marcos resmungou algo incompreensível em protesto e continuou com os olhos fechados.

― Se não acordar logo, terei que chamar o Ricardão para ocupar o seu lugar na nossa lua de mel — disse ela, sacudindo-o de leve.

Marcos virou o corpo lentamente, esfregou os olhos e a encarou, arqueando uma sobrancelha de forma desafiadora.

― Duvido. Primeiro porque dificilmente ele terá o meu charme. E segundo, porque você não vive sem mim.

― Ah, é? Quem disse?

― Eu, com base no que declarou ontem na igreja, perante centenas de testemunhas ― respondeu, girando o corpo até ficar por cima dela.

― Convencido ― disse ela, revirando os olhos. ― Agora é sério, precisamos ir.

Marcos não pareceu ouvi-la. Em vez disso, soltou o peso do corpo sobre o dela.

― Sabia que você fica linda de manhã? — perguntou, analisando o rosto da esposa.

― Com o cabelo desgrenhado desse jeito? — Ângela franziu a testa. Não sabia como estava sua aparência, mas achava "linda" um pouco demais para a manhã posterior a uma noite tão longa. Mesmo que a noite em questão tivesse sido a mais feliz de toda a sua vida.

― Principalmente com o cabelo desgrenhado ― Marcos respondeu, beijando-a nos lábios e pescoço enquanto suas mãos iniciavam uma lenta exploração por seu corpo, passeando por suas curvas e fazendo-a estremecer a cada carícia.

— Querido... — sussurrou Ângela, quase perdendo a razão.

— Hum...

― Eu não quero ser chata, mas não temos tempo para isso. Precisamos pegar Vítor e partir daqui a poucas horas.

Marcos bufou e parou de beijá-la por alguns instantes.

― Fique quieta! Você agora é minha e tem que me obedecer.

Ângela riu, e antes que argumentasse qualquer coisa, foi calada por beijos mais urgentes e se deixou levar.

Afinal, tecnicamente, eles estavam em lua de mel.

***

Na casa de Melinda, mãe de Marcos, um almoço em família esperava pelos recém-casados. Na mesa montada debaixo de uma tenda no suntuoso jardim da mansão, localizada no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, os convidados conversavam animadamente enquanto o casal não chegava.

Da parte de Marcos, além da mãe havia Fabrício, seu melhor amigo e colega de profissão; seu pai, Felipe, com quem vinha tentando se relacionar após muitos anos de afastamento; e Ricardo, filho de Felipe com Samanta, sua antiga secretária. Ele aparentava ser um bom sujeito e Marcos o tratava bem quando eles se encontravam, mas a conversa entre os dois normalmente era curta, com poucos assuntos, e não ultrapassava o nível superficial.

Melhor assim, pensava o jornalista, que não acreditava que algum dia pudesse se tornar íntimo de alguém que indiretamente fora responsável pela ruína da sua família no passado. Aquilo eram águas passadas que haviam deixado marcas difíceis de serem apagadas. Nos últimos anos, Felipe e Melinda haviam se reconciliado e, embora mantivessem suas casas separadas, estavam sempre juntos e eram visivelmente apaixonados um pelo outro. Quanto a ele, no que dizia respeito a seu relacionamento com o pai, podia dizer que estavam tão bem quanto poderiam estar. Havia decidido perdoá-lo, mas ainda existia um abismo enorme entre eles.

Da parte de Ângela havia Malu, sua melhor amiga que sempre a apoiara, nos bons e maus momentos. Ela inclusive a incentivara, quando estava grávida, a ir para São Paulo viver com o pai do seu filho. Na época eles não estavam juntos e teimavam em lutar contra seus sentimentos, até que não foi mais possível e finalmente se entregaram ao amor que sentiam um pelo outro. Malu estava ao lado do esposo e a filha deles, Beatriz, brincava com Vítor nos fundos da casa.

Quando Marcos e Ângela chegaram, foram ovacionados por palmas, gritos de "Viva os noivos!" e assobios.

Com sorrisos e reverências, eles se aproximaram da mesa.

― Por que demoraram tanto? ― perguntou Melinda. ― Não vai me dizer que estavam... — ela não completou a frase, mas seu olhar, assim como o tom de sua voz, dizia tudo.

Ângela revirou os olhos, ignorando a brincadeira indiscreta, enquanto Marcos ria e arqueava as sobrancelhas de maneira sugestiva.

― Consumaram o casamento? — insistiu Melinda.

Marcos ignorou o puxão de advertência que recebeu no braço e respondeu:

― A noite toda!

― Marcos! ― Ângela disse entredentes, implorando com os olhos para que ele parasse.

Marcos apenas riu e emendou:

― Mas eu terei que devolvê-la hoje, porque ela mentiu para mim.

― Como assim? ― perguntou Fabrício, rindo do tom escarlate das bochechas de Ângela.

― Ela disse que era virgem.

Dessa vez, todos caíram na risada.

― A-há! Muito engraçado ― disse Ângela, tentando manter a pose apesar da vergonha. ― Onde Vítor está? ― perguntou a Malu, ignorando a sogra de propósito.

― Ele está lá atrás com a Bia, na piscina.

― Obrigada, Malu. Vamos buscá-los?

― Claro, vamos sim.

— Volte logo. — Marcos piscou para a esposa quando ela ameaçava sair, e sussurrou: — Sabe que eu não consigo manter minhas mãos longe de você por muito tempo.

Com os olhos semicerrados, Ângela virou as costas e saiu andando, sabendo que ele a olhava como sempre fazia quando conseguia irritá-la: com um misto de triunfo e desejo.

Marcos a acompanhou com os olhos por alguns segundos e se sentou no lugar indicado, próximo ao pai e de frente para o irmão. Melinda ergueu ligeiramente os ombros quando seus olhares se cruzaram, indicando que não era sua culpa a marcação dos lugares. Felipe estava se esforçando para se aproximar e tudo o que ela lhe pedia era que o deixasse tentar.

― Parece que a sua mulher ficou zangada com você ― Felipe comentou assim que Marcos olhou em sua direção.

― Ela é assim mesmo. Num instante está bravinha, no outro já esqueceu. Daqui a pouco eu resolvo isso. ― Marcos desviou os olhos para o irmão. ― E aí, tudo certo?

― Tudo ― respondeu Ricardo de forma impassível.

Os irmãos se estudaram por algum tempo, procurando traços parecidos um no outro. Enquanto Ricardo era mais magro, tinha olhos cor de mel e o cabelo curto e comportado, Marcos era forte, tinha olhos incrivelmente escuros e cabelo com mechas que terminavam na altura de sua nuca.

Qualquer um que fizesse um exame mais minucioso perceberia que eles eram parecidos o suficiente para serem vistos como irmãos. Ao mesmo tempo, eram tão diferentes em suas personalidades que seus laços sanguíneos poderiam passar facilmente despercebidos pelos mais desatentos.

― O que tem feito ultimamente? ― perguntou o jornalista após a análise inicial. ― Ainda dá aulas de Geografia para a criançada?

― Na verdade, é História, e para o ensino médio ― corrigiu Ricardo. ― Atualmente leciono em três escolas diferentes.

― Deve ser um inferno! ― interveio Fabrício, e Marcos se esforçou para não rir da incapacidade do amigo de falar sério, mesmo quando conversava com um quase desconhecido.

Ricardo não se incomodou e riu modestamente.

― Não é muito fácil gerenciar toda aquela energia enquanto tento ensiná-los, mas gosto do que faço e isso facilita um pouco as coisas.

A mesa toda acompanhava a dinâmica daquele diálogo, e sentindo que era a sua vez de puxar assunto, Ricardo voltou os olhos novamente para Marcos.

― E você? Alguma grande reportagem em mente?

― Algumas, mas no momento deixei tudo de lado para curtir umas férias com a minha família. Depois de um tempo devo retomar a correria.

― Não da forma como era antes, espero ― Felipe interveio, dizendo-lhe nas entrelinhas para priorizar a família ao invés da carreira.

Legal, como se alguma vez você tivesse feito isso, pensou Marcos, lançando um olhar frio na direção do pai.

― Isso é algo que eu e minha mulher resolveremos juntos ― respondeu, enfatizando o sujeito da frase para que o pai entendesse que não fazia parte da sua vida ou das decisões que tomasse em relação a ela.

― Certo. ― Felipe assentiu com a cabeça, apertando os lábios em uma linha fina e desviando o olhar. Em momentos como aquele chegava a pensar que Marcos nunca iria perdoá-lo de verdade, nem permitir que exercesse novamente sua função de pai.

Um silêncio tenso se apoderou da mesa e Melinda desejou que Ângela e Malu voltassem logo com as crianças para que Vítor quebrasse o gelo entre o pai e o avô.

Perto dali as amigas contornavam a mansão para chegar até a piscina infantil que Melinda mandara construir especialmente para o neto.

― A sua sogra e o seu marido adoram te constranger ― disse Malu, prendendo o riso.

― Pior é quando eles se unem para pegar no meu pé, como agora ― comentou, sacudindo a cabeça com um sorriso contido.

Malu inclinou o pescoço e admirou a mansão.

― Nem acredito que dormi aqui. Quero dizer, quando eu ia imaginar que um dia teria acesso a uma casa como esta? Achei que só as veria em novelas ― divagou.

― Para ser sincera, não me sinto muito à vontade aqui. Prefiro o nosso apartamento. Lá é lindo, mas não temos empregados, nem essa frescura de etiqueta para tudo. Nada contra, mas isso é coisa de gente rica que sempre foi rica, não é muito prático. E para ser sincera, estou um pouco assustada por ter passado oficialmente para esse grupo tão distante da realidade em que cresci. Fico imaginando os micos que vou pagar na frente do Marcos. Tenho medo de fazê-lo passar tanta vergonha que ele acabe se cansando de mim.

― Isso nunca vai acontecer ― disse Malu, tocando o ombro da amiga de forma confortadora. ― Não vê o jeito que ele olha para você? Não tente ser alguém diferente porque ele te ama assim, do jeito que é. Como eu.

Ângela sorriu e enganchou o braço no da amiga como fazia quando elas eram adolescentes.

― Eu também te amo do jeito que é, sua mandona. Mesmo com todas as broncas.

Malu riu porque sabia que era verdade. Sempre fora a responsável que cuidava de tudo, a mais pé no chão, e aquela que distribuía broncas com a mesma facilidade com que respirava. Especialmente quando se tratava de Ângela.

Elas tiveram que convencer os filhos a saírem da piscina com a ajuda de Juliana, uma empregada morena de meia-idade em quem Melinda confiava o suficiente para cuidar do neto. Voltaram para a mesa alguns minutos mais tarde e o almoço foi servido.

Como Melinda suspeitara, Vítor ajudou a quebrar a tensão entre Marcos, Ricardo e Felipe. Ativo, ele conversava e brincava e todos cuidavam de entretê-lo para que comesse alguma coisa. Marcos o observava e relembrava como ele havia surgido em sua vida. De um encontro não planejado com uma garota linda, mas que não pertencia ao seu mundo, se tornara pai daquele garotinho esperto e com os olhos mais brilhantes que já tinha visto. Sempre que voltava de viagem, com o peito queimando de saudade, o encontrava maior e mais esperto. Viajar nunca havia sido tão difícil, e apesar de ter se irritado com o comentário do pai, admitia que ele estava certo e que precisava dar prioridade à sua família. Não se tratava apenas da coisa certa a se fazer, mas do que queria para a sua vida. Desejava ver seu garotinho crescer e cuidar dele e da mãe dele para sempre. Sabia que em algum tempo teria que voltar ao ritmo de antes, mas adiaria aquilo o quanto pudesse.

Como Marcos dissera que aconteceria, Ângela havia esquecido que estava zangada. Ela nem teria se zangado se não fosse a presença de Ricardo. Não conhecia bem o irmão de Marcos para ouvir piadas a respeito de sua vida sexual na frente dele sem se sentir constrangida. Vendo-o desconfortável, chegou à conclusão de que ele estava ali somente para agradar o pai, o que a fez pensar em seu próprio pai e em como costumava fazer tudo por ele. Talvez Ricardo não fosse doido o suficiente para pular as grades de um asilo como ela havia feito no passado, mas ele dava a impressão de ser um homem íntegro e devotado à família, qualidades que admirava.

Você também é assim, pensou, sorrindo para o marido que acabara de se sujar de molho ao tentar alimentar o filho inquieto. Apenas demorou um pouco para descobrir.

Após o almoço, o casal se despediu de todos e embarcou com o filho em um voo com destino ao Rio Grande do Sul.

Apavorada, Ângela se agarrou ao assento do avião enquanto este percorria a pista, preparando-se para decolar. Ao olhar para Marcos, notou que ele sorria.

— Deve ser muito divertido para você — declarou, fechando a expressão.

— O quê? — Marcos a olhou, alargando o sorriso.

— Estar casado com uma caipira que nunca sequer viajou de avião. Quer dizer, quantas coisas você já viu e experimentou? Para mim tudo é novidade...

Marcos se aproximou e a beijou no rosto com carinho, antes de pegar sua mão e sussurrar em seu ouvido:

— Você é minha novidade.


--------

Boa noite, pessoal! Demorei, mas cheguei.

Comentem se gostaram do primeiro capítulo. Com o tempo que demorou para esses dois se entenderem, eles mereciam começar o livro novo com muito amor, certo?

Se conhece alguém que imagina que vá gostar da história, convide para ler também.





Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro