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Capítulo 32



Ângela comprou um vestido longo, preto e de alças finas. Enquanto se arrumava, Marcos pegou Vitor e o levou para a casa da avó.

Melinda gostou de passar a noite com o neto. Ela o amava muito e vivia tendo que se controlar para dar a seus pais o espaço necessário para cuidarem dele sozinhos. Ela sabia o que estava acontecendo e torcia para que Marcos e Ângela se acertassem, apesar de suas dificuldades. Ainda implicava com a nora por pura diversão, mas no fundo sentia-se grata a ela por ter proporcionado tanta alegria à sua vida, e a de seu filho. Ângela sabia que a sogra gostava dela, e que a sua implicância era uma forma genética, herdada por Marcos, de demonstrar afeto. Normalmente se divertia tanto com suas brigas quanto ela.

Marcos voltou para pegá-la, e quando eles saíram, ambos usavam aliança.

— O Vitor chorou? — Ela perguntou.

— Relaxe, ele está ótimo — disse Marcos. — Vamos nos esquecer só um pouquinho dele e tentar nos divertir esta noite. Certo?

— Certo — ela respondeu tensa, e forçou um sorriso.

Marcos a levou ao teatro e ela se encantou. O clima tenso foi suavizado, pois lá ela não precisava olhar nos olhos dele e sua mente foi rapidamente capturada pelos atores e cenários da peça. No fim do espetáculo ela chorou, e como um bom cavalheiro ele ofereceu seu lenço para que ela secasse suas lágrimas.

— Duvido que você tenha acesso a isso no interior — ele provocou, e ela riu.

Após o teatro ele a levou para jantar em um elegante restaurante que ficava na cobertura de um edifício e que tinha uma das vistas mais belas de São Paulo. Assim como em sua primeira noite na cidade, ela se encantou com a beleza das luzes noturnas daquela metrópole.

O jantar refinado não a ajudou a relaxar. A cada minuto ficava mais difícil evitar aqueles olhos que, com as luzes da cidade à volta, pareciam maiores, e mais intensos do que nunca. Sua garganta estava com aquele conhecido nó e ela se perguntava se ele estaria percebendo o que estava sentindo.

Mas como ele pode perceber algo que nem sei o que é?

Em todos aqueles meses ela havia pensado neles como amigos, e cada olhar diferente, cada toque que mexia com ela, era interpretado como carência. Mesmo quando seu coração acelerava após vê-lo sem camisa ou quando ele a abraçava e levava seu rosto até o peito, o que sentia, disfarçava, dizendo a si mesma que não estava apaixonada, que estava apenas misturando as coisas por estar sozinha, e muito próxima a ele.

Olhando as luzes já não tinha tanta certeza, e pensava no que Malu havia lhe perguntado no dia anterior: se estava incomodada pela aliança não significar nada para ele ou pelo que significava para ela.

Após um tempo viajando em pensamentos, ela saiu do transe, olhou diretamente nos olhos dele e congelou. Ele olhava para ela como nunca havia olhado antes, com o corpo todo, como se cada célula sua estivesse concentrada ali naquela mesa. Ela não foi capaz de sustentar aquele olhar e abaixou a cabeça.

— Precisamos conversar — disse Marcos, fazendo-a levantar novamente os olhos. — O que aconteceu no outro dia? — perguntou diretamente.

— Que dia? — Ela se fez de rogada para ganhar tempo.

— O dia em que eu comprei as alianças.

— Eu... não sei — ela respondeu com sinceridade, erguendo os ombros e meneando levemente a cabeça.

— Por que você se chateou? — ele insistiu.

— Não sei, é que você me pegou desprevenida e eu fiquei nervosa.

Aquela parte ele já sabia.

— Quero me desculpar pela forma como me expressei naquela noite — disse ele. — Eu não quis dizer aquilo e fiquei com a impressão de que você achou que eu estava falando de você.

— Foi por aí mesmo — ela confirmou olhando para as unhas, evitando os olhos dele.

— Preciso que saiba que não é verdade. Você é a mãe do meu filho, minha melhor amiga e significa muito para mim — ele fez uma pausa. — Você é a mulher mais importante da minha vida.

— Se sua mãe ouvir isso, ela me mata — Ângela brincou para aplacar a tensão. Sentia que a qualquer momento iria chorar e não estava se reconhecendo. De tudo o que ele dissera, a palavra que mais marcou foi "amiga". Ela era apenas a grande amiga, nada mais.

— Você entendeu o que eu quis dizer — ele afirmou inclinando a cabeça com um leve sorriso, que logo desapareceu. — Eu nunca abri tanto espaço em minha vida para mulher nenhuma, sabe disso. Você me conhece e sabe o que penso. Eu jamais faria qualquer coisa para te magoar.

Ela ficou em silêncio um instante, tentando digerir o que tinha ouvido. Até o momento ele havia dito que ela era amiga, que se importava com ela, e que não queria que ela pensasse que não significava nada para ele pelo que dissera sobre a aliança. O que ele não explicou é por que dissera aquilo, mas não precisou, pois ela sabia. Para ele a aliança não era importante e não fazia diferença usá-la ou não, contanto que eles permanecessem amigos.

Droga, por que estou tão incomodada? Não foi sempre assim?

— Eu entendo Marcos. Você não fez nada de errado, eu é que fui estúpida e interpretei mal as coisas. Foi tudo um grande mal-entendido.

Ela também não disse o real motivo de estar chateada, e ele também se incomodou. Eles falavam, mas não diziam nada.

O silêncio que se seguiu foi desconfortável. O clima da noite de verão era agradável, assim como o ambiente do restaurante e os casais em volta. Somente ali, naquela mesa, o ar não circulava. Os dois sabiam o que estava errado, mas continuavam a lutar contra seus sentimentos.

— Eu sinto muito — Marcos afirmou sem emoção.

— Eu também — disse ela. — Vamos colocar uma pedra no assunto e seguir em frente, certo?

— Certo — ele assentiu, e ela não entendeu a mágoa que leu em seus olhos.

Se eles fossem um daqueles casais românticos à sua volta, não estariam com as mentes tão conectadas. Tanto um quanto o outro só pensava no necessário rompimento que os libertaria. Ele tentava se animar com aquilo, como uma forma de eles continuarem a ter o que tinham, mas a uma distância segura um do outro. Ela também não queria perdê-lo, e só de imaginá-lo nas colunas de fofoca com beldades como Nicole sentia o sangue ferver. Queria o afastamento para que as coisas fossem como antes, mas temia que jamais voltassem a ser.

— Acho melhor irmos embora — ela disse após um tempo. — Vítor me acordou às 5 hoje e estou cansada.

— Tudo bem — ele respondeu, fazendo sinal para o garçom fechar a conta.

Eles desceram sozinhos no elevador e o tempo pareceu não passar. Ao se aproximarem do carro, na tentativa de melhorar as coisas, ele deu as chaves na mão dela.

— O que...

— Já está na hora de você ganhar a cidade grande.

— Eu não me sinto confiante para dirigir aqui.

— Então dirija para ganhar confiança. Vamos, eu não serei seu chofer para a vida toda.

Aquelas palavras a magoaram tanto quanto as outras, e ela entrou no carro lutando para manter o controle e prestar atenção no que estava fazendo. Então é isso, ele quer se ver longe de mim, pensou aborrecida, enquanto ligava o veículo.

— Não está se esquecendo de nada? — Marcos perguntou com um sorriso provocativo.

Ela olhou em volta, deu de ombros, e quis morrer quando o viu soltar o freio de mão, alargando o sorriso.

— Ah, isso! — comentou irritada. Não estava enxergando nada direito e pensou em desistir e passar a direção para ele. Só não o fez porque sentia que iria chorar ali mesmo se não se ocupasse de alguma coisa. A cidade já estava enfeitada para o Natal e aquele clima de amor não a ajudava a permanecer forte e segura de si. A única ajuda vinha da própria tensão de dirigir em São Paulo, pois a obrigava a se concentrar e a impossibilitava de olhar para ele. Em alguns momentos era como se ela estivesse sozinha com o turbilhão de sua mente. Tais momentos eram cortados pela voz dele indicando o caminho.

Por mais que quisesse, Marcos não conseguia parar de olhar para ela. Ângela estava linda e séria, e a cada momento ficava mais claro que ela sentia algo por ele. Sentada, a fenda do vestido deixava sua perna direita à mostra, e cada vez que olhava para ela ele sentia um calor familiar percorrer todo o seu o corpo.

Droga, o que está havendo comigo, pensou, desviando os olhos por alguns segundos. Logo depois tornou a olhar para ela e soltou um longo suspiro resignado.

Ao estacionar, Ângela soltou de uma vez o ar que estava prendendo no peito. Quando recuperou a força nas pernas, saiu do carro e entregou as chaves a ele. Desejava estar logo em sua cama, mesmo tendo a certeza de que não pregaria os olhos naquela noite.

Eles entraram no segundo elevador sufocante da noite e novamente não trocaram uma só palavra. Marcos tentava não olhar para ela. Àquela altura, todos os músculos do seu corpo doíam, tamanha tensão física e mental em que se encontrava. Ângela se sentia de forma parecida. Lutava contra as lágrimas de frustração e não conseguia achar nada em sua mente que explicasse suas reações durante a noite, nem mesmo uma TPM daquelas.

Ao chegarem ao apartamento ela entrou na frente e foi direto para a cozinha. Seu peito estava apertado e ela queria se livrar do vestido. Decidiu que faria aquilo rápido e se afundaria na banheira de água fria. Quem sabe conseguisse esfriar seus pensamentos também.

Enquanto pegava a jarra de água na geladeira, Marcos a alcançou.

— Você quer alguma coisa? — ela perguntou, pegando um copo para se servir.

— Água — ele pediu. — Bem gelada — enfatizou.

Ângela pousou seu copo no balcão e pegou um para ele. Seus olhos se encontraram e ela desviou a atenção para a água, que despejava como se estivesse fazendo algo altamente complexo e meticuloso. Vê-la tão nervosa mexeu com ele.

— Merda! — ela praguejou quando a água transbordou, pensando se poderia ser mais patética, vacilando daquele jeito. Ele deve estar com pena de mim, pensou, virando-se para pegar um pano e secar o chão.

Marcos sentiu algo bem diferente de pena, uma vontade enorme de agarrá-la ali mesmo e beijá-la até lhe tirar o ar. Ela secou o chão de qualquer jeito e finalmente entregou o copo a ele, desejando que se afastasse. O apartamento era tão grande e lá estava ela, presa com ele no único espaço pequeno, e que diante daquela tensão parecia claustrofóbico.

Decidida a se afastar, Ângela entornou sua água de uma vez e derramou parte do líquido em seu colo, atraindo o olhar de Marcos para aquela região.

Meu Deus!, eles pensaram ao mesmo tempo.

O que está acontecendo aqui, ela se perguntou. Onde foi parar a naturalidade desse relacionamento? Poucos dias antes os dois eram amigos que tiravam sarro um do outro e conversavam sobre tudo, incluindo ex-namorados e romances passados. E agora não conseguiam ficar em um mesmo cômodo.

Eles se olhavam da mesma forma como haviam se olhado um ano antes, quando ficaram juntos na noite da premiação. Na época não havia impedimentos para os dois, agora havia Vítor, que dormia calmamente na cama da avó sem fazer a menor ideia do dilema que seus pais enfrentavam.

Marcos falou do clima, Ângela falou da atmosfera do teatro, pela qual foi tão envolvida, da altura do restaurante e da beleza das luzes. Ele falou de São Paulo e ela não retrucou como gostava de fazer apenas para irritá-lo. Toda aquela conversa calculada durou cerca de uns cinco minutos, depois o silêncio novamente imperou. A verdade é que ninguém iria dizer nada, ambos concluíram ao mesmo tempo.

Desanimada, Ângela anunciou que iria dormir.

— Obrigado por esta noite, foi incrível — sussurrou no ouvido dele, fazendo-o se arrepiar da cabeça aos pés. Em seguida beijou o seu rosto.

— Que bom que você gostou — ele respondeu retribuindo o beijo. — Boa-noite!

— Boa-noite!

Ângela marchou para o quarto, e ao entrar bateu a porta e encostou-se a ela. Ali começou a se livrar dos brincos, sapatos e presilhas de cabelo, tentando entender o que se passava em sua cabeça, tentando não sair correndo dali e se jogar nos braços dele.

Marcos sentiu vontade de chorar quando a viu sumir de vista pelo corredor. Pela forma desatenta que ela estava fazendo tudo desde o restaurante, sabia que ela o queria tanto quanto ele a ela, assim como pelos olhares que ela lhe lançara durante toda a noite, incapazes de se prenderem por muito tempo aos seus.

Parado com as duas mãos apoiadas no balcão, ele lutava contra si mesmo. Queria Ângela, e como queria, mas se fosse atrás dela, nada mais seria igual. E o risco de um deles ou os dois se arrependerem era enorme.

Ele tirou as mãos do balcão e as afundou no cabelo, fechando brevemente os olhos em busca de autocontrole.

Ainda atrás da porta, Ângela percebeu lágrimas quentes nos olhos. Achava ridículo que estivesse se comportando como uma adolescente assustada. Queria ter dito a verdade a Marcos e encarado os fatos como uma adulta, mas simplesmente não conseguiu.

Quando ouviu passos no corredor, seu coração acelerou. E quando ouviu as batidas na porta, achou que ele fosse parar de bater.

— Ângela, você está aí? — Marcos perguntou do outro lado.

— Estou — ela respondeu com a voz engasgada.

Ele hesitou por um momento e apoiou uma das mãos na porta.

— O que eu quis dizer foi que o significado está no sentimento, e não no objeto que o simboliza. — disse ele. — Também fiquei confuso — confessou.

Houve um longo silêncio e eles permaneceram imóveis. Marcos começou a se sentir ridículo e ameaçava se virar quando a maçaneta girou e a porta se abriu, revelando uma Ângela descomposta e com duas lágrimas no rosto.

Eles se olharam nos olhos e ninguém disse nada.

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O que foi aquilo aquela cena na cozinha?

Sou eu ou o clima esquentou geral nessa história?

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