Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 30


À medida que o momento do parto se aproximava, Ângela ficava mais desconfortável e pesada. No fim do dia suas pernas inchavam e ela já não conseguia se abaixar sem sentir um terrível incomodo. Pelos cálculos do médico ainda faltavam duas ou três semanas para o bebê nascer, mas como já estava na época do nascimento, a qualquer momento poderia ser a hora.

O relacionamento deles havia voltado ao normal, e ninguém voltou a mencionar aquele beijo, embora ambos se lembrassem dele com frequência.

A proximidade do parto também fazia com que os traumas de Ângela a atormentassem. Ela temia o parto e as possíveis complicações que pudessem ocorrer nele.

Certa noite, no início de agosto, ela teve um pesadelo. No sonho, perdia o bebê e Marcos ia embora, deixando-a sozinha. Acordou com lágrimas nos olhos e, sobressaltada, foi ao quarto dele. Ele lia, recostado em sua cama quando ela apareceu na porta.

— Oi — disse ela, forçando a voz a parecer normal.

— Oi — ele respondeu, fechando o livro sobre bebês que havia comprado no domingo. — Tudo bem?

Ela hesitou por um momento e respondeu que sim. Marcos notou que ela estava estranha.

— O que foi? — perguntou preocupado. Ela estava na penumbra e não tinha como ele ver o seu rosto. — Aconteceu alguma coisa?

— Não... quer dizer... foi só um pesadelo idiota.

Marcos afastou o edredom, se sentou e a chamou: — Vem cá, senta aqui comigo.

Ela estava angustiada demais para ir a qualquer outro lugar, então obedeceu e se sentou. Marcos ficou feliz por poder ver o rosto dela e constatou que ela estava assustada.

— Me conta como foi — pediu ele, segurando a mão dela. Ângela contou quase todo o sonho, menos a parte em que ele a deixava. Marcos a abraçou, puxando-a de encontro ao seu peito.

— Está tudo bem, foi só um sonho. Nada vai dar errado, eu prometo.

— Você deve me achar patética. — Ela sentiu o aroma suave da pele dele por baixo do algodão da camisa e fechou os olhos. Precisava muito daquele abraço, e precisava dele.

— Não, eu acho você forte — ele respondeu.

Levou alguns segundos para que ela tornasse a falar.

— Eu tenho tanto medo que alguma coisa dê errado — desabafou, tão tensa que tinha dificuldades para respirar.

— Por quê? — Marcos perguntou, acariciando seu cabelo.

— Porque já aconteceu — ela respondeu, buscando forças para falar. — Eu tinha quinze anos e estava no quarto de costuras com a minha mãe. A gente estava enchendo ursos de pelúcia com algodão e ouvindo música. De repente ela gritou, levou as duas mãos à cabeça, e caiu. Ela morreu nos meus braços, antes de chegar ao hospital.

Marcos a apertou mais forte e deixou que ela continuasse.

— Outra vez eu havia planejado uma viagem com o Eduardo, e na véspera, enquanto resolvia algumas coisas na rua, meu pai caiu no banheiro e quase morreu.

— Eu sinto muito — disse ele.

— Só com ele eu tive vários sustos. Desde que eu tinha quinze anos, ele enfartou duas vezes, a primeira quando minha mãe ainda era viva. Depois ele teve um derrame. Durante dez anos eu convivi com o medo de perdê-lo. Todas as noites eu acordava assustada e ia conferir se ele estava respirando. Chegaram a me dizer que não era normal a minha preocupação com ele e que eu era maluca. Mas só eu sei como me sentia.

— E o seu medo a faz pensar que pode perder de novo — ele afirmou.

— Isso. Num momento você está bem e no outro, tudo acabou. Toda a vida que você conhecia foi tirada de você e só ficaram as lembranças, que nada mais são do que cicatrizes que nos marcam para sempre.

— Eu entendo — ele disse com pesar, o pensamento em suas próprias cicatrizes. — Mas tente ver pelo lado bom. Seus pais morreram se amando e amando você. Eu também perdi a minha família, mas de uma forma diferente. Eu era pequeno, mas me lembro bem. Vi a minha família desmoronar, a infelicidade da minha mãe, a arrogância do meu pai e as brigas, a guerra psicológica entre eles. Vi minha mãe chorar por ter descoberto que meu pai tinha outra família e outro filho. Desde então, nunca mais falei com ele. Já havia superado tudo isso até você aparecer grávida. De repente foi como se o tempo tivesse voltado; eu fico pensando em tudo o que aconteceu e remoendo o passado.

Ângela desencostou-se do peito dele e o encarou.

— Você já considerou a hipótese de perdoá-lo? — perguntou, tão concentrada nos problemas dele que havia se esquecido dos seus.

— Sim, mas não consigo.

— Sente saudades dele?

Marcos se mexeu com desconforto.

— Sinto falta do que poderia ter sido.

— Você ama muito o seu pai — ela afirmou, e ele franziu as sobrancelhas.

— Desde quando você sabe o que eu sinto?

— Desde o dia em que te conheci. Seus olhos brilharam ao me falar do Fusca no campo, e em seguida deixaram transparecer a mágoa que sente quando mencionou o seu pai.

Ele não confirmou nem negou, apenas continuou olhando para ela.

— Posso te dizer uma coisa? — Ângela pediu. Marcos deu de ombros, incomodado com a cilada que armara para si mesmo ao falar de seus problemas para ajudá-la com os dela. — Talvez você devesse dar uma chance a ele. Na época em que tudo aconteceu você era pequeno. Agora já é um homem, com mais experiência de vida para tentar compreender o que se passou entre os seus pais. Isso não justifica o que ele fez, mas talvez, se der uma chance a ele, você consiga perdoá-lo.

— Isso está fora de cogitação — ele respondeu contrariado.

— O que você passou, de certa forma, é pior do que eu passei. Eu sempre terei a certeza de ter sido amada, enquanto você foi ferido pelas pessoas mais próximas a você. O problema é que, por mais amor que eu tenha, ele está alojado em meu peito para sempre, porque as pessoas para quem ele era destinado se foram. Você ainda tem chance de dar e receber este amor. Somente quem perdeu alguém da forma como eu perdi, para a morte, sabe a importância de um abraço e o valor de um momento. Eu daria tudo para poder abraçar meu pai de novo e não posso, mas você pode. Alimentar essa mágoa não te faz bem. Por outro lado, se der uma nova chance a ele, talvez descubra que a relação de vocês não morreu. Pense no que eu disse, e se um dia estiver pronto, faça aquilo que eu não posso mais fazer e abrace o seu pai.

— Eu não sei se posso — ele disse com sinceridade.

— Eu sei que deve ser difícil, mas certa vez você me disse algo parecido que me ajudou muito.

— O que eu disse exatamente? — ele perguntou com a voz baixa, o rosto ainda tenso.

— Você me disse para aproveitar os momentos ao lado do meu pai e me aproximar dele sendo eu mesma e deixando-o fazer seu papel de pai. Funcionou para mim e acredito que funcionará para você também. Pergunte a si mesmo como irá se sentir se amanhã ou depois seu pai morrer sem que tenha dado uma chance a ele. Se a pergunta te incomodar é porque você o ama, e no fundo sente que deve abrir o coração.

Marcos não respondeu. Seu peito doía e queria mudar de assunto. Nunca fora confrontado daquela forma e nem obrigado a enxergar as coisas por um novo prisma até aquele momento. Ângela olhava para ele, e percebendo sua dor, quis abraçá-lo como ele fez com ela, mas se conteve. Havia aprendido que Marcos ficava acuado quando a emoção era demais e repelia qualquer gesto de carinho naquele momento.

Os olhos deles se encontraram e permaneceram ligados por um tempo. Ambos estavam machucados, confusos e só tinham um ao outro para ajudar a superar suas dores, tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes. Enquanto o divórcio complicado dos pais de Marcos ajudava Ângela a se conformar com sua perda, levando em conta ter sido criada em um lar estável e repleto de amor, a morte dos pais dela fazia com que ele refletisse e o estimulavam a acertar as contas com o passado.

Ângela entendeu no desabafo de Marcos o motivo de ele ser avesso a qualquer compromisso afetivo. Tinha a ver com sua perda e também com seu caráter. Marcos não desejava ter uma família para destruir tudo. Ele não sabia, mas isso demonstrava o quanto era responsável e digno de ser amado.

Talvez ele nunca consiga abrir o coração...

Talvez eu também não...

— Quando foi que você virou psicóloga? — Ele perguntou. Embora incomodado, admitia que ela exercia uma influência forte e positiva sobre ele.

— Eu só achei que você merecia ouvir algo diferente do que ouve de si mesmo todos os dias.

— Muito bem. Só não faça de novo, ou serei obrigado a bater em você. — Ele sorriu, e ela sorriu também, tocando em seu peito molhado de lágrimas. — Melhor eu trocar isso, senão vou ficar resfriado — brincou, tirando a camiseta.

Ângela olhou para ele e prendeu a respiração. Fazia mais de um mês que eles moravam juntos, mas ela ainda não tinha aprendido a não se impactar com ele. Ele vestiu outra camiseta e olhou para ela, que piscou algumas vezes e disfarçou.

Marcos a convidou para se recostar com ele na cama a fim de lerem juntos. Alguns segundos depois ela estava debaixo do edredom, com a cabeça apoiada no ombro dele, enquanto ele abria um capítulo que falava sobre os tipos de choro dos bebês.

— Esse é muito legal — comentou. — Diz aqui que há vários tipos de choro. Tem o choro de fome, o de sono, o de dor, de xixi, de cocô... Interessante, porque para mim choro é choro, e choro de criança me deixa maluco.

Ângela sorriu e passou o braço pelo seu abdômen enquanto ele começava a ler. Algum tempo depois, quando já estava prestes a dormir, o chamou:

— Marcos!

— Sim? — Ele parou de ler e olhou para ela.

— No sonho... Você me abandonava.

— Como assim?

— Eu tinha perdido o bebê, e como você só estava comigo por causa dele...

— Isso nunca vai acontecer — disse ele, sentindo-se tocado pela fragilidade dela.

— Você promete?

— Eu prometo.

Marcos continuou a ler. Quando ela adormeceu, saiu delicadamente da cama, acomodou-a nos travesseiros e apagou a luz.

Andando pela sala, pensava na conversa que tiveram. Ângela estava certa, ele precisava romper aquela barreira e tentar perdoar o pai. No momento, porém, só conseguia pensar em cuidar do filho, que estava a caminho, e dela. Seus problemas, barreiras e confusões emocionais podiam esperar, pois havia alguém prestes a chegar que precisaria dele, e para quem daria todo o seu amor.

Namadrugada seguinte a bolsa de Ângela estourou... 

--

Lembram o que eu disse sobre amar todos os capítulos? Então, eu amo todos, mas alguns se sobressaem e esse é um deles. Gosto muito de como a Ângela e o Marcos abrem seus corações e percebem que cada um sofreu de uma forma diferente, e que ambos estão ali para ajudar o outro de alguma forma.

Eu shipo muito esses dois. E vocês?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro