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Capítulo 3

- Então, como vamos fazer? - Ângela perguntou.

- Pode ficar com ela - Marcos respondeu.

- Negativo. Não vou tirar a sua cama. Fique tranquilo porque eu não pretendo dormir. Vou trabalhar.

- Eu não costumo dormir antes das três, então eu vou trabalhar e você pode dormir.

- Pois então seremos dois estranhos muito gentis que ficam acordados por não quererem se aproveitar da boa vontade do outro.

- Eu estou falando sério, eu não durmo - ele insistiu.

- E eu estou falando sério, eu não posso dormir - ela retrucou, depois deu as costas, pegou seu notebook e o ligou na mesinha de refeições para fazer o seu texto.

- Por que você não pode dormir? - ele perguntou interessado, sentando-se na cama.

- Porque se eu dormir é bem provável que perca a hora, e isso não pode acontecer.

- Já que tocou no assunto, qual é o seu problema com horário?

- Eu me atraso de vez em quando porque tenho problemas para acordar cedo, mas quando precisa também fico até depois do expediente, só que isso ninguém vê. A Andréa é sistemática e acha que eu não levo o trabalho a sério, e várias pessoas do jornal também.

- Então por que você não se esforça um pouco mais?

- Eu me esforço, acontece que... - ela hesitou, e ele permaneceu estudando-a em silêncio. - Não é fácil, por mais que eu me esforce não consigo crescer. Talvez seja eu, talvez não seja o momento certo, sei lá. O fato é que as coisas não estão boas para o meu lado e eu preciso muito deste emprego. Tenho que dar o meu melhor até o fim do mês se quiser ter alguma chance, mas sinceramente acho que já perdi.

- Você precisa descansar - ele insistiu. - Fique com a cama, eu te acordo pela manhã.

- Mas e você? - ela perguntou preocupada, porém, já considerando a hipótese.

- Não se preocupe comigo. Vou ficar bem.

- Está certo. Ficarei com a cama, obrigada!

- De nada.

Ela voltou sua atenção para o que estava fazendo e abriu o editor de textos para escrever sobre o momento em que o Papa desembarcou em Aparecida. Marcos pegou o restante das coisas deles no carro e as colocou na cama. Ele ficaria sim, muito irritado com toda aquela bagunça, desde o atraso até a questão do quarto, se não tivesse simpatizado com ela. Seu interesse era pela vida de Ângela e não por ela em si, que, apesar de bonita, parecia jovem demais e não fazia o seu tipo.

Solteiro convicto, Marcos era acostumado a sair com garotas mais maduras, independentes e elegantes. Não procurava nada sério com ninguém porque em sua vida só tinha um lema: o de não se casar. Não se envolvia com uma mulher a ponto de se apaixonar e se algum dia alguma chegasse perto disso, se afastaria até que não corresse mais o risco. Ele era teimoso, determinado e, ao contrário da maioria das pessoas, sabia exatamente como estaria dali a cinco anos: livre e sozinho.

Sua decisão se baseava em sua descrença pela instituição do casamento, influenciada em parte pelo divórcio dos pais, em parte pelo modo de vida que escolhera levar. Acreditava que relacionamentos atrasavam a vida das pessoas porque lhes impunham muitos limites e não as faziam felizes de fato. Tinha alguns conhecidos casados que visivelmente não eram felizes, e outros que pareciam ser, mas que não aproveitavam todo o seu potencial e não cresciam na carreira como os solteiros por estarem presos às responsabilidades familiares. Parecia que as pessoas casadas tinham sempre que abrir mão dos sonhos e se esforçar muito, e que depois de alguns anos elas já nem sabiam o motivo de continuarem juntas.

À primeira vista Ângela era diferente de todas as mulheres que ele havia conhecido em sua vida adulta, porque estava em uma fase diferente. Ela estava entusiasmada, no início da carreira, parecia muito sonhadora e um pouco inocente. Por tais combinações, já gostava dela.

Ele pediu o jantar e ela fez o texto. Ao terminá-lo, o enviou para Andréa por e-mail.

Eles jantaram em silêncio, e depois do jantar, Ângela foi se trocar para dormir. Ela vestiu uma blusa branca de alças finas, uma calça legging preta, penteou os cabelos e saiu do banheiro, envergonhada e com os braços cruzados em torno do peito como se quisesse se proteger de algo. Logo que ela saiu, instintivamente os olhos de Marcos percorreram seu corpo, depois voltaram a se concentrar na tela do seu notebook. Ângela pegou o celular na bolsa e discou um número. Esperou um momento e ninguém atendeu. Tentou novamente e nada. Impaciente, vestiu um casaquinho de lã e saiu na varanda fria. Lá se sentou na cadeira de balanço e tentou novamente. Após alguns minutos o frio cortante a fez entrar para se abrigar.

Ela sentou-se na beira da cama e, para não ficar pensando coisas ruins a respeito de seu pai não atender o telefone, começou a fazer uma trança em seu longo cabelo. Marcos trabalhava concentrado na escrivaninha, e observando-o ela se perguntou se aquela situação era tão estranha para ele quanto era para ela. Ao terminar a trança, encheu uma taça com o vinho que sobrara do jantar e começou a bebericá-la, pensando no dia seguinte.

O celular tocou enquanto ela levava a taça à boca. Com o susto, quase derramou o líquido nos lençóis brancos, mas se recompôs a tempo e saiu na varanda para atender.

- Oi pai, estou tentando te ligar já tem um tempão. Eu vou passar a noite aqui no hotel onde a equipe de São Paulo está hospedada e sairemos amanhã bem cedo.

- Você jantou, fia?

- Jantei sim. Tinha bife grelhado, arroz e batata frita - ela informou para ter mais credibilidade, pois Francisco sabia que ocasionalmente ela ficava sem comer. - E o senhor?

- Já jantei e daqui a pouco vou dormir. Na televisão só tem notícia do Papa.

- É mesmo. E os remédios, o senhor já tomou todos?

- Acabei de tomar. O azul eu tenho que tomar dois, né?

- Não pai, o azul é um só. O branco e laranja, de cápsula, que é para tomar dois.

- Então eu tenho que tomar mais um desse. Tomei dois do outro. São tantos remédios que eu me confundi.

- Pena eu não estar aí para te ajudar, mas no papel tem tudo marcado. Faz assim: toma mais um do branco e laranja e não toma nenhum outro mais, mesmo se achar que não tomou, certo? Amanhã à noite eu vou dormir em casa e vejo tudo direitinho para o senhor.

- Tá bom, fia. Eu não queria te preocupar.

- Não tem problema, pai.

- Amanhã cedo eu vou procurar você na TV.

- Eu vou estar atrás das câmeras e não vou aparecer, mas o Papa vai - ela brincou.

- Dorme com Deus, fia.

- Dorme com Deus, pai.

Ângela desligou, preocupada. Quantos remédios o pai teria tomado errado? O comprimido azul era um calmante não muito forte, apenas o suficiente para ajudá-lo a dormir. Tomando dois, o efeito se intensificaria e ele poderia ficar tonto e cair. Ela quis ir para casa, mas como não podia, ficou ainda por um tempo na varanda, até o frio se tornar insuportável. Então entrou, arrepiada, sentou-se novamente na beira da cama e entornou o restante da taça de vinho de uma vez. Marcos ainda estava de costas, mas viu a cena pelo reflexo do espelho no canto da escrivaninha e sorriu. Ângela relaxou depois de alguns minutos, não tanto pelo pouco vinho que tomou, mas pelo cansaço físico e mental que sentia. Olhou para Marcos, que parecia concentrado e soltou um longo bocejo.

- Agora o sono está batendo - disse a ele, que parou de teclar e se virou para encará-la.

- Então dorme. Aproveita!

- Acho que vou mesmo, estou exausta. - Acompanhada pelo olhar dele ela engatinhou pela cama, puxou o edredom e soltou um gemido de prazer ao se afundar no colchão macio, a cabeça apoiada num travesseiro de plumas de ganso.

- Você tem certeza que vai me acordar, né? Porque vai ser impossível eu acordar sozinha nesta cama.

- Como ela está?

- Maravilhosa. Tem certeza de que não a quer?

- Se eu quiser você sairá daí?

- Não, você terá que brigar por ela.

- Imaginei.

Ambos riram e conversaram por um tempo. Ângela mencionou a ele que estava no fim do estágio e que queria impressionar a chefe e ficar com o trabalho, mostrando-se capaz apesar das falhas. Ele pensou por um momento, depois perguntou se ela conhecia bem a região em que estavam e sua história, e disse que precisaria mais da ajuda dela do que ela imaginava, e que poderia ajudá-la a impressionar Andréa se ela o ajudasse a fazer uma boa matéria sobre turismo religioso, enfatizando a visita do pontífice. Ângela concordou em ajudá-lo e pela primeira vez sentiu mais que esperança, sentiu possibilidades. Enquanto Marcos explicava o que pretendia o sono foi tomando conta dela. A última imagem que viu foi dele sorrindo, enquanto tentava, inutilmente, manter-se acordada.

Depois que ela dormiu ele leu, fez anotações, trabalhou um pouco mais, até que se cansou e se jogou na poltrona. Era uma e meia da manhã e não estava com sono, mas seu corpo estava dolorido e muito cansado. Tinha um dia cheio pela frente e não conseguia dormir. A noite estava silenciosa. Diferentemente da agitada São Paulo, ali ele só ouvia o canto de uma coruja, ao longe, e a respiração pesada de Ângela, que se encontrava mergulhada em um sono profundo.

Ele se levantou para observá-la mais de perto. Olhando-a bem, percebeu que não era tão menina quanto pensara. Na verdade era uma mulher formada com jeito de menina, e o motivo de tanto atraso - imaginou - devia ser algum namorado com quem passava as noites em claro.

Enquanto a observava dormir ela sorriu e, como por reflexo, ele sorriu também, pensando que ela tinha um sorriso lindo e que devia estar tendo um sonho bom.

Ângela sonhava que era promovida e isso a fez sorrir.

Marcos decidiu tomar um banho para relaxar e minutos depois se afundou na hidromassagem do banheiro. Sua cabeça latejante aos poucos foi melhorando e com a água morna agindo como um anestésico em seus músculos doloridos e em sua mente cansada, acabou cochilando e se afogou.

Assustado, ele tossiu bastante. Como eles não haviam recebido o jogo extra de banho que pediram, ele pegou o roupão e se enxugou nele, deixando a toalha para Ângela. Ao sair do banheiro deparou-se com ela sentada na cama, com os olhos vermelhos e o cabelo bagunçado.

- Está tudo bem com você? - ela perguntou sonolenta.

- Está. Me desculpe por acordá-la. - Marcos tossiu novamente e limpou a garganta.

- Não tem problema - ela disse. - O que aconteceu?

- Eu dormi na banheira - ele confessou com uma nota de mau humor e ela sorriu.

- Você está com sono agora?

- Um pouco.

- Então, vamos dividir a cama. Ela com certeza é grande o bastante para nós dois.

- Não precisa.

- É sério. Dividir a cama vai fazer com que eu me sinta melhor depois de tudo o que já aprontei com você em tão pouco tempo.

Ele hesitou por um momento e por fim deu de ombros.

- Certo - respondeu, pegando suas roupas para se trocar. Ângela se levantou para beber água e não pôde deixar de olhar para ele e admirá-lo. Ela ainda não estava interessada, mas admitia que ele era muito atraente, ainda mais de roupão e com os cabelos molhados.

Ele voltou já vestido e eles se deitaram ao mesmo tempo, cada um em um ponta da cama. À distância em que estavam um do outro, sobrava espaço para mais duas pessoas se deitarem no meio. Eles estavam cansados, e ao mesmo tempo alertas, pela situação estranha em que se encontravam.

Alguns minutos depois, Marcos fez menção de dizer algo mas se calou, reprimindo um sorriso.

- Fala. O que você ia dizer? - ela quis saber.

- Eu ia dizer que se o seu namorado visse você agora, não iria gostar nem um pouco. Seria difícil explicar a ele.

- Eu não tenho namorado - ela informou, divertindo-se com a brincadeira.

- Mas... você tem um rolo com alguém.

- Não.

- Então, com quem você falava ao telefone?

- Era meu pai.

- Ah. Vocês dois têm uma boa relação?

- Temos. Somos só nós dois e somos muito apegados um ao outro.

- E a sua mãe? - ele perguntou em seguida.

- Ela morreu - Ângela mencionou com pesar, sem olhar nos olhos dele. Ele notou o quanto era doloroso para ela tocar no assunto e sentiu pena.

- Eu sinto muito - disse em seu tom mais sério.

- Obrigada! - ela respondeu. - E você, tem família grande? - perguntou para mudar de assunto.

- Não, somos eu e a minha mãe.

- E o seu pai? Também morreu?

- Não, mas é quase como se tivesse morrido. Meus pais são divorciados e eu não falo com meu pai há doze anos.

- Eu sinto muito!

- Tudo bem. Já faz muito tempo. E a sua mãe, do que ela morreu?

- AVC. Faz seis anos.

- Deve ter sido difícil para você - ele afirmou, e ela concordou.

Eles decidiram que já estava bom de assuntos pessoais por aquele momento e ficaram em silêncio. Ângela estava encolhida como se estivesse com medo dele e ele achou graça. Parte do cabelo dela estava sobre o rosto e a outra estava espalhada sobre o travesseiro, acima da cabeça. Deitada, a franja espessa estava de lado e foi a primeira vez que ele viu suas sobrancelhas. Elas eram pretas e marcantes. Os olhos dela eram castanhos e brilhantes, e os cílios longos. Os lábios eram bem desenhados, femininos, e quando ela sorria, sorria mesmo, exibindo dentes perfeitos.

Ao perceber que aqueles olhos estavam analisando sua boca, Ângela estremeceu levemente, sentindo-se ruborizar. Ela não ficava olho a olho com um homem havia muito tempo e, para sair daquela situação, fingiu um bocejo.

- Parece que o seu sono voltou - ele comentou analisando-a.

- É verdade, ele voltou. Boa-noite.

- Boa-noite.

Ela se virou de costas para ele e depois de alguns minutos adormeceu. Ele logo fez o mesmo.

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