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Capítulo 20


  Ângela sentia que tudo à sua volta estava cinza. Tanto o céu azul do outono, quanto o sol radiante, ou mesmo o sorriso de Bia, contrastavam com seu estado de espírito.


Assim que teve um tempo para ficar sozinha, ela se fechou no quarto e começou a pensar no que fazer. Após uma hora olhando para a tela de seu notebook, conseguiu formular uma mensagem falsa, porém, eficiente, para atrair Marcos até lá.

Oi Marcos, tudo bem? Desculpe-me por não ter mantido contato como combinamos, mas as coisas andaram agitadas por aqui. Gostaria de saber se podemos nos ver para conversarmos. É que talvez eu precise daquela chance que certa vez você me ofereceu. Gostaria de tentar um emprego melhor, mesmo que seja aí em São Paulo. Será que você pode me ajudar?

Já era noite quando a resposta chegou. No e-mail, Marcos sugeriu que eles se encontrassem no sábado seguinte, e logo o encontro havia sido combinado.

Durante toda a semana Ângela tentou participar da rotina da casa e ajudou Malu com os preparativos da festa de Bia. Isso, mais a adrenalina crescente pelo encontro com Marcos, acabaram sendo uma distração para sua mente naqueles dias de luto.

Na quinta-feira foi comemorado o aniversário de Bia e ela se esforçou para parecer humana em meio a toda aquela alegria, ocupando-se dos enfeites, comidas, organização, e qualquer outra coisa que a mantivesse longe das pessoas e do desejo que elas tinham de falar sobre sua perda. Até conseguiu se divertir um pouco ao observar a felicidade daquela família que amava tanto.

No sábado ela levou suas coisas para a sua casa, se arrumou, e pouco antes das sete chegou à igreja de São Benedito, onde os pais haviam se casado nos anos 1980, para a missa de sétimo dia do pai. Quando acabou, despediu-se rapidamente da amiga e foi para Guaratinguetá a fim de se encontrar com Marcos.

A pizzaria que ela escolheu ficava na Avenida Presidente Vargas. Havia marcado com ele as nove para ter tempo de chegar mais cedo e se preparar. O vestido que usava era preto e largo na cintura. Sobre ele, usava um poncho de lá, também preto, a fim de disfarçar o volume da barriga. Não queria assustar Marcos logo de cara. Pretendia iniciar uma conversa amigável e, somente na hora certa, revelar sua gravidez.

Quando Marcos entrou pela porta de vidro, seu coração disparou. Ele parecia feliz em vê-la, e seu sorriso a despedaçou por dentro.

— Oi linda! — ele a cumprimentou. Ela não se levantou, mas forçou um sorriso e o beijou no rosto quando ele se aproximou.

— E aí? Tudo bem com você? ­— perguntou com a voz oscilando de nervosismo.

— Tudo ótimo — respondeu ele, sentando-se de frente para ela. — Quanto tempo! Achei que você estivesse me evitando.

— Não, imagina! — ela mentiu, sem olhá-lo nos olhos.

Um garçom se aproximou para anotar o pedido.

— Uma garrafa de vinho — pediu Marcos.

— Para mim um suco.

Marcos olhou com curiosidade para ela.

— Não está bebendo?

— Não, eu fiz uma promessa — ela respondeu, e desviou os olhos para o cardápio pensando na real promessa que a levara até ali. Marcos sorriu e se recostou na cadeira, reparando nela. Ângela estava estranha. Ela parecia nervosa e aquilo o divertiu.

Os olhos deles se encontraram e se prenderam por algum tempo. A cada segundo ela sentia mais dificuldade em encontrar forças para fazer aquela revelação.

— Você está bonito — comentou para puxar assunto e sorriu timidamente.

— Você também — Marcos devolveu o elogio, embora notasse que ela estava abatida.

Ângela sorriu e tornou a olhar para o cardápio. O vinho chegou e o garçom o serviu.

— Então, como vão as coisas? — ele perguntou após um tempo. Ela olhou em seus olhos e hesitou.

Meu pai morreu, eu estou um lixo, e espero um filho seu.

— Bem... hum... muita correria, muito trabalho, não tem muita novidade.

— Tem sim — ele discordou —, você quer ir para São Paulo.

Ela franziu o cenho por alguns segundos, e então se lembrou do conteúdo falso do e-mail que lhe enviara dias antes.

— Pois é... quem diria, não é? — ela comentou, sentindo-se mal por tantas mentiras.

— Eu disse que você ainda iria implorar para ir para lá — Marcos brincou, fazendo com que ela desse o primeiro sorriso verdadeiro daquela semana. — Eu falei com o meu editor — continuou. ­— Disse a ele as maluquices que você aprontou por aqui no último ano, e contei como me ajudou como trabalhamos juntos. Ele vai arrumar uma vaga para você.

Ela engoliu em seco, pois não sabia até quando conseguiria mentir para ele.

— Eu achei que fôssemos conversar melhor antes.

— Não há o que conversar, a menos que não queira o emprego...

O tempo passou. Com o vinho abaixo da metade e Marcos descontraído, Ângela tentava criar coragem para dizer o que precisava. Era tão fácil para ela conversar com ele e gostar dele, que ficava cada vez mais nervosa com o que estava por vir.

— E o seu pai? — ele perguntou de repente, pegando-a desprevenida.

— Como?

— O que você vai fazer? Na idade dele essas mudanças são complicadas.

Ângela abriu a boca e lutou para não chorar. Ouvir Marcos falar do pai como se ele ainda estivesse vivo era algo para o qual não havia se preparado. Baixou os olhos para o cardápio e tentou se recompor. Marcos captou sua reação e percebeu que havia alguma coisa errada com ela.

— Você vai pedir alguma coisa? — ele perguntou em determinado momento.

— Provavelmente não — ela respondeu levantando os olhos. Ele sentiu que ela queria lhe dizer algo e entendeu que, para isso acontecer, teria que instigá-la a falar.

— Qual o problema com você? — perguntou de forma direta e clara.

— Eu... não sei

— Não sabe?

— Eu sei, mas não sei como dizer.

— Apenas diga — ele a encorajou.

Ela deu um longo suspiro e olhou para ele por um longo momento.

— Marcos, eu estou passando por um momento difícil, mas isso não é novidade.

— O que é novidade, então? — Outra coisa que ele havia aprendido com o jornalismo investigativo era não dar tempo para que o entrevistado pensasse muito no que ia dizer, para não correr o risco de ele mudar a versão dos fatos.

— Antes de tudo, eu quero dizer que eu gosto muito de você.

Ele não disse nada. Era hora de ouvir.

— Você é um cara legal e já me ajudou muito, nem imagina o quanto.

— Como assim?

— Aquilo que você disse da ultima vez que nos vimos, os conselhos que me deu sobre o meu pai. Não sei quanta experiência você tem do assunto, mas acertou em cheio e eu gostaria de te agradecer por isso.

Ele não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando. Ela falava como se eles não fossem mais se ver.

— Eu tenho um motivo para ter pedido este encontro.

— Você quer um emprego em São Paulo — ele afirmou, captando no olhar dela algo que já sabia; que aquilo era uma fachada para outra coisa.

— Não, não é isso.

— Então, o que é?

— Marcos... Eu estou grávida!

***

— Como assim, grávida? — Marcos perguntou, sentindo um arrepio lhe percorrer o corpo.

— Estou esperando um filho seu — Ângela declarou.

— Não pode ser! — Ele pôs a cabeça entre as mãos e tentou raciocinar. Então fez as contas, e chegou à conclusão de que se fosse mesmo verdade, ela estaria de vários meses. — Eu quero ver — exigiu. Ângela tirou o poncho, se levantou, e prendeu o vestido com as mãos para deixar a barriga em evidência. Boquiaberto, ele parecia não acreditar no que estava vendo. Por vários segundos ninguém disse nada. Ele olhava da barriga para os olhos dela com surpresa, e ao mesmo tempo pavor.

— Como eu vou saber que esse filho é meu? — perguntou após um tempo, nervoso demais para medir suas palavras. — E se ele for do seu ex, atual, ou eu sei lá que tipo de relação que você tenha com aquele cara hoje em dia.

— Você pode fazer o exame de DNA quando ele nascer daqui a alguns meses, mas só vai comprovar que ele é mesmo seu — ela respondeu, tentando manter-se calma.

Novamente ele pôs o rosto entre as mãos, tentando se acalmar para fazer as perguntas certas e entender o que estava acontecendo.

— Há quanto tempo você sabe? — perguntou subitamente. Como sua mente trabalhava rápido, já tinha entendido que aquele era o motivo de ela ter passado a evitá-lo de uma hora para outra.

— Há alguns meses.

— Por que você não me procurou antes, se ele é meu? — ele quis saber.

— Porque eu tive medo.

— De quê?

— De várias coisas, entre elas, de você me pedir para fazer um aborto — ela revelou. Os olhos dele se estreitaram.

— Por que achou que eu lhe pediria uma coisa dessas?

— Porque você sempre disse que não queria compromisso com ninguém e que não queria um filho.

— Você também não, mas nem por isso pensou em abortar, pensou?

— Claro que não!

— Então, como você pôde me excluir desse jeito? Por que está me contando só agora?

— Porque... O meu pai me pediu.

Marcos lançou um olhar duro para ela.

— E foi só por isso que me contou?

Ela pensava em uma resposta quando ele entendeu que o seu silêncio era uma confirmação. Enfurecido, bateu com a mão fechada na mesa e se levantou. Pegou sua jaqueta, jogou o dinheiro do vinho na mesa e saiu porta afora. Ela pegou suas coisas e o seguiu até o outro lado da Avenida, no Bosque da Amizade, que margeava o rio Paraíba naquela região.

— Marcos, me escute, por favor! — ela pediu, segurando o seu braço para que olhasse para ela.

— Escutar o que, Ângela? — Ele desvencilhou-se dela e continuou: — O que mais eu preciso ouvir depois dessa? Eu já saquei tudo: Você não ia me contar nada, e só o fez por que o papaizinho pediu. Muito bem, agora você pode ir correndo contar para ele que fez o que prometeu. Afinal, é só com ele que você se importa, não é mesmo? Ninguém mais significa nada para você.

— Não diga isso — ela pediu, lutando contra as lágrimas. Como havia previsto, aquela conversa estava sendo difícil e exaustiva.

— O que você quer de mim? — ele perguntou de repente, tentando se concentrar no que era importante.

— Nada — ela respondeu, e antes que continuasse ele a interrompeu:

— Mais é claro que não. Você faz tudo sozinha, não é mesmo? Desde o começo você me excluiu. Nem sei por que decidiu me contar agora.

Ângela suspirou cansada. Podia dizer a ele que nunca tivera a intenção de excluí-lo, e contar sobre seu pai, mas naquele momento compreendeu que não adiantaria. Marcos estava furioso, e tinha toda razão de estar assim.

De repente ele deu as costas e começou a caminhar em direção ao carro.

— Marcos! — ela chamou. — Por favor...

— Pra mim chega, Ângela! Quer saber de uma coisa? Você quis me excluir, não foi? Pois deu certo, porque eu estou fora! — Ele olhou para a barriga dela pela segunda vez naquela noite e completou: — Pode cuidar disso sozinha, afinal, já cuidou de todo o resto.

Dito isso ele entrou no carro e saiu cantando pneus. Ângela permaneceu lá por alguns minutos e então partiu, com o coração em pedaços. Desejava ter dito a Marcos que sentia muito, que se importava com ele e que não queria perdê-lo, mas não disse e foi justamente o que conseguiu: perder mais uma pessoa que amava. Sentira tanto medo da reação dele quanto ao filho não planejado, que acabara afastando-o de sua vida, talvez para sempre.

Em casa, ela se atirou na cama, ignorando a dor no estômago vazio, e chorou até dormir. Sentia-se cansada demais para comer, para tentar se animar e até mesmo para viver. Naquele momento, não tinha mais forças para nada.

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Pobrezinha da Ângela, tão triste e solitária...

Mas eu meio que fiquei com pena do Marcos também. Ela errou em não contar antes sobre a gravidez, né? O coitado não estava preparado e surtou!

Quando eu imaginei essa cena, me diverti bastante com o lance da barriga escondida embaixo da mesa. Apesar de ser um momento meio tenso, me vi rindo várias vezes com ele, rsrs.

E agora? O que será que vai acontecer? 

Se o Marcos se negar a assumir suas responsabilidades de pai, eu o deserdarei!




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