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Capítulo 9

A luz amarela do orbe brilhava na escuridão da noite enquanto a sola da mesma cor da mulher mascarada batia com força contra o telhado de um prédio. A mão ainda estava erguida em direção ao céu, apontando um feixe para cima com impaciência.

Ao longe, viu duas luzes, uma vermelha e uma azul, se aproximarem com velocidade de sua posição, e cessou o chamado amarelo ao som do primeiro erro dos heróis. Em poucos segundos, os dois mascarados aterrissaram no telhado, exaustos.

A mulher cruzou os braços e apertou os olhos avelã incrédulos.

– Como vocês chegaram até aqui?

– Correndo – Escarlate ofegou, perguntando-se de que outra forma chegaria ali.

Ele cumprimentou Azura com um olhar divertido, lembrando-se das interações entre os dois na noite anterior, e ela acenou com a luva em resposta.

A mulher balançou a cabeça e pressionou a testa com os dedos.

– Vocês realmente não sabem de nada. Não pensaram que existem jeitos mais rápidos de chegar em um lugar?

– É o seu dever nos ensinar o que precisamos saber – Azura afirmou.

A mulher bufou e chegou mais perto deles.

– Suponho que vocês descobriram o básico, pelo menos. Agora vou ensinar o que eu conheço. – Ela transformou a esfera flutuante em uma lança amarela, como a que usou antes para derrotar a criatura no parque, e exibiu para eles. – Vocês descobriram o primeiro aspecto. Seus orbes são capazes de alterar sua forma.

Escarlate transformou o próprio orbe em uma espada, exibindo um sorriso orgulhoso para Azura. Ela revirou os olhos e focou em cada palavra e nos movimentos que a mulher fazia, fazendo anotações mentais das explicações.

– Cabe a vocês decidir qual forma tomar – continuou a mulher.

– Como as cordas de ontem – Azura compreendeu.

– Isso mesmo.

– Ou então... – Escarlate concentrou-se em mudar a forma da arma, que foi tomando a estrutura de uma flor, e a esticou para Azura. – Para você.

A mulher com o uniforme amarelo assistiu, impressionada, quando Azura pegou a flor vermelha pelo cabo como se fosse o próprio orbe.

– Como você...?

Os dois heróis ergueram os olhos.

– O quê? – perguntaram em uníssono.

– Não é nada – a mulher respondeu.

Daquela vez, quando Azura devolveu a flor com cuidado, Escarlate podia jurar que as linhas de irritação na testa dela não estavam mais ali.

– Isso não é brincadeira, vermelho – Azura falou, dispensando-o do rosto confiante. – E agora é a minha vez.

Ela tentou fazer seu orbe mudar de forma, mas, como no dia anterior, ele apenas ficou flutuando por perto.

– Por que não funciona? – disse, se dirigindo à mulher de amarelo.

– Um orbe não funciona sozinho, Azura. – Ela explicou e deixou o próprio orbe flutuar de novo ao seu comando. – Parece que o seu orbe se conectou com você, mas você ainda não se conectou com ele.

– O que isso quer dizer?

Escarlate tocou o ombro dela.

– Tudo bem. Você consegue na próxima.

Azura sentiu uma pontada de inveja. Sabia que Escarlate estava tentando fazê-la sentir melhor, mas era bastante notável que ele era mais natural com o orbe do que ela.

– O que mais? – perguntou, tentando mudar de assunto.

– Cada orbe possui uma habilidade única, e é isso que os diferencia.

A mulher apontou para Escarlate.

– O seu é o Orbe do Poder. Ele permite que o portador seja capaz de desencadear uma grande força concentrada em um único golpe.

Ela virou e apontou para Azura.

– O seu é o Orbe da Mente. Ele revela informações precisas ao portador, mas funciona de modo único e também é preciso saber interpretar o conhecimento recebido.

Os mascarados observaram os próprios orbes, admirados pela capacidade das esferas.

– Uau... – Escarlate sussurrou.

Azura olhou para ele com a mesma admiração no rosto.

– As palavras de ativação são "Fortificação" e "Revelação", respectivamente – falou a mulher com o orbe amarelo.

Escarlate assentiu, prestes a testar a nova descoberta.

– Nem sequer pense em usar as habilidades agora. – A mulher olhou feio para o herói, prevendo os próximos movimentos. – Vocês precisam ter em mente que seus orbes funcionam com energia. Pensem nisso como uma bateria recarregável. Cada mudança na forma dos orbes acarreta em um gasto da energia, e, é claro, suas habilidades consomem mais. Penso que, em condições normais, podem ser usadas uma única vez antes de começar a descarregar rápido.

– Como sabemos quanta energia nos resta? – Azura questionou.

– A luz dos orbes funciona como um marcador para medirem a quantidade de energia restante, então façam proveito dela.

– O que acontece quando a energia acaba? – perguntou Escarlate.

A mulher os encarou com uma expressão indecifrável.

– Os orbes são desativados imediatamente.

A expressão dos heróis se igualou em preocupação.

– Então corremos o risco de revelar nossas identidades secretas se usarmos esse poder sem calcular o tempo – concluiu Azura.

– É uma batalha contra o tempo.

– Isso mesmo, mas não somente quando usarem as habilidades. Um aspecto dos orbes que devem saber, talvez o mais importante, é que essa energia que mencionei é compartilhada entre vocês e seus orbes. O compartilhamento entre portador e orbe é profundo, uma balança ligada até suas entranhas. Isso quer dizer que quando vocês se machucarem, o orbe vai doar a própria energia para amenizar seus ferimentos e vice-versa. Essa ligação vai ser responsável por manter ambos estáveis pelo tempo necessário até que recarreguem suas energias.

– Foi por isso que me senti mais forte ontem, enquanto lutava? – Escarlate questionou.

– Sim. O mesmo ocorreu quando se machucaram durante a batalha. Devem ter sentido uma dor menor do que pensar que deviam sentir.

– Pensei que fosse quebrar algum osso ontem...

– O Orbe do Poder estava compartilhando a energia com você, mantendo o equilíbrio para que a luta continuasse.

– Entendi.

Azura observou as cores dos três orbes flutuando e lembrou das cavidades verdes nos olhos da criatura que enfrentaram.

– Aquela coisa no parque ontem... está relacionada a um orbe, não é?

A mulher assentiu, silenciosa.

– Aquela coisa é um Construto, proveniente da habilidade do Orbe do Corpo.

– Foi você quem entregou aquele orbe, como fez com a gente? – perguntou Escarlate.

Ela diminuiu o tom de voz, tornando-o mais calmo e entristecido, e negou.

– Ele foi roubado há muito tempo.

– Mas então onde estava o portador? Se os orbes permanecem conosco, onde estava a pessoa que enviou o Construto?

– Diferente das suas habilidades, o Construto não precisa estar perto do portador. Pelo que sei, quem estava usando o Orbe do Corpo ontem poderia estar do outro lado do mundo e mesmo assim seria capaz de causar estragos aqui.

– Essas coisas estão apenas seguindo as ordens de seu criador enquanto está escondido – Azura concluiu. – Essa pessoa deve ter algo a perder se não está se expondo.

– Então não podemos impedir que mais construtos apareçam? – perguntou Escarlate.

– Não.

Escarlate procurou o olhar de Azura, entretanto ela estava longe de perceber. Seus pensamentos estavam em sua fraqueza quando questionou:

– Por que nos deu esses orbes? Por que não lutar contra os construtos você mesma?

A mulher engoliu em seco antes de responder.

– Eu sou responsável por manter a segurança dos orbes, apenas. É o meu dever. Estou tentando descobrir o paradeiro daquele que me escapou, assim como quem o roubou e onde essa pessoa se encontra agora. O trabalho de vocês é lidar com os construtos.

Azura não conseguiu afastar o pensamento de que havia algo que a mulher não estava contando. Como exatamente ela tinha perdido o orbe verde? E por que ela estava escondendo aquela informação?

– Isso é tudo que vocês precisam saber por enquanto – disse a mulher.

As sirenes da polícia começaram a soar alto a algumas ruas de distância, iluminando a cidade abaixo de luzes alternadas azuis e vermelhas.

– Um Construto está atacando a cidade neste exato momento.

Azura e Escarlate trocaram olhares confusos.

– Você sabia? – questionou o mascarado vermelho.

– É claro. Foi por isso que os chamei agora. Aquele ali – ela apontou para os carros da polícia que passaram abaixo, ao lado deles, seguindo a deixa da mulher – é o seu treinamento.

Azura observou o trajeto dos carros.

– Estão indo em direção ao leste de Lumina Valley.

A mulher passou pelos heróis.

– Vou avisar quando chegar a hora de nos encontrarmos novamente.

Ela se virou para ir embora e apoiou o pé na beirada do prédio.

– Estão te chamando de Lança Solar – murmurou Escarlate.

– Não gosto desse nome. Me faz parecer uma super-heroína.

– Então quem é você?

– Diga para me chamarem pelo que realmente sou: a Instrutora.

Ela pulou da beirada do prédio e foi embora, deixando os dois sozinhos na escuridão.

– Ela gosta da gente – Escarlate torceu para que fosse a verdade.

Quando partiram em direção ao perigo, os heróis decidiram que Lança Solar seria o nome da mascarada de amarelo para o resto do mundo. Apenas eles conheceriam o nome que ela desejava ser chamada.

O lugar era uma discoteca localizada próxima da fronteira de Lumina Valley. Daquela vez, Azura e Escarlate chegaram ao local ao mesmo tempo que os policiais, e eles estavam preparados para os reforços de máscaras. Sem hesitar, eles começaram a evacuar o lugar com rapidez.

– Como você acha que devemos chamar a pessoa que está chamando os construtos? – gritou Escarlate por cima do barulho das sirenes.

– O quê?

– Quer dizer, nós não podemos ficar nos referindo ao nosso inimigo como "misterioso portador do orbe verde e que está por trás dos construtos". É um nome muito longo.

– Ah – Azura não acreditou que ele estava pensando naquilo em plena evacuação, mas estava certo. – Você pode escolher um codinome, se já não tiver escolhido.

– O que acha de Esmeralda?

Azura ficou boquiaberta com a resposta rápida.

– Eu sabia!

– É claro que eu tinha pensado no nome.

Quando o fluxo de civis saindo da discoteca diminuiu, os heróis avisaram aos policiais para ficarem do lado de fora, e entraram.

Do lado de dentro, a pista de dança de ladrilhos coloridos acendia como uma placa de pressão ao encontro dos passos apressados dos civis. As lâmpadas do teto alteravam as cores do arco-íris na pista. Comida e copos sujos estavam espalhados pelo chão, as cadeiras e mesas jogadas e quebradas e as pessoas com maquiagem e roupas neon se amontoavam na saída, um pouco mais tranquilizados pela aparição de Azura e Escarlate e seus uniformes chamativos na luz negra.

No centro da pista de dança, o Construto estava esperando pelos heróis, o uniforme se destacando na escuridão. Daquela vez, era da altura e físico de uma pessoa real e tinha raiva na postura agressiva. Ele exibia seu ponto fraco, as fendas verdes, bem na altura do coração, se existisse algum coração por baixo do uniforme.

Escarlate contraiu os lábios.

– Isso vai ser moleza. – Ele estalou os ossos das mãos e deu um passo para a frente. – Agora que sabemos o ponto fraco, vamos acabar rápido com isso.

Ele atacou primeiro, correndo direto para o Construto e mirando a lâmina vermelha no centro do tronco exposto em um movimento que faria o professor de esgrima orgulhoso.

– Te peguei!

Mas antes da lâmina atingir o núcleo verde, a fenda se fechou por completo e a parte branca e preta do uniforme cobriu a exposição, jogando a lâmina do herói para longe.

– O quê?! Ele defendeu?

Ele colocou os braços na frente do rosto e segurou um soco rápido do Construto, que, diferente da última vez, estava mais rápido. Escarlate usou o novo potencial do orbe vermelho para criar um escudo, diminuindo a força do soco.

– Cuidado, vermelho!

Escarlate tropeçou para trás na hora que Azura desamarrou o globo de luzes coloridas, que fez seu trajeto para a cabeça do Construto, o que não atrasou-o mais que alguns segundos.

– Ele está mais rápido do que ontem. – Escarlate colocou-se ao lado de Azura.

– Então nós temos que ser ainda mais rápidos.

Azura estava incerta se conseguiria fazer alguma coisa naquela batalha, mas não havia tempo para hesitar. Precisava ao menos tentar. Ela pensou na informação que queria obter, do modo como a Instrutora explicou, e murmurou as palavras.

– Revelação!

Quando o Construto levantou e removeu os cacos afiados do globo quebrado do corpo, Azura viu uma nova abertura surgir na altura das últimas costelas, brilhando em azul ao invés do verde usual.

– Você viu aquilo?! – ela perguntou.

– O quê? – questionou Escarlate.

– De que cor você está vendo a fenda?

Ele alternou o olhar da fenda para Azura e questionou se ela tinha batido a cabeça.

– Verde...?

Azura sorriu. Apenas ela conseguia ver as respostas da habilidade do Orbe da Mente.

– Vamos atacar! – disse.

Ela não tentou transformar o orbe em uma arma útil, usando a desculpa de economizar energia para se sentir melhor com a suposta falta de conexão com seu orbe. Ela agarrou uma lasca afiada de madeira de uma cadeira quebrada e viu o Construto fazer o mesmo.

Os dois lados avançaram ao mesmo tempo, se encontrando frente a frente.

Escarlate abaixou quando a adaga improvisada foi em seu encontro e transformou seu orbe em um escudo vermelho levemente transparente. Ele atacou de frente e golpeou a barriga do Construto. O músculo contraiu, dando abertura para o ataque de Azura por trás. Ela ergueu a lasca e golpeou. A madeira quebrou ao meio com um crac onde atingiu a fenda verde, que se fechou mais uma vez.

– Eu acertei! Por que não funcionou?

Com a Revelação ainda ativa, Azura observou a fenda se mover por dentro do corpo do Construto, em direção ao centro da barriga.

– Acho que precisa ser com o orbe – sugeriu Escarlate.

Azura assentiu. Se o Construto tinha nascido da habilidade de um orbe, fazia sentido que outro orbe moldasse seu fim.

No entanto, o ataque dela não tinha sido em vão. A habilidade de Azura esclareceu de uma vez o ponto fraco do Construto: as fendas se formavam como um mecanismo de defesa, mas se moviam para outro lugar se colocadas em perigo.

Com metade da lasca ainda na mão, soltando farpas contra as luvas que se misturavam ao uniforme de Azura, ela bloqueou o ataque que o Construto forçou para cima dela. Acima de seus braços, a madeira dele estalava, e em poucos segundos Azura perdeu o equilíbrio e a própria arma e ela mesma foram lançadas para trás com um chute.

Azura rolou no chão e bateu as costas na parede. As luzes principais da discoteca se apagaram, deixando o ambiente iluminado somente pelas luzes dos orbes e dos uniformes.

A silhueta do Construto foi vista em intervalos por Azura conforme ele correu até ela, tão rápido que ela nem percebeu quando Escarlate se colocou na frente e bloqueou o ataque com o escudo erguido acima da cabeça.

– Você precisa criar uma arma, azul! Use o orbe!

Ela sabia que precisava reagir, usar o orbe de alguma forma, mas a limitação era igual à da batalha anterior: ela simplesmente não conseguia mudar a forma do orbe. E sabia que se não conseguisse fazer nada, se não fosse capaz de reagir, falharia. Se não conseguisse ajudar as pessoas, seria igual aos heróis de Nova York, e aquilo a apavorava mais do que o Construto na frente dela.

– Eu não consigo! – disse.

Ela se juntou à Escarlate e fez o melhor que conseguiria, ajudando a segurar o escudo para que não cedesse. Os socos do Construto provocavam um som oco, um seguido do outro, mas os mascarados não cederam. Só não tinham certeza se conseguiriam aguentar por muito mais tempo.

Escarlate virou o rosto para Azura e procurou traços da mesma confiança que ela tinha demonstrado na noite anterior, quando exigiu treinamento apropriado da Instrutora e quando convenceu ele mesmo a não desistir.

– O que aconteceu? – perguntou, quase cedendo sob o peso dos socos.

– Como assim?

– Onde está aquela confiança que me mostrou ontem?

– Eu... não sei. – Ela pôde sentir o orbe curar aos poucos as feridas e entregar força ao segurar o escudo. – Eu não consigo mudar a esfera.

Escarlate urrou sob o barulho dos ataques do Construto. Azura manteve os pés firmes no chão, mas eles estavam quase cedendo também.

– Eu não te conheço bem, azul, mas acho que dizer para confiar no seu orbe não deve adiantar nada. Então, ao invés disso, confie em si mesma. Pense naquelas pessoas lá fora, que precisam que nós estejamos dando nosso máximo, nós dois. Foque nisso!

Azura encontrou os olhos castanhos dele, iluminados pelo reflexo do escudo.

– Você consegue, azul!

Ele sorriu para ela, o brilho vermelho do Orbe do Poder circulando suas pupilas como se estivessem ligados.

Naquele momento, Azura entendeu as palavras da Instrutora.

* From Truth - Dexter Britain :) * 

Ela não tinha se conectado ao orbe, de forma alguma. Alguma coisa dentro dela tinha estabelecido que, quando utilizasse aquele uniforme da forma como deveria, quando ela enfim usasse o verdadeiro poder do orbe... ela teria se tornado como os heróis de Nova York. Foram eles que usaram aquele poder antes. Eles usaram a máscara. Eles se conectaram aos orbes. E eles fugiram.

Mas ela não queria ser nada parecida com aqueles que abandonaram sua cidade. Por isso, na batalha da noite anterior, Azura tinha baseado toda motivação em se tornar melhor do que eles, em ultrapassá-los em seus próprios termos. Sentiu que precisava apenas da máscara para fazer a diferença, que não precisaria do auxílio ou do poder do orbe. Pensou que poderia fazer tudo sozinha porque só o que sabia era que as pessoas com os mesmos orbes e o mesmo poder nas mãos tinham deixado tudo para trás.

Azura tinha medo de terminar do mesmo jeito. Parte dela, uma parte fraca e medrosa, sentia que seguiria o caminho deles. Ela tinha tanto medo daquilo acontecer que todos aqueles pensamentos estavam impedindo a conexão com o orbe acontecer, em primeiro lugar.

E na batalha anterior, ela percebeu que não podia lutar só com a própria força, não se quisesse salvar as pessoas. Precisava do poder do orbe, mas não o queria.

Foram as palavras de Escarlate na batalha anterior que fizeram-na compreender sua verdadeira motivação. Ela não mais precisava se esforçar para não ser como a Dama Dourada e o Soldado Prateado. Finalmente tinha entendido.

Ela usava uma máscara para esconder sua identidade. Tinha um orbe azul e poderes e uma cidade para proteger. Era uma heroína.

Ela era sim como os heróis de Nova York, em quase todos os aspectos.

Mas tinha uma diferença.

Ela ainda estava ali, defendendo sua cidade.

E não os abandonaria.

Ela fechou os olhos e lembrou daquele momento, o único momento em que entendeu que precisava unir forças com o orbe, quando não pôde pensar em mais nada a não ser salvar os Robbins na noite anterior. Ela precisou do orbe na noite anterior, e quando doou o espaço em sua mente para ele, ele respondeu na forma de um bastão.

Athena e o Orbe da Mente.

Eram um.

Azura.

Dali em diante, ela não se esqueceria de que era uma heroína.

Ela aceitou o orbe.

E o Orbe da Mente firmou a conexão.

Escarlate viu o escudo começar a ceder e sua força diminuir. Ainda que ele e Azura estivessem empurrando, o Construto de Esmeralda era muito veloz e mais forte. Se eles não fizessem alguma coisa logo, não haveria mais luta.

Como se entendesse a urgência da situação, o Orbe da Mente começou a tomar forma e se modificou em outro escudo, substituindo com uma explosão azul o escudo de Escarlate na hora em que ele cedeu.

– Obrigada por me manter em equilíbrio, vermelho.

Escarlate sorriu, orgulhoso, quando Azura se levantou, empunhando o escudo azul na frente do corpo, e empurrou o Construto para trás. Era inacreditável a forma que a mascarada se erguia mais forte todas as vezes.

– Sempre que precisar – disse ele.

Azura mudou a forma do orbe de novo, dessa vez para um bastão. Ela avistou a nova abertura e viu Escarlate correndo para o outro lado da discoteca, iluminando a pista de dança conforme pisava nos ladrilhos.

O Construto perdeu o equilíbrio e Azura atacou. Ela lançou o bastão na abertura, mas essa fechou novamente, prendendo a arma dentro de seu corpo. Azura então mudou o bastão para a forma intangível do orbe azul, que fez seu caminho pelo corpo do Construto e saiu pelo outro lado na hora em que a nova abertura começou a surgir nas costas.

Escarlate estava pronto.

– Fortificação!

A espada dele ganhou novos tons incandescentes de vermelho e uma névoa espessa ao golpear a abertura, rápido demais para que o Construto pudesse fechá-la completamente antes que o corte atravessasse o corpo, cravando na fenda e impedindo dessa forma qualquer outra mudança. O Construto caiu de joelhos, soltando um rugido antes do brilho verde desaparecer.

A batalha tinha terminado.

Escarlate removeu a espada do corpo do Construto, transformando-a de volta no orbe. A adrenalina ainda corria por seu sangue quando entendeu que aquela era a primeira batalha de verdade dos heróis de Lumina Valley, a primeira vitória de Azura e Escarlate.

– Acabou, azul – ele murmurou.

– Acabou, vermelho – ela murmurou de volta.

As duas figuras no centro da pista de dança foram iluminadas pelas luzes coloridas em volta, que piscavam, quebradas, levando luz à escuridão. Os orbes estavam mais fracos do que antes, mas conseguiram brilhar o suficiente para revelar os sorrisos e um abraço aliviado entre os heróis.

– Eu sabia que conseguiríamos! – exclamou Escarlate.

– Ainda não.

Azura se desvencilhou dos braços de Escarlate e mirou passos pesados até o corpo do Construto antes que este desaparecesse em cinzas como na última vez. Ela agachou e ficou na altura dos olhos sem vida do Construto.

– Esmeralda, quero que ouça. – Sua voz estava determinada como nunca, embora ela não soubesse se conseguia ser ouvida. – Lumina Valley está protegida por Escarlate e Azura. Pode nos ameaçar, nos colocar em perigo ou tentar lutar contra nós. Se tentar machucar essas pessoas inocentes, será derrotada de novo. Envie quantos construtos desejar, Esmeralda. Você nunca ganhará.

Escarlate abaixou a cabeça para testemunhar a figura bonita e corajosa que ameaçava sem medo o inimigo que evaporava em cinzas verdes. Ele olhou para a mascarada, vendo-a de uma forma totalmente diferente pela primeira vez.

Quando se aproximou para falar com Escarlate, Azura não parecia mais com a garota da noite anterior, não quando tinha acabado de ganhar uma batalha com sua própria força.

– Quero que saiba que eu nunca teria conseguido lutar sozinha, vermelho.

E Escarlate também não se sentia mais como o mesmo garoto de alguns minutos antes, não quando Azura passou a mão pelo ombro dele antes de se afastar, como se nada tivesse acontecido. Como se ela nem tivesse notado que ele paralisou com o toque. Como se ela não tivesse acabado de causar um terremoto no coração dele.

Escarlate não tinha notado antes que os olhos de Azura tinham um tom de um azul tão chamativo.

– Ei – ele chamou, tentando disfarçar o rubor que tomou conta das bochechas. – Quer dançar?

Azura revirou os olhos.

– Isso não é brincadeira, vermelho.

– Acabamos de salvar a cidade. Podemos nos divertir um pouco, não?

As pessoas começaram a invadir a discoteca, tirando o foco dos mascarados.

– Agora não podemos – Azura murmurou. – Que pena, não é mesmo?

Escarlate sorriu de lado.

– Você ainda vai dançar comigo. Algum dia.

Antes de saírem da discoteca, ele podia jurar que as linhas de irritação na expressão de Azura não estavam mais ali.

No alto de Lumina Valley, Azura absorveu os últimos dias com um sorriso no rosto. A cidade tinha entregado à Athena uma oportunidade e uma máscara azul que incorporava a sua justiça por si e por sua família em esperança para outros. Com tanto que havia sido tirado, ela demorou para enxergar tudo que recebeu: uma segunda chance, uma identidade e um parceiro.

Por hora, sua promessa silenciosa havia se cumprido. Ela era esperança e isso era tudo o que precisava ser.

Recostado em uma chaminé no alto do telhado, Escarlate observou a cidade abaixo de seus pés. Os repórteres tinham ido embora há pouco tempo, deixando o silêncio reinar.

Ao lado dele, deitada nas calhas, Azura observou a luz interna do orbe ser preenchida aos poucos, uma vez que a batalha tinha terminado e a energia estava sendo menos usada. Ela transformou várias vezes o orbe azul, certificando-se de que estavam conectados, embora uma parte dela sabia que aquela ligação não se perderia mais.

Escarlate suspirou fundo.

– Eu realmente não quero voltar para casa agora.

Azura concordou.

– Eu também não.

Não restavam dúvidas de que as luzes tinham chegado em Lumina Valley.

Naquela noite, a Cidade das Máscaras nasceu.

Lumina Valley - Noturno

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From Truth - Dexter Britain

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