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Capítulo 6

No telhado mais próximo do parque, a mascarada azul agachou e observou a criatura de órbitas verdes atacar os civis com os destroços do parque, parecendo maior do que antes.

Athena sentiu as pernas vacilarem diante do perigo. A respiração começou a acelerar e sentiu o medo invadir suas entranhas. Mas os Robbins estavam lá, em algum lugar, e ela era a única que podia fazer alguma coisa. Então fechou os olhos, respirou fundo e abriu e fechou as mãos várias vezes, focando a atenção na promessa que tinha feito para si mesma.

Seria melhor que os heróis de Nova York. Tinha que ser.

Ela abriu os olhos e analisou o cenário. À esquerda, a barricada policial fechava uma saída do parque cercado, tentando conter a criatura ao mesmo tempo em que as pessoas eram liberadas uma por uma. Mais a frente, um grupo de feridos tentava chegar com dificuldade na barricada. À direita, a outra saída estava bloqueada por pedras e alguns policiais que tentavam enfrentar a criatura.

Com o coração acelerado, Athena tomou sua decisão. Estava prestes a pular do telhado quando, ao longe, um brilho vermelho se aproximava.

– Outra criatura? – ela sussurrou.

Ela tentou fazer o mesmo que a Dama e o Soldado: transformar a esfera azul flutuante em uma arma para se defender, caso a luz que se aproximava estivesse do lado errado da luta. Mas quando ela tocou a esfera, sua mão a atravessou por completo.

– O quê? – murmurou.

Ela tentou mais uma vez, e mais outra e outra, frustrando-se em todas. A esfera não mudava de forma.

A luz vermelha estava chegando cada vez mais perto.

Athena amaldiçoou a esfera e ajeitou a postura, tentando visualizar mais longe.

Alguns telhados à frente, o brilho vermelho parou de se mover. Athena cruzou o olhar com uma silhueta humana iluminada na escuridão.

London sorriu ao longe e se aproximou da garota com a esfera azul no topo do prédio. Ele era ao menos uma cabeça maior que ela, tinha a pele bronzeada, o cabelo castanho escuro caindo na frente dos olhos e, sem dúvidas, exalava bem mais confiança do que ela.

– Ei! – falou London, a voz calorosa preenchendo o barulho daquela noite. Ele soltou um suspiro de alívio. – Você também recebeu uma dessas esferas esquisitas!

– Quem é você? – Athena perguntou.

Ele apontou para a máscara ao redor dos olhos e deu de ombros.

– Sabe como é, identidade secreta e tal...

– Eu não quis dizer isso.

– As máscaras estão aqui por um motivo.

– Esquece o que eu falei!

A mascarada azul estava tão ocupada pensando em ser melhor que os heróis que nem tinha passado pela sua cabeça que ela não seria a única a derrotar a criatura.

– Você deve ser outro convocado – disse

Ele concordou com a cabeça.

– E você deve ser a minha parceira, certo?

A mascarada suspirou.

– Não sou sua parceira. – Ela murmurou seus pensamentos em voz alta. – Deve haver alguma regra para serem sempre duas pessoas, embora eu não entenda a razão. Sou capaz de lutar sozinha.

O mascarado cruzou os braços. Sua suposta parceira não parecia muito habilidosa ou mesmo sequer parecia querer conversar.

– Eu também não entendo – ele disse.

– Bem, dadas as opções, suponho que seja melhor agir em dupla mesmo. – Ela cessou o devaneio e olhou para o suposto parceiro, que devolvia uma expressão um tanto confusa. – Nós temos que parar aquela coisa.

– Pelo menos nisso concordamos. Mas como? Viu o tamanho daquilo?

Athena olhou para a criatura, que já tinha chegado aos três metros de altura.

– A criatura cresceu – ela avisou. – Não sei como, mas ela está maior do que antes.

London ergueu a sobrancelha.

– Você estava observando aquela coisa?

A mascarada ficou vermelha por baixo do disfarce, pensando que dava a impressão de que ela estava parada sem fazer nada durante todo aquele tempo.

– O que você sabe sobre essas esferas flutuantes? – ela perguntou, cruzando os braços.

– Podemos usá-las como armas – o mascarado respondeu. – Quero dizer, eu li isso em algum lugar...

A mascarada azul não se surpreendeu pelo conhecimento dele. Todos que conheciam a Cidade das Luzes sabiam sobre a Dama Dourada e o Soldado Prateado, e também sabiam que seus poderes vinham das esferas. Ele devia ser apenas um fã sortudo que conseguiu a chance de uma vida.

– Vamos transformar as esferas em armas e atacar a criatura! – O mascarado vermelho deu de ombros. – Moleza!

Ele era confiante demais, a mascarada pensou, mas pelo menos sabia de uma ou duas coisas. Entretanto, se aquela confiança servisse somente para combater a criatura, não seria de muita ajuda para ela. Derrotar a criatura vinha em segundo lugar em sua lista de prioridades.

– Evacuar as pessoas é prioridade. – O tom de voz saiu mais ríspido do que desejava.

– Vamos chamar muita atenção se formos nós dois – ele argumentou, apontando para as esferas. – Sabe, porque somos praticamente postes ambulantes e tudo mais.

– Então nos separamos. Okay?

– Okay.

O mascarado olhou para a garota, percebendo que seus olhos eram azuis como a esfera que pairava atrás dela.

– Sabe como isso funciona? – Ele cortou o silêncio.

Ela deu de ombros, parecendo ligeiramente irritada.

– Tentei visualizar o que eu queria, mas essa coisa não funciona.

O mascarado aproximou a esfera vermelha sem tocá-la com as mãos e as sobrancelhas da mascarada se levantaram. Ele sabia bem mais do que ela sobre tudo aquilo.

– Bem, não custa tentar, certo? – ele perguntou. – Acho que é só...

Ele tentou imaginar uma arma que pudesse usar contra a criatura sem dificuldade, uma que já estava familiarizado há anos. Pela primeira vez, ficou contente com a insistência do pai nas aulas de esgrima. Como se respondesse ao pensamento, a esfera se mexeu e rapidamente tomou a forma de uma espada vermelha, a lâmina brilhando na escuridão.

A mascarada observou enquanto a espada caía nas mãos do garoto, totalmente tangível ao toque. Ela disfarçou a inveja, sentindo-se impressionada pelo modo como o jovem em sua frente tinha se adaptado tão rápido.

– Como você fez isso?

– Isso só... parece que leu a minha mente ou sei lá – ele respondeu, admirando a forma tomada pela esfera. – Pensei em uma espada e, puft, apareceu uma.

A mascarada imitou o movimento e conseguiu levar a esfera para perto do corpo. Ela pensou em uma arma que fosse adaptada para a luta, mas que não houvesse chance de colocar os civis em perigo. E mais uma vez, nada aconteceu.

– Não consigo – disse.

Ainda bem que o garoto parecia mais confiante em dominar a luta, pensou, porque ela não tinha certeza de que seria de muita ajuda. Ele se aproximou.

– Tente de novo, é só...

– Esquece. – Frustrada, ela lançou a esfera para trás do corpo. – Não temos tempo para tentar mais uma vez.

Ele achou melhor não discutir.

– Então precisamos atacar – resmungou.

– Precisamos de um plano! – retrucou ela.

Mandona – ele sussurrou.

Irresponsável. Espera, o que você-

– Que tal esse plano? – ele a interrompeu e se aproximou da beira do telhado. – Eu vou distrair a criatura e você cuida dos civis.

Pelo modo como os olhos castanhos do mascarado vermelho brilharam ao olhar para a criatura, a mascarada desconfiou de que ele queria o crédito da luta e da derrota para si. Não que ela se importasse com o crédito, esse não era seu objetivo ao colocar a máscara. Mas tinha que admitir que era mesmo a melhor ideia, já que ela não conseguia transformar a esfera em uma arma para ajudar na luta. Além disso, dessa forma, ela poderia procurar pelos Robbins sem que ninguém desconfiasse.

– Então vamos... – ela hesitou. Os dois ainda não tinham se apresentado –, vermelho?

– Me chame do que quiser, azul. – Ele piscou para ela pouco antes de saltar do telhado, a espada a postos, e gritar a plenos pulmões: – Eu vou salvar essa cidade!

A mascarada azul revirou os olhos. Quem quer que estivesse debaixo daquela máscara era irresponsável o bastante para atingir seus nervos. Em seguida, ela pulou para a esquerda, para os policiais que filtravam as pessoas na barricada.

Ela aterrissou com força no chão de terra, dobrando os joelhos para tentar diminuir a força do impacto, mas a maior parte pareceu ser absorvida pelo uniforme, de forma que ela nem sentiu a dor que se esperaria sentir ao pular do telhado de uma altura como aquela.

Ela se aproximou dos policiais na barricada, formando um plano na cabeça. Um deles apontava as mãos ao alto e gritava ordens para os presentes no parque.

– Senhor – ela modulou a voz, tentando chamar a atenção dele.

– Os feridos ficam na fila. – Ele apontou para a fila sem olhar para ela.

– Não estou ferida. Vocês precisam abrir caminho!

– Não podemos deixar aquela coisa sair do parque – informou o policial. Ele já devia ter ouvido a mesma coisa dos civis pelo menos uma dúzia de vezes. – Está tudo sob controle, senhorita, então, por favor, dirija-se ao final da final.

Uma figura em movimento se colocou diante da criatura, a espada vermelha brilhando nas mãos como se anunciasse sua chegada triunfante.

– Mas o que... – O policial, confuso, finalmente se virou para a mascarada ao lado.

– A criatura não vai sair. – Ela assustou-se com a confiança transmitida pela voz.

O policial alternou o olhar entre o mascarado vermelho e a que estava em sua frente. A mascarada azul viu os músculos dele relaxarem enquanto percebia a máscara, o uniforme e a esfera flutuante atrás dela. Como se finalmente entendesse o que estava acontecendo, ele deu um passou para trás, ajeitou a postura e sinalizou para os outros oficiais.

– Estamos às suas ordens.

A mascarada assentiu com a cabeça e começou a listar comandos para ele, exercendo a autoridade que precisava ter naquele momento.

– A barricada está atrasando a evacuação – explicou. – Os civis devem ser prioridade.

– Posso fazer isso acontecer. – O policial se afastou para dar o comando aos outros. – Vamos lá, pessoal!

Com uma velocidade impressionante, os carros foram deslocados e a evacuação teve início imediato. A mascarada assentiu com a cabeça para os policiais e correu para oferecer auxílio para outras pessoas.

Pelo canto do olho, o mascarado vermelho trocou olhares com a mascarada azul, que ajudava algumas pessoas a sair dos destroços, e torceu para que ela ficasse bem mesmo sem mudar a forma da esfera.

Ele fez sinal para que os policiais se afastassem e ficou frente a frente com as órbitas verdes da criatura. Ele desviou a atenção para si mesmo com um deslize da espada na perna da criatura, no pedaço onde seu uniforme era branco. Ele esperava que sangue jorrasse de lá, como faria com uma pessoa normal, mas, lembrou, não era uma situação normal, e não havia nada de humano na criatura. E, para sua surpresa, a lâmina ricocheteou.

Em questão de segundos, a criatura cresceu mais alguns centímetros.

– O quê!?

O mascarado desviou com uma cambalhota um pouco antes de um soco atingir a terra e continuou correndo entre tropeços.

Do outro lado, a mascarada guiou para fora dos destroços as últimas pessoas feridas à vista. Mais pessoas estavam espalhadas pelo parque, mas ela não conseguia ver os Robbins, e o pânico tomou conta dela. Ela usava a máscara e precisava agir como a pessoa que salvaria a todos. Precisava fazer jus à própria promessa.

Ela tinha que encontrar uma forma de derrotar a criatura. Precisava da esfera, mas não conseguia forçá-la a mudar de forma, não como o mascarado vermelho conseguia.

De longe, ela viu o mascarado desviar de uma pedra imensa jogada pela criatura. Ele deslizou pelo chão e levantou-se graciosamente com um sorriso repuxando o canto dos lábios, como se estivesse gostando da luta.

Mas ela não teve tempo de revirar os olhos, porque a trajetória da pedra continuou até o outro lado do parque, onde uma família estava se escondendo atrás de uma árvore, cobrindo a cabeça de um menino pequeno com os próprios corpos.

Os Robbins.

Sem parar para pensar, a mascarada azul correu até eles, incerta do que fazer enquanto a esfera continuasse intangível.

Ela sentiu raiva do modo como a Dama Dourada e o Soldado Prateado tinham deixado sua cidade para trás. Sentiu raiva de não poder usar a esfera da mesma forma que o mascarado vermelho tinha conseguido. Sentiu raiva porque precisava de um herói ali, naquele momento, que conseguisse salvar a família que a acolheu.

Mas só podia contar com si mesma.

Enquanto corria o mais rápido que conseguia aguentar, a memória de Nova York após o desaparecimento dos heróis surgiu em sua mente. De repente, a cidade estava de volta à taxa de óbitos antiga, e os próprios pais eram prova disso.

Em Lumina Valley, os Robbins estavam em perigo. Ela precisava dos heróis, mas eles não chegariam.

Mas era ela quem usava a máscara. E ela estava ali.

A mascarada azul observou a esfera se aproximar dos seus dedos, seguindo as batidas do coração ansioso dela, e a agarrou, sentindo enquanto a esfera tomava forma.

Com um movimento rápido, ela acertou a pedra. Os pedaços descreveram um arco no ar, acertando a grade do parque com um barulho sonoro.

Quando a poeira baixou, a mascarada segurava nas mãos um bastão azul, que tomou forma no lugar da esfera flutuante.

Ela não teve tempo de ficar surpresa ou se perguntar se conseguiria fazer aquilo mais uma vez. O bastão tomou a forma da esfera mais uma vez, voltando a flutuar perto dela.

– Vocês estão bem?

Os Robbins estavam encolhidos um em cima do outro e encontraram seus olhos azuis, tão surpresos quanto ela.

– Estamos bem! – gritou Robert, tampando os ouvidos com a mão suja de terra.

A mascarada azul se ajoelhou na frente deles, forçando a voz a sair mais autoritária.

– Vocês precisam sair daqui!

– Não podemos ir ainda! – respondeu Anna.

A mascarada murmurou, confusa, olhando em volta.

– É perigoso aqui! – disse.

– Nossa amiga ainda pode estar aqui dentro – continuou Anna, a voz trêmula. – Temos que encontrá-la primeiro!

Levou um minuto para a mascarada entender que estavam falando dela. Eles estavam pensando que Athena talvez tivesse mudado de ideia, que ela tivesse se encontrado com eles no parque.

A mascarada amenizou a expressão e tomou um fôlego.

– Eu levei todos para fora – afirmou. – Vocês são os últimos. Precisam sair agora!

Ela ajudou os Robbins a levantar e os acompanhou para fora do parque, terminando a evacuação.

– Quem são vocês? – Robert questionou, ofegante.

– Como assim, pai? Não é óbvio? – disse Will, os olhos verdes brilhando. – Eles são heróis, não são?

A mascarada azul hesitou, mas alguma coisa a fez olhar ao redor. Nos diferentes rostos desesperados da multidão ferida, ela entendeu a importância de um herói.

As pessoas precisavam de alguém que lhes tocasse o ombro e dissesse que tudo ficaria bem, que tudo chegaria ao fim. Como na Cidade das Luzes, elas clamavam por uma figura de esperança, a luz capaz de iluminar a escuridão. E, naquele momento, era nela e no mascarado vermelho que as pessoas apoiavam suas esperanças.

A multidão era como ela na noite em que sua vida tinha sido virada de ponta-cabeça, quando esperou a chegada dos heróis.

Ela e o mascarado vermelho podiam ser heróis, mas tinha uma diferença.

Eles tinham chegado.

A heroína tocou a cabeça de Will.

– Sim – assentiu –, somos heróis.

Os postes de luz que ainda resistiam iluminaram a batalha do herói vermelho contra a criatura de órbitas verdes. Ele respirava com um pouco de dificuldade, se apoiando na espada nos intervalos de ataque da criatura. Ainda não tinha acertado um golpe em cheio, mas cinco golpes inúteis era melhor do que nenhum golpe. Ele ainda estava pegando o jeito dos reflexos recém adquiridos.

O parque estava totalmente destruído, cheio de crateras jorrando água da encanação quebrada, porém a criatura parecia ficar maior a cada minuto.

O mascarado tentou golpear a perna da criatura, a altura máxima que podia alcançar com o tamanho atual do monstro, mas a lâmina só tilintou um barulho metálico em resposta.

Ele bloqueou um soco com os braços na frente do corpo e foi jogado para trás com o impulso. Ele cravou a lâmina no chão, criando uma fenda no centro do parque, até se colocar de pé novamente.

Ao lado dele, a garota de máscara se juntou à luta. Parecia um pouco mais confiante, mas ainda não carregava nenhuma arma.

– Desculpe a demora – disse ela. – Tirei todos do parque.

– Bom trabalho! – Ele ergueu o polegar em resposta, ainda apoiado na espada.

– O que descobriu?

– Minha espada não está cortando – ele resmungou, irritado. – E a criatura fica maior a cada minuto. Ela está ainda maior do que quando chegamos.

– Entendi.

A criatura encontrou eles, preparando mais um ataque. Dessa vez, segurava um banco nas mãos e se preparava para jogar.

Eles desviaram por pouco do ataque, cada um se afastando para um lado, o mascarado vermelho com mais dificuldade, respirando mais forte, e a mascarada notou que a espada na mão dele brilhava mais fraca.

– Não ata-

Ela tentou impedi-lo, mas ele avançou contra a criatura.

Os dois realmente não trabalhavam bem juntos.

A espada rangeu ao atingir a perna da criatura, e poucos segundos depois, a mascarada azul notou a mudança. A criatura tinha crescido.

– É assim que ela fica maior...

Antes mesmo dos dois chegarem, foram os tiros das armas dos policiais que fizeram a criatura crescer, embora em uma escala bem menor do que quando o mascarado atacou.

– Ela cresce quando é atacada – a heroína sussurrou. – Será que...?

Ela se abaixou e pegou uma pedra do tamanho da palma da mão, então, testando sua teoria, jogou na criatura. Ela cresceu minimamente, tão pouco que nem chamou a atenção do mascarado.

– É isso!

Ela correu para o policial a postos e apontou para o cassetete.

– Pode me emprestar?

Ela avançou contra a criatura, sentindo o uniforme fortalecer seus músculos ao correr.

Ela ultrapassou o outro mascarado rapidamente, deixando-o para trás ao avançar mais perto. Ele a observou, surpreso, quando ela correu até a criatura com algo na mão, deu a volta por trás antes que o braço enorme a alcançasse e golpeou a articulação do joelho.

Um rugido inumano ressoou no ar. A perna atingida da criatura se contorceu, tremeu e cresceu menos do que quando tinha sido golpeada pela espada.

A criatura acertou um soco na heroína, em uma velocidade absurda para seu tamanho, e ela foi jogada longe e rolou no chão. A dor no corpo deveria ser imensa, porém, mais uma vez, ela sentiu o uniforme absorver parte do impacto.

O mascarado murmurou uma preocupação e correu para o lado dela. Ele jogou o braço dela em torno dos próprios ombros e fez força para ajudá-la a se levantar.

– O que você fez?! – perguntou, incrédulo.

– A criatura cresce quando é atacada – ela respondeu, se soltando dele com um sorriso no rosto.

Ele piscou os olhos muitas vezes, ainda confuso. Ela tinha que estar tendo um derrame ou alguma coisa parecida para agir daquela forma.

– Então por que você atacou?!

Ela olhou para ele, os rostos cheios de fuligem e terra, e ergueu a sobrancelha, como se ele não estivesse entendendo o óbvio.

– Se atacar com a esfera, ela fica maior ainda.

Foi a vez dele levantar a sobrancelha. Estava ocupado demais atacando de novo e de novo, fazendo a criatura crescer mais e mais a cada ataque, para perceber aquele detalhe. Pela primeira vez, entendeu que a mascarada estava exercendo um papel importante naquela dupla. Toda aquela observação no telhado não tinha sido por nada. Se não fosse por ela, ele não teria parado de atacar e provavelmente teria colocado os dois em um perigo ainda maior.

– Incrível... – ele murmurou baixinho. – Mas, se não podemos atacar, o que fazemos?

A mascarada olhou em volta. O parque destruído seria sua armadilha.

– Se não podemos atacar – disse ela –, nós prendemos a criatura.

O herói vermelho seguiu o olhar dela, vendo os destroços da batalha pela primeira vez. Ele assentiu e mudou a forma da esfera para uma corda, que brilhou em vermelho.

A criatura se recompôs, pronta para outra rodada.

– Vamos nessa, azul.

Os dois heróis avançaram, a corda e o cassetete nas mãos, e desviaram de uma árvore e de um bloco de terra lançados em sua direção.

Mais uma vez, os dois se separaram, movendo-se em ritmos diferentes. Dessa vez, o mascarado vermelho preparou a corda enquanto a heroína azul distraiu a criatura.

A heroína se impulsionou para cima para desviar de um soco, mas a criatura agarrou ela com a outra mão, rápida demais, e a lançou longe, dessa vez em cima do mascarado. Os dois rolaram até a grade e bateram na cerca desgastada. O herói vermelho agarrou as costas e colocou a mão na terra, cravando as unhas por baixo da luva do uniforme na terra. De alguma forma, o efeito do uniforme parecia estar acabando.

– Por que estava no meu caminho?! – tossiu a heroína.

Ele devolveu um olhar irritado para ela.

– Como que eu estou no seu caminho? – retrucou ele. – Você que foi jogada no meu!

– Droga, vermelho! Não temos tempo para isso!

Os dois olhares se encontraram, exaustos. Eles não conseguiam trabalhar em equipe e ambos sentiam isso.

– Temos que fazer isso juntos! – disse ele, franzindo a sobrancelha.

– Eu sei!

Eles se levantaram e tentaram mais uma vez, sem se comunicar. Tinham certeza de que podiam terminar aquilo sozinhos e que o outro estava apenas atrapalhando.

O mascarado foi pela direita, mas viu a outra heroína seguir pelo mesmo caminho. Os dois pararam no lugar e seus olhos se encontraram novamente.

– Escuta – começou a mascarada –, eu vou pela-

A criatura correu o mais rápido que conseguiu e acertou um golpe com o corpo antes que ela pudesse terminar a frase. A heroína foi jogada longe e bateu as costas em uma árvore, sentindo o cassetete ser lançado para fora de seu alcance.

A criatura partiu para cima dela mais uma vez, preparando um ataque final, mas antes que pudesse golpear, o mascarado vermelho se enfiou entre os dois corpos e bloqueou o golpe com a espada em punho e vermelho no olhar, forçando a criatura a recuar.

Ela se desequilibrou apenas por tempo o suficiente para que o herói pegasse a heroína no colo e corresse até o outro lado do parque.

As esferas dos dois brilhavam mais fracas quando chegaram ao outro lado.

– Me coloca no chão – pediu a heroína.

O herói se ajoelhou e abaixou ela com cuidado.

– Você está bem? – perguntou, embora àquela altura já tivesse entendido a dinâmica da dor com o uniforme, ainda que ficasse gradualmente mais fraca.

– Sim.

Ela se lembrou dos heróis na Cidade das Luzes mais uma vez e sentiu a voz começar a falhar. Ela estava certa de que poderia ser melhor do que eles, mas toda sua confiança tinha sido abalada. Como poderia ser uma heroína de verdade se não conseguia nem trabalhar em equipe? Como poderia salvar qualquer pessoa daquele jeito?

– Não sei se podemos derrotar aquela coisa, vermelho – ela sussurrou.

O mascarado procurou os olhos dela, duvidando do que dizia. Os dois tinham chegado até ali, tinham recebido as esferas esquisitas e descoberto um jeito de jogar contra a criatura. Não podiam desistir tão fácil. Ele percebeu a falta de esperança na expressão cansada dela e tocou seus ombros, abrindo um sorriso fraco.

– Nós podemos derrotá-la – disse, confiante.

– Você me parece confiante demais. Como pode ter tanta certeza?

– Porque eu consigo sentir isso, azul. – Ele aumentou o sorriso. – Nós dois recebemos esse poder estranho por um motivo, e quero acreditar que é porque somos os únicos capazes de parar aquela coisa. Não vamos falhar.

Uma frase ecoou no fundo da mente da mascarada.

O que acontece quando os heróis falham?

Ela olhou para as mãos, um tremor invadindo-a.

Nós sabemos o que acontece.

Ela ergueu a cabeça, percebendo os olhos castanhos que brilhavam com determinação olhando para ela, e sentiu um pouco daquela influência invadir seu corpo.

– Entendi porque são dois heróis – disse. Ela aproximou a esfera azul do corpo, fechou os olhos e concentrou sua mente em apenas um objetivo: aquela cidade.

O sorriso do herói mudou para um brilho diferente quando a esfera da mascarada azul tomou a forma de uma corda.

– Quando um perde a esperança, o outro a restaura – ela completou.

O mascarado ergueu as sobrancelhas e sentiu a respiração pesar, mas encontrou forças para finalmente perceber o azul dos olhos dela, sem esperança e ainda assim magníficos.

– Vamos terminar o que começamos, vermelho.

Ele deve ter encarado ela por pelo menos cinco segundos inteiros, perplexo. Quando o efeito daquele sentimento diminuiu, ele repuxou os cantos dos lábios em um sorriso confiante.

– Vamos, sim, azul.

A mascarada assentiu.

A criatura virou para eles, as órbitas verdes no lugar dos olhos cheias de raiva. Com o último ataque do mascarado, a criatura estava enorme. Tinha pelo menos seis metros de altura e a largura não perdia por pouco. Mas os movimentos também estavam mais lentos e pesados.

Os heróis fizeram contato visual com ela, então um com o outro e, talvez pela primeira vez, concordaram com a cabeça.

– Juntos – disseram ao mesmo tempo.

Durante os momentos anteriores, os dois estavam em ritmos diferentes, cada um por si fazendo o que achavam ser o certo. Mas, naquele momento, quando se colocaram lado a lado, pela primeira vez estavam em sincronia.

Eles avançaram lado a lado. O mascarado transformou a esfera em uma corda.

A criatura soltou um rugido inumano e correu na direção deles, atirando um pedaço do solo na direção dos heróis.

A heroína azul desviou pela esquerda e seguiu em frente e o herói vermelho seguiu o movimento pela direita.

A mão da criatura foi na direção dele, mas ele se impulsionou e pulou alto antes do impacto, levando a corda para junto de si ao correr por cima do braço da criatura. Ele enrolou a corda no braço dela e puxou com um impulso para cima, aterrissando na cabeça da criatura, grande o suficiente para seus pés manterem um mínimo equilíbrio.

A mascarada azul amarrou o final da corda vermelha em uma árvore.

A criatura jogou a outra mão para cima, tentando agarrar o mascarado, mas ele pulou de volta para o chão, e o que ela puxou no lugar foi a corda. Sem tempo para desviar, as raízes da árvore voaram sobre o solo. Farpas voaram para todos os lados ao arrebentar no rosto da criatura, bloqueando sua visão por um tempo.

Quando se restabeleceu, a mascarada azul já estava puxando as articulações do joelho da criatura, que estavam amarradas na corda vermelha e envoltas em uma árvore, diminuindo a força necessária quando a heroína puxou e a criatura caiu de joelhos no chão.

A criatura socou o chão, reverberando com tanta força que a fenda aberta pela espada do herói vermelho se alargou e expandiu, abrindo caminho até os pés do mesmo, que estava mais perto. Ele quase caiu dentro da fenda, mas no último segundo recolheu de volta a própria corda e a lançou para cima.

A mascarada azul agarrou a corda, puxando o herói para fora da fenda.

Ele foi lançado aos céus, mas antes que caísse de cara no chão, a mascarada amarrou a corda vermelha em duas árvores e puxou com força, fazendo-o descrever um círculo no chão de terra com os pés. Uma nuvem de poeira se alastrou em volta da criatura com o movimento, bloqueando a visão da mesma quando ela se levantou com um rugido sonoro.

– Aquela coisa está irritada! – berrou o herói, aterrissando meio desajeitado.

– Então está funcionando!

A poeira começou a baixar até que somente as fendas verdes brilhantes fossem vistas através da nuvem. O modo como a criatura olhava para os heróis era intimidador, mas eles já não estavam mais assustados.

Os heróis envolveram a corda em alguns destroços e correram em direções opostas.

Quando a criatura voltou a aparecer sob a nuvem de poeira, encontrou os dois heróis deslizando por debaixo de suas pernas, a corda vermelha nas mãos. Ela não soube em quem se concentrar, mas não importava mais, porque quando tentou agarrar um deles, ambos já tinham se afastado o bastante para escapar ilesos.

Por último, com toda a força que restava, os heróis puxaram a corda. Bancos de metal, grades de ferro quebradas, árvores e blocos de terra voaram em direção ao corpo da criatura, fazendo ela perder o equilíbrio e cair na fenda, soterrando-se sob os destroços que ela mesma tinha despedaçado.

Os heróis recuaram, incertos se a batalha tinha realmente chegado ao seu fim.

Por um minuto inteiro, a criatura não se mexeu. E nos outros dois minutos nos quais os heróis pararam para absorver o que tinham acabado de fazer, também não houve movimento, fora a respiração ofegante dos dois.

O mundo inteiro parecia ter se silenciado.

Então, sufocando o silêncio, os olhares dos heróis se encontraram na mesma hora que uma multidão se aglomerou na entrada do parque.

As pessoas que eles tinham salvado estavam gritando e aplaudindo, agitadas, enquanto os dois ainda tentavam assimilar a situação.

Eles sorriram ao mesmo tempo, soltando suspiros aliviados, e as palmas das mãos se encontraram no ar. Não precisavam de palavras.

Os cidadãos foram ao encontro deles, cercando-os com os celulares na mão, gravando cada momento como se eles fossem celebridades.

– Vocês nos salvaram! – comentou alguém.

– São os heróis da cidade! – outra pessoa gritou.

A heroína com a esfera azul se encolheu. Não gostava de multidões, mas também não podia escapar. Permanecer lá também era seu dever.

– Obrigada – ela agradeceu.

O herói com a esfera vermelha, no entanto, não parecia ter problemas com o público. Ele assumiu as rédeas e tomou os holofotes para si.

– Somos incríveis mesmo. – Ele apoiou o braço nos ombros da mascarada. Ela revirou os olhos, mas ele ignorou. Estava começando a gostar de quando ela fazia aquilo. – Nós dois agradecemos pelos elogios.

– Vão ter mais monstros como aquele? – perguntou alguém, apontando o celular com a lanterna ligada para a dupla.

A mascarada azul não estava acostumada com tanta atenção, mas encontrou coragem para responder e deu um passo para frente, aumentando o tom da voz.

– A verdade é que não sabemos – confessou.

Assim que respondeu, sentiu o medo irradiar das pessoas.

– Mas não importa – continuou seu parceiro, tomando a dianteira. – Se a cidade estiver em perigo novamente, tenha certeza de que nós viremos para ajudar.

A heroína azul não revirou os olhos daquela vez.

Uma menina levantou a voz na multidão.

– Quais são os seus nomes? – perguntou, genuinamente interessada.

O herói com a esfera vermelha sorriu com a pergunta. Tinha pensado em como deveria ser seu codinome desde que tinha ativado a esfera.

– Me chamem de Escarlate – falou.

A heroína sussurrou, indignada com a rapidez da resposta:

– Você tinha pensado nisso antes?

– Você não?

E dessa vez ela revirou os olhos de propósito, escondendo um sorriso.

– Sou a Azura – respondeu.

As pessoas bateram palmas e comemoraram em volta deles, separando-os e enchendo ambos de perguntas, muitas das quais não podiam ou não sabiam responder.

Escarlate se dava muito bem com os holofotes, percebeu Azura. Ele virava para todos os lados para posar em fotos e falava com os novos fãs como se, por trás da máscara, estivesse acostumado com as câmeras.

Por outro lado, Escarlate percebeu que Azura queria se esconder de tantas câmeras, e a ideia arrancou um sorriso genuíno dele.

As perguntas continuaram por alguns minutos, pequenas respostas que faziam parecer que os novos heróis estavam dando entrevistas.

Então, de repente, os cidadãos observaram aterrorizados enquanto a terra tremia sob os destroços na fenda.

Azura e Escarlate trocaram olhares aterrorizados.

A criatura começava a se mexer novamente.

A batalha ainda não tinha terminado.

(REVISADO: 5270 PALAVRAS)

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