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Capítulo 52

Os olhos castanhos de London se abriram lentamente, adaptando à claridade da manhã que adentrava pela janela. As quatro paredes brancas e o cheiro forte eram desconhecidos e, a princípio, ele não reconheceu onde estava. Ele viu o avental, as luzes fracas fazendo-o parecer pálido, e a mão conectada ao soro pendurado no alto, e entendeu onde estava.

– Lon? – perguntou uma voz áspera no quarto. – Que bom que você acordou!

Thomas estava em uma poltrona acolchoada na frente da cama dele.

– Você demorou demais para acordar, seu preguiçoso. – Embora as palavras tivessem um tom brincalhão, Thomas estava fungando, as olheiras aparecendo sob os olhos escuros.

London fez um esforço para rir. Ele se lembrava de algumas coisas antes de desmaiar, inclusive de como Thomas lutou bravamente contra Esmeralda, entre outras coisas.

– Não precisa se preocupar mais, Dinamite. Estou acordado agora.

Thomas abriu um sorriso honesto.

– Ficamos todos preocupados, cara. Eu não sabia... Quero dizer, Escarlate? Como...?

– Não importa mais – London respondeu. A batalha finalmente tinha chegado ao fim, e ele sentiu a exaustão dos últimos dias refletir no corpo dolorido e machucado. – Há quanto tempo eu estou aqui?

– Alguns dias.

London arregalou os olhos.

Alguns dias? O que aconteceu?

Thomas explicou tudo, cada detalhe, desde que ele tinha apagado. Os heróis venceram a batalha, apesar dos danos. Dahlia também estava no hospital e ninguém sabia que ela era a Esmeralda. Ele avisou que Anna Robbins era a médica responsável por tratar dos envolvidos e que ela explicaria a condição da irmã mais tarde, então não era uma preocupação imediata.

London estava sem expressão, embora muitos sentimentos mistos estivessem alojados no peito. Ele absorveu as palavras de Thomas com cuidado: sua irmã, a Esmeralda, estava em coma, o orbe verde tinha sido destruído, todos sabiam sua identidade secreta e tanto ele como Athena tinham terminado a batalha machucados.

– Eu sei que é muito para assimilar – compreendeu Thomas.

London concordou com a cabeça.

– Bota muito nisso.

De repente, sentiu uma súbita vontade de levantar da cama.

– Tom – disse. – Eu aprecio muito que você esteja aqui, mas...

– Você quer ver a Athena.

– É, cara. – Ele suspirou. Apenas uma pessoa podia ajudá-lo a desatar os nós daquela conversa, e, no momento, era a única companhia que queria. – Eu quero muito ver a Fallon.

○–○

A sombra alaranjada do pôr do sol entrou pela janela.

Athena foi liberada para visitar London no final da tarde. Era a primeira vez que se viam desde a queda das máscaras, quando descobriram que sempre estiveram mais próximos do que imaginavam, e havia um toque ansioso no ar.

– Você está bem? – ela perguntou, nervosa, apesar da preocupação.

– Estou melhor agora. E você? O Tom me disse que você também veio para o hospital.

– Eu acordei há algum tempo. Não sinto mais dor.

– Que bom.

Ele abriu o melhor sorriso que conseguiu, apesar da dor, e, naquele gesto, Athena viu a sombra de Escarlate no rosto do melhor amigo, como o reflexo de uma câmera que captava a luz do sol quando direcionada em um ângulo específico.

– Eu consigo enxergar agora – ela começou. – Acho que não conseguia separar vocês antes, mas você... sempre esteve na minha frente. Quando deu as costas para o seu pai, se eu tentasse entender, talvez então eu conseguisse juntar as duas partes de você.

Ela puxou a poltrona de visitantes para perto da cama, o nervosismo por encontrá-lo de novo sendo substituído pelo conforto da presença. Era doloroso ver o garoto que tanto gostava machucado, a personalidade ativa presa a uma cama de hospital.

– Você estava se tornando mais parecido com ele, ou talvez eu simplesmente só tivesse começado a perceber as suas similaridades quando já era tarde demais.

London observou-a sentar perto com os olhos cheios de orgulho. Parecia não sentir dor alguma diante da presença dela, embora os equipamentos médicos dissessem o contrário.

– Eu vi você se tornar Escarlate. Vi você sair do preocupado para o impulsivo, partir do medo para a coragem. Ele era você, mas sem amarras. – Ela deu uma risada fraca. – Vocês não eram duas pessoas diferentes, sempre foram uma só, e é tão fácil ver isso agora.

London riu junto, sentindo uma leve pontada de dor. Desde o túnel, quando percebeu a verdade por trás dos olhos azuis e das sardas, ele também se sentia como ela.

– Não sei como não percebi antes – ele concordou. – Acredito que fui tão tolo quanto maravilhado por ter me apaixonado pela mesma pessoa duas vezes.

Athena abaixou os olhos. Não era a reação que London esperava, não depois do que os dois tinham feito no túnel.

– Eu não deveria ter te envolvido no Projeto Fallon. – A voz dela começou a falhar. – O seu pai estava certo.

– Qual é, Fallon – ele interrompeu –, já não passamos desse ponto?

– Eu avisei que era perigoso.

– É, sim. Mas nós sabíamos isso desde o começou, não?

Os ruídos da máquina ecoaram pelo quarto quando o silêncio encontrou os olhos deles.

– Saber sobre a pesquisa me fez abrir os olhos, Fallon. O meu pai nunca poderia estar certo. Eu precisava saber a verdade, e você foi a única que me fez enxergá-la. – Ele levantou o queixo dela com um dedo, fazendo-a olhar para ele. – Não é culpa sua, ouviu? Eu te agradeço por me envolver na sua vida.

– Tá bom, eu ouvi.

– E eu não acho que o Projeto Fallon foi de todo mal, afinal, ele me levou até você.

– E é por isso que você está machucado. Não deveria estar em um lugar como esse.

– É, mas isso é culpa minha.

London gargalhou, embora nada na situação fosse engraçado. Athena estava prestes a dar uma bronca nele, mas a familiaridade daquela cena, repetida várias vezes entre os dois, a fez rir de volta.

– Parece que fizemos isso um milhão de vezes.

– Nesse caso, talvez você devesse ser mais carinhosa comigo.

– Ah, vai sonhando...

– Você parte o meu coração, Fallon. – Ele agarrou o peito com a mão, fingindo ofensa.

O quarto ficou mais confortável com o barulho da risada. Naquele momento, os dois não pareciam mais que adolescentes normais. Mas logo a diversão tinha terminado, e o peso do silêncio deixava claro que ainda havia alguns tópicos a serem discutidos entre os dois.

– Agora que tudo acabou, podemos ser normais, não é? – London tinha fantasiado com o futuro dos dois enquanto descansava. Sonhava em pagar um café para ela no Palco Robbins, imaginava-os saindo em um encontro de verdade pela primeira vez.

– Não acho que podemos ser normais depois de tudo o que aconteceu. – Athena, por outro lado, imaginava o que aconteceria depois que London pisasse fora do hospital quando se recuperasse, e o futuro era muito diferente do que ele fantasiava.

– Bem, não somos mais Azura e Escarlate. Isso já é normal o bastante para mim.

Athena fez a Marca do Guardião aparecer na palma da mão.

– Acho que isso complica a nossa normalidade.

– Então era assim que você fazia isso aparecer!

London pegou a mão dela e traçou os círculos com o dedo. Tinha visto aquela marca no uniforme dela tantas vezes, mas a textura parecia diferente do que deveria ser. Era como se não houvesse nada além de pele naquele ponto, onde em Azura era coberto pelo uniforme.

– Tudo bem – ele respondeu. – Qual é a graça de ser normal, de qualquer forma?

Ele tentou se mexer, fazendo um esforço maior do que Anna recomendou, mas Athena estava presente para ajudá-lo. Logo eles estavam frente a frente, impedidos de desviar o olhar.

– Estive pensando – recomeçou London – sobre o futuro.

– O futuro, é? Quer dizer, o nosso futuro?

– É. Não sei se você percebeu, mas eu quero um futuro com você, Fallon.

– Que bom, Gray, porque eu também quero. Os seus galanteios de todos esses meses atrás acabaram funcionando.

London gargalhou, então parou quando percebeu algo.

– Nós nunca namoramos – ele murmurou.

– O quê?

– É, quero dizer, rolou o beijo e tal, e sempre teve aquela tensão entre a gente, mas nós dois nunca estivemos juntos.

Os dois soltaram gargalhadas altas. Fazia algum tempo que não sorriam daquele jeito, tímidos e envergonhados e corajosos ao mesmo tempo.

– O que você propõe?

– Isso é fácil de resolver. Quer namorar comigo, Fallon?

– Nenhuma resposta é melhor do que a verdade, certo? E a verdade é que eu esperava por essa pergunta há um tempo. – Ela fitou o olhar castanho de London. – A minha resposta já estava pronta. É claro que eu quero ser a sua namorada.

Ela segurou as mãos dele e se aproximou, então pressionou os lábios nos dele. Não era um beijo desesperado como antes, mas calmo e decidido, como se eles tivessem todo o tempo do mundo. Ela evitou apoiar nele por causa da dor, mas ele guiou as mãos dela para seu peito, como se os machucados não importassem, e então ela aprofundou o beijo ainda mais.

Athena se afastou com relutância, ainda sorrindo.

– Espera, o que vai acontecer no ano que vem? – perguntou.

– Thomas contou que eu recebi uma bolsa especial da Universidade de Lumina Valley enquanto dormia. Eles têm um programa de administração muito bom.

– Isso é ótimo! Você precisa aceitar, Gray.

– Talvez... ainda não tenho certeza. Mas como nós ficaríamos? Você pretende cursar a faculdade em Nova York, não é? Eu posso tentar entrar também.

– Não recuse essa oportunidade por minha causa, Gray. Você merece isso. Além disso, eu não vou entrar para a faculdade este ano.

– Não te chamaram? Se for isso, tenho certeza de que eles estão errados.

– Não é isso. – Ela soltou uma risada diante da confusão. – Eu não me inscrevi.

– Por que não? Você sempre quis ir para a faculdade.

– Esse plano não mudou, ainda vou. Só não sei mais se quero cursar história.

– Por quê?

– Meus pais mentiram para mim durante a vida toda. O museu era para ser uma coisa nossa, sabe? Eles gostavam de história, eu também. Eu adorava ver toda história contada nas exposições, mas, agora, tudo está tão confuso... Eu nem sei o que pensar. Será que eu gostava apenas porque eles estavam lá? Foi porque eu acreditei que eles trabalhavam com aquilo que eu quis seguir seus passos?

– Fallon, qual é? Já vi como você brilha falando do que gosta. Não acho que seus pais influenciaram essa decisão.

Ela abriu um leve sorriso. London realmente a conhecia.

– Você está certo. Só que, mesmo que você vá me visitar na faculdade ou eu venha te ver, esses planos talvez... precisem ser adiados.

London ergueu a sobrancelha, mais confuso ainda.

– Eu tive um tempo para pensar enquanto esperava você acordar. Decidi que vou ficar em Nova York por um tempo. Vou depois da formatura.

Athena sentiu o peso daquelas palavras refletirem no rosto de London.

– É mais cedo do que imaginei – ele respondeu.

– É que eu... Percebi que não conheço meus pais. Não conheço nada do legado deles, o que eles deixaram para mim. Eu quero descobrir mais. Quero estudar o que consigo sobre a pesquisa que dedicaram suas vidas e que agora envolve a minha também.

– E você só pode fazer isso em Nova York – London compreendeu.

Ele não estava exatamente triste, embora entendesse o que aquela distância prolongada poderia significar para a relação dos dois. Parte dele entendia que Athena pertencia, de forma mais profunda, àquele mundo anormal, o mundo onde os orbes e os heróis eram reais, do que ele. Os pais dela tinham sido pioneiros da pesquisa que uniu ambas as famílias, e, atualmente, Athena carregava todo o legado deles e de todos os membros da pesquisa, inclusive de Elena, em sua Marca do Guardião.

Por isso, London não se sentia triste, de um modo egoísta, em se separar dela para que ela buscasse seus objetivos. Na verdade, sentia orgulho de Athena.

– Eu entendo. Fico feliz – respondeu. – Você terá uma vida bem ocupada, guardiã.

– Obrigada por entender. Isso é importante para mim. Ainda não sei como vou contar aos Robbins sobre a faculdade.

– Diga que estará lá. – Ele deu de ombros. – Não é exatamente uma mentira, certo?

– Sim. Só vou adiar a faculdade por um ano, mas eles não precisam saber disso.

Ele apertou a mão dela de volta.

– Podemos fazer dar certo, não é?

Embora expressasse confiança em seu jeito, London torcia por uma resposta positiva. Athena observou o rosto dele vacilar por um momento e tentou amenizar o diálogo com uma confiança digna da aprovação de Escarlate.

– Bem, não sei quanto aos seus planos, mas eu não vou desistir de você, Gray.

– Também não estava nos meus planos desistir de você. – E rápido assim, a confiança dele foi restaurada. – Essa decisão foi tomada muito antes de hoje. Acho que depois daquela entrevista, o mundo inteiro sabe que eu sempre fui apaixonado por você, Fallon, ainda que eu estivesse cego demais para perceber.

– Tenho que admitir que eu também não tinha percebido. Aquela entrevista mudou muitas coisas para mim. Para deixar claro, eu prefiro que você saiba que eu amo você, Gray. Não me importo se o resto do mundo sabe disso ou não.

London paralisou ao ouvir as palavras. Era diferente de quando estavam recuperando as forças antes de lutar contra Dahlia, quando tudo parecia urgente. Ele nunca tinha pensado que ela seria a primeira a confessar seu amor, nem em seus maiores sonhos. E ainda assim, lá estava Athena, a Azura, surpreendendo-o como sempre.

– Amo o modo como você me faz sentir – ela continuou. – Eu me sentia estranha por estar dividida entre duas pessoas, mas o mascarado e o garoto corajoso se tornaram parecidos demais. Depois disso, parecia mais estranho ainda gostar de apenas um. Agora eu entendo que não amei separadamente. Eu amo você por inteiro. Sempre amei London Gray, o Escarlate.

London ficou paralisado e demorou para responder, fazendo Athena ficar vermelha no silêncio que preencheu o quarto do hospital.

Ele pegou as mãos dela e as envolveu, acalmando-a, e quando falou, não duvidou nem por um segundo de que sentia o mesmo.

– Não sei como não percebi antes quem estava por trás dos olhos azuis. Você sempre me deu forças, como está fazendo agora, me apoiando mais uma vez. Eu amo todas as suas partes, Fallon. Amo quando é independente, quando se mostra livre, preocupada, responsável. Eu amo a nossa química. – Ele focou a visão nas sardas familiares, uma de suas características favoritas. – Não sei como será o futuro, mas vou lutar para estarmos juntos. Não vou desistir de você. Vivemos coisas demais para deixar tudo isso para trás.

Quando ele acabou de falar, os olhos azuis de Athena estavam levemente marejados.

– Eu me recuso a desistir de você, vermelho.

Com tais promessas, eles se beijaram rápida e intensamente. Não dava para acreditar que aquilo estava acontecendo, e quando London se esforçou para chegar mais perto dela, ele recuou. As fagulhas de dor chegavam aos poucos e o corpo ainda estava dolorido, então ele se afastou e sorriu sob a testa de Athena.

– Me fez esquecer de onde estamos.

– Acabamos de sair de uma batalha.

– É. – Ele se aproximou, ignorando a dor no peito. – Me faz esquecer de novo.

Athena gargalhou como não fazia há muito tempo, mas se afastou para o bem dele.

– Antes disso – disse –, ainda temos que discutir uma coisa.

O rosto dela ficou mais relaxado. Havia algum tempo que ela estava pensando no que aconteceria depois de toda aquela crise, em uma maneira de poder ficar junto de London.

– Acho que já falamos muito, Fallon. – Ele viu Athena fechar o rosto e se calou. – Tá! O que é?

– Eu vou embora...

– Eu sei, acabamos de falar sobre isso.

– Estou falando sobre o que vou deixar para trás, apressado!

Mais uma vez, London não estava acompanhando a conversa.

– Eu entendo porque sempre são dois portadores de orbes – Athena revelou. – É uma questão de equilíbrio, mas sempre foi mais do que isso para nós dois, não é? Eu nunca teria conseguido derrotar o primeiro construto da Esmeralda sem você. Talvez eu pudesse salvar as pessoas, mas...

London alcançou as mãos dela.

– Eu também não teria sobrevivido à minha primeira batalha sem você, azul.

– Certo. Enfim, eu vi Nova York, Gray. Quando eu fui procurar Charles, eu vi tudo que mudou lá. O lugar onde cresci se apagou completamente, e eu não posso deixar isso passar.

– Quer dizer... a Cidade das Luzes vai voltar?

Athena assentiu.

– É uma possibilidade.

Imediatamente, London a puxou para um abraço, que foi devolvido no mesmo minuto. Ele era o único que entendia a importância daquela cidade para ela.

– Eu ainda não acabei – ela disse, sorrindo. Eles se afastaram, tornando o espaço entre seus corpos alguns graus mais frio. – Quando eu for embora, o equilíbrio será perdido. Um de nós ou nenhum de nós não é o mesmo que nós dois. Não importa quem eu sou ou onde estou. Preciso de você, Gray.

Em sua deixa, Athena endireitou a postura e estendeu a palma da mão, como já tinha feito diversas vezes, e a Marca do Guardião acendeu rapidamente, as linhas tracejando os dois círculos com tinta preta. Alguns segundos depois, o orbe prateado se materializou acima, e ela o agarrou com a mão. London observou fascinado o modo como Athena fazia jus ao título de Guardiã do Infinito.

Quando ela esticou o orbe para ele, entretanto, ele hesitou.

– O que você está fazendo?

– Eu coloquei a máscara porque precisava ser melhor que os heróis, mas você sempre foi melhor do que eu nessa coisa toda de ser herói. Era como se tivesse nascido para isso – ela explicou. – Não é apenas por causa do seu potencial que estou fazendo isso, Gray. Eu sempre estive de olho em você. Ashlynn estava certa em escolher você, bem mais do que a mim. Não há mais ninguém que mereça ser um herói, Gray, se não for você.

– Esmeralda foi derrotada, Fallon.

Athena balançou a cabeça.

– Pode não ter nenhum perigo por enquanto, mas eu gostaria de não arriscar. Lumina Valley precisa de um protetor. O perigo nunca esteve somente em Esmeralda. Se, ou quando, o momento chegar, quero que a Cidade das Máscaras tenha com quem contar. É o meu único desejo. – Ela envolveu o orbe prateado nas mãos dele. Ele estava paralisado.

– Mas por quê? Eu não sou bom o suficiente, Fallon. Quase não consegui ficar em pé até o fim da batalha.

– E lutou bravamente até cair. – Para ela, era motivo mais que o suficiente. – Naquele dia... se você estivesse na apresentação no Palco Robbins, Jasper não teria sido o portador do Orbe Prateado. Não foi ele quem eu escolhi primeiro.

London ainda estava desacreditado, mas parte dele, uma parte ciumenta, se alegrou por saber daquilo.

– Ash não cometeu um erro ao escolhê-lo como Escarlate, e eu também não estou, ao escolhê-lo agora. Você sempre será minha primeira opção, entendeu? E, além do mais, parece que este orbe também te escolheu como seu portador. – Ela empurrou o orbe com mais força para ele. Parecia o destino dele usar o orbe, pois o núcleo reagiu ao toque. – Eu, a Guardiã do Infinito, o que quer que isso signifique... escolho você, o meu parceiro para todas as horas, as fáceis e as difíceis, London Rivera Gray, para portar o Orbe da Gravidade. Você conhece as implicações desse poder, mais do que ninguém, e sei que vai honrá-lo, e a mim, se aceitar ser, mais uma vez, um mascarado.

Naquele momento, nem mesmo o barulho das máquinas foi percebido.

London ergueu a cabeça, deixando os fios castanhos caírem na frente do rosto. Na sua frente, Athena Fallon tinha os olhos mais azuis que ele já tinha visto, confiantes e honestos, e um jeito único de usar as palavras. Nunca houve uma tentativa de forçá-lo a aceitar o orbe, não quando ele mesmo tinha entendido que tudo que o rosto de Athena dizia era o que ele já sabia sobre si mesmo.

– Eu te disse que somos nós dois contra o mundo – ela murmurou.

Ele sorriu, confiante, e agarrou o orbe prateado e a mão da parceira.

– Fazemos isso juntos ou não fazemos nada, certo? Conte comigo.

O herói nunca tinha deixado seu semblante.

○–○

A noite era uma velha conhecida de London. Ela inundava o quarto como um raio de sol invadindo pelas frestas das grandes janelas transparentes do hospital. Do lado de fora, as luzes da cidade também estavam apagadas, um sentimento estranho para o garoto, parado na porta do quarto de Dahlia, tomando coragem para entrar.

Athena tinha voltado para casa há algum tempo, mas os resquícios da conversa e suas palavras de encorajamento ficaram para trás, batendo no peito de London.

Ele respirou fundo, acendeu a luz e entrou.

Dahlia estava em um estado deplorável na cama. Com a máscara de oxigênio no rosto, o que sobrava de suas feições eram pedaços falsos de sua identidade. A pele dela nunca tinha estado tão pálida ou o corpo, tão enfraquecido, e as mãos esticadas ao lado do corpo estavam tão magras que não pareciam pertencer a mesma pessoa vivaz de antes.

London não conseguiu esconder a tristeza. Era como se estivesse vivendo no passado mais uma vez, quando as visitas à Elena se tornaram mais frequentes. Ele se sentia da mesma forma, desamparado, vazio e solitário. As pernas estavam tremendo de uma maneira que nem mesmo os construtos de Esmeralda eram capazes de provocar nele.

Ele se aproximou da cama e sentou na beirada, o rosto virado para a porta. Ele não era capaz de olhar para o rosto de Dahlia, não conseguiria falar o que precisava daquele forma, ou veria o rosto da mãe, machucado e indefeso, no hospital.

– Para falar a verdade, Dahlia, pensei em não vir aqui. Eu não queria vir, mas a Fallon me aconselhou, apesar de tudo que você fez para ela. – Ele olhou para as palmas das mãos. – Vou falar rápido, embora não saiba se você consegue ou não me escutar. Isso é mais para mim do que para você.

Ele cruzou os braços.

– Entendo o que te levou a fazer o que fez, o porquê... se tornou Esmeralda. – London engoliu em seco. – Entendo seus motivos, mas não concordo com eles. Você estava errada em usar a nossa mãe como desculpa para tirar a vida de outra pessoa e, por isso, Dahlia, eu não posso te perdoar.

Ele deu uma pausa e respirou fundo três vezes.

– O que eu não entendia antes era o motivo de você não ter pedido a minha ajuda para prender Norman. Tudo isso poderia ter acabado antes mesmo de começar. Você tinha todos os recursos para me proteger, e eu também poderia ter te protegido de Norman com o meu orbe. Só que eu entendo agora. Você não queria expor o seu arrependimento para mim, não é? Você não queria que eu soubesse que você, tanto quanto ele, também era uma assassina.

London tornou a expressão um olhar duro. Ele não fazia ideia de como deveria encarar aquele fato, mas sabia que muitas coisas poderiam ter acontecido de forma diferente caso sua irmã tivesse procurado ajuda. Ele não estaria no hospital naquele momento, e ela também não estaria naquela posição, apenas presente na sala enquanto ele discursava.

– Eu sei que a Ashlynn era a sua amiga, talvez a única no projeto. A Fallon me contou o que ela encontrou no pendrive. E eu não entendo como estava a sua cabeça para tirar ela da sua vida. Nunca vou entender o que a levou a sacrificar a vida de outra pessoa para conseguir o que você queria. Ela não merecia isso.

Ele piscou várias vezes, tentando se recuperar.

– Sob minha administração, farei diferente de meu pai. Seu legado é meu agora, e me recuso a cometer os mesmos erros que ele. Vou renomear a Companhia Gray. Empresa Rivera soa bem melhor, de qualquer forma, certo?

Por fim, ele lembrou da conversa com Athena. Tinham discutido sobre os erros que os pesquisadores e os heróis tinham feito no passado, tudo em nome da promessa e a esperança de um poder que não compreendiam. Tanto ele quanto Athena não queriam deixar o passado ofuscar o futuro. Ambos eram legados de um desastre, mas não seria assim para sempre. Entre os dois, havia uma nova promessa.

Os olhos castanhos de London se encheram com um brilho alcalino e derrubaram água salgada nos lábios dele quando abriu um sorriso confuso.

– Fallon e eu decidimos cumprir o que você queria, em primeiro lugar, mas espero que entenda que fizemos algumas mudanças. Vamos levar o Projeto Fallon a público, mas não do jeito que você imagina. – A voz dele falhou ao perceber que não conseguiria uma resposta tão cedo. – Acho que você não pode comemorar agora, não é?

Ele desabou ao pé da cama, a visão turva e molhada, e ficou naquela posição, agarrado aos joelhos, por meia hora antes de voltar ao próprio quarto.

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