Capítulo 33
London entrou pela janela como um furacão. Ele ligou a luz do quarto, guardou o orbe e espalhou as edições de Aventuras na Cidade das Luzes por toda a cama, apostando que seu pai não estava em casa. Ele repassou as páginas rapidamente, lembrando-se dos heróis que há apenas alguns minutos estiveram frente a frente com ele e Azura.
– Samantha e Hunter Freeman – ele sussurrou – , obrigado por confiarem em nós.
Ele lentamente percebeu que não era coincidência que os dois rostos eram conhecidos, como também não era coincidência que Ashlynn era a Instrutora e membro do Projeto Fallon.
Ele estava prestes a ligar para Athena quando seu celular começou a tocar:
– Gray – chamou ela do outro lado da linha. – Você é fã dos heróis, certo?
– É claro que sou.
London estava começando a pensar em maneiras de explicar para ela o que pensava da descoberta, sem mencionar que era Escarlate, mas Athena perguntou antes:
– Você viu eles caírem e não se levantarem depois? Já viu eles serem feridos e estarem bem no dia seguinte, como se nunca tivessem sido machucados, em primeiro lugar?
A voz de London demorou para responder. Ele olhou para o jardim colorido abaixo da janela e notou o tom de voz estranho de Athena.
– Acho que sei o que você vai falar.
– Como?
– Porque eu ia te ligar agora para falar a mesma coisa. Eles conseguem se recuperar da luta por causa dos orbes.
– Isso mesmo.
Athena estava desacreditada do outro lado da linha, impressionada com a capacidade de London. Parecia que ele estava lendo sua cabeça, como se conhecesse a funcionalidade dos orbes tanto quanto ela.
– Não pode ser coincidência que Ash era uma heroína e os heróis de Nova York, assim como alguns membros da pesquisa, estão desaparecidos.
– Mas então... e o resto dos heróis? E quanto a Escarlate e Azura?
Athena tinha confiança o suficiente para afirmar:
– Eu não acho que eles faziam parte do projeto. Parecem pouco adaptados aos orbes. E se eles fizessem parte, não faria o menor sentido mostrar publicamente o que pesquisaram por nada mais do que a proteção, ou ataque, da cidade, já que tudo deveria ser um segredo.
– Concordo.
E esconderam o fato de que pensavam aquilo porque eram os heróis.
– Pensando dessa forma, a única coisa que poderia ter unido o resto da minha família era a saúde da minha mãe.
– Eu também pensei nisso.
– Estava na nossa frente esse tempo todo – London compreendeu. – O Projeto Fallon estava pesquisando os orbes.
E os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, assimilando a descoberta.
– Tem mais uma coisa – Athena sussurrou. – Algo assim, capaz de curar os ferimentos e alterar habilidades físicas, isso deve valer a pena o suficiente para o assassino matar, mas...
– O que você está pensando?
Ela demorou para responder.
– E se alguns dos membros acharam que valia a pena esconder tudo? O projeto foi um segredo o tempo todo, então... O quanto alguém estaria disposto a sacrificar para manter tudo secreto? – A tela do celular ficou gelada contra o rosto dela. – Se o assassino entrou na minha casa e feriu os meus pais, por que incendiaria a casa depois ou os mataria desse jeito? Não é o padrão. Mas eu estive pensando, Gray. Pensei bastante. E se os meus pais foram machucados antes do incêndio porque estavam tentando esconder alguma coisa, talvez algo relacionado aos orbes, então... Eu não quero estar certa.
– Por quê?
– Porque eu acho que foram os meus pais que começaram o incêndio.
London balançou a cabeça, tentando entender. Athena tinha comentado que suspeitava do ocorrido, mas, aquilo, acusar os próprios pais, era absurdo demais.
– Maria Gonzales e Ayumi Ishikawa – ela citou. – Pelo que sabemos, morreram pelas mãos do assassino. As duas foram as únicas que tiveram o mesmo padrão. Depois foi a vez da Ash, que foi morta por Esmeralda. A morte dos meus pais não está alinhada, Gray! Apenas os dois não foram mortos por qualquer relação com a pesquisa.
– Espera, Fallon, você acabou de dizer que... Caramba. – London captou as palavras e as levou além. – Tem um detalhe que você não percebeu ainda.
– Como assim?
– Quem é o inimigo? Quem seria capaz de ir atrás de tantas pessoas e não deixar um rastro para trás? Quem seria capaz de viajar para tantos lugares no mundo e não ter um único registro disso? De quem deveríamos suspeitar?
– Alguém que não precisa sair de onde está para fazer isso.
– Isso mesmo.
Então ela compreendeu. Alguém podia estar em qualquer lugar no mundo, desde que a habilidade de seu orbe permitisse. E os heróis conheciam alguém que se encaixava no perfil.
– Esmeralda. O assassino é Esmeralda.
A mente de Athena era um turbilhão quando entrou na casa de Dahlia, lembrando que a mulher tinha pedido para que visitasse somente quando soubesse mais, e a garota sentia que sabia bem mais do que tinha desejado descobrir.
O café foi servido mais uma vez, embora a cozinheira tivesse tido o trabalho de fazê-lo descafeinado.
– Eu me perguntei quem estava matando os membros, mas a pergunta nunca foi essa. Eu deveria ter perguntado: o que vale a pena tudo isso? O que fez tantas pessoas se juntarem? O que valia a pena proteger ou mesmo... esconder?
– Suponho que tenha descoberto.
– Os orbes dos heróis. Era isso o que vocês estavam pesquisando.
– Meus parabéns, Athena. Você finalmente descobriu.
Dahlia sentou no sofá e convidou a garota a se juntar.
– Sente-se. Vou contar o resto.
Athena balançou a cabeça.
– Espero que entenda, Dahlia. Não tenho como saber se o que você diz é verdade, mas também não tenho como ouvir outra versão da história. Tenho minhas próprias suspeitas e não posso compartilhá-las com você.
– Entendo.
Então Athena sentou no mesmo lugar de antes e tomou sua caneca de café, pronta para absorver o que pudesse da conversa. Dahlia cobriu a toca e tossiu algumas vezes, desculpando seus modos em seguida.
– Independentemente do que aconteceu em Nova York, todos fomos amigos em algum momento. Já compartilhamos refeições, histórias e risadas juntos. – Dahlia começou devagar, ilustrando a história com suas expressões nostálgicas. – Seus pais e a minha mãe, por conta do tempo que passaram juntos, se tornaram muito íntimos.
– Eles nunca falaram de nenhum de vocês.
– Acho que agora você entendeu que há muito que seus pais não contaram.
Athena engoliu em seco. Antes ela não tinha certeza se gostaria de ouvir sobre os seus pais por outra pessoa, mas, nos últimos meses, ela havia entendido que Linda e Nicholas não eram as pessoas que ela conhecia como sua família, que havia muitas partes do passado deles ainda obscurecidas. No momento, qualquer migalha sobre quem eles foram a capturava.
– O Projeto Fallon era perigoso, exigia sacrifício e dedicação, e todos sabíamos disso – Dahlia continuou. – Maria sabia disso quando quis nos expor às autoridades. Damon sabia, ao concordar em oferecer seus dois melhores soldados como experimentos. Elena, a minha mãe, sabia, quando usou um orbe verde tentar curar sua doença. Ashlynn sabia, quando se jogou de cabeça na família e pesquisa dos seus pais. Charles sabia, quando entregou o legado de muitas gerações nas mãos de pesquisadores ambiciosos. Seamus e Ayumi sabiam, quando decidiram investir no projeto. Eu sabia disso também quando me juntei à minha mãe. Todos estávamos cegos pelas possibilidades que os orbes podiam oferecer.
Athena ficou presa em um nome.
– Charles Wallace – disse. – Não encontrei muitas informações sobre ele.
– Não vai encontrar, não importa o quanto pesquise. Ele era um Guardião do Infinito, Athena. Isso quer dizer que ele deveria tomar conta dos orbes, mas escolheu entregá-los para uma pesquisa. Ele tinha uma vida anônima antes de entrar no Projeto.
Athena sentiu o Infinito queimar e disfarçou a marca aparecendo ao envolver as mãos no calor da caneca. A mente dela começou a trabalhar com o que sabia atualmente do homem. Charles Wallace era um guardião como ela, e tinha perdido tudo quando a pesquisa terminou, e então tinha mais motivos para entrar na lista de suspeitos. Ela martelou a cabeça com novas perguntas que surgiram. Esmeralda tinha começado a chamar a atenção de Ash para pegar os orbes de volta? Se sim, como eles tinham parado com ela, em primeiro lugar?
– Tem alguma ideia de quem seja o assassino, Dahlia?
– Tenho palpites, é claro, mas nada disso me interessa.
– A morte de inocentes não te interessa?
– Não se engane. Nenhum de nós era inocente. – Ela terminou a bebida e cruzou os braços. – Parece que você ainda não sabe de muita coisa.
Athena bufou.
– Não é fácil descobrir sobre um projeto fantasma no qual todas as testemunhas estão mortas ou desaparecidas ou não sabem tanto quanto eu.
– Todos nós acabamos perdendo uma parte de nós naquela pesquisa. Todo o tempo que os seus pais perderam com a cabeça em outro lugar enquanto tinham uma filha esperando por eles em casa, e por que motivo? – Dahlia tomou um olhar sombrio. – Às vezes me pergunto se tudo realmente valeu a pena ou se voltamos todos à estaca zero. Perdi todo o tempo em Nova York ao invés de estar ao lado de London. Minha mãe e Seamus fizeram o mesmo, apenas por um pacto de silêncio.
Athena simpatizou um pouco com Dahlia.
– Estou longe do meu irmão por medo.
– É por isso que preciso que você me dê alguma coisa, Dahlia. O Gray, ele... eu vejo dor no olhar dele quando fala da família.
Dahlia ergueu o olhar, pensando que Athena realmente não tinha deixado de ser amiga de London, mesmo depois da primeira conversa que tiveram. Parte dela ficava feliz por ele ter alguém para cuidar dele, embora não fosse ela mesma. Ela tossiu mais forte, mas logo voltou a falar, confessando suas suspeitas:
– Não me surpreenderia se o guardião estivesse arrependido com sua decisão – disse.
Athena assentiu com um sorriso no rosto. Ao menos, pensou, ambas estavam seguindo a mesma linha de raciocínio.
– Continue – ela encorajou.
A voz de Dahlia saiu firme ao continuar relembrando o passado:
– Ayumi foi a primeira a concordar em financiar o projeto, poucos meses após Linda e Nicholas terem encontrado Charles, na França.
– Pensei que Seamus fosse o primeiro investidor.
Dahlia negou.
– Ele entrou somente quando a minha mãe começou a adoecer. O Projeto Fallon estava acontecendo há oito anos antes de nós entrarmos.
Athena levou um momento bastante curto para processar a informação. O que London e ela tinham encontrado na Companhia Gray era apenas uma pequena porcentagem de todos os anos que a pesquisa durou. Linda e Nicholas tinham começado o Projeto Fallon há muito tempo, mais precisamente, ela percebeu, por volta de quando Ashlynn entrou em sua vida.
– Quando eu entrei – Dahlia continuou –, descobri que eles haviam feito um progresso enorme. No primeiro ano que o Projeto Fallon começou, os seus pais tinham descoberto algo importante. Linda, Nicholas, Maria, Ayumi e Charles descobriram os fatores dos orbes: o que eram capazes de realizar, e então começaram a desenvolver as habilidades das esferas de outra forma. Após algum tempo, Damon introduziu Samantha e Hunter, a Dama e o Soldado, heróis de Nova York, no projeto. Enfim, o Projeto Fallon tinha chance de ser algo realmente grande.
A conversa não estava sendo tão exaustiva quanto Athena imaginou que seria, porque os detalhes mais importantes haviam sido descobertos por ela. Entretanto, ouvir a história pela perspectiva de outra pessoa era, sem dúvidas, diferente.
– O que aconteceu? – ela perguntou. – Como um projeto assim deu errado?
Os olhos de Dahlia se tornaram sombrios.
– Elena, Seamus e eu entramos no Projeto Fallon. Durante meses, viajamos de Lumina Valley para Nova York, dando a desculpa para London de que eram viagens de negócios ou de apresentações de piano ou então, que estávamos no hospital.
Athena percebeu com tristeza que a solidão de London havia começado muito antes da morte de Elena. Mesmo antes, ele ainda estava sozinho, embora menos do que estava nos dias atuais.
– Houve um tempo quando a minha mãe conseguiu voltar para Lumina Valley como se não estivesse sendo atingida pela doença. – Dahlia sorriu, apesar da dor suave da lembrança. – Devem ter sido os meses mais felizes que todos nós passamos, por algum tempo.
O rosto dela voltou para o tom sombrio novamente e a voz acompanhou:
– Após alguns meses, a saúde da minha mãe voltou a piorar, e ela começou a ficar pior a cada dia. Maria Gonzalez, a médica, não sabia explicar o que estava acontecendo. Eu me lembro que ela disse que a ciência não estava ajudando. Os números mostravam uma doença progressiva que, durante os primeiros meses, quando um dos orbes começou a ser usado como tratamento, houve uma significativa melhora no quadro. E então, um dia, voltou a ser como antes, até que se tornou mais forte do que antes.
Ela enxugou uma lágrima com a ponta do dedo e continuou.
– Ninguém sabia o que dizer ou explicar o que estava acontecendo, então eu pedi para minha mãe parar, que talvez o orbe estivesse piorando sua condição, mas... ela disse que não.
Athena se surpreendeu. Elena tinha rejeitado abandonar o orbe, por algum motivo.
– Era a única explicação que eu consegui encontrar para o que estava acontecendo. Os seus pais ficaram do lado dela, apoiaram-na com a decisão de continuar utilizando o orbe. Eu tentei impedi-la, mas ela não me deixou. Dizia que estava se sentindo melhor, mesmo quando sua condição piorava dia após dia, e continuou insistindo nisso. Quando os heróis estavam em seu ápice em Nova York, ela não aguentou.
– Sinto muito, Dahlia.
Dahlia ergueu o rosto. Ela sentiu empatia pelo modo como Athena ficou chateada com a revelação, como se também sofresse com aquilo. Ela era diferente dos pais naquele sentido.
– Foi então que a pesquisa terminou? – a garota perguntou.
A mulher riu com escárnio.
– Não.
O coração de Athena bateu mais rápido. O investimento de Seamus tinha terminado de chegar em Nova York depois de cinco anos.
– Como assim, não?
– Mesmo depois da morte da minha mãe, Linda e Nicholas insistiram em continuar a pesquisar. Não mudou em nada que uma companheira tivesse morrido por causa da ignorância deles, não importava mais nada para eles, para ninguém, porque os heróis eram sucedidos.
Athena nunca poderia ouvir o lado dos seus pais naquela história. Sabia que tudo que descobriria desde o começo sairia da boca de terceiros, sempre a visão deles contra os Fallon. E ela poderia ter ficado com raiva das acusações, caso não guardasse suas próprias suspeitas. Todas as coisas que tinha vivido com os pais tinham sido baseadas em mentiras, e por isso ela acreditaria em qualquer coisa.
– Ninguém se opôs? – perguntou.
– Maria não conseguiu suportar o que estávamos fazendo. Foi a única. Ela começou a questionar o propósito da pesquisa, e suas ameaças de levar o Projeto Fallon a público foram as primeiras a circular entre os membros. Ela era um perigo, mas um perigo dispensável, e por isso foi a primeira de nós a morrer.
– E o que aconteceu?
Dahlia fez uma pausa para tossir várias vezes. Athena começou a se perguntar se ela se sentia bem, mas não questionou.
– Todos saíram da pesquisa. Não houve discussão quanto a isso, imagino – ela falou. – Todos foram se refugiar de algum jeito, com medo do assassino que ninguém podia enxergar.
– E o Projeto Fallon enfim chegou ao fim.
– Mas essa é a questão, não é, Athena? O projeto nunca chegou ao fim. Os orbes ainda estão soltos, os membros ainda estão sendo caçados e estamos todos em perigo!
Dahlia abaixou a voz, ciente do tom com que falava.
– Você me disse tudo isso, mas eu ainda não entendo. Qual é o seu objetivo, Dahlia?
– Honrarei minha mãe ao mostrar para o mundo a verdadeira face do Projeto Fallon.
– Você quer expor o projeto?
– Quero justiça. A pesquisa só trouxe desgraça para a minha família. Pessoas perderam suas vidas pela ignorância dos membros, que olharam para o outro lado em várias situações, principalmente quando o orbe estava matando a minha mãe! – O nervosismo saiu na forma de tosses fortes, mas ela logo se recuperou. – Eu estou perdendo tempo me escondendo de algum psicopata, quando poderia estar com Lonnie, porque isso não chega a um maldito fim!
Dahlia respirou fundo e se acalmou.
– É por isso que eu preciso saber, Athena, se sobrou alguma coisa do incêndio.
– Não sobrou nada.
Dahlia assentiu.
– Eu cheguei no armazém onde ficávamos, poucos dias depois que tudo ruiu, e estava vazio. As evidências sumiram. Imagino que quem fez isso estava tentando esconder as provas de que a pesquisa tinha acontecido, caso um de nós resolvesse levar ao público.
– Quem?
– Todos, quem sabe? Poderia ter sido qualquer um. Muitos de nós estávamos dispostos a fazer qualquer coisa para esconder a pesquisa, mas muitos fariam tudo para revelar o Projeto Fallon ao mundo.
Athena ergueu a sobrancelha, percebendo a insinuação.
– Você acha que foram os meus pais?
Dahlia deu de ombros.
– Eles não deixaram exatamente um mapa do tesouro antes de decidirem colocar fogo na casa, Dahlia.
– Entendo.
Ela levantou e abriu a porta para Athena, sentindo alívio pela conversa, porém incerta se ela era uma aliada ou inimiga.
– Agora que você conhece mais sobre o projeto, precisa decidir de qual lado está.
London ainda estava com a cabeça explodindo de informações quando se encontrou do lado de fora da mansão com Norman Ferris. O antigo motorista parecia melhor visualmente, e ele se perguntou o que tinha acontecido após os meses depois da demissão dele.
– Você encontrou outro emprego? – o garoto perguntou.
O chocolate quente na mão dele ainda estava fumegando enquanto ele conversava com a postura e a leveza de velhos amigos, mas Norman estava estático, diferente do companheiro que London conhecia, e ele imaginou que fosse devido ao tempo em que passaram distantes.
– Não – o motorista falou. – Nunca quis outro emprego.
– Eu posso até entender. Você esteve com a minha família por muito tempo. Era como um membro, como se fosse parte da nossa casa.
Norman sorriu, abstraindo a expressão melancólica.
– As coisas nunca mais foram as mesmas depois que a sua mãe se foi. Como você tem passado? E quanto a Seamus e Dahlia?
London não procurou esconder nada ao responder.
– Tem sido difícil para todos nós. Parece que a felicidade virou um fantasma na nossa família depois que ela se foi. O meu pai está passando mais tempo do que seria considerado saudável na Companhia Gray, e a minha irmã... bem, ela não anda mais por perto.
– A senhorita não mora mais com vocês?
– O meu pai não quis que ela ficasse em casa, já que não era filha dele e podia bancar a própria moradia. A verdade é que eu acho que ela o lembra demais da minha mãe, e ele não consegue suportar isso. Mas é um alívio para mim, entende? Consigo enxergar a minha mãe e a minha irmã quando a vejo.
– As senhoritas são muito parecidas mesmo. Quem sabe eu não vou visitá-la um dia?
London assentiu, ficando feliz pela proposta. Antes da demissão, Norman Ferris tinha um bom relacionamento com todos os Gray e Rivera, mesmo Seamus e Dahlia.
– Isso seria ótimo, mas é bem difícil encontrar com ela. Dahlia só visita Lumina Valley de vez em quando. São raras as ocasiões nas quais estamos juntos, e olha que eu sou o irmão dela, mas posso arriscar. – Ele pegou o celular e procurou o contato da irmã, que atendeu no terceiro toque. – Dahlia! Você não vai acreditar quem eu encontrei!
– Não o bom senso, como posso imaginar. Sabe que horas são?!
O som da gargalhada de London era uma melodia muito bela.
– Estou conversando com o Norman. Eu o encontrei há alguns dias na cidade. Quando você estará de volta, para nos encontrarmos como nos velhos tempos?
Dahlia não demorou a responder.
– Eu não estarei na cidade tão cedo, Lonnie. Só volto em algumas semanas.
– Tudo bem. Eu sabia que você diria isso, então não se preocupe. Se cuide, Dahlia. – O garoto virou para Norman e deu de ombros. – Eu avisei.
Ele observou faróis ao longe e se surpreendeu quando reconheceu o veículo cinza que se aproximava. O pai não costumava passar a noite em casa.
Ele estava prestes a se despedir do antigo motorista quando Norman se levantou antes.
– Foi muito bom conversar com o senhor mais uma vez. Preciso ir agora.
– Não quer falar com o meu pai? Ele está quase chegando.
– Está muito tarde. Seamus sempre chegou muito cansado do trabalho, e não gostava de ser incomodado. Eu ainda me lembro disso. Quem sabe outro dia?
London sorriu genuinamente. O homem era muito bom no trabalho, e por isso durou tanto tempo com a família.
– Tudo bem. Boa noite, Norman. Tenha cuidado na volta.
REVISADO (3449 PALAVRAS)
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