Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 19

As folhas alaranjadas foram sopradas para longe, traçando o caminho dos heróis até a biblioteca. Havia beleza na forma como o vento os incentivava a chegar mais rápido. Não era uma brisa quente, porém gelada e suave que os puxava em direção à manifestação.

O exterior era uma profusão de repórteres, manifestantes e policiais misturados, todos tentando ao mesmo tempo filmar, fugir e impedir o ataque.

Azura aterrissou com o coração na boca, lembrando-se de que MJ estava por perto. A primeira vez que ela tinha visitado a biblioteca tinha sido com Ashlynn; parecia ironia que na segunda vez no local, Esmeralda atacasse.

Era a primeira batalha dos heróis contra Esmeralda após a morte da Instrutora e ambos não estavam com a cabeça no lugar. Desde a partida de Ashlynn Johnson e suas rachaduras, a vida dos dois adolescentes tinha mudado de algumas formas. Eles não eram mais os mesmos heróis de antes.

Escarlate pousou os olhos em Azura e lembrou do pânico quando a vida da Instrutora se extinguiu e a marca na palma da mão da heroína surgiu. Ele lembrou de tomar a dianteira e carregá-la para longe nos braços, sentindo-se desencorajado. Pensou que não tinha sido forte o suficiente para evitar a morte de Ash, mas ainda tinha alguém importante para cuidar, e ao carregar a mascarada azul nos braços para longe, soube que não deixaria nada acontecer com ela. Decidiu naquele momento que, se Azura não conseguisse ser forte, então ele seria forte o suficiente pelos dois, e a protegeria com a vida, se assim fosse preciso.

Por outro lado, Azura tinha o coração partido e a cabeça ainda desmembrando a dor. Havia apenas alguns dias desde que ela tinha recebido o legado de guardiã de Ash e que tinha aprendido algumas coisas com o caderno secreto, que tanto tinha lutado para conseguir abrir. Foi com coragem e com o conhecimento das poucas páginas folheadas que Azura entendeu o formigamento na marca na palma da mão.

O Construto os viu imediatamente, também com suas próprias mudanças. Usava um uniforme diferente, com a cor amarela acrescida ao verde, preto e branco.

– O que aconteceu com o Construto? – perguntou Escarlate, alarmado.

Ele transformou o orbe vermelho na espada usual e se posicionou na frente de Azura.

– É um aviso – respondeu ela. – Esmeralda está usando o Orbe da Conexão.

Ela transformou o orbe azul em um bastão de ponta afiada e procurou na multidão por MJ, mas as vozes e passos apressados não ajudaram.

Os policiais suspenderam a fita amarela sob a cabeça dos civis, deixando-os entrar aos montes na biblioteca, ignorando a apreensão dos manifestantes.

Os mascarados se aproximaram com raiva no olhar e atacaram de uma vez, mirando o ponto fraco, um núcleo verde visível na barriga do Construto. Esmeralda tinha tirado a vida de uma heroína e empunhava seu orbe contra os heróis restantes. Um sentimento de injustiça, da parte importante que foi arrancada e usada como arma, tomou conta dos mascarados.

A espada de Escarlate foi a primeira a errar o golpe. O Construto era mais rápido, ágil e atento que os anteriores. A força e velocidade superior foram mostradas quando bloqueou rapidamente o golpe de Escarlate com o próprio corpo, deixando a lâmina deslizar pelo braço enquanto agarrava o braço de Escarlate com a mão livre. O herói sentiu o chão se afastar dos seus pés quando foi erguido no ar e jogado no chão com a mesma rapidez.

Azura puxou Escarlate para perto de si com o orbe transformado em uma corda azul, escapando de um golpe do Construto que fez a terra tremer.

– Essa foi por pouco – ela sussurrou.

Ela esperava alguma piada sem graça de Escarlate, mas, ao invés, ele fechou o rosto e apertou o punho com mais força na bainha da espada.

– Fique para trás – ele disse.

Ele desfez a espada e avançou antes de qualquer resposta, conservando a energia do orbe. O Construto respondeu ao ataque e agarrou uma arma em pleno ar, como se o orbe de Esmeralda estivesse por perto e respondesse ao chamado. Entretanto, a arma escolhida teve o mesmo efeito de uma faca afiada no peito do herói vermelho: uma lança amarela comprida, a mesma que a Instrutora usou para lutar contra Esmeralda, foi empunhada contra seu rosto.

Ele franziu a sobrancelha, surpreso, e deu uma cambalhota para o lado, esquivando-se do corte com rápido tempo de reação. Ele mal teve tempo de levantar; rolou mais duas vezes, sentindo a lâmina da lança cortar o ar em suas costas. Na terceira vez, ele empunhou a espada com um movimento rápido, o joelho apoiado no chão, e forçou a lâmina de volta. De frente às órbitas verdes do Construto, o herói sentiu raiva de Esmeralda.

A ponta afiada do bastão azul de Azura passou entre o ponto fraco do Construto e os olhos de Escarlate, que teve pouco tempo para escapar de baixo do inimigo com a distração.

Azura recuperou o bastão e correu na direção de Escarlate, que bloqueou o caminho com a mão, fazendo-a frear.

– Sai daqui, azul – ele pediu calmamente.

Azura viu a postura preocupada e a voz, quase um sussurro, uma súplica para que ela recuasse.

– Como é?

– Eu cuido disso! – ele pediu mais fervorosamente. – Sai daqui!

Antes que Azura pudesse contestar, Escarlate estava longe mais uma vez, atacando de novo e de novo como um louco. Repetidas vezes, ele foi lançado para longe. Repetidas vezes, Azura se perguntou o motivo da atitude dele. Ela não o deixaria lutando daquele jeito, nunca sozinho. Não importava que Esmeralda usasse a energia conjunta de dois orbes para atacar os mascarados, nem mesmo importava que suas pernas estivessem tremendo, porque eram dois os heróis de Lumina Valley.

Escarlate acertou um golpe no ponto fraco e esperou pelo desaparecimento em cinzas do inimigo sinalizando o fim da batalha, entretanto, ele foi pego de surpresa quando o núcleo mudou de cor e lugar: estava amarelo e na altura do coração, e o herói se distraiu e levou um corte da lança na barriga, fazendo-o recuar.

Azura pegou os ombros de Escarlate, fazendo-o se apoiar nela.

– Você está bem?! – ela perguntou, alarmada.

– Eu acertei – ele revelou. – Não entendo...

– Acho que Esmeralda está usando a habilidade do Orbe da Conexão para manter esse segundo núcleo.

– Então vai ser difícil derrotar esse Construto.

Escarlate viu o sangue atravessar por cima do uniforme. Era perigoso demais para só um herói enfrentar tudo sozinho. Mesmo assim, ele não queria que Azura se envolvesse. Por isso, quando ela se aproximou, ele bloqueou o caminho dela com a espada, e embora confusa, ela não se deu por vencida. A heroína acertou-a com o bastão, fincando a lâmina da espada na terra.

Escarlate encarou-a, boquiaberto:

– O que você está fazendo?

Azura criou uma barreira entre eles e o Construto e sentiu a pressão forçar o orbe para baixo, então aumentou a área, bloqueando os ataques da lança que chegavam pelas laterais e por cima da barreira.

– O que você está fazendo? Qual é o seu problema?! – ela gritou de volta, o rosto sujo de terra e afogado em cansaço. – Por que está sendo tão imprudente, vermelho? A Instrutora acabou de morrer! Está tentando ser o próximo?

Escarlate agarrou a espada vermelha e juntou-a à barreira de Azura. O orbe respondeu rápido, desfazendo a espada e formando a segunda camada entre eles e o Construto.

– Eu não vou deixar ninguém mais morrer, azul! – disse.

– Menos você mesmo, não é?

– Estou fazendo isso para que o que aconteceu com ela não aconteça com você! – Ele chegou mais perto e diminuiu o tom de voz: – Se você morrer, eu nunca vou me perdoar...

Azura sustentava preocupação no olhar.

– Se você morrer, eu também não vou me perdoar.

No mínimo espaço de tempo entre um ataque e o outro, eles empurraram. O Construto rasgou a terra conforme perdeu o equilíbrio e foi jogado para trás.

Azura soltou um suspiro trôpego e pediu atenção de Escarlate.

– Não estamos bem, vermelho – disse. – Temos que enfrentar Esmeralda, sem pausas, sem conversar sobre a nossa perda, sem o direito de passar pelo luto, como se não tivéssemos acabado de perder uma companheira!

Escarlate balançou a cabeça e puxou a parceira para um abraço.

– Acho que acabamos esquecendo que... somos heróis, mas também somos pessoas – ele concordou. – Só o que podemos fazer é nos cuidar, não é? Afinal, a Cidade das Máscaras precisa que a gente dê o nosso melhor.

– Que tal se a gente cuidar um do outro? – Azura murmurou no ombro dele.

Escarlate tinha aprendido a lidar com as borboletas no estômago. Ao mesmo tempo que havia uma confusão em seu coração, a voz de Azura sempre foi responsável por fazê-lo se acalmar. Havia alguma coisa naquela relação que fazia-o sentir-se vivo. Por um momento, ele imaginou se Azura sabia que o tinha salvo.

– Vou sempre cuidar de você, azul. – ele prometeu.

– Eu também vou cuidar de você, meu parceiro.

Azura olhou para a multidão observando a cena pela janela da biblioteca, então para o Construto. O novo orbe de Esmeralda, o Orbe da Conexão, tinha causado certa desvantagem para os heróis. Eles conseguiam sentir a energia diminuir, mas o Construto ainda estava de pé e iluminava o núcleo amarelado na direção deles. Ainda que o núcleo amarelo fosse visível, o Construto era mais violento, resistente e poderoso do que os antigos de Esmeralda.

Por um momento, Azura sentiu a marca na palma da mão formigar e quase imaginou que estava tentando dizer-lhe alguma coisa que ela já havia decifrado:

– Precisamos de ajuda, não acha?

Escarlate se afastou do abraço, uma dúvida pairando na expressão confusa.

– Qual é o plano?

Azura franziu o cenho.

– Como você sabe que eu tenho um plano?

Ele apontou para ela e a tradicional pose pensativa.

– Você fica com essa postura de quem teve uma ideia brilhante.

O orbe azul voltou à forma flutuante.

– Eu tenho um plano.

– Eu sabia!

– Mas preciso de cinco minutos. E preciso que você não se mate nesse meio tempo.

Escarlate piscou um olho.

– Acho que posso fazer isso.

Azura revirou os olhos.

– Estou falando sério, vermelho.

– Não se preocupe, azul. Preciso ficar vivo para você cuidar de mim, certo?

Escarlate empunhou a espada e avançou.

– Isso mesmo – Azura murmurou para a sombra do herói.

Então ela foi procurar uma mascarada.

MJ se afastou das janelas, agradecendo por Athena não ter aparecido na confusão. Os dedos digitavam rápida e fervorosamente a batalha, com foco na interrupção do protesto por parte de Esmeralda, nas notas do celular. Ela já tinha algum material para usar no artigo que escreveria mais tarde, quando a luta tivesse acabado, de fotos e vídeos exclusivos tanto dos heróis de Lumina Valley quanto da manifestação.

Ela pegou os cartazes caídos no chão pela da correria e começou a trabalhar, frustrada com os manifestantes; mal tinha começado a mesma briga que acontecia todas as semanas, a eterna batalha de heróis e vilões, e todos pareciam ter esquecido do objetivo principal daquele dia importante. Mesmo MJ, que adorava os mascarados, sabia onde traçar suas prioridades: a biblioteca deveria ser um ambiente acolhedor e confortável para todos os públicos, mas não oferecia diversidade na escolha dos livros.

Quando criança, MJ costumava passar bastante tempo na biblioteca, como um de seus lugares favoritos em Lumina Valley para espairecer e esvaziar a cabeça. Ela adorava abrir os livros empoeirados e escrever resenhas sobre eles depois, entretanto, conforme foi crescendo, percebeu que, entre o conforto, estava escondida uma falta de acolhimento nas estantes.

MJ tinha feito o design dos cartazes de forma que ficasse evidente a sub-representação dos autores integrados na minoria dos Estados Unidos. Essa ação em conjunto com o protesto era uma tentativa ousada dos manifestantes de tentar fazer os responsáveis pela administração da biblioteca divulgarem a inclusão. Os cartazes colados na capa dos livros informavam que os autores brancos eram os principais representantes da floresta de papel de Lumina Valley, e, por outro lado, os menos representados eram os autores latinos, indígenas, negros e asiáticos.

Junto a outras pessoas, MJ tomou a iniciativa de protestar naquele dia. Parte dela queria que Athena estivesse presente para ser seu apoio emocional, mas sabia que ela estava passando pelo luto. Não era seu dever, mas MJ sentia a necessidade de fazer aquele ambiente voltar a ser acolhedor para si mesma e para a população de Lumina Valley.

MJ colou vários cartazes, escutando os sons da batalha no exterior e a empolgação dos espectadores no interior da biblioteca. Ao menos, daquela forma, com a distração dos heróis, a manifestação poderia ser feita de dentro do local alvo.

– O que está fazendo? – perguntou uma voz atrás dela.

De costas, MJ não viu quem era. Sabia muito bem o que parecia estar fazendo com os livros: vandalizando-os; mas não importava.

– Os heróis estão fazendo a diferença lá fora, eu estou fazendo aqui dentro – disse.

– Por que está fazendo isso?

– Sabia que, de todos os livros desta biblioteca, nas bibliotecas em geral, apenas 12% foram escritos por autores de cor? Menos ainda por asiáticos, indígenas... Somos todos parte dos visitantes desta biblioteca. Por que estou fazendo isso? Porque é frustrante, por isso. Você veio para ajudar?

– De certa forma, sim.

– Então pode me passar mais alguns cartazes?

– É claro.

Ela ouviu a pessoa esticar um cartaz na direção dela, e as luvas brancas denunciaram a identidade. MJ levantou os olhos, surpresa:

– Azura?

A heroína colou o cartaz em um livro e virou-se para a adolescente.

– Admiro a sua bravura – ela apontou para as pulseiras de pedras soletrando um nome –, Morgan Justice.

– Obrigada.

O silêncio preencheu o espaço por apenas um segundo.

– O que você acha de fazer a diferença também lá fora?

– Como assim?

Azura ativou a marca na palma da mão, mas não houve queimadura. Parecia que ela estava obedecendo, ou colaborando, com sua guardiã. Um orbe se materializou na frente dos olhos azuis da mascarada, uma esfera escura de núcleo roxo, e ela agarrou-a firme e girou nas mãos quando caiu.

– Devo dizer que eu nunca fiz isso antes – confessou Azura –, mas precisa haver uma mudança para fazer diferença, certo?

MJ manteve com os olhos fixos na esfera, o coração quase pulando para fora da boca ao reconhecer a estrutura parecida com o que flutuava ao redor de Azura.

– É uma...

– É o Orbe do Espaço – completou Azura.

– Um orbe? É isso que se chamam essas coisas? Espera – MJ focou em Azura –, por que está me mostrando isso? Não deveria ser um segredo ou algo assim?

Ela olhou em volta, mas não tinha câmeras escondidas entre as estantes e nem pessoas por perto.

– Esmeralda tem a posse do Orbe da Conexão, mais o seu próprio, e está mais forte – Azura admitiu. – Escarlate e eu precisamos de ajuda extra para derrotá-la... – MJ ergueu a cabeça, mirando os olhos da mascarada – ...se você quiser.

Ela esticou o orbe para MJ, que não hesitou ao responder:

– Eu não perderia essa chance por nada.

MJ agarrou o orbe e viu-o responder ao toque e acender na frente de seus olhos, quase como mágica. Azura deu as instruções finais, então Morgan Justice adquiriu uma máscara e um uniforme, tirando um sorriso orgulhoso da adolescente debaixo da própria máscara.

– Vamos partir logo – disse. – Aposto que Escarlate precisa de ajuda.

Os civis se afastaram das janelas aos berros, desviando a atenção das mascaradas. Um corpo arrebentou o vidro e Escarlate foi lançado para dentro da biblioteca, rolando por cima dos destroços.

– Não falei? – Azura sussurrou, levando a mascarada roxa consigo para ajudar o herói a se levantar.

O Construto colocou o pé para dentro, mirando os civis imprensados no canto. Parecia mais cansado e o núcleo tinha voltado à cor verde, localizado na barriga.

– Eu acertei o núcleo, azul! – Escarlate explicou. – Só que ele voltou ao verde na hora em que eu atravessei a esp... Quem é essa?

A mascarada roxa acenou, escondendo a alegria de fã em um sorriso extrovertido.

– Pode me chamar de Wisteria!

Escarlate piscou.

– Ela é o plano? Maneiro...

Azura viu o ferimento de Escarlate totalmente curado, porém o brilho do orbe estava mais apagado.

– Sua energia está acabando, mas ao menos não está mais ferido – disse, preocupada. – Temos que descobrir como derrotar o Construto o mais rápido possível.

Algumas lâmpadas queimaram e caíram no chão. O Construto batia quase na altura do teto.

– Antes que a biblioteca seja destruída – concluiu Wisteria.

Ela transformou o orbe em um aro afiado que brilhava com energia roxa e lançou-o na direção do Construto, fazendo uma curva ao redor do corpo, mas o ataque não surtiu efeito, só atraiu o foco para os heróis.

– Não dá para cortar assim – Escarlate explicou. – O ponto fraco é o núcleo verde.

– Eu achei que você tinha acertado antes! – exclamou Azura.

– Eu acertei, mas ele trocou para o amarelo! E quando eu acertei o amarelo, ele trocou para o verde!

Azura lembrou-se da passagem do Orbe da Expansão no caderno de Ashlynn.

– Acho que é a habilidade do orbe da Instrutora. Esmeralda está expandindo o efeito do Orbe do Corpo!

– Então temos que acertar os dois ao mesmo tempo?!

– Mas onde está o outro núcleo? – perguntou Wisteria.

Azura usou a habilidade do Orbe da Mente:

– Revelação!

Dentro da cavidade do Construto, o núcleo amarelo despontava na altura do coração, a figura impenetrável servindo como uma barreira de proteção.

– Está ali dentro – ela revelou aos outros.

Wisteria abriu um sorriso iluminado, lembrando de assistir ao vivo pela televisão a batalha dos heróis contra o Construto na discoteca.

– É como na segunda vez que vocês lutaram!

Azura e Escarlate se entreolharam.

– Vocês não lembram? O núcleo está protegido no corpo impenetrável do Construto, trocando de lugar.

A expressão dos heróis se iluminou.

– É como na primeira vez que lutamos sem a Instrutora... – Escarlate compreendeu. – Esmeralda pode ter ganhado uma habilidade nova, mas parece que suas ideias se esgotaram.

Os mascarados vermelho e azul assentiram. Era como se fosse a primeira vez de novo, sem a Instrutora, apenas o treinamento imaturo dos dois sendo colocado em provação. Mas os dois não eram os mesmos de antes, e com uma aliada ao lado para dar suporte diante do caos dentro do peito deles, ambos sentiram que era possível vencer a batalha.

Um núcleo estava sempre protegido dentro do corpo do Construto enquanto o outro se mantinha para fora. Só havia uma forma de alcançá-los ao mesmo tempo.

Azura deu o primeiro passo. Ela transformou o orbe em uma corda azul e laçou uma das mãos do Construto, fazendo força para fazê-lo recuar. Escarlate fez o mesmo com a outra mão no intervalo que Wisteria levou para tirar os civis da biblioteca.

O Construto agarrou a corda dos heróis, os levantou no ar e girou duas vezes, fazendo eles atingirem qualquer móvel no caminho, e eram vários. Eles foram jogados em uma estante pesada e caíram no chão com força.

Escarlate agiu rápido e cobriu seu corpo e o de Azura com a proteção de uma barreira vermelha pouco antes da estante e os livros pesados desabarem em cima deles.

– Você está bem? – Azura perguntou.

Escarlate estava arfando, sentindo os efeitos do orbe sobre seus ferimentos.

– Estou ótimo, não dá para ver?

– Cuidado!

Escarlate agarrou um livro e colocou-o na frente do corpo. A lança furou as páginas e ficou de frente aos olhos castanhos do herói, desaparecendo logo em seguida. Azura esticou a mão para o livro danificado, chorando em silêncio.

– Que dor... – murmurou.

Wisteria arremessou o aro, descrevendo um trajeto até o corpo do Construto, mudando o foco deles para ela.

– Ei! Aqui! – anunciou.

Escarlate e Azura limparam a sujeira dos uniformes e deixaram a cura leve dos orbes agir.

– Então... quem é aquela garota? – ele perguntou.

– Sabe que eu não posso falar – ela respondeu.

– Assuntos da guardiã, entendi.

Azura olhou-o de lado.

– Não faz essa cara, azul.

Ele deslizou a mão no rosto dela, transformando a carranca em um sorriso.

– Para com isso!

Ele mirou os olhos azuis.

– Não se preocupe, é apenas a curiosidade de um mascarado. Eu sei que precisávamos dessa ajuda extra. Confio no seu julgamento.

– Valeu, vermelho.

– Só para constar, acho que você se tornará uma ótima Guardiã do Infinito, o que quer que isso signifique.

Escarlate piscou para ela e se adiantou em direção ao Construto.

– Espere! – Azura puxou o braço dele. – Não use seu poder agora!

– Como sabe que eu ia usar minha habilidade?

Ela soltou o braço e apontou para o rosto dele.

– Você fica com essa cara de quem venceu a batalha.

– Então o que vamos fazer, sabichona?

– Me ajude a levantar essa estante!

Eles levantaram as estantes mais próximas, as prateleiras vazias mais leves, e seguiram com o plano de Azura. Eles passaram as cordas azul e vermelha ao redor das outras estantes por toda a biblioteca.

Wisteria atraiu o Construto para um corredor e outro, e os heróis se posicionaram.

– Ô, roxinha! – Escarlate gritou.

– Certo, Escarlate!

Os heróis direcionaram a energia dos orbes para puxar as cordas, fazendo o mínimo de força e deixando os orbes fazerem o maior trabalho braçal. Wisteria saltou no último segundo, mantendo o Construto preso entre as estantes com uma das mãos ao alto, tentando agarrá-la, seu núcleo exposto na altura das prateleiras.

Wisteria lançou o aro afiado habilidosamente, cortando o Construto pelo núcleo verde na altura, e antes de sair do outro lado, ela rapidamente usou sua habilidade.

– Transportar!

O aro subiu, moldando-se ao corpo do Construto, e levou toda a parte superior para um vazio dentro da arma.

Os heróis soltaram as cordas e as estantes desabaram em volta do inimigo.

A habilidade de Wisteria mandou o aro na direção de Escarlate. Saindo do brilho roxo no círculo, a metade superior foi saindo, expondo o núcleo amarelo.

– Fortificação!

A espada iluminou em vermelho escarlate e ele atingiu o núcleo, prendendo-a dentro do corpo antes que pudesse ser coberta pelo uniforme novamente, e, nesse segundo, o núcleo verde surgiu na metade entre as estantes, e Azura fincou a ponta afiada do bastão nele.

As metades do Construto tremeram e as mãos agarraram a espada, desaparecendo em cinzas verdes e amarelas em seguida.

– Acabou? – Wisteria perguntou, aproximando-se. – Nós ganhamos?

Escarlate transformou o orbe de volta e envolveu os ombros de Wisteria.

– É, a gente ganhou, roxinha!

Wisteria começou a rir e pulou em volta dos destroços com o herói.

– Isso foi fantástico!

– Eu sei! Incrível, não é?

– Eu nunca me senti tão viva!

Azura, entretanto, olhou em volta. O teto caiu em cima das escadas da biblioteca.

– Não acho que foi uma vitória tão grande assim...

O trabalho dos manifestantes estava em ruínas, bem como a biblioteca.

– Vocês... O que pensam que fizeram?!

Atrás deles, um homem pálido de terno preto se aproximou em passos apressados. Ele olhou em volta e espalmou as mãos na cabeça.

– Acham que vou deixar vocês se safarem dessa destruição toda só porque são heróis? – disse, a voz esganiçada ecoando. – O que acham que o prefeito fará quando souber disso?

Escarlate e Wisteria se separaram.

– Está falando sério? – perguntou ele. – Nós meio que acabamos de salvar o dia, sabe?

Salvaram? Olhem em volta, está tudo destruído!

– Se destruímos alguma coisa, foi o que já estava destruído antes – disse Wisteria.

Nesse momento, um grupo de pessoas se aproximou, fazendo barulho.

– Quero me sentir bem-vindo quando entrar nessa biblioteca!

– Quero que meus filhos se identifiquem com os personagens!

– Queremos inclusão!

Alguns carregavam os cartazes de MJ nas mãos e as placas erguidas ao alto, clamando por igualdade e oportunidade de inclusão. Eles se aproximaram do homem, que acenou para os policiais mais próximos. Eles cercaram o pequeno grupo, porém mais e mais pessoas foram se juntando e os policiais não se moveram, incertos do que podiam fazer contra tanta gente.

– Não nos silencie! – gritou alguém.

Wisteria deu um passo à frente, se colocando entre os manifestantes e os policiais, bem como seu papel de heroína exigia, e pediu apelo ao homem.

– Escute essas vozes – disse. – Você pode começar de novo, pode fazer essa biblioteca ser mais inclusiva, ser a melhor de Lumina Valley, onde pessoas de todas as idades se sentem bem vindas. Então, por favor... faça a diferença agora.

Azura e Escarlate se colocaram ao lado da mascarada. O homem olhou em volta e viu a quantidade de pessoas revoltadas, além dos três heróis. Quando os jornalistas se juntaram ao público, pressionando ainda mais por uma resposta, o homem deu seu veredito. Ele engoliu em seco e acenou para os policiais se afastarem.

– Bem, a biblioteca já está destruída mesmo... – murmurou.

Uma chuva de aplausos inundou a população de Lumina Valley naquela tarde. Os civis se jogaram um nos outros, lançaram os cartazes e as placas ao alto e comemoraram aos berros a vitória.

Essa, sim, é a grande vitória – Wisteria murmurou.

Ela puxou Azura para um canto escondido enquanto Escarlate estava distraído dando alguns autógrafos e entrevistas.

– Preciso ir agora – disse ela. – Desativar!

Quando a máscara de Wisteria caiu, MJ entregou o Orbe do Espaço de volta e abraçou a heroína, verdadeiramente grata.

– Isso foi demais! – disse. – Muito obrigada por me dar essa chance!

– É claro. Você foi incrível.

MJ deu um sorriso tímido.

– Imagino que isso deva permanecer um segredo.

– Sim. Sinto muito.

– Não tem problema, Azura. Wisteria fez mais que o suficiente por hoje, ela pode ficar com os créditos. Eu, MJ, ainda tenho outras formas de mudar o mundo. Quando acontecer, prefiro que os créditos sejam dados ao meu próprio nome. De qualquer forma, obrigada!

Azura acenou de volta e escondeu uma risada orgulhosa. Ela se aproximou dos civis e observou MJ pegar o celular e partir direto para o homem de terno antes que qualquer repórter chegasse nele primeiro.

Escarlate abriu caminho entre as câmeras, focando o caminhar na luz azul. Sem trocar um pensamento com Azura, os dois escaparam para recuperar a energia dos orbes.

No prédio mais alto de Lumina Valley, que não era tão alto assim, ninguém viu os dois adolescentes tirarem as máscaras. London encostou em um lado da entrada para a cobertura e Athena, do outro. Nenhum deles ousou caminhar até o outro lado; tinham confiança de que o outro esconderia sua identidade secreta.

Athena assistiu a amiga no celular, no mudo, conversando com outros manifestantes no fundo de uma entrevista de algum dos repórteres. Em outra cena, ela usou o celular como um microfone e estava entrevistando o homem de terno. Athena tirou print e mandou para MJ com um sorriso na mensagem.

– Conseguimos vencer hoje – falou London.

– Apesar de tudo, vencemos – respondeu Athena.

O sorriso dos dois desmanchou. Novamente, a primeira batalha sem a Instrutora tinha sido bem-sucedida.

– Precisamos conversar sobre isso, vermelho.

– É, eu sei.

Eles ativaram os orbes novamente e colocaram as máscaras.

A vista do topo da cidade, abrangendo a fronteira de Lumina Valley, recebeu os heróis quando sentaram na borda da cobertura. Eles ficaram em silêncio por um momento, focando em ouvir cada centímetro da cidade, e, naquele momento, o mundo pareceu tranquilo.

– Desculpe por ter sido imprudente, eu só... – confessou Escarlate.

– Eu entendo. – Azura mirou o horizonte, lembrando-se do sentimento que invadiu seu peito após a morte de Ash. – Entendo sua reação, vermelho, de verdade. – Sua expressão apagou. – Mas foi perigoso mesmo assim.

– Não me importo tanto assim com o perigo, azul, mas sinto muito por te preocupar. Naquela hora, eu pensei... pensei o que teria acontecido se eu fosse derrotado. Eu não quero que isso aconteça, não vou deixar isso acontecer. Eu quero lutar ao seu lado até que a Cidade das Máscaras decida que o nosso tempo acabou.

Escarlate fechou os punhos e abriu um sorriso honesto, sem medo. Era aquela emoção nítida, a força e a coragem dele, que Azura mais admirava.

– Sei que parece loucura, azul, mas eu espero cada hora do dia para que um construto apareça, só para poder colocar a máscara e lutar ao seu lado.

– Não me parece nada louco.

Lumina Valley estava em silêncio no outono.

– Ela não está mais aqui – Azura sussurrou, uma pequena falha na voz.

Escarlate colocou os braços em volta dela e puxou a cabeça dela para seu peito, e só então ela relaxou. Ouvindo as batidas do coração dele sob o uniforme, os olhos marejados se acalmaram.

– Ela vai estar sempre conosco – disse Escarlate, falando do coração. – Acredito que as pessoas deixam resquícios quando partem, pequenos pedaços delas em cada um de nós.

– É um jeito bonito de pensar.

– É, sim. Ashlynn deixou resquícios dela em mim: suas reclamações e aprendizados de vida doloridos vão sempre refletir na minha forma de lutar por essa cidade.

Para sua surpresa, Azura riu. Gostaria de poder compartilhar com ele que a Instrutora fez por ela muito mais do que ensinar. Ash tinha sido muito mais do que uma heroína para ela. As duas eram melhores amigas, irmãs, pensou, mesmo no fim, mesmo com as máscaras, mesmo sob tantos segredos. Esses seriam seus resquícios.

– Vamos deixá-la orgulhosa – Escarlate anunciou, a voz rouca.

Os dois ficam abraçados por alguns minutos silenciosos, recuperando seus ferimentos e o cansaço. Eram tudo que restava no mundo das máscaras um do outro.

REVISADO (4856 PALAVRAS)

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro