26 | feridas e cicatrizes
Eu tô na lanterna dos afogados
Eu tô te esperando vê se não vai demorar
Uma noite longa pra uma vida curta
Mas já não me importa basta poder te ajudar
E são tantas marcas que já fazem parte
Do que eu sou agora mas ainda sei me virar
[...]
É estimado que na terra existam, aproximadamente, sete bilhões de habitantes. Dentre esse número exorbitante, há aqueles que creem estarem predestinados a se encontrarem, aos quais dores e amores irão se sobrepor e as almas se selaram para sempre.
Contudo, também há aqueles que, munidos pela dor, deixaram-se nos espaços e perderam o brilho no olhar. Milhões de pessoas, diariamente, perdem a luz que reveste as pupilas, todavia, poucas acreditam ser possível reavê-la.
Shawn e Harper nunca acreditaram ser possível, mas sempre acreditaram, em silêncio e escondendo até de si mesmos, que, em algum momento isso ocorreria. Sendo que para isso ocorrer ambos sabiam que era preciso curar. Mais importante do que se deixar curar, era olhar para as feridas mais intrínsecas e as cicatrizar.
Cada ferida é única, não se reproduzindo nem no mesmo indivíduo de forma igual, motivo pelo qual cremos ser impossível encontrar alguém que as compreendas. Mas o fato de serem únicas não as torna invisíveis para aqueles predestinados.
Por isso, sabendo que era preciso se deixar curar, e que o único jeito possível de superar traumas passados era aceitá-los e passar por eles, Harper cravou em sua pele suas crenças. A fim de que fossem compreendidas pela alma que transbordava o ser.
Em contrapartida, Shawn escondia suas feridas, torcendo para que alguém as visse, entre longos casacos e justificativas irracionais. Uma vez que, quanto menos nexo tivessem, mais próximo alguém estaria de as ver.
Enquanto um corpo estava repleto de cicatrizes, processo natural da pele após abraçar a história da menina de cabelo bagunçado e roupas emaranhadas, o outro se perdia entre cicatrizes invisíveis, mas que vertiam necessidade de serem vistas.
E no processo natural da vida, em que se chamaram em dizerem silenciosos, suas almas se encontraram novamente, dispondo-se, não apenas de forma tácita, mas expressamente para selarem as dores ainda abertas.
Anos de espera, contudo, no futuro partilhado, a dor seria mínima, pois haveria compreensão.
Ambos, agora, se viam na sua plenitude após terem se reencontrado. E, por se verem na nudez da verdade, o que se iniciou havia de ter seu desfecho. As feridas do menino perfeição precisavam se tornarem cicatrizes, independente do efeito ricochete que isso pudesse gerar...
preparem-se para que as feridas na alma se tornem cicatrizes!
no mais, quase três anos da história e pretendo terminá-la junto ao aniversário...
com amor, valentina,
20 de março de 2022
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