23 | café
CANADÁ, 30 de setembro de 2015
Narrado por Harper
Meus dedos ágeis digitavam uma resposta grosseira a alguém que criticara o Justin Bieber em uma ask no Twitter quando um atrito contra meu all star branco, que já não estava mais tão branco, uma vez que deixei cair café e nunca limpei, me despertou do mundo frívolo da internet. Shawn estava ali, sorrindo contido e com um buquê de flores.
— Shawn! — Exclamei mais alto e histérica do que gostaria. Meus braços envolveram seu corpo que rapidamente retribuiu o contato. — Você demorou. — Comentei antes de lhe roubar um selinho e tirar as flores de sua mão. Suas sobrancelhas arquearam minimamente quando ele conferiu as horas no relógio.
— Na verdade, eu estou cinco minutos adiantado...
— Tudo isso era ansiedade para me ver? — Brinquei, incapaz de conter o sorriso enquanto segurava as flores. Era a primeira vez em que eu ganhava flores de um garoto.
— Você estava aqui primeiro, Harper. — Pontuou sorrindo. Meus olhos se perdiam em cada detalhe do seu rosto, e quando a sua face se contorceu de uma forma que não pude ler, minha mente estralou lembrando-me da mensagem de Jeremiah.
— Vem, vamos pegar algo. — Entrelacei nossas mãos e o guiei para dentro da cafeteria de tons claros e móveis da mesma paleta de cores. Shawn permaneceu em silêncio quando pedi, se restringindo a concordar com as sugestões que dei, exceto quando o garoto do caixa, Evan, demonstrou um notório conhecimento pelo meu gosto em café, reforçando o sentimento de ciúmes e insegurança que parecia nutrir quando me via próxima de outro homem.
— Vocês se conhecem? — Perguntou quando nos sentamos em uma das mesas no lado de forma.
— Desde sempre. — Comentei maximizando o fato, afinal, apenas o conheci depois que fui adotada, mas, considerando que a minha vida começou com esse evento, eu o conhecia desde sempre, desde que renasci. — Sabe, ele é tipo um irmão pra mim, e ele já me prometeu que serei madrinha quando ele e Chelsea se casarem.
— Ver Harper Jamin em um vestido de festa é umas das coisas que preciso fazer antes de morrer. — O sorriso descontraído desenhava seus lábios.
— Está se convidando para ser meu acompanhante?
— Não, afinal, você tem uma longa lista de pretendentes. Talvez Jeremiah seja uma melhor companhia... — Seu olhar estava fixo no meu, e o meu visível divertimento com o seu ciúme parecia irritá-lo e constrangê-lo.
— Você ainda está com aquela mensagem na cabeça?
— Você não estaria?
— Não. Eu sei que a garota ruiva, que eu não faço ideia de quem seja, e faz parte do grêmio estudantil, nunca teria coragem de mandar uma mensagem daquelas.
— Porque ela tem bom senso.
— Ou porque ela é extremamente sem graça. — Comentei sem me atentar que a garota ruiva que eu julguei sem graça e cuja existência era indiferente para mim era quase a versão masculina de Shawn. Afinal, ele nunca teria coragem de me mandar "Saudades de você, do seu corpo, de sentir você. Como eu queria você em cima de mim agora...", dentre outras mensagens mais explícitas que Shawn, por sorte, não chegou a ler naquele dia.
Murmurei um "obrigada" quando Evan colocou nossos pedidos na mesa cessando o desconforto que minha fala havia causado. Obrigada por nada, universo.
— Eu gosto bastante da Katie. — Ponderou, os olhos fixos no copo. — Acredito que sejamos pessoas bem parecidas, sem graça aos olhos de alguns.
— Isso é algum tipo de psicologia reversa que você aprende nas suas aulas super avançadas? Porque se for, eu não estou vendo o mínimo sentido. — Comecei a comer o croissant, e, apesar disso, não me contive em silêncio pois o peso da íris de Shawn em mim fazia com que eu quisesse desfazer qualquer nó que havia sido criado em nosso relacionamento. — Por que me ignorou ontem?
— Pelo mesmo motivo que precisamos conversar, afinal, parece que... Você sabe. Por que está me perguntando?
— Já reparou que às vezes, quando falamos as coisas em voz alta, percebemos coisas que tinham passado batido?! — Joguei os pedaços da massa, que insistiam em cair na minha saia jeans e a engordurar, no chão enquanto falava. — Só queria que você percebesse o quão idiota é a sua preocupação com um cara babaca que só quer transar comigo. Se ele disse que está com saudades de mim, ou melhor, do meu corpo... — Meus olhos reviraram no instante em que pontuei o óbvio. — É porque não estamos nos vendo. — Shawn esboçou um sorriso aliviado após realizar o óbvio. — Se você me pedisse em namoro logo, não teríamos que passar por isso... — Brinquei em um tom neutro, o que fez com que seus olhos se abrissem mais do que o usual e eu gargalhasse alto.
— Haper, tem quatorze dias que a gente tá... É recente e...
— Você está contando os dias e ainda diz que é recente? — Zombei. — Eu já conheço seus pais, fui a sua casa, tirei sua virgindade... Bem, nós já temos tudo pra ser um casal, só falta você me pedir.
— Não achei que um pedido de namoro fosse importante pra você, achei que desprendimento fosse seu sobrenome.
— Eu sou uma mulher de muitas facetas, garoto perfeição. — Pisquei um olho.
— Eu não conheço suas mães, não podemos namorar. — Brincou, apesar de sua voz estar mais suave do que deveria, indicando um território desconhecido. Ah, como eu adoro quando se arrisca pelo simples ato de ser, sem expectativas, sem deveres, apenas a liberdade de ser quem é; como eu adoro vê-lo por quem é e o que realmente é.
— Não seja por isso. — Me levantei da mesa afobada, fazendo com que a mesa balançasse. — Vou chamar suas quase-sogras, aproveita para comer e beber o que pedi pra você, Sarah vai ficar muito magoada se você não elogiar o brownie, fica a dica. — Pisquei um olho antes de sair de onde estávamos para ir à cozinha. Shawn ainda murmurou meu nome mas eu não me ative a isso.
Encontrei as duas na despensa, uma vez que era final de mês e Jessie era extremamente metódica com organização, e depois de explicar o porquê estava ali, afinal, ambas sabiam do meu encontro com o garoto cujo nome se tornou mais que evidente no meu vocabulário na última semana, prometeram ir conhecê-lo nos próximos quinze minutos.
E assim o fizeram, fazendo com que separássemos nossos lábios rapidamente quando Jessie anunciou sua presença em um tom mais alto do que o preciso. Shawn me repreendeu com o olhar, pois eu havia dito a ele que elas já haviam ido embora e que os apresentaria outro dia, enquanto eu me divertia com a situação.
— O garoto que você fala sem parar todos os dias está quase morrendo de vergonha e está achando isso engraçado, Harper? — A ruiva iniciou a conversa depois que eu os apresentei. Era estranho viver aquilo, levar alguém a um dos lugares mais significativos para mim, o café da minha família, e o apresentar as pessoas mais importantes da minha vida.
Era uma primeira vez sentimental simples, descontraída e em que os pingos nos "i's" do nosso quase-relacionamento estavam se alocando perfeitamente e naturalmente. Shawn, por mais distinto que parecesse de mim, encaixava na minha vida como se tivéssemos sido moldados para partilhá-la.
— Eu estava, até você me fazer passar vergonha. — Disse em uma hipérbole dramática. Elas trocaram mais algumas palavras, em especial Sarah e Shawn, porque Jessie, e nisso somos muito semelhantes, não conseguia evitar os comentários e as piadas sobre o momento, o que acabava constrangendo o moreno, mas depois se retiraram.
— Você e Jessie são muito parecidas. — Sorriu, e eu concordei com a cabeça. Aquilo era um fato curioso, mas que me ajudara muito a fazer com que eu me sentisse pertencente a algum lugar.
O dia passou com naturalidade enquanto desfrutávamos da companhia um do outro, e entre alguns cafés gratuitos, e caminhadas sem rumo pela cidade, me vi guiada pelo sentimento mais claro da vida, o amor, e que parecia se manifestar da forma mais pura e recíproca.
— Eu respondi o Jeremiah dizendo que não quero mais nada com ele, e excluí o número dele. — Comentei breve, enquanto descíamos uma ladeira, sem muita certeza de onde estávamos indo, esta estava presente apenas nas minhas palavras e sentimentos. Seus dedos se entrelaçaram mais aos meus e ele sorriu quando focamos na face um do outro simultaneamente. — Afinal, a gente tá junto, né? Mesmo sem um pedido oficial... — Brinquei, insistindo no assunto e expressando meu desejo de poder chamá-lo formalmente de namorado.
— É. Nós estamos juntos. — Sorri alegre para ele, que partilhou do mesmo olhar carinhoso. Não precisávamos de palavras, títulos, sabíamos o que sentimos e não há algo mais importante do que isso. Me apaixonar por um problema nunca soou tão certo.
oi! olha quem voltou meses atrasada com a att ) : )
como sempre, culpem a faculdade e o bolsonaro. estou de férias até agosto e vou tentar atualizar mais umas duas vezes!!
estou ansiosa e feliz com o andamento da história, ainda mais porque estamos indo pra reta final e em novembro teremos a versão da taylor swift de everything has changed, que a música que mais me motiva, me inspira e me emerge nesse universo. inclusive, caso possam ler ao som da música seria ótimo... :)
ah, já peço desculpas caso o wattpad tenha substituído os travessões por hífen. esse problema começou a dar comigo desde que troquei de celular. porque, ainda que eu escreva no word, formato no celular pois o wattpad coloca muito espaço e desconfigura algumas coisas.
beijos. muito obrigada por terem esperado a att. e pra saber o que dizia na tal mensagem. se eu volto, ainda que demore, é por vocês.
amo vocês!! votem e comentem, por favor. eu amei a dinâmica do capítulo mas odiei outra hahahahaha, enfim, espero que gostem.
até a próxima,
valentina
01 de julho de 2021.
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