21 | relatos
CANADÁ, 29 de setembro de 2015
Narrado por Harper
— Liberados! — O treinador gritou interrompendo a queimada, e independentemente disso, aproveitei para jogar a bola em Maggie, que já olhava distraída para a porta.
— Idiota. — Me empurrou com o quadril quando me alcançou.
— Você que é lerda. — Neguei com a cabeça. — O que acha de irmos ver a sua prima hoje? — Disse assim que entramos no vestiário cheio. O cheiro de suor fazia com que Maggie fizesse várias caretas.
— Já disse que ela não vai saber ajudar.
— A gente só vai saber se for lá. — Pisquei um olho para ela. Saímos do vestiário depois de trocarmos de roupa, e o tumulto habitual era perceptível mesmo a turma não sendo grande. Shawn passou pelo nosso lado direito, mas não fez menção alguma em se comunicar comigo, apenas se despediu brevemente do professor e agradeceu a aula.
— O que aconteceu entre você e seu quase-namorado? — Insistiu no assunto, uma vez que eu havia apenas comentado que o almoço não havia terminado nos melhores termos.
— Nada demais...
— Me pareceu algo bem a mais pela maneira com que você reagiu a ser ignorada. — Curvou os lábios e fechou, quase totalmente, os olhos na minha direção.
— Você tá viajando. — Fui até a arquibancada na sua companhia. — Pode ir indo, vou falar com o professor antes dos dois infinitos períodos de física. — Maggie devolveu um "Tá", e, assim como toda a turma, saiu do ginásio.
O professor estava entretido demais com a organização das bolas, o que fez com que se virasse rapidamente quando o chamei.
— Está tudo bem, Harper? — Sorri política. "Ah claro que está tudo bem, professor, tenho duas aulas de física e lição de química orgânica, que eu nem comecei, para depois do almoço. Não podia estar melhor, certo?".
— Sim... Então, professor, sabe o Shawn? — Ele concordou com a cabeça como se fosse óbvio, era engraçado como ele sorria durante toda a conversa, exercícios físicos realmente devem liberar hormônios da felicidade.
— Interessada no Shawn? — Perguntou brincalhão, como sempre era e meu rosto esquentou repentinamente e, apesar de não ser mentira, o escondi em ambas as mãos em vergonha. — O que foi? — Sua feição se aproximou mais das dos outros professores.
— É que o Shawn é tão quietinho, sei lá, ele é o único que faz atividade de calça, e o senhor deixa, e ele é tão magrinho e tão... — Ele me encarava com uma cara de "Que porcaria você está dizendo."
— Há algo que você queria, e tenha, de fato, para perguntar sobre seu colega? — Tentava compreender o que ele sabia e em que pé estávamos, contudo, nunca tive facilidade em ler os outros. — Mas se quer saber minha opinião pessoal, que eu, obviamente, nunca compartilhei com uma aluna que deveria estar na sala de aula... — Abriu mais os olhos. — Eu concordo com você, talvez, exista algo que o diferencie de seus colegas, e não é algo bom... — Voltou a atenção ao armário com o material de aula. — Até semana que vem, Harper, se continuar aqui o professor não vai te deixar entrar. — Sorri para o homem que tinha a camiseta dentro da bermuda e, infelizmente, sai do ambiente para assistir mais aulas, e sem nenhuma informação importante.
[...]
— Você está me fazendo gastar gasolina à toa. — Maggie reclamou, novamente.
— Qual é, ela é sua prima, se não der certo, você ao menos faz uma visitinha.
— Você vai ficar me devendo uma...
— Eu já estou te devendo uma vida, né. — Rimos. O resto do caminho foi breve, já estávamos na frente da porta marrom escura.
— Maggie! — As mulheres que compartilhavam do mesmo olhar se abraçaram. A faculdade as havia afastado, e Maggie pretendia não sentir falta dela, quando na verdade, o fazia. — Haper. Vem, entrem. — Madeleine nos recebeu em uma situação de mínimo contato, o olhar que me era direcionado pedia rapidez, mas me esgueirei pedindo licença para ir ao banheiro. Tive certeza que Maggie me xingou mentalmente, contudo, aquilo era mais para ela do que para mim.
Depois de longos minutos no banheiro, decidi sair, na verdade, apenas sai porque havia mandado mensagem para Shawn e não queria ficar esperando a sua resposta. Esperar me corroía, e mesmo sabendo que nos dois não gostamos de jogos, é fato que não foi agradável para ele ler a mensagem que leu.
— Tava tentando descer pela privada? — Maggie questionou impaciente.
— Já ficou com saudades? — Brinquei, jogando o cabelo comprido em seu rosto.
— Ela não vive sem você. — Madeleine completou. — Vocês são muito dependentes. — Comentou mantendo um ar distante, mesmo com uma diferença de três anos, a faculdade parecia tê-la mudado. — Então ao que devo a visita da minha prima e sua fiel escudeira? — Maggie me encarou levantando a sobrancelhas algumas vezes rapidamente, me dando o ensejo a explicar o porquê de estarmos ali.
Me aproximei dela no sofá e contei, de forma mais extensa do que pretendia graças aos comentários de ambas, o que suspeitávamos estar acontecendo com Shawn. Maggie mostrou as fotos dos medicamentos que encontramos na casa dele, mesmo com a repreensão da prima, afinal, havíamos cometido um crime, mas não é crime se não há provas, certo? Bem, segundo ela, errado, mas evitei entrar nesse mérito, me interessava mais o porquê dos machucados em Shawn e o emocional do meu quase-sogro que, evidentemente, oscilava.
— Eu acho, assim, com as provas criminosas que vocês me forneceram... — Revirei os olhos pela ênfase que ela estava dando, afinal, os fins justificam os meios, e nada é mais importante no momento que ajudar Shawn. — Que o pai dele tem algum vício ou algo do gênero com analgésicos, e que isso começou depois que ele operou o joelho. Esse tipo de vício pode fazer com que ele passe por momentos de fúria e explosão, mas eu não posso te dar certeza...
— Já nos ajuda muito! — Sorri e a abracei.
— Mas por que vocês precisam saber tudo isso? Não é só fazer a denúncia?
— Sim, sim. — Ratifiquei. — Mas não ia dar em nada, né, a esposa dele vai se recusar a fazer exame de corpo delito, o filho não vai depor contra o pai, enfim, eu só vou me meter em mais problemas se fizesse isso.
— Mas, Harper, você flerta com problema, a sua paixonite por ele é um exemplo. — Devolvemos com risadas altas, e com as horas que se sucederam na casa da ruiva, tanto eu quanto Maggie podemos reviver memórias e construir novas com uma pessoa que havia se afastado.
O dia cessou rápido, e o sorriso que preenchia os lábios sempre cobertos por um gloss rosa de Maggie faziam com que eu explodisse de felicidade pelos diversos fatores do dia, estar com ela, ter revisto Madeleine e saber que estávamos mais próximas de ajudar Shawn. Meu sorriso alegre aumentou mais ainda com o som da notificação: Shawn finalmente havia respondido minha mensagem, quatro horas depois, e eu já teclava para respondê-lo no mesmo instante.
Flertar com problemas nunca me deixara tão alegre.
Olá!
Atualização atrasada um mês, risos, mas culpem a faculdade!
Espero que gostem, não se esqueçam de votar e comentar. Abraços, amo vocês! ❤
ah, e quero dedicar esse capítulo a highercosmic e a yuhariana, abraços meninas, o carinho de vocês fez com que eu tentasse atualizar mais rápido.
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