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08 | permissões

CANADÁ, 21 de setembro de 2015
Narrado por Harper

— Isso não é um boa ideia.

— Meu Deus, Maggie, isso é tudo que sabe falar?

— No momento sim! Você está querendo envolver meu pai na história do Shawn.

— Porque você me envolveu na história dele.

— Não, eu abri seus olhos para o que acontecia na casa dele, você que quis ser benevolente e ajudá-lo.

— Nossa, como eu queria que tivesse uma câmera filmando a gente 24 horas por dia pra jogar na sua cara que não foi bem assim!

— Um gravador já resolveria.

— Eu vou falar com ele. — me levantei do sofá da sala e encarei a escada de porcelanato branco. Talvez não seja tão certo envolver o pai da minha melhor amiga na minha missão, mas essa é a ideia que tenho pronta, e quanto mais eu demorar para fazer uma denúncia, mais eles sofrem.

— Me espera!

— Achei que você não me apoiasse.

— Eu não conseguiria.

A encarei e subimos a escada lado a lado, aquela nuvem de tensão pela situação me fazia desejar uma cerveja gelada, quando eu salvar a vida do Senhor Perfeição vou cobrar um engradado de cervejas.

— Minhas meninas! — Abraham disse quando nos viu no corredor, sorri para o homem que estava suado devido a atividade física. Seria mais fácil ainda convencê-lo disso, porque como ele está querendo tomar banho não vai querer ficar debatendo sobre isso, coisa que os Lindemann tiram de letra!

— Tio, eu queria te pedir um favor.

— Se estiver ao meu alcance.

— Tem como você anunciar seu prédio comercial no centro da cidade, aquele que acabou de reformar...

— Mas é de mentira, pai. Não é um anúncio de verdade.

Ele nos encarou enquanto tentava se secar com uma toalha.

— A gente não vai vender de verdade. Mas é que eu quero ajudar um garoto, a mãe dele é corretora de imóveis e não trabalha faz um tempão, e acho que ela só voltaria caso o lucro fosse muito bom.

— Você, Harper, querendo ajudar um garoto? Quem te viu quem vê.

— A Maggie fez lavam cerebral em mim, por isso!

— Podem fazer o que quiserem, até porque eu não vou vender. Boa sorte com o garoto, meninas.

— Conseguimos! — abracei Maggie de lado, que encarou o chão, o desinteresse do seu pai em relação a sua vida ainda a magoava. — Que tal um bolo de limão com calda de chocolate?

— Se você pagar.

— A gente rouba! — brinquei e ela riu. Existem pessoas que valem a pena, e uma delas é a Maggie.

[...]

— Cada dia a Sarah se supera...

— Por isso eu vou morrer quilos mortais.

— Alô, Doutor Nowzaradan?

— Eu não ia conseguir me manter na dieta de 1500 quilocalorias.

— Você não consegue se conter, essa é a verdade.

— Eu sou compulsiva.

— E gulosa. — riu quando notou que eu havia levado aquilo pro lado malicioso. — Você é podre!

— Ô, santinha do pau oco, menos.

— Cruz credo, pau. Sai pra lá coisa ruim.

— Podem vir pra titia, que a titia ama, a titia cuida.

— A titia senta em cima!

— Senta em quem? — ouvimos a voz de Sarah e substituímos a risada alta por feições assustadas.

— No momento em ninguém, mas caria bem sentar.

— É o tal de Jeremiah?

— Tia, ele é péssimo sério. Parece que ele não toma banho!

— Pau já é nojento, com queijinho então.

— Eu concordo com você.

— Muito difícil ser a única heterossexual da família.

— Forças, ícone. Dia do orgulho heterossexual!

— Vou voltar ao trabalho. Amo vocês!

— Você não me respeita, né!?

— Mais amor e menos drama, bebê. Agora liga ai pra Senhora Mendes. — esticou um papel com um número de telefone.

— Agradeça a Amélia com um beijo por mim.

"Alô?"

"Boa tarde, é secretaria do Senhor Lindemman, eu gostaria de falar com a Karen, por favor."

"É ela, sobre o que seria?"

"O Senhor Lindemman está querendo vender o edifício Glaux, o maior edifício comercial do Canadá, e nós precisamos de uma corretora de imóveis. Eu procurei por outros mas acabei tendo problemas com a porcentagem que eles queriam."

"Eu sei que esse tipo de coisa não é acertada pelo telefone e eu notei que você está fora do mercado há algum tempo, mas eu tive boas recomendações a seu respeito."

"Eu preciso de um tempo para pensar sobre essa proposta..."

"Você teria uma margem de lucro de 7%, o que é equivalente a 2 milhões e meio."

"Dois milhões e meio?"

"Já descontado as taxas."

"Quando podemos marcar para fazermos a avaliação do imóvel?"

"Entrarei em contato. Muito obrigada por ter aceitado a proposta!"

— Você devia ser atriz! Sua falsa. — Maggie riu quando eu desliguei o telefone e a acompanhei, no orfanato eu era craque em passar trotes.

— Só me falta a sorte na vida.

— Só fazer o teste do sofá que você passa.

— Por falar em passar, acho que vou ficar de exame em matemática.

— Aleatória? Quase nada!

— Cadê a preocupação com a sua amiga?

— Tá no meu rabo, quer vir procurar?

— Meus dedos são grossos, não sei se você está acostumada.

— Mete com força e com talento.

— E depois eu que sou podre.

— Você me ensinou a ser assim. — deu de ombros.

— Vamos embora.

— Pra onde? Não quero ver a cara do meu pai.

— Dorme lá em casa hoje.

— Seu desejo é uma ordem, princesa.

— Mas antes nós vamos em um lugar.

— Se esse lugar for a casa do Senhor Perfeição, eu não vou não. Se eu aparecer lá de novo ele vai ligar le com cre.

— É, ele não é tão burro.

— E é um ótimo manipulador, não podemos esquecer.

— Você nem tinha projeto de campanha, enquanto ele prometeu o mundo pra gente. Você queria o que?

— Você por um acaso votou nele?

— Não, eu sou uma amiga fiel. Mas tenho que admitir que ele é um ótimo presidente, temos muffin de chocolate as quartas.

— Isso porque ele gosta.

— E eu também!

— Por que você quer ir lá?

— Sei lá, nas séries criminais eles fotografam tudo.

— Porque aconteceu um crime.

— E ali acontece, violência doméstica e as fotos que eu vou tirar vão ser as provas.

— Apesar de eu achar essa sua ideia uma bosta, eu te levo.

— Você é a melhor.

— Não seja pega, e se for, invente algo consistente e ligue pro bonitão ir te buscar.

— Ok, mamãe.

[...]

— Vou te deixar aqui.

— Uma quadra e meia antes da casa dele?

— Discrição, bebê. Qualquer coisa me ligue.

— Ok, mamãe.

Desci do carro branco e fui caminhando até a casa dele. A primavera deixava o clima mais agradável, o que é um milagre aqui.

Observei a casa azul e as luzes acesas, a família margarina estava reunida. Talvez Maggie esteja certo e não faça sentido fotografar a casa por fora, e é impossível fotografar por dentro quando é horário de jantar.

Entrei pela lateral e fui até o quintal, escoarei minha mão na árvore enquanto pensava no que havia me metido e se aquilo não me traria consequências graves. Ao mesmo, espero que não, o máximo que pode acontecer é terminar com Shawn me xingando e chorando, mas ninguém morre por ser odiado.

A copa da árvore cobria o céu bonito da primavera, e a grama estava bem verde. Decidi subir na árvore para repensar na vida e no quanto sou sortuda.

Fui adotada por um casal que ama, tenho uma melhor amiga que me ama, tenho saúde. Tenho tudo. E mesmo que as vezes eu seja grosseira e não pareça grata, todas as noites eu agradeço por tudo que tenho e pelas coisas que já vivi.

Só quem conhece o escuro sabe dar valor às estrelas. Sorri ao me lembrar da minha tatuagem, realmente os tempos já foram bem sombrios para mim, mas Jessie e Sarah me salvaram.

Sorri mais uma vez e encarei o céu. Era uma noite linda, de céu estrelado que só se vê no interior e com uma temperatura agradável. A ajuda de Shawn pode esperar por outro dia, a minha família merece um amor de verão infinito.

Desci da árvore e sai correndo do quintal, mesmo que fosse vista não ligaria, estava tão feliz por estar viva, ser amada e por sentir a gratidão que eu só sabia sorrir. Entrei no primeiro ônibus e fui sorrindo para casa, imaginando como seria jantar com as mulheres que mais amo na vida e o quanto Deus é bom.

SIM! EU ESTOU VIVA!

Eu sei que sumi e tals, mas isso não é verdade 100%, uma vez que continuei atualizando as minhas outras fanfics.

Além disso, esse capítulo tá bem ruinzinho e o Shawn quase não aparece, mas eu também quero dar outro olhar para história e mostrar a relação que Harper tem com as pessoas que ama.

Espero que gostem porque fiz com o coração e de alma. Mas lembrando sempre que a escrita é um presente a si próprio e que se estou satisfeita, me basto. O que não quer dizer que não quero que vocês leiam e gostem, mas é só que ando insegura em relação a minha escrita e escrever sobre reafirmação é libertador.

Amo vocês.

obs: demorei, e muito provavelmente vou demorar pra atualizar de novo. se vocês realmente GOSTAM desse livro, me cobrem — com educação. meu privado está aberto assim como o quadro de mensagens!

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