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Despedida

Os convidados começaram a ir embora e Archie despediu-se da maioria com um aperto de mãos, gostando de receber elogios pelo lugar. Os desconhecidos saíram primeiro e então foi a vez dos conhecidos, seus amigos e familiares.

    Finn e Vincent tinham sido os primeiros a irem embora, juntos, o que fez Archie ter certeza de que havia algo entre os dois. Depois foi a vez de Adeline e Jacques, que abraçaram Archie e Marc. Marie esticou as mãozinhas para o irmão, que apenas sorriu com nervosismo. 

    ━Tudo estava lindo, garotos. -Jacques disse- Adorei conversar com o seu irmão, Archie. 

    ━Obrigado, sr. Berlusse. -Archie falou respeitosamente- Ele também deve ter adorado conversar com o senhor.

    ━Por favor, me chame só de Jacques.

    ━Parabéns, Archie. A inauguração foi linda, tenho certeza que será um sucesso! -Adeline elogiou- O que acham de jantarem lá em casa no final da semana? Poderá mostrar seu antigo quarto para o Archie, Marc!

         ━Eu adoraria! Vamos? -olhou para o namorado, que encarou-o com desconforto, mas acabou assentindo

        ━Esperaremos vocês. -Jacques disse animadamente, saindo de mãos dadas com a esposa, que carregava Marie no colo

    Em seguida foi a vez de Leonard e Ethan. Quando o último olhou para Marc, este deu-lhe um olhar sério e intimidador. Um sorrisinho cínico se espalhou pelos lábios do fotógrafo, que pôs uma das mãos no ombro de Leonard.

    ━A noite foi incrível, Archie. As comidinhas estavam perfeitas! -o asiático falou num tom alegre 

    ━Fico feliz que tenha gostado, Leonard. Sem você nada disso teria sido possível, sabe bem.

    ━Agradeça ao seu namorado também. -o asiático comentou, olhando de um jeito brincalhão para Marc- Ele pagou por metade da reforma.

    ━Não foi nada para mim. -Marc revirou os olhos- Foi você quem fez a mágica. -gesticulou para o ambiente

    Ethan pôs as mãos nos bolsos, olhando em volta como se estivesse entediado. Leonard revirou os olhos e balançou a cabeça. 

    ━Obrigado pela noite, Archie. -Ethan comentou, sorriu e saiu pela porta

    ━Por que está com esse imbecil? -Marc perguntou

    ━Marc... -Archie apertou seu braço

    ━Tudo bem, Archie. -Leonard suspirou- Eu sei, não é o cara ideal. 

    ━Acho que ele vai te machucar, Leonard. -Archie comentou- Você merece alguém legal. 

    ━Eu só... -o asiático fechou os olhos- Estou cansado. Ethan não é mais o mesmo, eu também não. Talvez... -olhou para Marc com esperança- as pessoas possam mudar, certo? Você mudou.

    Marc engoliu em seco, respirou fundo e massageou as têmporas. Archie abraçou o amigo com carinho e ele caminhou até a porta, despedindo-se com um aceno triste.

    ━Filho, você fez um ótimo trabalho aqui. -Tereza se aproximou com Alan ao lado

    ━Verdade, Arch. Comi bastante e achei o lugar lindo. 

    ━Obrigado, Alan. -Archie abraçou o irmão e, em seguida a mãe- Obrigado, mãe. Espero ver vocês mais seguidamente. Podemos marcar um almoço ou jantar.

    ━Eu adoraria. -Tereza sorriu e abraçou Marc, sussurrando: Obrigado por cuidar dele. 

    ━De nada. -Marc quase gaguejou

    Por fim sobraram apenas Natalie e Ada. Ambas pareciam estar discutindo, gesticulando e de cenho franzido. A morena tinha os braços cruzados e a boca vermelha curvada para baixo, num semblante irritadiço.

    Archie pigarreou e estreitou os olhos. Marc colocou um braço em seus ombros e beijou-o no topo da cabeça. 

    ━Archiezinho! -Ada correu para abraçá-lo de um jeito sufocante, mas Archie não reclamou, riu em meio ao gesto- Foi tudo perfeito, igual você. 

    Natalie aproximou-se, recusando-se a olhá-lo. Marc arqueou uma sobrancelha, alertando-a para ser menos esnobe. 

    ━Obrigado, Ada. Vou esperar você para comer docinhos comigo aqui.

    ━Fechado! -ela beijou-o no rosto- Minha segurança quer falar com você. -murmurou, rindo nervosamente. Ela foi para trás de Natalie e empurrou-a para a frente de Archie.

    Os olhos azuis e verdes se encararam diretamente e desconfortavelmente. Archie ficou vermelho e surpreendeu-se ao ver a ex-namorada de Marc ficar da cor do batom que usava. 

    ━Conversem! -Ada saiu correndo para fora, puxando Marc pela mão. Ele lhe xingou, sem entender o que estava acontecendo.

    O silêncio foi tenso e insuportável. 

    Ele estava sem óculos e Natalie percebeu que era mais bonito daquela forma. Repreendeu-se por não ter colocado um sapato de salto alto antes de ir ali. Se soubesse de quem era a cafeteria teria usado o vestido mais bonito do closet. Ao invés disso tinha vestido uma calça jeans preta de cintura alta e um cropped azul com babados nas mangas. 

    Analisou-o de cima a baixo, aprovando mentalmente o terno bonito que ele vestia. 

    ━Por que sempre é tão maldosa? Parece que não saiu do ensino médio. -Archie resmungou, afastando-se um passo 

    ━Você está sempre caindo nas minhas provocações. Não tem muita maturidade também. -Natalie replicou, subitamente interessada nas unhas azuis

     ━Não é melhor pararmos com esse comportamento? -Archie perguntou, cansado

    Natalie revirou os olhos. 

    ━Qual comportamento? Você me odeia.

    ━Você me odeia! -Archie escancarou a boca, chocado 

    ━É, verdade. -ela deu uma risadinha e Archie rangeu os dentes- Mas estou disposta a te odiar menos. 

    Archie piscou várias vezes, boquiaberto, e ela começou a rir mais. Perguntou-se se teria algum problema psicológico. Teve vontade de mandá-la embora, mas então sua expressão normalizou e ela respirou fundo, empinou o nariz e disse:

    ━Já superei o Marc. 

    ━Demorou, não é? -provocou-a

    ━Acha que se competisse comigo você ganharia? -olhou-o de cima a baixo e odiou perceber que ele estava extremamente elegante naquele terno. Fechou a cara, irritada, e Archie sorriu.

    ━Sim. 

    Natalie arrumou os cabelos nos ombros, bocejou e bateu o pé com impaciência.

    ━Então vamos discutir nossa trégua.

    ━Pare de fazer comentários sarcásticos e maldosos sobre mim. 

    ━Hm. 

    ━Não dê em cima do meu namorado mais. 

    ━Dar em cima daquele idiota? Eu tenho um namorado agora. Quase namorado. -completou num muxoxo

    ━Melhor assim então. O que quer de mim em troca?

    ━A Ada me falou sobre convidar vocês para ir à fazenda dela. -falou num tom indiferente- Mas eu quero ir junto, portanto, acho bom ficarmos amigos até lá.

    ━Amigos?!

    ━Você entendeu. Amigos.-fez aspas no ar, revirando os olhos- Posso levar meu quase namorado e você leva o seu cão de guarda, aí todos ficamos felizes. O que acha, Archie?

    Archie ficou vermelho, levantou o queixo e disse:

    ━Ótimo.

    ━Então está combinado. Encerrando nossa conversa vou fazer meu último comentário sarcástico. Você roubou meu namorado, depois minha amiga, mas não vou deixá-la me trocar por você. 

    ━Você acha que eu roubei o Marc de você?! Vocês já tinham terminado quando eu comecei a namorá-lo! E a Ada é querida demais para ser sua amiga, não sei como ela consegue. -replicou

    Natalie sorriu largamente, aproximou-se e, antes que Archie pudesse afastar-se, lhe abraçou. 

    ━Nos vemos na fazenda, Archiezinho. 

    Então ela fez algo inédito: deu-lhe um beijo rápido na bochecha, marcando-o com o batom vermelho. Por fim, acenou e disse:

    ━Vamos ver qual de nós dois é o favorito da Ada.

    ━Isso não é uma competição! -quase gritou, mas ela saiu antes que pudesse ouvir

    Quando Marc voltou e viu a marca de batom em seu rosto, franziu o cenho e tentou limpá-la com os dedos.

    ━Ela te beijou?

    ━Marc, ela é louca! -limpou a bochecha

    ━Ela falou sobre a fazenda? -Ada aproximou-se, pedindo desculpas com o olhar

    ━Falou que vai competir comigo pela sua atenção.

    ━Ela é...

    ━Problemática? -Archie disse

    ━Irritante? -Marc sugeriu

    ━Eu ia dizer ciumenta. E possessiva, até comigo. 

    ━Por que ela falou da fazenda?

    ━Porque eu quero convidá-los para passar um fim de semana lá, no final do mês. Eu queria que a Natalie fosse junto, então vocês precisavam se acertar antes. E deu tudo errado, pelo jeito. Mas o que acham da ideia?

    ━Seria incrível, Ada. Mas espero que ela não me provoque. -Archie resmungou 

Marc respirou fundo, sabendo que aquela saída geraria mais dramas do que o necessário.

    _____

    O primeiro dia da cafeteria aberta tinha sido um sucesso. Clientes não paravam de chegar, comentando que tinham ouvido comentários ótimos e recomendações boas sobre o estabelecimento. Foram tantas pessoas na segunda-feira que uma pequena fila formou-se na porta do lugar. Archie sabia que Ada tinha ajudado muito na divulgação e, consequentemente, na quantidade de clientes. Só esperava que o movimento continuasse daquela maneira.

    Vincent e Archie trabalharam pesado anotando pedidos e buscando e levando as comidas para os clientes. Os croissants de chocolate esgotaram rapidamente, mas quando isso aconteceu já tinham uma fornada pronta para ser assada. 

O caixa foi administrado por Archie, que usava a calculadora, pois calcular mentalmente era desastroso. Imaginou Marc lhe ajudando com o troco, mas logo tirou a ideia da cabeça, pois o semblante sério dele provavelmente daria uma impressão antipática para os clientes. Sentiu-se culpado por pensar aquilo, portanto, mandou uma mensagem carinhosa para ele. Foi respondido tão rapidamente que quase derrubou o celular.

    "Bom dia. Você está animado, Archie?"

    Aquela frase era suspeita, portanto, mandou uma interrogação.

    "O espelho está tão sozinho lá em casa..."

    "Tchau!"

    "Quando chegar em casa você vai ser punido."

    Revirou os olhos, mas um sorrisinho espalhou-se por seu rosto. E mais clientes começaram a entrar na cafeteria.

_____

    Mesmo que Vincent estivesse cansado depois do serviço, convidou Finn para ir ao seu estúdio. Lá, o loiro leu um pouco do manuscrito que tinha recebido, organizou um pouco a bagunça e brincou com Byron, tudo enquanto Vincent cochilava involuntariamente no sofá.

    Não tinham tido nenhum tipo de toque mais íntimo desde que começaram a sair e Finn estava feliz por aquilo, pois mostrava que Vincent não importava-se tanto assim com a parte sexual do relacionamento. Ele parecia mais preocupado em desenvolver um laço emocional consigo primeiro.

    Após acordar do cochilo, Vincent ajeitou uma tela branca no cavalete. Pegou um pincel e começou a molhá-lo aleatoriamente nas tintas. Usou-o no quadro de forma leve e parou abruptamente ao ter uma ideia. Virou-se e encarou Finn, que estava guardando algumas louças na cozinha.

    ━Finn, gostaria de posar para mim?

    ━Posar? -o loiro franziu o cenho

    ━Eu nunca pinto pessoas, mas quero tentar. Você seria o modelo perfeito.

    ━O que eu tenho que fazer? 

    ━Ficar parado e sem roupas.

    Um sorrisinho alegre dançou nos lábios de Vincent e Finn corou até a raíz dos cabelos. 

    ━Se não quiser não tem problema. 

    Pensou sobre a proposta. Não se sentiria à vontade ficando nu na frente de Vincent, ao menos ainda não. Ele provavelmente desenharia seu corpo e observaria cada imperfeição. Balançou a cabeça com o pensamento. Mas ele era tão respeitoso e gentil... Sempre lhe beijava com carinho, lentidão e não tinha a afobação e ansiedade que Leonard quase sempre mostrava.

    Seria um bom assunto para falar com o psiquiatra, que tinha remarcado o horário para a tarde daquele dia. Poderia conversar com ele sobre sua autoestima, que havia ficado abalada após a volta de Ethan.

    ━Vou pensar sobre isso. -respondeu

    Vincent largou o pincel no cavalete, aproximou-se de Finn e beijou-o na bochecha. 

    ━Sem pressa. O que acha de fazermos um bolo de chocolate agora?

    ━Vincent, você está cansado. -negou com a cabeça- Eu vou cozinhar hoje.

    ━Vai fazer sua lasanha de berinjela? Estou ansioso para provar. 

    Finn deu um sorrisinho e assentiu. Aquele prato era seu favorito, mas sempre lhe fazia lembrar de Leonard. Na Kimura o asiático parecia cada vez mais abatido, com olheiras e quase sempre um sorriso forçado. Finn não sabia como ajudá-lo. Quase não conversavam lá. Leonard era o primeiro a chegar, lhe cumprimentava com a cabeça e desviava o olhar, constrangido. Pelo resto do turno permaneciam trancados cada um em sua sala, o loiro fazendo contas e o asiático criando projetos e falando com clientes.

    Ressignificaria a lasanha para que Vincent também a aprovasse e, talvez, começasse a parar de ligar o prato ao ex-namorado. Enquanto o outro pintava, Finn começou a preparar a comida. 

_____

    Ada estava esperando Julian para conversarem numa cafeteria e livraria próxima à sorveteria onde tinham ido no primeiro encontro. Folheou um livro sobre a história da moda, adorando ver tantos visuais diferentes e coloridos mudando com o passar dos anos.

    O celular vibrou com uma mensagem de Natalie. Bebericou um gole do café quente enquanto lia. 

    "Quer que eu te busque?"

    "Não precisa!"

    "Ainda bem, porque se eu encontrar o Julian eu vou estapeá-lo."

    "Que nem você fez com o John?" Ada digitou com um sorrisinho, visto que a amiga havia lhe contado parte do que haviam feito com poucos detalhes, mas suficientes para provocá-la sobre o assunto. 

    "Não, Ada, meus tapas seriam para matar."

    Riu e abriu a câmera, tirando uma foto do café e do livro. Postou nas redes sociais e, quando abriu suas notificações, viu que uma foto em especial estava tendo mais atenção: sua selfie com Finn. Nos comentários, as pessoas estavam completamente apaixonadas pela beleza dele. Checou a caixa de mensagens e uma chamou sua atenção: a de um fotógrafo que Ada conhecia e com quem já havia trabalhado. Seu nome era David Hayes e era conhecido por descobrir novos modelos.

    A mensagem era curta e direta:

    "Boa tarde, Ada! O seu amigo Finn já modelou antes? Participou de algum desfile ou fez campanhas publicitárias?"

    Ao que Ada respondeu negativamente, logo outra mensagem chegou:

    "Impressionante. Ele faria sucesso se tentasse. Pode me passar o contato dele?"

    Enviou o número de Finn. Ao imaginá-lo como modelo, Ada ficou surpresa, pois realmente achava que ele seria perfeito, só precisaria perder a timidez. Torceu para que o loiro não lhe odiasse por ter dado seu contato para David e, quando guardou o celular, a campainha do lugar tocou, indicando que um cliente tinha chegado.

    Não demorou muito tempo para Julian aproximar-se e, quando a viu, abaixou os olhos com constrangimento. Ele sentou a sua frente em seguida.

    ━Como você está? -a voz dele saiu baixa e Ada viu que parecia triste

    ━Bem, e você? 

    Analisou o semblante abatido e os olhos verde-oliva com pena. Não queria ter brigado com Julian, mas ele havia mentido quando disse que não teria problema se namorassem. Devia ter sido honesto e dito que sexo era importante desde o início, então Ada teria compreendido e se afastado. 

    ━Estou levando. 

    ━Está surfando?

    ━Sim. -ele deu um sorrisinho- E tocando violão.

    ━Seus pais não estão enchendo o seu saco?

    ━Estão, eles querem que eu arranje um emprego na minha área, mas só fiz aquela faculdade por causa deles. Não é minha praia.

    ━Sua praia realmente é uma praia. -Ada piscou, dando uma risadinha

    Gostava muito de Julian e queria tê-lo como amigo. Ele era engraçado e gentil, mesmo que tivesse sido bastante desrespeitoso da última vez que tinham se visto. Viu-o se mover na cadeira com desconforto e pigarrear.

    ━Eu queria me desculpar por aquele dia. O que eu fiz foi ridículo e sem justificativa. Desculpe por ter sido um imbecil.

    Ada apertou os olhos, sorrindo.

    ━Marc te deu alguns conselhos, Julian?

    ━Como sabe disso? -ficou boquiaberto

    ━Aposto que foi ele quem te disse que você foi um imbecil.

    Julian fechou os olhos e suspirou, derrotado. Então deu um sorriso triste e olhou para longe.

    ━Ele me disse isso, mas eu concordei. Por isso estou aqui. Não quero ficar longe de você. 

    Ada teve vontade de abraçá-lo, pois sua confissão pareceu sincera. Segurou a mão dele por cima da mesa e deu uma piscadinha.

    ━Podemos voltar a ser amigos. Mas não tente me beijar novamente. -sussurrou num tom brincalhão

    ━Pode deixar, princesa. 

    Ada corou e puxou as mãos para o colo novamente. Mordeu os lábios e olhou para o horário. 

       No sábado tinha convidado Alan para saírem, pois queria conhecê-lo melhor, e a hora do encontro quase se aproximava. Tinha gostado do jeito dele não custaria nada conversar com ele. Gostava de conhecer pessoas novas e fazer amigos.

    ━A ida à fazenda vai acontecer? -Julian perguntou

    ━Sim, no final do mês. Fica bom para você?

    ━Sabe que eu não tenho compromissos. -brincou- Qualquer dia fica bom. Vou levar a cerveja.

    Ada mordeu os lábios, pensando no que Natalie havia lhe dito, que quando bebia Julian tentava beijar Marc e começou a rir involuntariamente. Ele franziu o cenho e lhe encarou com confusão. 

    ━O que é tão engraçado, princesa? -estreitou os olhos com um meio sorriso

    ━Não! É que... -respirou fundo e disse- Julian, você é hétero? 

    Ele ficou lhe encarando boquiaberto, como se fosse uma pergunta ridícula, mas logo fechou a boca e engoliu em seco. Começou a folhear o livro que Ada tinha pego e tossiu. Seu rosto ficou mais vermelho ainda.

    ━Por que pergunta isso?

    ━Curiosidade. Já ficou com algum menino? 

    Ada apoiou o rosto na mão e olhou-o com interesse. 

    ━Não. -ele gaguejou

    ━Sente vontade de ficar? 

    ━Não sei.

    A resposta pegou a loira de surpresa. Tomou o resto do café da xícara e inclinou-se, com um sorriso gentil no rosto.

    ━Qualquer pessoa que ficar com você vai te adorar, Julian. Você só tem que ser honesto desde o início. -ele assentiu

    Julian olhou através da janela da cafeteria para a rua. Se os pais soubessem o que fazia, desde seu tipo de cigarro favorito, até as suas curiosidades sexuais, eles lhe mandariam para longe. Eram políticos conhecidos na cidade, não podia criar um escândalo para a família. Mas já não bastava ter feito o curso que eles queriam? 

    Ficou contente por não ter perdido Ada, pois ela lhe dava bons conselhos. Ainda fazia seu coração acelerar, pois era toda extrovertida e carinhosa, mas não dariam certo juntos, agora sabia. Precisava entender outras coisas sobre si mesmo antes de entrar num relacionamento. Talvez precisasse voltar à praia e pegar umas ondas para se reencontrar. 

_____

    Quando dissera ao terapeuta que estava sem tomar os remédios há anos, ele tirou os óculos, lhe encarou com as sobrancelhas arqueadas e, num tom paciente, perguntou:

    ━Você quer melhorar ou não, Finn?

    Respondeu afirmativamente.  

    ━Então precisa tomar os remédios. São eles que vão ajudá-lo. É um tratamento que precisa ser seguido rigorosamente para que tenha efeito, para que você melhore.

    Começaram a falar sobre coisas que sempre incomodaram o loiro, como os amigos da escola, o afastamento dos pais, que moravam no interior, e sua inabilidade de ter relacionamentos românticos. Contou a ele sobre Leonard, Ethan e Vincent. Por fim, chegaram no problema com o qual Finn precisava de mais ajuda.

    ━Vincent perguntou se eu gostaria de posar para ele. Nu. Eu quero, mas não sei se consigo. Como posso gostar do meu corpo e não sentir vergonha de fazer isso? -as bochechas ficaram vermelhas

    O psiquiatra não pareceu chocado com sua confissão, mas era seu trabalho não reagir daquela maneira. O homem, que chamava-se Samuel, apoiou o queixo na mão e perguntou:

    ━Por que não gosta do seu corpo, Finn?

    ━Porque... -mordeu os lábios- Eu não sei. 

    ━Há algo específico que lhe incomode?

    ━Minha magreza. Meu rosto. Sou muito sem graça. -passou as mãos pelas bochechas com nervosismo

    ━Alguém te disse isso?

    ━Nos meus relacionamentos anteriores sempre fui trocado por caras mais... Interessantes.

    Não que tivesse tido muitos relacionamentos. A maioria das suas relações tinham sido flertes, inícios que nunca foram desenvolvidos porque logo cansavam de seu jeito. Ali estava sua resposta. 

    ━Como consigo confiança para... Fazer isso? 

    ━Precisa formar sua própria opinião. Olhe-se de perto, pergunte o que tanto lhe desagrada. Cada vez que olhar no espelho e ver algo que não gosta, pergunte-se por que não gosta do que vê. Há razão para se odiar dessa forma? Precisa ser gentil com você mesmo, julgar-se com menos afinco. Com o tempo vai aceitar tudo mais facilmente. Antes de decidir mostrar seu corpo é importante que tenha confiança em Vincent. Tenha certeza de que ele não lhe deixará desconfortável. 

    Finn pensou naquilo e disse para si mesmo que iria seguir à risca as recomendações de Samuel. Ele era seu psiquiatra há tempos, sabia sobre o que estava falando e sempre lhe ajudava a lembrar-se de coisas do passado e vê-las por outro ângulo. Sentiu-se mais leve quando ele disse:

    ━Relacionamentos são complicados, antigos ou não. Talvez Leonard precise entender o que realmente quer, talvez precisasse ter feito isso antes de namorar você. O que sente por ele agora?

    ━Decepção. Eu o amava, talvez ainda ame, mas cansei de me humilhar, de não ser escolhido nunca, de ser sempre a segunda opção.

    ━Então fez uma boa escolha, deixando-o?

    Finn franziu o cenho e, com tristeza, respondeu:

    ━Acho que foi o melhor para mim.

    ━Como sente-se longe dele?

    ━Estou colocando tudo em ordem. Redecorando o apartamento, saindo com Vincent... -ficou corado e Samuel deu um sorriso gentil

    ━Sente-se bem perto de Vincent?

    ━Sim. 

    ━Confia nele?

    ━Sim.

    ━Acho que já tem a sua resposta, Finn. 

    O loiro refletiu sobre o que Samuel tinha lhe perguntado e tudo fez sentido. Os problemas pareceram menos intensos e solucionáveis olhados sob outro ângulo. Se confiava em Vincent poderia mostrar suas fraquezas para ele, certo? 

    Na saída, olhou-se no espelho perto da entrada do consultório. Não era feio. Conseguiu achar traços bonitos no próprio rosto. Teria que arranjar coragem para ficar nu, pela primeira vez, perto dele. Mas o faria, pois era o que precisava: ser visto sem nenhuma barreira e expor seus verdadeiros medos. 
_____


    A semana começou e, com ela, as aulas online de Archie. Tinha se matriculado em poucas cadeiras, apenas três, mas a quantidade de textos para ler e atividades para fazer já era grande. Organizou o tempo de modo que conseguisse estudar enquanto Marc trabalhava, assim teriam tempo para namorar.

     À noite, Archie teria sua primeira aula ao vivo pela internet. Estava tão empolgado que já tinha organizado um caderno e algumas canetas para fazer anotações. 

    Ligou o laptop e, quando entrou no link da aula, Marc apareceu na porta do escritório da casa. Archie olhou-o com nervosismo, visto que faltavam apenas dois minutos para a transmissão iniciar. 

    ━Marc, tenho aula agora. 

    ━Eu sei. -ele falou num tom estranho

    Os olhos escuros brilharam de um jeito enigmático e Archie sentiu um arrepio na espinha. Olhou-o com confusão, mas não conseguiu dar-lhe atenção, pois logo a professora começou a falar e a dar as boas-vindas aos alunos. Archie ouviu tudo com atenção, concentrando-se e anotando as datas que seriam destinadas para seminários e entregas de trabalhos. 

    Estava tão focado na tela que, quando sentiu um toque na coxa e olhou para baixo, quase gritou ao ver o namorado ali no meio das suas pernas.

    ━Marc! 

    Colocou o microfone no mudo e quase clicou para desligar a câmera quando Marc segurou com força seu pulso e murmurou:

    ━Não desligue a câmera. 

    ━Eu estou em aula. -disse, com os olhos arregalados 

    ━Todos estão vendo seu rosto, Archie. Finja que está estudando pelo menos.

    Ia reclamar, com o rosto vermelho, mas a aula prosseguiu com a professora explicando como as notas seriam compostas. 

    Suas calças foram abaixadas e Archie penou para mexer-se o mínimo possível. 

    Um dedo do namorado massageou sua entrada. Apertou os dedos dos pés com o toque. O corpo começou a esquentar rapidamente. Algo foi amarrado em volta dos testículos e engoliu em seco com a pressão que sentiu. Doeu e machucou de uma maneira boa. 

    Os dedos de Marc fecharam-se em seu membro e então Archie mordeu os lábios, controlando um gemido.

    ━O microfone está no mudo? 

    ━Sim. -murmurou

    ━Controle seu rosto. 

    Marc uniu o indicador ao dedão e soltou-o com força nos testículos de Archie, que contraiu a barriga e escondeu uma expressão de choque e dor com as mãos. 

       As unhas de Marc escorregaram por suas pernas, marcando-as. Beijou-o nos joelhos e dirigiu-se para seu membro, molhando-o de cima a baixo com a língua.

    Archie não conseguiu prestar atenção em nada do que a professora falava. Quando ouviu seu nome no fone de ouvido percebeu que estava com o rosto enterrado nas mãos. 

    Marc colocou seu membro na boca e Archie disse com sofreguidão, ligando o microfone:

    ━Sim?

    "Poderia se apresentar para a turma, Archie?"

    Archie assentiu e deu um sorriso trêmulo, pensando no que poderia falar e em maneiras de evitar os gemidos que queriam sair.

    Marc engoliu-o por inteiro e Archie arregalou os olhos com surpresa. Pensou que ele fosse tirá-lo da boca, mas o namorado permaneceu ali. O rosto de Archie esquentou e apertou as bordas da escrivaninha com força ao perceber o quão fundo estava na garganta dele.

    ━Meu nome é Archie Walker, esse é meu primeiro semestre -parou para recuperar o fôlego e deu um sorriso forçado. 

A saliva quente dele estava escorrendo ao seu redor. Marc afastou-se um pouco e Archie ouviu sua risadinha rouca antes de ter o pênis tomado novamente num beijo profundo. Quis mover os quadris em sua boca, colocá-lo até o fundo novamente, mas rangeu os dentes e, disfarçando um gemido com uma tosse, terminou sua apresentação:

━Escolhi o curso porque quero aprender a administrar melhor minha cafeteria. 

    Falou a frase com tanta rapidez que duvidou que alguém tivesse entendido. 

Os dedos de Marc massagearam suas nádegas e lhe deixaram arrepiado.    Os lábios dele desceram para seus testículos e raspou os dentes ali. Archie contorceu-se e quis fechar as pernas, mas recebeu um beliscão nas nádegas. Mordeu os lábios com a dor.

    Já estava ofegante e suado. O membro estava tão ereto e tão quente que pulsava e pingava. 

    "Seja bem-vindo, Archie."

    Os outros alunos lhe deram as boas vindas e Archie sorriu fracamente. Olhou para baixo e viu os olhos escuros lhe encarando. Os lábios dele brincaram com seu membro, especialmente na parte mais sensível da ponta. Já estava pingando mais de excitação. 

    Colocou o microfone no mudo novamente.

    ━Marc, por favor... 

    ━Preste atenção na aula, Archie. Não quer ser visto como um péssimo aluno, certo?

    Engoliu em seco e apoiou o cabeça na mão.

    ━Não se preocupe, a primeira aula é sempre inútil. Todas as informações estarão na plataforma do curso. -Marc deu-lhe uma piscadinha 

    Ele engoliu-o por inteiro novamente ao mesmo tempo em que inseriu um dedo em seu interior. Archie gemeu baixinho longamente. Deslizou uma mão até o rosto do namorado e fez um carinho na bochecha. Os dentes de Marc fecharam-se em sua coxa, mordendo-a e marcando, depois subiram para seu pênis. Seu púbis estava completamente molhado de saliva. Deu um sorriso ao aproximar-se do clímax, sentindo-o intensificar os movimentos.

    Ele ia cada vez mais fundo. 

    Era molhado e quente.

    Era ele, lhe dando prazer de um jeito extremamente íntimo.

    Mordeu a palma da mão e fechou os olhos. 

    Levou as mãos até o rosto dele e segurou-o. 

    ━Por favor, mais fundo... -gemeu

    Ele fez o que pediu, movendo a língua em movimentos circulares. O dedo em seu interior moveu-se mais profundamente. 

    O corpo de Archie estremeceu e abaixou a tela do laptop alguns centímetros. Gemeu e, num grito mudo, derramou-se na boca do namorado. Um formigamento gostoso percorreu sua barriga e contraiu os dedos dos pés. Apertou as mãos e, ofegante, olhou para Marc com um semblante perdido.

    ━Não faça mais isso. -gaguejou

    ━Quero ver conter sua expressão com um vibrador da próxima vez. 

    Archie engoliu em seco e tentou focar a visão ao redor. Estava zonzo com a intensidade do orgasmo. Franziu o cenho e empurrou Marc devagar para longe. 

    ━Estou em aula.

    Ele levantou-se, espreguiçou-se e, com um sorriso torto, passou o dorso da mão no canto dos lábios. Antes de sair mostrou a língua para Archie. 

    _____

    Ada tinha um jeito tão extrovertido que não percebia o quanto deixava Alan atônito. 

    ━Então você consegue cuidar da parte legal da minha loja? Estou pensando em abri-la no próximo mês. 

    ━Você já pensou sobre o que vai vender, público-alvo...

    Mas Ada lhe interrompeu com alegria e, de maneira empolgada, falou:

    ━Já defini o que vou vender, conheço meu público-alvo, já estudei a concorrência, escolhi um nome para a loja, fiz um planejamento financeiro e providenciei uma campanha de marketing. 

    Alan ficou boquiaberto, mas logo sorriu, surpreso com o quanto ela sabia sobre o assunto.

    ━Isso tornará meu trabalho mais fácil. 

    ━Trouxe alguns documentos. 

    Ela mexeu na bolsa em formato de gatinho e tirou uma pasta pequena.

    ━Aqui estão meus dados e as informações sobre a loja. 

    ━Perfeito. Até o final do mês a loja estará regularizada e poderá começar a vender.

    Ada uniu as mãos e deu um gritinho de alegria. Alan coçou o pescoço e guardou a pasta na maleta que sempre carregava. Ficou olhando para a loira com nervosismo, sabendo que o rosto estava vermelho. 

    ━Mas não te chamei só para isso, sr. Alan! -ela disse num tom brincalhão que lhe deixou mais nervoso ainda

    ━Não? -gaguejou

    ━Não. Achei você muito legal e, como é irmão do Archie já é meu amigo automaticamente. 

    ━Não tenho opção então? -perguntou num tom divertido

    ━Não.

    ━Então somos amigos, Ada.

    ━Antes preciso saber de uma coisa. Você também ama doces, assim como o Archie?

    ━Sim. -disse, constrangido. Mesmo que não fosse totalmente verdade, não iria estragar o clima negando.

    Ada escancarou a boca e começou a rir.

    ━Perfeito. Vamos comer uma torta então.

    ━Uma fatia, você quer dizer?

    ━Quem está te impedindo de comer uma torta inteira?Isso mesmo, ninguém. 

    ━É um desafio? Comer uma torta inteira? -começou a suar

    Ada inclinou-se e piscou o olho direito.

    ━Gostaria de competir comigo e ver qual de nós dois consegue comer mais fatias? 

    Afrouxou a gravata e deu um sorriso tímido, mas de quem estava disposto a conhecer melhor aquela garota linda e inteligente. Uniu as mãos no colo e puxou as mangas da camisa até os cotovelos. 

    ━Estou preparado. -assentiu e Ada riu

    Tinha passado tantos anos estudando e focado em conseguir manter o escritório de advocacia que tinha esquecido de divertir-se. Nunca tinha entendido aquela obsessão de todos por relacionamentos amorosos e sexuais, portanto tinha ignorado tais assuntos, para decepção da mãe. Tinha casado com o direito, mas talvez merecesse relaxar um pouco. 

    Ada reparou nos olhos verdes e nos traços masculinos. Se falasse para Natalie que tinha saído com o irmão de Archie ela com certeza faria algum comentário sarcástico, mas o acharia bonito se o visse. Alegre por ter feito as pazes com Julian e feliz por estar fazendo outro amigo, Ada pediu uma torta de chocolate. O atendente perguntou quantas fatias gostariam, mas a loira disse que desejava a torta inteira. 

_____

    Ethan era especialista em dar aqueles nós. 

    Não podia se mexer e aquela posição lhe deixava tão vulnerável que enterrou o rosto no colchão. 

    Seus mamilos estavam vermelhos de tanto serem apertados e puxados.    

    As nádegas sangravam em alguns pontos, tudo por conta das inúmeras chicotadas que havia recebido. Não tinha ousado dizer que era demais. Aguentaria até o final. Com lágrimas nos olhos, mordeu o lençol e fez o que sempre fazia. Testou os próprios limites. Aguentou.

    Ethan deu uma risadinha rouca e beijou-o onde doía. Apertou seu quadril com desejo, marcando-o com força, e penetrou-o de uma vez só. 

    Algo foi pressionado contra sua boca, uma mordaça. A saliva começou a escorrer assim que a fivela de couro foi fechada em sua nuca.

    As cordas torciam sua pele em vários lugares, machucando-o de maneira gostosa. 

    Leonard fechou os olhos e deixou as lágrimas escorrerem. Estava sendo usado por ele, que mostrava-se rígido e quente em seu interior. Gostou da sensação, sabendo que depois teria nojo de si mesmo.

    Aquele era o auge do prazer, pensou com um sorriso triste e abafado. Será que seria capaz de gostar de algo "tradicional" novamente? Duvidava muito.

    Os arrepios por seu corpo eram tão intensos que contraiu os músculos da barriga. Ethan agarrou seu pênis e, num grito, sentindo-o entrar e sair de seu corpo com agressividade, sujou os lençóis da cama com seu sêmen.

    Ethan beijou-o na nuca, mordeu seus ombros e resvalou a língua por suas costas, deixando-o arrepiado. Leonard gemeu, sem forças. 

    O membro dele lhe machucava, causava atrito, mas já estava acostumado. Abriu mais as pernas para acomodá-lo, gemendo de prazer e dor. As unhas dele enterraram-se em seu quadril e, numa estocada dolorida que sacudiu seu corpo, gozou em seu interior.

    Leonard fechou os olhos. Era horrível pensar que tinham feito aquilo sem camisinha desde o início. Pior ainda era saber que preferia daquele jeito. Mas não importava-se mais. Não conseguia pensar nos problemas quando faziam daquele jeito. 

    Ethan deitou-se ao seu lado, sem lhe desamarrar. Leonard balançou a cabeça e a mordaça foi retirada.

    ━Desamarre as cordas.

    ━Mandão. -Ethan deu uma risadinha, mas obedeceu, desfazendo lentamente os nós que havia feito

    Assim que viu-se livre das cordas, foi até o banheiro e entrou embaixo da água quente do chuveiro. A pele ardeu onde haviam cortes e arrepiou-se com a dor. Pegou o sabonete e começou a esfregar lentamente nos machucados. Ethan poderia fazer aquilo, cuidar dos cortes que havia causado, caso se importasse realmente.

    Viu, no reflexo do box, a própria face cansada. 

    Quando virou-se para pegar o shampoo, surpreendeu-se ao ver Ethan parado, lhe observando com um sorrisinho torto. Corou involuntariamente e torceu o nariz.

    ━O que quer? 

    ━Tomar banho. Posso?

    ━Não. Espere eu sair. -respondeu com irritação

    ━Quero cuidar de você. 

    ━Você só mente. -resmungou

    Quando ele entrou e fechou a porta do box, não mandou-o embora. No fundo o queria ali, esfregando seu corpo delicadamente. Fechou os olhos ao sentir os dedos dele massagearem seus ombros. Começou a relaxar instantaneamente, gostando da água quente lhe tocando.

    ━Não estou mentindo, Leo. -Ethan sussurrou em seu ouvido- Quero cuidar de você. 

    O asiático engoliu em seco. Ethan estava tentando e parecia estar mudando. Transaram quase todos os dias de forma agressiva e em todas as vezes ele mostrou-se mais atento ao cuidado pós-sexo. A esperança de uma mudança, outrora pequena dentro de Leonard, começava a aumentar rapidamente. 

    Ethan tentava cozinhar e sabia fazer o básico, ou seja, comiam ovos mexidos quase todos os dias. Leonard preparava suas saladas, mas nenhuma ficava tão boa como as de Finn, que possuíam molhos especiais, grãos e cereais. 

Em dias como aquele, quando Ethan dava-lhe carinho, mesmo que pouco, Leonard ficava feliz. 

    Os dedos dele deslizaram, ensaboando seus braços e apertando-os numa massagem relaxante. Virou-se para olhá-lo de frente. Os músculos eram tão definidos... Mordeu os lábios ao reparar no corpo bonito e definido. Havia uma trilha de pêlos abaixo do umbigo que ia em direção ao púbis. Não ousou olhar mais abaixo, não após tanto cansaço. Recebeu uma risadinha rouca de Ethan. Olhou para cima e ficou vermelho. O rosto dele era lindo. Tocou os ombros largos sem perceber.

    Ele ajeitou seus cabelos para trás. 

    ━Nós somos um casal e tanto. Seus olhos são lindos.

    Leonard desviou o olhar com o coração acelerado. 

    ━Você é tão branquinho que as marcas aparecem facilmente na sua pele. Tão magro perto de mim...

    Ethan tocou sua cintura e ficou arrepiado. A diferença de tamanho sempre havia lhe excitado. Fechou os olhos. 

    ━Está tão sério, Leo... 

    A voz dele estava próxima do seu ouvido e sentiu seus lábios em sua bochecha, com delicadeza. Quis abraçá-lo e quis que ele lhe abraçasse de volta. Sentia falta de ser segurado e de receber carinho. Apertou os lábios e balançou a cabeça. 

    ━Já terminei de tomar banho. -murmurou com dificuldade

    Saiu do box com o rosto quente e vermelho. Enrolou-se numa toalha e começou a secar-se lentamente. Será que ele havia mudado mesmo? Lembrou do semblante lindo, com gotículas escorrendo, e pensou no quanto queria que a resposta para aquela pergunta fosse positiva.

_____

    ━Por qual motivo marcou uma consulta, Marc?

    A mulher, Olívia, tinha cabelos grisalhos, devia ter em torno de 60 anos e vestia um conjunto de saia e blazer cinzas. O consultório era bonito e elegante, mas Marc odiou a poltrona em que estava sentado.

    ━Meu namorado me obrigou. 

    Ela arqueou as sobrancelhas.

    ━Por que ele te obrigou?

    ━Porque eu menti para ele. 

    ━Sobre o quê?

    Apertou os lábios com irritação e suspirou. Então contou, rapidamente e sem vontade, sobre Natalie, a promessa de não vê-la, a proposta de emprego que havia recebido e sua decisão de omitir que trabalhava com a ex-namorada de Archie. Terminou dizendo que tinha feito um acordo, iria ao psiquiatra se Archie lhe perdoasse.

    ━Então ele me obrigou a marcar uma consulta.

    ━Me parece que a questão do seu emprego está resolvida, pois já conversaram sobre isso. Há algum problema que queira resolver? 

    Marc hesitou e pensou na própria história. Não sentia-se confortável ao falar com uma completa estranha sobre seus problemas familiares, mas talvez devesse, certo? Afinal, já estava ali e tudo que falasse seria confidencial.

    ━Tenho uma péssima relação com meus pais. 

    Desviou o olhar dela, que começou a escrever algo num caderno que tinha em mãos. Apertou as mãos no colo, entrelaçadas e ela lhe encarou com curiosidade.

    ━Gostaria de falar sobre isso?

    A resposta foi automática.

    ━Não. 

    ━Veio aqui apenas para satisfazer o desejo do seu namorado? Para dizer que veio?

    ━Sim. -respondeu com indiferença

    Ela fechou o caderno e respirou fundo. Em seguida deu-lhe um sorriso condescendente.

    ━Percebo que não consegue me encarar diretamente. Analisando sua postura corporal vejo que é bastante retraído e evasivo. Seu cenho franzido também me diz que se irrita muito fácil. 

    Ficou boquiaberto, sem entender como ela podia saber tantas coisas sobre si em tão pouco tempo.

    ━Não é difícil de adivinhar essas coisas, Marc. É como você se mostra para os outros. -ela deu um sorriso gentil e fez uma pausa antes de continuar- Confessou que tem uma péssima relação com os seus pais. Acredito que seja algo que precisamos entender melhor.

    Ficou encarando-a com o cenho franzido. Reparou nos quadros e certificados das paredes. A clínica era a mesma onde Natalie consultava, mas sabia que não era a mesma profissional que a atendia. 

    ━Nada do que disser sairá desta sala, a não ser que coloque em perigo a sua vida ou a dos outros ao seu redor. 

    Marc apertou os punhos, passou as mãos nos cabelos e, sem olhar para a mulher, começou a falar de maneira pausada. Travou algumas vezes, cerrou a mandíbula e continuou com dificuldade. Quando terminou, percebeu o quanto precisava ter desabafado aquilo tudo para alguém muito tempo atrás. A sensação de leveza foi estranha e quase desconhecida. Havia contado com pouca emoção e sem detalhes sobre a infância com os pais, o avô e Rachel. Depois falou sobre a morte do avô, a mudança comportamental dos pais e terminou com o falecimento da irmã. Relaxou os ombros quando parou de falar.

    ━Sente-se melhor?

    Não respondeu e sustentou o olhar dela. Viu a caneta deslizar pelo caderno que usava.

    ━Nosso tempo terminou por hoje. Nos vemos na próxima consulta.

    Odiou a expressão alegre dela, mas também saiu com menos raiva por ter ido. Uma mensagem de Archie chegou em instantes.

    "Como foi a consulta?"

    E respondeu:

    "Ok."

    "Vai consultar novamente?"

    Respirou fundo e digitou:

    "Não sei."

    Guardou o celular e caminhou até o carro. Não sentiu vontade de fumar o cigarro habitual que costumava tragar após situações estressantes, até esqueceu-se dele ao refletir sobre tudo o que havia falado. Era um progresso. 

_____

    A temperatura diminuiu drasticamente conforme a semana passou. Os casacos compridos saíram dos armários, assim como as botas, os gorros e os cachecóis. 

    Num dia frio, Leonard espiou Ethan mandando mensagens no celular. Teve uma sensação que déjà vu, mas a ignorou. Não demonstraria o quanto aquilo lhe deixava nervoso, ansioso e enciumado. Tinha escolhido permanecer mais distante de Ethan, como forma de se proteger e até o momento tinha colhido bons frutos. Ele parecia importar-se mais e mostrava-se carinhoso em momentos inéditos, pegando Leonard de surpresa.

    Ethan guardou o celular no bolso com um semblante radiante de felicidade.  Leonard estranhou aquela alegria.

    ━Leo, você não vai acreditar! -ele sorriu largamente

    Colocou uma expressão curiosa no rosto e bebeu o chá que tinha feito. Arqueou as sobrancelhas, incentivando-o a continuar. 

    ━Recebi uma proposta de emprego.

    O beijo que ele deu em seu rosto lhe pegou de surpresa e ficou alguns segundos boquiaberto, como um idiota. Logo se recompôs e deu um meio sorriso.

    ━Que ótimo. 

    ━Vou pegar minhas coisas.

    Leonard franziu o cenho, pensando que tinha ouvido errado. Largou a xícara no balcão e caminhou até o quarto, onde Ethan já pegava sua mala, que tinha comprado para trazer suas coisas, e colocava suas roupas ali dentro.

    ━O que está fazendo? Conseguiu um lugar para morar?

    O asiático engoliu em seco, odiando a angústia que cresceu em seu peito. Colocou as mãos no bolso enquanto a ansiedade tomava conta de si. Ethan tinha um sorrisinho torto nos lábios. Ajeitou os dreads para o lado e encarou Leonard.

    ━Onde é esse emprego?

    ━Em Madrid. 

O asiático entreabriu os lábios e franziu o cenho com estranhamento e choque. As mãos começaram a tremer e apertou-as, então levou-as aos cabelos, ajeitando-os com nervosismo.

━Você vai embora?

━Não é isso que quer, Leo? 

As sobrancelhas  arquearam-se com ironia. Leonard caminhou até ele com irritação estampada no rosto. Quando começou a falar, a voz tremeu tanto que soube que ia começar a chorar logo.

━Essa semana foi diferente. -murmurou- Eu pensei que você quisesse ficar comigo. -falou, sentindo-se patético

Ethan respirou fundo e balançou a cabeça. 

━Por que foi carinhoso se nunca teve a intenção de ficar comigo? Por que voltou? Só para brincar comigo e ir embora? -as perguntas saíram com rapidez, numa voz trêmula

━As coisas não deram certo em Madrid. 

━Por quê? 

━Porque... -Ethan suspirou e fechou a mala- Eu moro com uma pessoa lá. 

O asiático rangeu os dentes com a revelação. Perguntou-se como podia ter sido burro o suficiente para pensar que ele podia ter mudado.

━Eu pensei que você tinha mudado. Eu... -deu um sorriso fraco enquanto as lágrimas escorreram pelas bochechas- Você voltou apenas para me usar? 

━Mas não é disso que você gosta, Leo? -a pergunta saiu num tom sarcástico- Eu precisava de um trabalho, mas também estava com saudades de você. Minha exposição na cidade veio a calhar. 

━Você sempre foi manipulador e pelo jeito tornou-se interesseiro também! -gritou, odiando sentir o rosto esquentar e as bochechas molhadas- Só me magoou. -disse, derrotado, chorando copiosamente- E estragou meu relacionamento com Finn. 

━Esse relacionamento já estava fadado a terminar, sabe disso. 

    Ethan colocou a mala no chão com uma expressão neutra. Era difícil fazer aquilo com Leonard, mas necessário. Tinha outra pessoa em Madrid, uma que poderia lhe fazer brilhar com a fotografia, mas de quem tinha afastado-se por causa da própria situação econômica. Ele pagava suas contas, lhe dava presentes e comprava os equipamentos mais modernos para suas câmeras, mas tinham brigado e Ethan ficara sem dinheiro para viver lá. Precisava dele para progredir na carreira. Já Leonard... Nunca o esqueceria, mas não podia ficar com ele, não naquele clima triste e derrotado. Tinha pensado que iria divertir-se com ele, aproveitar os frutos da nova empresa, tentar reconquistá-lo, mas no fim terminou entediado. Leonard não era mais divertido como antigamente, ele havia se tornado sério e sem graça.

    ━Vou pegar o próximo voo para Madrid.

    ━Com que dinheiro?! -Leonard arregalou os olhos

    ━Recebi uma passagem por e-mail. 

    Ethan encaminhou-se para a sala, puxando a mala e Leonard foi atrás, espantado com a indiferença do semblante dele. Seu coração estava acelerado. Sentia-se irritado e humilhado. Apertou os punhos e secou as lágrimas com a manga do casaco que vestia. Deu uma risada baixa que chamou a atenção de Ethan.

    ━Como eu sou burro! Eu troquei o melhor namorado que eu já tive por você, que não merece nem a minha pena. -começou a rir baixinho e as lágrimas recomeçaram a escorrer 

    ━Talvez tenha sido necessário para ver o quanto ainda depende do seu fetiche para ter prazer.

    ━Fui um jogo para você? Ou fez isso porque ninguém é capaz de te suportar por muito tempo? Eu fui idiota o suficiente para achar que você tinha mudado!  

    ━Estava com saudades, Leo. Nos divertimos nesses dias juntos, mas cansei. Você está mudado, perdeu aquela alegria gostosa que eu amava. -olhou para o relógio do pulso com impaciência- Agora preciso ir.

    Ethan aproximou-se e, sem que Leonard percebesse, beijou-lhe nos lábios. Instintivamente o asiático deu-lhe um tapa no rosto. O gesto foi tão involuntário e carregado de raiva que o outro ficou parado, processando o que havia acontecido, sentindo o rosto latejar com a dor.

    ━O que...

    Então Leonard começou a respirar tão profundamente que deu-lhe outro tapa, do outro lado do rosto. Ethan cambaleou, massageando a bochecha, sentindo a raiva crescer a cada formigamento de dor.

    ━Você merece ficar sozinho para sempre. 

    Leonard empurrou-o para fora com agressividade, batendo com força em seu peito com os punhos cerrados. Chorou ao expulsá-lo do portão. Chaveou a porta rapidamente ao entrar e encostou a testa na madeira. Fechou os olhos e começou a soluçar. 

          Quis ligar para Finn, mas seria muito insensível da sua parte desabafar sobre Ethan com ele.

    Fungou, olhou-se no espelho do hall e viu seus olhos vermelhos. Há tempos não sorria. Quis gritar de raiva e odiou-se por ter magoado o ex-namorado. Não podia ficar naquela casa que lhe lembrava Finn e Ethan ao mesmo tempo. 

    Pegou as chaves do carro e, tremendo, caminhou até o automóvel na garagem. Decidiu ir ao píer para caminhar e tentar colocar os pensamentos em ordem.

_____

    Vincent tinha ficado extremamente empolgado quando Finn disse que aceitaria posar para seu quadro. Tanto que ajeitou o estúdio, organizou sua bagunça e lavou a louça. Depois escolheu uma tela grande e algumas tintas coloridas que derramou na paleta. 

    A alegria que sentiu ao perceber que o loiro confiava em si foi tão genuína que decidiu, antes de pintá-lo, fazer croissants de chocolate para recebê-lo. Seria uma ótima maneira de fazê-lo relaxar: dando-lhe doces. 

    Enquanto o esperava, Vincent perguntou-se por qual motivo o loiro se afastava de alguns toques seus. Às vezes o pegava evitando os espelhos da casa, além de não encontrar fotos do rosto dele em nenhuma rede social. Concluiu que talvez ele tivesse algum problema de autoestima.

    Serviu vinho em duas taças bonitas e escovou o pêlo amarelo de Byron, que ronronou e virou de barriga para cima. Então fez algo que sabia que faria Finn rir: pegou uma mini-gravata e colocou no pescoço do gato, que miou e sacudiu a cabeça, tentando livrar-se do acessório. Em segundos ele acostumou-se e começou a lamber a própria barriga.

    Vincent tomou banho e vestiu uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, uma blusa amarela de gola roulê e os únicos sapatos formais que possuía. 

    A campainha tocou, abriu a porta com empolgação e um Finn vermelho e sorridente entrou em seu estúdio. Foi abraçado com carinho e retribuiu sem hesitação. Byron começou a miar para o visitante e, quando Finn olhou-o, começou a rir.

    ━Você colocou uma gravata no seu gato?

    ━Sim, gostou?

    ━Sim, mas tenho certeza que ele não gostou. 

    Começaram a rir e Byron atirou-se aos pés de Finn, ronronando com olhos pidões de quem queria carinho. Finn abaixou-se e coçou seu pêlo amarelo.

    ━Qual a ocasião especial? -o loiro analisou a roupa bonita que Vincent havia escolhido

    ━Você aqui novamente. É uma ocasião especial o suficiente para mim. 

    Finn corou, sorriu e, de maneira confiante, levantou-se e deu um beijo na bochecha de Vincent, que fingiu choque.

    ━Começamos bem. 

    ━Quero comer croissants. 

    ━Que interesseiro, só veio aqui por causa da comida?

    ━Sabe que não é verdade. -Finn murmurou, envergonhado

    Vincent abraçou-o pela cintura, beijou sua nuca e puxou-o pela mão até a cozinha, onde estendeu-lhe uma taça de vinho.

    ━Vinho para você. 

    ━Se eu ficar bêbado vai ser mais fácil ficar sem roupas. -Finn disse, risonho

    Vincent fez uma careta e falou:

    ━Está nervoso? 

    ━Sim. 

    ━Por quê?

    ━Eu... Gosto de você, Vincent. Mas tenho uma relação complicada com o meu corpo.

    ━Se ajuda em algo, saiba que eu sou muito profissional. 

    Finn arqueou as sobrancelhas e adorou as covinhas que surgiram no rosto do outro. Os olhos cor de mel lhe encararam com divertimento.

    ━Então confio em você.

    Passaram alguns minutos bebendo, comendo croissants e conversando. Finn não conseguiu parar de comer o doce, pois era tão leve e saboroso que queria cada vez mais. 

      Quando chegou a hora de pintar, Vincent levou Finn até um banco que havia posicionado em frente a uma parede branca e sem janelas. 

    ━Fique à vontade. Vou começar a pintar.

    ━Precisa que eu fique parado?

    ━Por enquanto não. Vou trabalhar no cenário.

    Ele concentrou-se na paleta de cores e começou a usar o pincel mais delicado na tela de maneira decidida, com as sobrancelhas quase unidas em concentração. A cor azul prevaleceu contra o fundo branco. Finn começou a tirar a roupa lentamente, com o rosto quente. Ficou com o torso nu e, quando começou a abrir a calça jeans, Vincent encarou-o com um sorriso tão gentil que perdeu completamente o medo. Se havia alguma dúvida, ela havia ido embora: confiava nele.

    Respirou fundo, tirou os tênis e abaixou a calça junto com a cueca. Ao sentar no banco ficou parado e tenso. Reparou nos pêlos loiros que espalhavam-se pelas pernas e cobriu a intimidade com as mãos, sentindo o rosto quase ferver de tão quente. Vincent lhe olhou com ternura. 

           Ele não reparou em seu corpo como pensava que iria fazer, escrutinando cada imperfeição. O olhar foi tão concentrado e realmente profissional que Finn logo relaxou. Alguns minutos depois, Vincent pediu:

    ━Agora fique bem parado, vou começar a pintar seu rosto.

    Vincent usou um pincel fino para começar a pintar os traços de Finn. Concentrou-se nos contornos do rosto angelical e do corpo magro. Seu olhar estava despido de qualquer desejo sexual, pois não era sua intenção deixá-lo desconfortável. Por mais que quisesse tocá-lo mais intimamente, estava seguindo o ritmo do loiro e não tinha pressa. Gostava de tudo mais lentamente.

    Levou uma hora só para fazer o contorno do torso e do rosto dele. Quando terminou, sorriu e disse:

    ━Não vou conseguir terminar hoje. 

    Finn, que estava com as mãos suando e já tinha desistido de tentar esconder seu sexo, sorriu com nervosismo. Vincent aproximou-se com a paleta e o pincel em mãos. Molhou o objeto na tinta azul e, delicadamente, traçou uma listra na coxa de Finn, pintando seus pêlos e a pele. A sensação gelada fez o loiro se arrepiar.

    ━Posso ver o que pintou até agora?

    Vincent assentiu e segurou sua mão. Foram para frente do quadro e Finn arregalou os olhos. O cenário já estava praticamente terminado: eram estrelas dentro de um fundo azul que lembrava o oceano, pois tinha ondulações. Nos cantos, haviam alguns peixes delicados e estrelas-do-mar pequenas.

    ━Peixes? 

    ━É seu signo. -Vincent murmurou

    ━E as estrelas...

    ━Simbolizam o destino. -completou- Eu acredito nos astros. E nossos signos combinam. 

    ━Você...

    ━Sou canceriano. Acha que sou um lunático? -Vincent riu e encostou o rosto nas costas nuas de Finn, traçando estrelas imaginárias com os dedos em suas costas

    ━Não! Isso é lindo, Vincent. 

    Então Finn secou algumas lágrimas que queriam escorrer por suas bochechas e, com um sorriso, virou-se e beijou Vincent, segurando seu rosto com ambas mãos. Foi segurado pela cintura e, involuntariamente, gemeu ao ser tocado na nuca e nas pernas. 

    O dedo dele percorreu a listra azul que tinha feito em sua perna.

    Vincent então teve uma ideia. Molhou os dedos nas tintas da paleta, lambuzando as mãos com cores vivas e esfregou-as no corpo do loiro, que arrepiou-se com a sensação gelada, mas não afastou-se. 

    ━Vai sujar suas roupas. -Finn murmurou

    ━Não ligo. 

    Recomeçaram a se beijar e qualquer espaço entre os corpos foi rapidamente eliminado. As bocas moveram-se com lentidão e alegria, exprimindo sua felicidade em sorrisos acompanhados de beijos barulhentos e lentos. Com calma, as línguas se encostaram, provando o gosto uma da outra e, durante o ato, as mãos exploraram os corpos um do outro. 

    Finn encolheu-se com um toque na barriga, subitamente consciente de sua magreza. Fechou os olhos com força e sentiu um beijo gentil na testa.

    ━Está tudo bem. Seu corpo é lindo. 

    ━Vincent... -abraçou-o pelo pescoço e beijou-o na bochecha- Não quero estragar o clima, mas há algo que você precisa saber.

    Se fosse para terem um relacionamento precisava ser sincero desde o início. Ofegante e receoso da reação que receberia, respirou fundo e prosseguiu:

    ━Eu tenho depressão. Fui ao psiquiatra e voltarei a tomar os remédios, mas eles vão me deixar sem nenhuma vontade de fazer sexo e...

    Foi calado com um beijo. Vincent escorregou as mãos por sua cintura e Finn gemeu, surpreso com o toque. 

    ━Desculpe. -Vincent afastou-se, rindo com constrangimento- Fico contente que tenha me contado isso. Sexo não é tão importante assim para mim.

    Finn olhou para baixo e viu um volume na parte da frente das calças dele. Começou a rir e Vincent acrescentou, num tom cômico:

    ━Talvez não seja o melhor momento para dizer isso. 

    ━Preciso te ajudar com isso. -Finn enroscou nos dedos a barra da camiseta dele e sorriu com as bochechas coradas

    Começou a abrir a calça de Vincent, que puxou a camiseta para cima. O tórax dele também era magro, mas de um jeito sexy. Beijou-o nos ombros, mas quando tentou descer os beijos, Vincent empurrou-o delicadamente para sentar no banco. Apoiou as mãos em suas coxas, beijou-o no pescoço e disse:

    ━Você é meu convidado hoje. 

    Finn corou mais ainda ao vê-lo abaixar-se no meio das suas pernas. Quando lhe colocou na boca, abriu mais os joelhos e inclinou a cabeça para trás, gemendo baixinho.

      Byron subiu no balcão da cozinha e derrubou um croissant no chão, como se estivesse chocado com as ações do dono. Finn começou a rir, mas logo parou quando os movimentos de Vincent se intensificaram.

    Ele fez tudo calmamente, provando-o de olhos fechados e, por fim, olhando-o diretamente ao fazê-lo. Finn pôs os dedos em seus cabelos curtos, acariciando-os e, quando estava quase próximo do clímax, puxou-o para cima e entrelaçou as pernas em sua cintura. 

    Puxou sua cueca para baixo e deslizou as mãos por seus ombros, pescoço e peito. Gostou do contraste da sua pele branca com a pele escura dele e beijou-o no pomo-de-adão.

    Vincent ajeitou os cachos loiros para trás, admirando o rosto angelical por completo. Finn parecia uma pintura. Os olhos azuis estavam semicerrados, as bochechas vermelhas e a testa suada. Os cachos dourados pareciam ouro puro. Segurou-o na nuca com uma mão e, com a outra, abriu suas coxas lentamente. 

    A tinta colorida espalhava-se pela pele branca que brilhava de suor e desejo. 

    Vincent afastou-se após dar um beijo rápido nos lábios de Finn, gostando do resmungo que ouviu. Voltou em segundos com um lubrificante e uma camisinha em mãos. Finn abriu mais as pernas e Vincent usou os dedos e o lubrificante para prepará-lo, movendo-os em seu interior lentamente. Os gemidos do loiro saíram baixos e tímidos. Vincent beijou-o na boca, obrigando-o a concentrar-se em outra coisa que não fosse na dor.

    ━Está bom. -Finn afastou sua mão- Quero você dentro de mim. -tocou seu membro lentamente

    Vincent deixou-o lhe tocar, observando-o morder os lábios conforme movia os dedos para cima e para baixo ao seu redor. Colocou a camisinha, sem desviar o olhar dos orbes azuis e sussurrou:

    ━Coloque-o dentro.

    Finn assentiu e recomeçou a beijá-lo enquanto guiava-o para seu interior. 

    O penetrou tão calmamente que o loiro quase não sentiu dor, apenas um incômodo pequeno até acomodá-lo por completo. Quando colocou-se por inteiro em seu interior, Vincent sorriu e deu uma mordidinha no queixo de Finn. 

    ━Viu? Encaixou direitinho. 

    O loiro cobriu o rosto e começou a rir, mas logo parou, pois Vincent começou a movimentar os quadris. O banco não era confortável, mas Finn não importou-se com aquilo. Abraçou-o pela cintura com as pernas e pelo pescoço com os braços, beijando cada canto de seu rosto. 

    Vincent puxou um de seus pés, apertou-o com carinho e beijou a sola. Depois inclinou-se e encostou suas testas conforme movia os quadris mais rapidamente. Finn gemeu ao senti-lo entrar e sair de seu corpo rapidamente. Sua respiração começou a ficar mais ofegante e o membro ficou mais rígido ainda. 

    Começou a tocar-se enquanto beijava Vincent, gostando de como a boca dele cobria a sua completamente. Estava sendo devorado naquele beijo e naquelas estocadas. 

    Os olhos cor de mel lhe encararam com desejo e Vincent deu um sorriso que mostrou suas covinhas e o espaço quase imperceptível entre os dentes da frente. Finn inclinou-se e, perdido, passou a língua nos lábios carnudos, gemendo enquanto o corpo estremecia e chegava ao orgasmo sentindo-o ir fundo em seu corpo.

    A cada estocada Vincent parava no fundo e gemia baixo. Flexionou as pernas de Finn para ver melhor o que estava fazendo e, quando viu o próprio membro entrar e sair do corpo do outro, que expandia-se e adaptava-se ao seu volume, fechou os olhos com força, colocou as penas de Finn a sua volta novamente e abraçou-o com paixão.  A respiração acelerou e liberou seu prazer no interior quente que lhe abrigava. 

Quando afastaram-se, sujos de tinta, suados e ofegantes, começaram a rir. Mas Finn não deixou-o sair de seu corpo. Puxou-o com as pernas e disse:

━Vamos ficar assim por alguns minutos. 

Vincent assentiu, sorrindo e sentindo as pernas bambas. Beijou o rosto de Finn, enrolou alguns cachinhos dele nos dedos e puxou-os delicadamente. Por fim depositou outro beijo no topo da cabeça loira. 

Quando se desgrudaram, tomaram um banho rápido e quente, ignorando a sujeira que haviam feito na sala. Em seguida, Vincent emprestou um pijama para Finn e deitaram-se na cama de casal pequena. 

Minutos depois, o celular do loiro fez barulho e, quando o pegou, viu uma mensagem de um número desconhecido. Ao abrí-la, pensou que fosse uma piada, mas ao ler tudo, seu ceticismo desapareceu.

"Olá, Finn! Eu sou o David Hayes, fotógrafo e conhecido da Ada. Ela me passou seu contato, espero que não esteja te atrapalhando. Tenho uma proposta para você. Podemos conversar pessoalmente?"

Vincent abraçou-o pela cintura e perguntou:

━Algum problema?

━Não, tudo bem.

Franziu o cenho, pensando na mensagem com estranhamento. Por que ele teria uma proposta? Resolveu que precisava conversar com Ada e perguntar sobre aquilo antes de marcar ou aceitar qualquer coisa. 

Vincent encheu-o de beijos nas costas e esqueceu-se do tal fotógrafo, dando risadinhas ao sentir cócegas onde ele lhe tocava. Byron pulou em cima de Finn, assustando-o, e ficou olhando-o de perto. Em seguida enroscou-se ao seu lado e começou a dormir. O gato realmente havia gostado do loiro. 

_____

As lágrimas não paravam de escorrer, embaçando e atrapalhando sua visão. Leonard ouviu alguns soluços e demorou para perceber que eram seus. O barulho era tão triste que chorou mais ainda. 

A respiração estava ofegante, o nariz entupido e começou a sentir falta de ar. Abriu as janelas do carro, buscando ar, sem sucesso. Respirou pela boca, odiando as lágrimas que molhavam suas bochechas. 

Quase não conseguia enxergar a rua a frente. 

Secou os olhos com uma mão, e com a outra estabilizou o volante. 

Não parava de pensar e se xingar mentalmente. Falou, em voz alta consigo mesmo, dizendo que havia sido um idiota e tinha acabado com um relacionamento incrível por nada. Mas estava feito, o que restava para si? Como encararia Finn todos os dias? Como contaria para ele que Ethan havia ido embora? Como veria sua expressão de mágoa quando lhe dissesse aquilo?

Recomeçou a soluçar alto. 

Olhou para o anel, idêntico ao que havia devolvido para Finn, e lembrou-se do dia na clareira. Deu um sorriso, perdido nas folhas desenhadas através da circunferência. Mais lágrimas escorreram, mostrando-lhe o quão patético era. Mas talvez merecesse ter sido feito de idiota.

Levou a mão direita aos olhos para secá-los e não viu a moto que vinha da direita, veloz e imprudente. 

O som de uma buzina ficou ecoando em seus ouvidos.

Ouviu um último barulho ensurdecedor antes de tudo ficar silencioso e escuro.

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Especial da Natalie e do John foi postado na história "Toques" 💖

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