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Convites

 No dia anterior, após a ida ao píer, Finn e Leonard conversaram sobre seus limites e expectativas. Aquele foi um diálogo importante e novo para o loiro e o asiático fez questão de deixá-lo à vontade para falar sobre seus medos e receios. Mas quando disse que não ia machucá-lo, Finn disse:

━Então qual o sentido?

Leonard piscou várias vezes, surpreso com aquela pergunta. Finn logo riu baixinho, constrangido, e acrescentou:
━O objetivo é machucar, não é? -arqueou as sobrancelhas

━Sim. Nossa, Finn, você aprendeu rápido. -piscou com um sorrisinho- Quis dizer que não farei nada muito forte.

Continuou, lhe explicando que teriam que escolher uma palavra de segurança para ser usada caso estivessem em seus limites e quisessem parar o ato. O loiro uniu as sobrancelhas de maneira pensativa.

━Pare?

━Tem que ser algo mais específico.

━Pode ser uma palavra aleatória?

━Sim, é até melhor que seja.

━Que tal... -olhou para a camisa de Leonard- Verde?

━Adorei! Se não gostar de algo, diga "verde" e paramos. Agora precisamos falar sobre nossos limites.

Era estranho, para Finn, sentar-se frente a frente com o namorado para falar sobre sexo. Quem os visse de longe pensaria que estavam tratando de um assunto de negócios, que exigia total concentração. Conversar sobre o que gostaria de fazer e sobre o que não faria era extremamente importante, visto que não conhecia quase nada sobre aquele "mundo".

━Eu nunca fui dominador, Finn, então talvez eu faça um péssimo trabalho. -Leonard fez uma careta

━Eu nunca fiz nada disso, então eu nem vou perceber. -riu

━Como você se sentiria se eu te batesse?

Pensou naquilo por alguns segundos. O semblante do asiático mostrava-se um pouco tenso. Não sabia como reagiria, porque ninguém nunca havia lhe batido.

━No rosto?

━Em qualquer lugar.

Ele lhe encarou tão intensamente, com tanto zelo e preocupação, que precisou desviar o olhar. O rosto esquentou instantaneamente.

━Podemos tentar. Não me importo. -murmurou

Leonard ficou surpreso. Finn estava realmente disposto a experimentar coisas novas. Mas não ficou confortável com a ideia de bater nele. Resolveu falar sobre outra parte, a que gostava mais.

━Não tenho nenhum acessório para usarmos... -o asiático murmurou num tom decepcionado

━Acessório?

━Algemas, mordaças... Gostaria de usá-las?

Finn levou as mãos até o rosto, esfregou os olhos e respirou fundo. Leonard sorriu de maneira encorajadora e estendeu a mão para tocar os dedos do outro.

━Leonard, eu nunca usei nada disso. Eu... Acho melhor você decidir por nós dois.

━Certo, meu amor. -apertou suas mãos numa massagem- Eu não tenho fetiches estranhos. Então não se preocupe.

Finn engoliu em seco e assentiu.

━Você quer fazer hoje ou amanhã?

O loiro olhou para o relógio, que já marcava 18 horas, e suspirou.

━Pode ser amanhã? Quero preparar o nosso lanche agora.

━Sem problemas. -Leonard levantou-se, foi até seu lado e abaixou-se para beijá-lo na testa- Não fique envergonhado.

━Eu não estou... -gaguejou, mas o namorado puxou seu queixo para cima com um sorrisinho

━Está sim, seu rosto está todo vermelho. Eu preferiria que você me dominasse, mas, como vai ser sua primeira vez, não me importo. Talvez eu até goste.

Ficou em silêncio, encarando os olhos puxados com timidez. Leonard era tão aberto a tudo que não entendia por que ele havia demorado tanto para aceitar sua sugestão. Se ele sentia falta, por que não voltar a praticar? Talvez o ex-namorado tivesse lhe traumatizado de alguma forma.

Leonard achou bonitinho o jeito como Finn ficou todo envergonhado. Era um assunto diferente para ele, mas estava disposto a mostrar-lhe aquele outro lado, mesmo que fosse interpretar um papel que não combinava muito com seu jeito. Seria sua primeira vez dominando, mas sabia que não aproveitaria tanto, pois não era do que gostava. Até então havia sido sempre submisso, mas talvez pudesse ensiná-lo a dominar... O pensamento passou por sua cabeça e balançou-a, tentando livrar-se dele. Não deveria estar tão empolgado quanto estava.

Domingo pela manhã Finn acordou e foi preparar um chá. O sol estava um pouco escondido e, como ainda era cedo, a temperatura era amena. Pela janela viu alguns pássaros pousados no jardim e aproximou-se do vidro para olhá-los mais de perto.

A fumaça subiu da xícara que segurava e embaçou o vidro. Não havia ninguém na rua e, ao virar-se, quase derramou a bebida nas mãos ao ver Leonard lhe olhando, de braços cruzados, apoiado no batente da porta.

━Você acordou tão cedo... Está nervoso?

━Nervoso? -perguntou sem entender

Ele aproximou-se devagar e Finn admirou seu tórax desnudo enquanto caminhava. Quando Leonard estava a poucos centímetros de distância, contemplou uma parte de seu corpo que adorava: as sobrancelhas. Elas eram grossas, bonitas e emolduravam os olhos amendoados com perfeição. O maxilar triangular parecia ter sido esculpido e, mesmo que fosse tão proeminente, os olhos puxados atribuíam um ar delicado ao seu rosto.

Além de deslumbrar-se diariamente com seus traços elegantes, Finn também adorava o perfume que Leonard exalava. Muitas vezes ele cheirava à especiarias, temperos, ervas e chás. O travesseiro aromático que havia lhe dado no primeiro aniversário que passaram juntos era recheado com erva-doce, alecrim e camomila, o que contribuía para seu odor adocicado. A mistura era suave e tornava-se ainda mais gostosa quando combinada com o perfume de jasmim que ele usava.

O asiático lhe envolveu num abraço apertado e gostoso, típico de suas manhãs juntos, e Finn beijou-o na bochecha. Em seguida, colocou a xícara na mesa de canto, ao lado do sofá, e envolveu sua nuca com as mãos. Deitou a cabeça em seu ombro e inspirou profundamente o cheiro doce da pele alva. Afastou-se e ajeitou alguns fios dos cabelos negros para trás, já que eles estavam embaraçados e rebeldes.

Leonard beijou-o no canto da boca e Finn sentiu seu hálito de menta.

━Fez chá para mim?

━De frutas vermelhas.

Estavam tão próximos que o loiro estremeceu e mordeu os lábios. Era tão cedo... Deveriam voltar para a cama e dormir. Ou poderia preparar um café da manhã com as panquecas que Leonard gostava. Ou poderiam ver um filme, jogar algum jogo de tabuleiro... Leonard também adorava passar a tarde inteira conversando, lhe mostrando fotos de Ada nas redes sociais. Ela havia virado sua nova obsessão e, frequentemente, empurrava o celular quase em cima do rosto de Finn, dizendo:

━Finn, veja como ela é famosa!

E realmente era. Todas as fotos tinham de 20 mil curtidas para cima.

━Podemos convidá-la para almoçar aqui um dia. -sugeriu

━Será que ela viria? Ou ela é igual ao Marc e não come em qualquer lugar?

━Ela parece ser humilde.

Leonard gostava mais das redes sociais do que Finn, mas isso não incomodava o loiro. O asiático ficava de cabeça para baixo no sofá, olhando e comentando fotos, enquanto o loiro fazia cálculos. Finn não gostava de tirar fotos, então não usava com tanta frequência nenhum site daquele tipo. Já Leonard adorava tirar fotos das comidas e dos lugares aos quais ia.

Nas manhãs de domingo sempre acordavam e permaneciam sonolentos por longas horas. No entanto, agora estavam conscientes da distância quase inexistente entre seus corpos.

━Desculpe. -o asiático murmurou e fechou os olhos, beijando seu pescoço em seguida

━Pelo quê?

━Por ontem. Eu não soube o que dizer quando você me contou que tem depressão.

━Não precisa se desculpar, Leonard. Está tudo bem. -apertou seu ombro numa massagem reconfortante

━Eu percebi que você estava mais quietinho do que o normal na praia, mas achei que fosse uma mudança de humor normal. Deveria ter prestado mais atenção.

━Ei, -puxou o queixo dele- você não tinha como adivinhar.

━Você fica... -Leonard engoliu em seco e coçou o queixo- daquele jeito com frequência? Durante o tempo que estivemos juntos eu te vi poucas vezes para baixo.

━Às vezes são ondas, umas vêm mais fortes e outras mais fracas. Também acontecem de acordo com o clima.

━E algo desencadeou isso? Não sei se há um motivo para ter depressão...

━Não. -Finn respondeu rapidamente- A maior parte dos casos é genética.

━Certo.

Leonard tinha muitas perguntas, mas não queria sufocá-lo. Além disso, tinha medo de falar alguma besteiro e de Finn olhá-lo com desconforto. Mas precisava saber como lidar com aquilo. Nunca haviam tido problemas por conta de seus humores, pois quase nunca brigavam e, quando o faziam, era por conta de gastos e comida.

━Você falou que parou de tomar os remédios.

━Eu os tomava, mas não gostava dos efeitos colaterais. Me davam insônia, tontura e, às vezes, interferiam na minha vida sexual.

━Sua vida sexual era intensa?

Finn quase riu, mas percebeu que Leonard estava genuinamente curioso.

━Não. Mas parei de tomá-los quando conheci Archie. Pensei que eu teria uma chance com ele. Não deu certo, mas a falta dos medicamentos não me afetou depois. Comecei a passar por períodos curtos de tristeza, que iam embora rapidamente. Então conheci você.

Leonard beijou-o na testa, com um sorriso largo no rosto.

━Mas não é melhor voltar a tomá-los, Finn? Eu não me importo de não transar. Mas se você tiver insônia eu vou ser obrigado a me esconder no banheiro.

O loiro riu daquela frase.

━Por enquanto estou bem. Se eu ficar esquisito novamente precisarei tomá-los novamente.

━Seu psiquiatra quem te receitou?

━Sim. Há tempos não marco uma consulta. -coçou a cabeça com desconforto

Estava sendo negligente consigo mesmo ao não tomar a medicação prescrita, sabia daquilo. Mas havia passado tanto tempo sem nenhum sintoma... E era ótimo ter uma libido boa. Se o episódio da praia acontecesse novamente precisaria consultar com o psiquiatra. E reviver seus medos e angústias.

━Acho que podemos aproveitar a manhã para treinarmos.

━Treinar o quê? -franziu o cenho

━Na verdade eu vou te treinar.

Leonard empurrou Finn até a cozinha, encostou-o na bancada e colocou uma mão de cada lado de seu quadril. Aproximou a boca de seu pescoço, beijou a pele alva e deu uma risadinha baixa. Subiu os beijos até sua orelha e sussurrou:

━Eu vou te treinar para me obedecer.

Aquilo era novo para o asiático também, estar no controle. Sentiu-se estranho ao provocá-lo daquela maneira, mas, ao afastar-se e estudar suas reações, ficou satisfeito ao vê-lo corado e com os lábios entreabertos, olhando-o de lado. Os olhos azuis estavam um pouco arregalados e brilhavam num misto de nervosismo, ansiedade e desejo.

_____

A casa estava silenciosa e escura. A única claridade que enxergava era a que entrava pela fresta da janela. Ao virar-se no colchão, sentiu uma dor desconfortável na base da coluna e gemeu baixinho ao sentar-se.

Viu que estava com as roupas do dia passado ainda. E na cama do quarto de hóspedes. Sua noite mal-dormida estava explicada: não estava acostumado com aquele colchão.

Na noite anterior havia ido direto para o quarto, de tão magoado que tinha ficado. Haviam discutido de um jeito agressivo depois de meses sem nenhuma briga.

A última discussão havia sido num resort, antes de irem para a praia. Uma mulher havia puxado conversa com Marc, que riu de alguma coisa que ela falou. Quando ele percebeu a expressão nada feliz de Archie, encarando-o do outro lado do bar, não entendeu sua decepção e simplesmente continuou conversando. Quando voltou para o quarto, minutos depois, Archie simplesmente lhe mandou dormir no sofá. E então discutiram. No fim Marc acabou dormindo mesmo no sofá.

Mas agora a briga envolvia um assunto mais delicado: a família de Marc. Archie perguntou-se se havia exagerado, mas quis simplesmente mostrar-lhe o quão desproporcional sua reação havia sido. Não mereceu receber um grito enfurecido daqueles.

Ao lembrar do tom da voz dele, do rosto retorcido, da raiva contida em sua expressão, estremeceu. Estava magoado, mas como consertariam aquilo? Deveria pedir desculpas, mesmo achando que não devia? Já não havia pedido muitas desculpas desnecessárias para Marc? Ele não podia ceder um pouco? Apertou os lábios e fechou os olhos.

Talvez os pais dele tivessem feito algo horrível e não sabia? Mas como poderia adivinhar, se Marc não lhe contasse? Ele tinha tanto rancor, tanta mágoa deles que Archie não entendia. Por que não lhe contava sobre sua vida familiar? A resposta apareceu rapidamente: Marc odiava mostrar-se vulnerável.

Não bastava terem passado por todos os altos e baixos de um relacionamento com início conturbado? Será que Marc nunca se sentiria à vontade o suficiente para lhe contar as coisas que o afetavam?

O resto da tarde do dia anterior havia sido silencioso. Quando se encontravam pela casa, passavam um pelo outro em silêncio, com a discussão ecoando em seus ouvidos. Algumas vezes o percebeu hesitar e abrir a boca para tentar começar um diálogo, mas, com tristeza, Archie o viu desistir. Seu orgulho lhe impedia de pedir desculpas.

Se soubesse que o almoço seria tão caótico não teria insistido para que fossem.

À noite, foi até a cozinha e o viu deitado no sofá, dormindo com a televisão ligada. Quis acordá-lo e sentiu pena por saber que, se dormisse ali, suas costas doeriam na manhã seguinte. Entretanto deixou-o ali e, com amargura, disse a si mesmo que ele sobreviveria a um pouquinho de dor.

Agora, sentia-se culpado e triste por não tê-lo despertado. Saiu do quarto devagar e foi até o banheiro no final do corredor. Escovou os dentes, arrumou os cabelos e tirou a camisa vermelha que estava amassada. No reflexo, viu algumas manchas rosas pelos ombros e na cintura. Se virasse, veria algumas cicatrizes novas no quadril, onde as unhas dele se enterravam. Arrepiou-se ao lembrar-se novamente da cena do carro, mas prosseguiu em direção ao quarto principal, em busca de uma roupa mais confortável.

Aos domingos costumavam pedir comidas nada saudáveis. Marc comia pouco e sempre enfatizava que precisaria correr na esteira depois. Archie não ligava e comia o que ele deixava. Mas aquele domingo havia amanhecido triste.

Quando entrou no quarto, com passos lentos e silenciosos, ouviu o barulho do chuveiro. Aproveitou e foi até o armário, sentindo-se ridículo pelo alívio que sentiu ao saber que ele estava tomando banho.

Pegou uma calça de moletom preta e uma camiseta azul-clara. Vestiu a blusa e estava tirando as calças, quando o viu.

O chuveiro permanecia ligado, mas Marc estava na porta do banheiro, com uma toalha enrolada na cintura. Os cabelos estavam molhados e a água escorria por seu tórax desnudo.

Encarou-o, assustado com sua presença, mas logo voltou a atenção às calças, ignorando-o. O rosto dele era indecifrável. Sentiu seu olhar sob seus movimentos e, quando passou por ele, indo em direção ao corredor, notou olheiras embaixo de seus olhos.

━Vamos pedir comida?

A voz rouca dele estava sem emoção dele. Archie apertou os lábios e parou na porta.

━Peça para você. -e desceu as escadas com o coração acelerado e apertado

Marc apertou a mão em um punho e bateu-o na parede com força, fechando os olhos em seguida. Quando olhou-se no espelho, desejou poder bater em si mesmo.

Vestiu-se com rapidez, ávido por tentar falar com o namorado. Não podiam ficar naquele silêncio e desconforto mútuos. Alguém precisava ceder.

No dia anterior ele só havia tentado ajudar, uma parte sua dizia. Por que havia ficado tão furioso? Por que havia explodido daquele jeito? Era porque ele não havia conhecido seus pais tão bem quanto os conhecia. Se soubesse como eles realmente eram, não teria insistido para irem almoçar com ambos.

Após vestir um jeans preto e uma camisa cinza, desceu as escadas devagar, olhando pelos cantos da casa e tentando enxergá-lo. Encontrou-o na cozinha, bebericando uma xícara de café. Os olhos verdes lhe encararam, mas logo voltaram-se para o chão.

Marc sentiu-se desconfortável dentro da própria casa.

Abriu a geladeira, mas não gostou do que viu. Ela estava bem abastecida, mas não queria cozinhar. Preferia pedir comida, como faziam todos os domingos. Virou-se e tamborilou os dedos no balcão, sabendo que era observado.

━Vou pedir uma massa. -disse, a fim de iniciar uma conversa

Silêncio.

Apertou as mãos na porta da geladeira e a fechou em seguida.

Olhou-o diretamente e encontrou uma expressão estranha no rosto de Archie. As sobrancelhas estavam arqueadas e ele lhe encarava como se estivesse esperando algo. Um pedido de desculpas? Comprimiu os lábios com impaciência.

━O que quer que eu diga? -perguntou, derrotado

Archie largou o café no balcão e cruzou os braços. Sob a luz da cozinha seus olhos pareciam ainda mais verdes. E como o adorava sem óculos... O amava com os óculos também, na verdade gostava dele de qualquer jeito. Quis puxar seu rosto delicado e beijar cada centímetro de sua pele. Desejou afundar os dedos nos cabelos negros, sentir a textura macia e inalar o cheiro de morangos. Pensou em segurá-lo pela nuca e fazer uma massagem em seus ombros. Imaginou-se virando-o, descendo os beijos por sua coluna esguia, sentindo seu corpo estremecer sob seu toque...

Mas aquele Archie que lhe encarava era sério, contido e silencioso. A mágoa estava refletida em seu olhar.

━Archie?

Teria que implorar para falar com ele? Rangeu os dentes com irritação.

━Se não quer falar não fale então. -disse com rispidez

━Por que você é irritado assim, Marc? -o outro finalmente cedeu

━Eu... -engoliu em seco e fechou as mãos ao lado do corpo

Estava angustiado com aquele comportamento distante de Archie. Pôs uma mão em sua cintura, mas ele afastou-se. Passou a mão nas têmporas e escondeu sua tristeza. Quis beijá-lo e fazê-lo parar de insistir naquela briga.

━Você sempre age com indiferença. Agora está fingindo que nada aconteceu ontem, que não brigamos de um jeito horrível.

━Não foi nossa pior briga. -murmurou. Foi a vez de Archie apertar os lábios.

━Isso não importa. Você gritou comigo e parece prestes a gritar novamente agora. -disse num tom baixo e decepcionado

━Não é isso.

Archie respirou fundo, reunindo toda paciência que restava para tentar conversar com o namorado. Ele parecia travado. Os cabelos molhados lhe deixavam com uma expressão triste e sentiu pena dele. Uma parte sua queria perdoá-lo, mas não podia ser sempre a pessoa que cedia.

━Marc, você precisa falar para podermos resolver as coisas.

Marc olhou para o teto e suspirou de olhos fechados. Passou as mãos pelo rosto.

━Não entendo por que está tão chateado. -disse

━Eu que não te entendo. -Archie afastou-se e caminhou até a sala. Foi seguido pelo outro- Eu estava tentando te ajudar a ver que o jeito como reagiu foi desnecessário. E então você reagiu, novamente, de um jeito nada legal.

━Você não os conhece. Eles me deixaram sozinho por anos nessa casa...

Archie virou-se de repente e quase fez Marc tropeçar. Este quis puxá-lo, beijá-lo e fazê-lo parar de falar, mas não ousou fazê-lo ao ver sua expressão impaciente.

━Já não está na hora de você superar isso?

O coração de Archie bateu com rapidez. Não sabia se estava certo ao dizer aquilo, mas estava tão magoado que não pensou. O grito de Marc dentro do carro ainda ecoava em sua mente e o fazia estremecer. Ele estava voltando a ter alguns comportamentos dos quais não gostava e tinha receio de que começassem a brigar como antigamente.

Marc ficou em silêncio, incomodado e machucado com aquela pergunta. Era o mesmo tom que sua mãe havia usado quando lhe perguntou se não estava na hora de parar de ser mimado.

Archie suavizou a expressão, constrangido ao ver o semblante franzido e magoado de Marc.

━Acha que eu exagero? -a pergunta saiu num sussurro trêmulo, embargado de irritação

━Não é isso... -fechou os olhos, incomodado com o rumo da conversa- Mas eu acho que sim, algumas vezes você exagera. Você os trata como se eles fossem os piores seres humanos da terra. Eu sei que você ficou sozinho, mas você fica falando nisso como se...

Ia continuar, mas Marc simplesmente virou as costas e subiu as escadas. Antes de ele virar-se, viu sua expressão irritada e a tristeza em seu olhar. Ouviu o som da porta batendo, alto e forte, ecoar pela casa.

Archie ficou boquiaberto. Havia sido deixado falando sozinho. O rosto contorceu-se com tristeza e sentiu vontade de chorar. Dessa vez havia sido sua culpa.

_____

A venda cobria completamente sua visão. Leonard havia improvisado duas amarras com as gravatas que tinha em casa. Uma delas cobria seus olhos e a outra prendia suas mãos atrás das costas. Ter os movimentos restringidos era mais excitante do que poderia imaginar.

Alguns cachos loiros já grudavam na testa. Estava tão vulnerável que seu corpo inteiro tremia. Não havia muita claridade na sala, pois o asiático tinha fechado as cortinas, então não conseguia nem discernir sua silhueta.

Um calor subiu por suas coxas como labaredas.

Sua respiração ofegante indicava seu nervosismo diante daquela cena.

Um toque sutil na base de sua coluna lhe obrigou a virar o rosto, mesmo que não enxergasse nada.

Continuou não vendo absolutamente nada, mas sentiu.

Os dedos dele, pressionando sua pele.

Leonard mordeu os lábios ao ver que o local onde havia lhe tocado tinha ficado vermelho. A pele de Finn era tão sensível que tinha curiosidade de apertá-lo, para ver o quão rapidamente os hematomas apareceriam. Mas ele parecia extremamente nervoso. Sentiu sua energia ansiosa em sua respiração e em seus movimentos. Seu pomo de adão subia e descia várias vezes. Como poderia acalmá-lo?

Finn estava ajoelhado, sem roupas, e viu seu membro mover-se, como num espasmo, no meio das pernas. Deu um sorrisinho orgulhoso.

Parou de tocá-lo e caminhou até a sua frente. Adorava seus cabelos loiros cacheados e o jeito como emolduravam seu rosto delicado, como um halo.

Queria olhá-lo nos olhos, mas era importante que ele se acostumasse à confiar em seus outros sentidos, assim a experiência seria mais intensa.

Tocou as bochechas dele devagar, pressionando a pele avermelhada. Finn virou o rosto e beijou seus dedos. Mordeu os lábios com aquele movimento, sentindo-o tremer. Ele realmente estava entrando no papel de submisso.

Mas Leonard não conseguia entrar no de dominante.

Era difícil, pois as memórias insistiam em voltar a sua mente.

Engoliu em seco e segurou o rosto dele com força, obrigando-o a abrir a boca. Colocou dois dedos em seu interior, vendo suas sobrancelhas se arquearem com surpresa. Os pulsos começavam a ficar vermelhos.

━Não pode me beijar sem que eu permita.

Finn começou a ficar com calor. Tirou a blusa do pijama, ficando apenas com a calça.

Finn tentou falar algo, mas Leonard segurou-o pelas bochechas com uma mão e colocou os dedos mais profundamente em sua garganta, ouvindo-o engasgar.

━Não dei permissão para falar, meu amor. -sussurrou

E então retirou-se de sua boca. Finn tossiu baixinho e moveu os braços com desconforto. A cada minuto que passava seu corpo ficava mais sensível. Cada toque eriçava seus pêlos. Os joelhos já estavam vermelhos por estarem no chão duro da sala. Mas não podia pedir para levantar, certo?

━Posso falar? -perguntou baixinho, quase gaguejando

Leonard controlou-se para não abraçá-lo e soltá-lo. Ele realmente estava aprendendo rápido. Mas seu papel era outro. Se o deixasse falar Finn não aprenderia a obedecer.

━Não. Levanta. -puxou-o pelos ombros e Finn obedeceu, sentindo-se um pouco tonto

Depois foi empurrado pela sala e deu passos hesitantes pelo ambiente. Leonard o fez parar em um ponto e tocou-o nas coxas. Os dedos longos deram atenção ao seu pênis, que estava rígido e pulsava.

Controu-se e curvou-se com o toque dele. Sua mão estava quente e lhe massageava com maestria.

━Você ficaria lindo com uma coleira, Finn. -murmurou e mordeu seu pescoço de leve

O loiro gemeu, sentindo as pernas bambas. Seus mamilos foram apertados pela outra mão do namorado e uma corrente elétrica invadiu seu corpo. Mordeu os lábios e quis fugir de seu toque ao mesmo tempo em que queria mais.

O pescoço foi puxado para trás e sentiu o calor do corpo de Leonard em suas costas. Ele estava sem camisa. Quis esfregar-se nele, mas seu toque desceu para os testículos e, quando ele os apertou de leve, Finn gemeu de dor.

Leonard beijou sua bochecha, seus ombros e suas costas com carinho. Fechou os dedos na base do pênis de Finn e massageou sua extensão com a ponta dos dedos. Quando chegou na glande, sua mão ficou molhada com o líquido que saía.

━Vou tirar a venda dos seus olhos. -disse

Desamarrou a gravata com lentidão e, quando a tirou por completo, Finn piscou, tentando ajustar a visão. Estava em frente ao sofá.

━Leonard...

E então o asiático precisou lhe punir, para entender como a dinâmica funcionava. Apertou seu pênis na base e, ao ouvi-lo gritar, soltou-o rapidamente. Algumas lágrimas de susto escorreram pelas bochechas rosadas e sentiu pena por tê-lo machucado. Lembrou-se, novamente, que precisava interpretar aquele papel. Respirou fundo, virou o loiro de frente e empurrou-o para sentar no sofá.

Os olhos azuis estavam semicerrados, envergonhados, e o rosto estava completamente vermelho. Ele parecia um anjo, com os cabelos encaracolados suados grudados na testa. Mordeu os lábios ao olhá-lo.

━Abre as pernas, meu amor. -pediu calmamente

Finn o obedeceu com receio, encarando-o com um pouco de medo. Sua ereção havia ido embora, mas sabia que logo retornaria.

━Fique em silêncio.

Ao dizer aquilo, ajoelhou-se no meio das pernas dele e encarou-o de baixo. Gostava mais daquele ângulo. O rosto de Finn mostrou-se surpreso e os olhos azuis piscaram com ansiedade e choque. As mãos continuavam presas atrás das costas.

Leonard levou a gravata, que antes estava em seus olhos, até seus testículos e, enquanto a amarrava na base do membro, envolvendo os testículos, viu Finn abrir a boca várias vezes, assustado, ponderando se deveria falar.

Olhou-o com um aviso na expressão: se falasse seria castigado.

Quando amarrou a gravata ali, Finn apertou os dedos dos pés e das mãos.

Leonard tocou seus joelhos, massageou suas coxas e inclinou-se para beijá-las. Esfregou o nariz em suas pernas e riu ao vê-lo contorcer-se, com cócegas. Ele cheirava aos temperos que tinham na cozinha e, por isso, deu várias mordidas em sua coxa direita e lambeu o lugar em seguida.

Segurou um dos pés dele no colo e fez uma massagem, tentando tranquilizá-lo, e adiantou. Aos poucos a respiração ofegante de Finn foi se acalmando. Pressionou a sola com lentidão, deslizando os dedos por toda extensão do pé. Quando olhou para o membro dele, o viu mais duro e vermelho por conta da gravata amarrada aos testículos.

Leonard levantou-se e abaixou as próprias calças. Inclinou-se para a frente, encostou sua testa na de Finn e uniu ambos membros com uma mão.

━Você quer gozar? Então mexa seus quadris para mim -provocou-o

Finn assentiu e o obedeceu, mordendo os lábios ao fazê-lo. Ele estava quente e duro de encontro ao seu pênis. A mão que os envolvia fornecia o calor necessário para lhe deixar ansioso para chegar ao clímax. Por isso, moveu os quadris com dificuldade, sentindo os testículos mais inchados e a gravata lhe apertando. O corpo todo estava possuído por um calor sufocante, que he deixava cada vez mais ofegante.

Estava tão próximo... E os olhos amendoados he encaravam de cima, semicerrados e satisfeitos. Abriu mais as pernas e, nesse momento, Leonard puxou uma delas para cima, dobrando-a.

Quando Finn parou de mover-se, o asiático bateu em seus testículos com apenas um dedo. Foi o suficiente para fazê-lo gritar.

━Não mandei parar. Continue. Avise quando estiver quase gozando.

Leonard inclinou-se e beijou-o na testa. Ajeitou os cabelos loiros para trás, para ver os olhos azuis por completo, e colocou a outra mão na entrada do loiro, massageando-a devagar. Os gemidos de Finn tornaram-se mais intensos e os espasmos tomaram conta de seu corpo.

Não podia deixá-lo gozar, por isso apertou seu pênis na base, acima dos testículos. Ele gritou.

Mais lágrimas escorreram de seus olhos e sua respiração pesou. Já estava tonto. Era muita coisa para prestar atenção: em obedecê-lo, nos próprios movimentos e nos toques nada gentis. Era como se fosse explodir a qualquer momento, de tão quente que estava.

━Leonard, por favor. Eu preciso. -moveu os quadris e mordeu os lábios

━Eu também preciso gozar.

E com aquelas palavras largou ambos membros, abaixou a perna dele e colocou-se em frente ao seu rosto, uma perna lado a lado de seu corpo. Os lábios lhe tocaram sem que pedisse, e precisou afastá-lo e segurá-lo com força pelo queixo.

━Abra bem a boca.

Finn o fez e entrou em sua boca devagar. Foi até o fundo, olhando-o nos olhos diretamente, enquanto arrepios elétricos tomavam seu corpo. Quando tocou-o tão profundamente, ele fez menção de afastar-se, mas o asiático segurou sua cabeça e o obrigou a encará-lo. As lágrimas escorreram por suas bochechas.

Quando saiu de sua boca, Finn respirou fundo, mas não teve descanso. Logo Leonard penetrou-lhe novamente e, com dificuldade, ajeitou-o na boca, usando a língua em sua extensão da melhor forma que pôde. Ele parecia prestes a gozar, porque movia os quadris com mais intensidade, de olhos fechados. Os dedos se enroscaram em seus cachos e puxaram devagar, fazendo Finn gemer.

━Fique parado. -ordenou e, numa estocada funda, que fez seu corpo tremer, liberou-se em sua boca, com um gemido longo

Afastou-se com dificuldade e com a visão turva. Os olhos azuis estavam um pouco vermelhos e lhe fitavam com desejo e constrangimento. A boca estava molhada e suja. Leonard limpou-o com os dedos e logo ajoelhou-se em sua frente, vendo que seu pênis estava mais duro.

Deslizou a língua por sua extensão e, quando chegou nos testículos, Finn retesou-se. Ele estava mais sensível ali.

Os lambeu lentamente, chupou-os e Finn fechou as pernas, trêmulo.

Subiu a boca por sua extensão e, quando o engoliu, aproveitou para tocá-lo levemente onde estava apertado. Massageou lentamente o lugar, movendo a cabeça para cima e para baixo.

Levantou o olhar e encarou os olhos azuis desorientados; foi quando Finn estremeceu e gemeu alto, apertando os dedos dos pés. Provou-o com um sorriso e, quando afastou-se, admirou o corpo dele, vermelho e suado.

Soltou seus pulsos e sentou-se ao seu lado. Ambos estavam com as respirações aceleradas.

Leonard não sabia se havia feito um bom trabalho, mas havia tentado. Finn deitou a cabeça em seu colo e ajeitou-se no sofá, de olhos fechados, com um sorriso satisfeito no rosto.

━Você está bem? -tocou-lhe nos cabelos e fez uma massagem em sua nuca

━Estou ótimo.

━Da próxima vez você vai me amarrar. Sou péssimo tentando dominar, não é? Desculpe.

━Leonard! -Finn segurou seu rosto com delicadeza- Você foi incrível. Eu gostei. Não sabia que era tão bom ser amarrado. -disse e desviou o olhar- Mas eu imaginei que as punições fossem mais dolorosas.

━Elas são, eu que fiquei com pena de você! Finn, você é um amorzinho, eu não teria coragem de bater no seu rosto, te espancar ou te dar tapas até sua bunda ficar vermelha... -parou ao ver a expressão assustada dele

━Eu... Podemos tentar, se é o que você gosta.

━Não! -Leonard suspirou, com frustração- É o que eu gosto, gostava, que fizessem em mim.

Finn apoiou-se em suas pernas e segurou-o pela nuca.

━Eu posso aprender.

━Não acho que combina com você, meu amor. Você não é agressivo.

━Você também não e conseguiu me controlar bem. -beijou-o na bochecha- Desculpe por insistir, não precisamos fazer se não quiser.

Leonard engoliu em seco e o beijou rapidamente nos lábios. O problema era que agora já estava com saudades de ser dominado, mas Finn não saberia fazer como gostava. Só uma pessoa sabia fazê-o, de um jeito bastante violento. E a violência não combinava com o atual namorado.

_____

À tarde, cansado de ser ignorado pelo namorado, sentindo-se culpado por ter falado aquelas coisas, Archie caminhou, decidido , até o quarto que dividiam e o encontrou dormindo embaixo das cobertas. Discutir novamente com ele havia lhe deixado mais angustiado do que poderia imaginar e estava disposto a perdoá-lo. Marc era difícil de lidar, mas tinha experiência com ele.

Estava frio quando entrou no cômodo e desligou o ar-condicionado. Marc resmungou quando acendeu a luz.

Archie subiu em cima dele, disposto a fazê-lo rir e parar de ser tão irritado. Estava sendo derrotado pelo orgulho dele. Ainda estava triste com o grito do dia anterior, mas não havia sido agredido verbalmente, Marc havia apenas exteriorizado sua impaciência. E havia sido um pouco invasivo, ao opinar sobre a família dele.

Tinha passado a tarde inteira pensando e colocando-se no lugar dele. Sua única experiência com luto havia sido com o pai, que havia falecido há 1 ano. A perda era algo que não podia ser esquecida, apenas amenizada ao longo da vida. Era doloroso perder alguém e a pior parte era ter de lidar com as lembranças e a saudade.

Pensou em como seria se tivesse perdido Alan também e, pior, se fosse forçado a viver sozinho logo após uma morte tão devastadora. Marc estava recém saindo da adolescência quando perdeu a irmã e a decisão dos pais não havia sido boa.

Archie então compreendeu melhor o namorado. Ele havia passado anos sozinho e não sabia como ele havia lidado com a solidão. Talvez ele escondesse as sequelas daqueles anos debaixo daquela máscara de indiferença.

Quase chorou ao pensar naquilo, ao imaginá-lo sozinho, vivendo na casa em que estavam, que tinha tantas lembranças do avô.

Envolveu seu corpo com os braços num abraço apertado. Beijou-o por cima das cobertas e ficou ali, de olhos fechados, com o coração acelerado.

Marc havia recém acordado e não entendeu o que estava acontecendo. Tirou a coberta de cima de si e, com os cabelos desalinhados e uma careta, deu de cara com os olhos verdes lhe encarando, molhados, cheios de lágrimas não derramadas. Sentou-se lentamente, sentindo dor de cabeça, afastou as cobertas e apoiou os braços no colo, de um jeito derrotado. Deu um sorrisinho torto, constrangido, coçou a cabeça e bocejou.

Archie deitou-se embaixo das cobertas, ao seu lado, e abraçou-o pela cintura com força. Mas ele estava agitado e logo sentou-se e puxou seu braço, ficando agarrado nele.

━Não gosto quando brigamos. -murmurou- Mas você não fala sobre sua família comigo, eu não sei como era a relação entre vocês.

Marc passou os dedos nos cabelos dele, num carinho lento.

━Eu preferia que eles tivessem ficado onde estavam.

Archie mordeu os lábios e ergueu a cabeça para olhá-lo diretamente. A mágoa em seu semblante era visível. Marc recusou-se a encará-lo.

━Eles foram pais ruins? Eles te batiam? -sussurrou a pergunta e Marc deu uma risadinha

Os braços fortes dele lhe puxaram e ajeitou-se no meio das pernas dele, gostando do calor que seu corpo emanava. Recebeu beijos na nuca e toques na cintura, por dentro da camiseta. Abraçou seus braços, sentindo-se protegido ali.

━Eles nunca me bateram. Eles só não ligavam muito para mim. Rachel sempre foi a favorita. Eu era ótimo na escola, mas ela era melhor.

━Ela era uma boa irmã?

Marc comprimiu os lábios.

━Sim. Mas nossos pais viviam nos comparando indiretamente. Ela falava três línguas, eu nunca quis aprendê-las, porque não queria ser como ela. Eles nunca gostaram de como eu era, do meu jeito, de como eu me comportava nos eventos aos quais eles iam.

━Isso não foi justo da parte deles. Mas eu entendo, Marc. -Archie apertou seu bíceps com carinho e beijou a ponta de seu queixo- Meus pais sempre gostaram mais do Alan. Porque ele era advogado e poderia melhorar a vida deles. Já eu... -Archie desviou o olhar- Nunca me destaquei em nada.

Marc abraçou-o com mais força e beijou-o nos ombros. Esfregou o nariz em sua nuca e ele arrepiou-se sob seu toque.

━Já disse que você é bom em outras coisas.

━Marc... -resmungou, sorrindo, sabendo o rumo que aqueles toques estavam tomando

━Você é bom em me chupar, por exemplo. -deu uma risadinha baixa e Archie o acompanhou

━É um talento muito distinto. -brincou e Marc riu mais ainda

━Não quis gritar. Ontem. Fui impulsivo. -sua respiração saiu pesada e as frases foram ditas com dificuldade. Era o suficiente para Archie.

━Você é muito irritado, Marc. -murmurou- Eu sei que é parte da sua personalidade, mas talvez você devesse tentar controlar isso melhor.

O abraço diminuiu e Archie suspirou. Puxou os braços dele para sua cintura novamente, sentindo frio ao tê-lo longe.

━Eu amo você, mas não quero que desconte sua irritação em mim. Ontem você me magoou.

━Não quis te fazer chorar. -sussurrou

Era fácil falar naquela posição, pois não estavam se olhando. Sempre que quisesse conversar com Marc o colocaria de costas, Archie pensou. Era mais fácil para ele.

━Está me pedindo desculpas? -indagou, baixinho

━Sim. Desculpe.

Então respirou com alívio e virou-se. Encontrou uma expressão triste e constrangida. Ele estava vermelho? Abraçou-o pelos ombros e teve a cintura envolvida. Quando beijou-o nos lábios, empurrou-o para o colchão e sentou-se em seu quadril.

Ele não apertou-o nem beliscou-o e Archie perguntou-se se era possível ele ter ficado sem vontade de fazer sexo. Constatou, ao senti-lo duro abaixo do próprio quadril, que não.

Inclinou-se e beijou-o novamente, de maneira lenta, deslizando a língua por entre sua boca. Marc segurou seu rosto e intensificou os movimentos. Archie mordeu os dedos dele, que estavam segurando seu maxilar, e deu-lhe um sorrisinho malicioso, com o rosto corado.

Marc deitou a cabeça no travesseiro, derrotado e sem energia para dominá-lo.

━Você também é muito bom me chupando. -Archie sussurrou, lambendo seus dedos

Marc fechou os olhos com força. Estava com preguiça, mas Archie lhe provocava com tanto afinco que era difícil resistir.

━Não se importa se eu ficar por cima? -perguntou, tocando-o no meio das pernas

Marc suspirou e colocou o braço em cima dos olhos, negando com a cabeça. Talvez merecesse ficar por baixo um pouco, afinal, o havia feito chorar. Não tentaria machucá-lo ou marcá-lo, apenas aproveitaria a intimidade que tinham. E a posição lhe permitiria vê-lo mover-se sob seu corpo.

━Se não quiser transar não precisamos. -Archie murmurou, preocupado por vê-lo apático

Marc logo levantou a cabeça e encarou-o, com um semblante sério.

━Você está me dando muito tempo para mudar de ideia. Se eu fosse você tiraria a roupa agora e sentaria logo aqui. -segurou o próprio membro, com um sorrisinho torto

Claro que Archie obedeceu, alegre por ter resolvido a briga com o namorado. Só esperava que não discutissem novamente.

___ ___

Na segunda-feira, o dia havia amanhecido nublado.

Ethan passou vários minutos observando as pessoas que entravam pela porta do auditório. O espaço era amplo, com mais de duzentas cadeiras separadas em filas e voltadas para o palco central, que ficava num patamar mais alto, de modo que o palestrante pudesse ter uma vista da plateia.

Posicionou a câmera no tripé e tirou uma foto da movimentação, sem nunca deixar de observar com atenção cada rosto masculino que passava pela entrada principal. Seu trabalho de fotógrafo lhe permitia viajar o mundo, mas quando voltava para casa sempre havia alguém que lhe indicava para cobrir eventos importantes. E naquele momento estava fazendo exatamente aquilo, fotografando um congresso sobre arquitetura sustentável.

Olhou para o relógio no pulso e constatou que faltavam apenas 10 minutos para as apresentações iniciais. Várias pessoas chegaram apressadas, com um cartão de acesso pendurado no pescoço ou entre os dedos. A maioria tinha uma expressão nervosa e ansiosa no rosto. Aquele evento era um dos mais importantes do mundo e entendia, em parte, a comoção geral, mas não era sua área de estudo.

Mesmo que adorasse fotografar prédios, históricos ou modernos, se aventurar por outro campo não lhe agradava, por isso nunca havia pensado em tornar-se arquiteto. Sua paixão era a fotografia e, no momento, estava interessado em aperfeiçoar suas habilidades com as câmeras. Por isso havia ficado tanto tempo no exterior.

Mesmo que houvesse gostado de todas as experiências que havia adquirido em outro país, não havia possibilidade de se sustentar sozinho lá. Havia sido obrigado, por questões econômicas, a voltar. Essa era uma das razões pelas quais estava ali, especificamente naquele evento. A outra razão era o ex-namorado.

Quando havia recebido o convite para fotografar as palestras torceu o nariz, visto que parecia um evento chato, cheio de termos científicos e conversas intelectuais. Gostava da rua, de usá-la como palco das suas fotos e sentia-se preso em auditórios e salões. No entanto, quando soube sobre o que era o evento, logo tratou de procurar o nome dele na lista dos convidados e palestrantes. Achou-o no setor de exposições e sorriu largamente, sabendo que a área de exposições permitia que o público falasse com os expositores. E então aceitou o trabalho, sabendo que precisava de dinheiro e com a certeza de que iria encontrá-lo.

As luzes do auditório diminuíram de intensidade e o palco tornou-se o ponto mais iluminado do recinto. A maioria das pessoas parou de conversar e olhou para o palco. Ethan preparou-se para tirar as fotos, ajustando o foco da câmera e cruzou os braços enquanto algumas pessoas subiam no palco, os mediadores da palestra.

Respirou profundamente, agradecendo pela noite de sono longa que havia tido. Algumas pessoas lhe encaravam, analisando suas roupas, e tentou ao máximo não se irritar com isso. Sabia que os piercings nas sobrancelhas chamavam a atenção, mas os dreadlocks curtos, que formavam quase um moicano, eram os principais alvos dos olhares. Porém, sabia muito bem que a maioria daquelas pessoas não gostavam da sua presença ali. Deu um sorrisinho irônico para alguns que continuavam lhe encarando, gostando de incomodá-los.

_____

O expediente estava tão entediante que Marc estava há minutos vasculhando a galeria do celular e olhando as fotos que havia tirado de Archie nas férias. Havia uma foto dele dormindo no sofá, enrolado num cobertor rosa e, ao seu lado, havia uma tigela de morangos bem maduros.

Mas sua foto favorita era de Archie debruçado na varanda do quarto da casa da praia. Os olhos verdes aparentavam ser muito mais claros por conta dos raios de sol, que batiam em seu rosto, iluminando ainda mais os sorriso largo presente ali. Marc admirou a foto com um sorriso e colocou-a como tela de bloqueio.

Três batidas na porta fizeram-no sobressaltar-se e, com um suspiro de irritação, bloqueou o celular e ligou a tela do computador a sua frente, que estava desligada há tempos. Fingiu digitar algo no teclado e o rosto de uma das colegas de trabalho apareceu na porta. Marc controlou sua vontade de mandá-la embora e, ao vê-la sorrir com timidez, soube sobre o que se tratava a visita.

━Gostaria de almoçar conosco?

Não. Claro que não gostaria e quase respondeu de maneira rude. Por que seus colegas insistiam em tentar lhe conhecer melhor? Não estava interessado em conhecê-los, apenas queria trabalhar em paz e sozinho.

A colega olhou-o com expectativa e acrescentou, ao notar sua hesitação:

━Você nunca almoçou com a gente, por isso estamos te convidando.

Marc retesou-se na cadeira. Claro que nunca havia almoçado com eles, nunca quisera comer junto aos colegas. Não gostava do barulho do restaurante e, principalmente, achava extremamente ridículos os assuntos sobre os quais falavam. Mas o pior de tudo era quando eles inventavam de lhe pedir ajuda para fazer algo simples que até uma criança conseguiria fazer. Achava que eles eram preguiçosos e insuportáveis.

━Por favor?

Que menina chata, pensou. Deu-lhe um sorrisinho cínico e, prometendo a si mesmo mostrar seu pior humor durante a refeição, para que nunca mais o convidassem para almoçar, assentiu com a cabeça.

━Mesmo? Te esperamos no restaurante então!

Quando ela saiu, Marc respirou fundo, de olhos fechados. Será que deveria ser mais amigável e sociável? Era bem verdade que trabalhava ali há tempos já e nunca havia socializado com quase nenhum de seus colegas. Entretanto, não era do seu feitio tentar fazer amigos. Para quê? Além do mais, não ia com a cara deles. Mas era preciso fingir o mínimo de cordialidade possível.

O relógio finalmente marcou meio-dia. Levantou-se, alongou-se, desligou o computador e o celular vibrou com um barulho de notificação. Quando o pegou, sorriu ao ver que se tratava de uma imagem de Archie. O ícone informava que ele havia enviado uma foto e Marc arqueou as sobrancelhas, perguntando-se se Archie poderia ter lhe enviado fotos pelado, o que lhe agradaria profundamente, ainda mais naquele tédio.

Não eram as fotos desejadas, mas da mesma forma sorriu ao abrir a imagem e vê-lo deitado no sofá, com um pedaço de torta no colo. Havia ligado para uma confeitaria, antes de sair de casa, e pedido que entregassem uma torta de chocolate. Era uma forma de pedir desculpas pela cena depois do almoço com os pais.

Já atrasado para o almoço com os colegas, que agora estava lhe irritando, pois queria passar o horário do almoço conversando com Archie pelo celular, levantou-se, sem vontade. Suspirou com impaciência ao saber que precisaria fingir ser simpático por uma hora inteira.

_____

As palestras haviam ocorrido melhor do que havia esperado, com muitas perguntas do público e interações descontraídas. Os palestrantes eram, em sua maioria, jovens e utilizaram uma linguagem acessível a todos em alguns momentos, mas em outros foi preciso usar termos mais científicos. Os temas das conversas variaram entre ecologia, sustentabilidade e natureza.

Ethan desmontou o tripé, guardou-o na sua bolsa, juntamente com a câmera, e passou as mãos pelos dreads com cansaço. Tocou as pulseiras de pano do braço com ansiedade e, por fim, dirigiu-se até a entrada, onde a área das exposições começava. Haviam muitas pessoas ali conversando, rindo, admirando os trabalhos e caminhando.

O corredor era longo, haviam algumas estandes pequenas e algumas pessoas apenas expunham um banner com um resumo da suas pesquisas científicas. Atravessou a bolsa no peito e observou cada expositor que ali se encontrava, ansioso pelo encontro almejado.

Quando o viu sentiu um calor pelo corpo, o sangue fluiu com mais rapidez para as extremidades do corpo e uma sensação gostosa lhe invadiu, de nostalgia. A camisa que ele usava, de botões, com estampa floral verde, lhe trazia a lembrança de momentos engraçados ao lado dele, cujo humor sempre havia sido incrível.

Aproximou-se devagar, admirando-o a cada passo e aproveitou para notar o quão risonho ele se mostrava, conversando com um homem loiro. Ethan arqueou as sobrancelhas e rapidamente sua atenção se voltou para o acompanhante do ex-namorado. Eles conversavam de maneira íntima e por vezes inclinavam-se em direção um ao outro.

Engoliu em seco com um pouco de irritação ao comparar-se com aquele rapaz. Eram opostos extremos. Não o achava bonito, porque aquele tipo de beleza tão adorada pela sociedade não lhe agradava, mas vê-lo tão desinibido com outro homem lhe fez sentir uma sensação esquisita.

Quando chegou na frente deles, deu um sorriso largo, de canto, colocou uma mão no bolso e ajeitou os dreads novamente. O loiro lhe encarou com uma expressão confusa no rosto e analisou-o de cima a baixo com um pouco de indiferença, fingindo não estar magoado pelo fato de serem tão diferentes. Conseguia olhá-lo um pouco de cima, o que lhe deu mais confiança, e percebeu que ele era magro, tinha olhos azuis expressivos e cabelos loiros encaracolados.

━Leonard. -desviou o olhar do rapaz e encarou o ex-namorado, admirando os traços delicados e ao mesmo tempo elegantes que adorava fotografar quando estavam juntos

━Ethan?

Não gostou do modo como sua expressão se torceu, indo de um choque inicial para uma irritação profunda. Era difícil deixá-lo irritado e Ethan estranhou aquela reação.

━Quanto tempo, Leo. Sabia que ia te encontrar aqui. -piscou e sorriu de canto

Leonard apenas encarou-o com mais irritação ainda e cruzou os . Seus cabelos, Ethan percebeu, estavam bem mais compridos, na altura dos ombros e penteados para trás, deixando-o com um ar ainda mais elegante. Um arrepio passou por sua barriga e colocou as mãos nos bolsos, admirando-o por vários minutos.

━Quem é você?

Ficou surpreso com a intromissão daquele cara, que agora lhe olhava também com o cenho franzido. Ethan apertou os lábios e respirou fundo antes de falar:

━Meu assunto não é com você. -analisou-o novamente de cima a baixo e ficou irritado ao pensar que Leonard havia lhe trocado por um cara sem estilo algum. Deu atenção ao ex-namorado novamente e arqueou as sobrancelhas- Quero falar com você, Leo.

━Sobre o quê? -o asiático perguntou num tom mais alto

━Sobre voltarmos a sair, agora que eu voltei.

Ethan piscou com o olho direito e Leonard abriu a boca para respondê-lo, mas não conseguiu, de tão incrédulo que estava.

Finn nunca havia visto Leonard tão desconfortável antes. O motivo daquela reação estava parado bem na frente deles, com as mãos nos bolsos e sorrindo de um jeito confiante.

━E então?

A proposta dele era absurda e desrespeitosa também, pois ele nem havia parado para perguntar quem Finn era, ou se Leonard estava disponível.

O asiático havia perdido completamente o ar risonho e carismático de minutos atrás, quando estavam conversando animadamente sobre o evento e as palestras que haviam comparecido. Finn resolveu apenas observar, sem saber como, nem se devia, cumprimentar o ex-namorado de Leonard.

Ele parecia ser simpático, mas também arrogante, pelo jeito com que lhe observava de cima a baixo. Também era bonito. Possuía olhos castanhos e o cabelo era cortado rente à cabeça nos lados; a maioria dos fios se acumulava na parte de cima, em dreadlocks. Reparou nos piercings e nas tatuagens, no estilo moderno e despojado e sentiu-se um pouco incomodado, comparando-o consigo sem conseguir evitar.

━As coisas não deram certo em Madrid, tive que voltar. Eu ia te ligar esses dias, Leo. E você é...? -olhou para Finn com os olhos apertados

━Finn. -respondeu rapidamente, sem sorrir

━Finn é meu namorado.

Caíram em um silêncio desconfortável por vários segundos, até que Ethan deu uma risadinha. Finn começou a ficar incomodado, principalmente porque conseguiu perceber alguns traços do comportamento de Marc só de observá-lo, principalmente aquele sorriso que, ao seu ver, parecia completamente dissimulado.

Depois que Leonard havia lhe contado sobre seu ex-namorado não havia lhe perguntado mais nada sobre o relacionamento, pois suas dúvidas já haviam sido esclarecidas e acreditava que iria apenas machucá-lo ao fazê-lo se lembrar.

━Estou um pouco surpreso. E também curioso. Você quis tanto me esquecer que resolveu ficar com um cara completamente diferente de mim?

━Isso não é da sua conta.

Leonard ficou com o rosto completamente vermelho e Finn engoliu em seco, surpreso com aquela reação incomum. Ele estava irritado de um jeito muito intenso. Será que Ethan ainda era capaz de mexer com ele? Por um instante observou-o e o que viu não lhe agradou.

━Leonard, podemos dar uma volta -Finn murmurou, olhando-o com seriedade, tentando demonstrar compreensão no olhar, mesmo que seu comportamento lhe fizesse imaginar hipóteses que não queria

━Tudo bem, me desculpem por atrapalhar vocês. Em todo caso, fiquem com um panfleto da minha exposição. -Ethan abriu a bolsa e começou a procurar algo dentro dela

Leonard ficou chocado com a audácia dele. Depois de terem uma relação tão conturbada ele ainda tinha a coragem de convidá-lo para ver suas exposições fotográficas? Quis gritar com ele e mandá-lo para longe, mas apenas pegou os panfletos quando Ethan os estendeu, com aquele sorriso enigmático tão conhecido no rosto. Ethan ajeitou os dreads mais uma vez e afastou-se, caminhando de maneira tranquila até o fim do corredor.

Quando ele já estava longe, Leonard enfiou o panfleto de qualquer jeito no bolso da calça. Seu coração batia com rapidez e percebeu que os dedos tremiam um pouco. Haviam terminado há anos, mas o relacionamento havia sido tão cheio de altos e baixos que era difícil esquecê-lo completamente, principalmente seu comportamento possessivo e agressivo. Principalmente agora, que estava voltando a praticar seus fetiches.

Leonard olhou para Finn, que estava ao seu lado e suavizou sua expressão facial ao vê-lo lhe encarando com preocupação. Relaxou os dedos e respirou fundo, de olhos fechados, por vários segundos.

━Talvez devêssemos conversar sobre isso? -Finn sugeriu, arqueando as sobrancelhas

━Desculpe, minha reação deve ter te assustado. Nunca conversamos muito sobre Ethan, não é? -sorriu com tristeza- Ele ainda mexe comigo, mas de uma maneira ruim, Finn. Não quero que pense coisas erradas nessa sua cabecinha. -sorriu e beijou a bochecha de Finn rapidamente

Finn ficou um pouco mais aliviado com aquelas palavras. Pegou o panfleto do do bolso de Leonard com curiosidade, desamassando-o com rapidez enquanto Leonard dava atenção à um homem que lhe perguntava sobre o trabalho ali exposto.

Leu: "Descobertas Corporais, exposição fotográfica do artista Ethan Long sobre as nuances e diversidades da sexualidade humana". Guardou-o no bolso, sem saber o porquê.

_____

A segunda-feira estava sendo tão insuportável que Marc só conseguia pensar na hora de sair daquele lugar. Mesmo que gostasse de lidar com os cálculos e projetos que a empresa pedia que fizesse, não gostava tanto assim de trabalhar no escritório. Gostava da experimentação de novos produtos, de trabalhar com testes e em laboratórios.

O almoço tinha sido insuportável, com pessoas tentando puxar assuntos estranhos e he perguntando sobre sua vida pessoa. Os respondeu sem vontade alguma e de modo vago. Quando enfim terminaram de comer, fingiu que estava com pressa e tinha trabalho atrasado. Finalmente estava em sua sala.

Olhou pela janela do escritório e o sol ofuscou sua visão. Estava terminando de fazer alguns cálculos de probabilidade no computador quando uma notificação de e-mail surgiu na tela. Abriu a caixa de entrada, pensando que deveria ser mais um e-mail inútil do chefe, lhe cobrando algo ou lhe obrigando a ir à alguma reunião ridícula da empresa, mas ficou curioso ao ler o assunto da mensagem: "Proposta de trabalho". Checou o endereço e, ao constatar que não era spam, abriu o corpo do texto, lendo devagar conforme descia a página.

"Convido o sr. Marc Berlusse para participar de uma entrevista de emprego. A vaga é de analista de produção na nossa empresa, a Politech. Lidamos com polímeros e somos uma empresa grande, a maior da cidade. Seu nome nos foi indicado, por isso gostaríamos de marcar um horário para o senhor conhecer nossa empresa e ser entrevistado. Atenciosamente, 

Fernando Totter".

Marc franziu o cenho e tentou lembrar-se de onde já havia ouvido falar daquela empresa. O nome ecoou por sua mente durante longos minutos, mas não conseguiu lembrar-se de nada, embora tivesse certeza de que o conhecia. No e-mail não havia indicação de salário nem números de horas trabalhadas.

Quem poderia ter lhe indicado? Pensou por muitos minutos e fez uma anotação mental para perguntar a Julian ou Ada sobre aquela empresa, pois talvez eles a conhecessem.

Encarou o relógio e, com um suspiro de felicidade, soube que era a hora de ir embora. Sentir-se ávido para ir embora, toda vez que chegava ali, era indicação mais do que suficiente de que precisava mudar de emprego. E aquela oportunidade havia chegado em um tempo bom. Não custaria nada tentar, certo?

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