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Amizades


Finn não havia contado para Leonard sobre o encontro que havia tido com Ethan. Toda vez que conversavam lembrava-se das palavras do fotógrafo e do quanto elas haviam lhe marcado de forma negativa. Tinha consciência das diferenças entre a sua aparência e a de Ethan, o que gerava sentimentos de insegurança, mas não sabia ao certo como lidar com eles.

Não demorou muito para o asiático perceber, com seu olhar perspicaz, que havia algo errado. Finn andava muito para baixo desde a volta de Ethan. Ele se desculpava inúmeras vezes por coisas mínimas e depois ficava em silêncio por longos minutos, com um olhar triste. Quando estavam organizando algumas caixas para levar até a empresa, Leonard perguntou:

━O que está acontecendo, Finn?

Ele lhe encarou sem entender, mas depois um lampejo de reconhecimento passou por seu olhar e deu um sorrisinho fraco.

Finn ainda se perguntava se deveria contar sobre a ida até a galeria, mas o que mais lhe incomodava eram os pensamentos intrusivos que tomavam conta de sua mente.

━Como assim? -perguntou, tentando ganhar tempo, enquanto afastava o olhar e fixava-o em uma pilha de papéis

━Você sabe do que estou falando. -Leonard aproximou-se do namorado e puxou o queixo dele para si, obrigando-o a lhe encarar- Te vejo cabisbaixo e anda muito introspectivo. Não que eu ache que você tenha que ser extrovertido como eu, -sorriu- mas se tiver algo errado, algo sobre o que você queira conversar, pode falar comigo, meu amor. Se é sobre minha tentativa de dominação, algo que você não tenha gostado...

Finn ficou vermelho e quase atirou-se nos braços de Leonard, sentindo-se repentinamente grato pelo namorado que tinha. Ele segurou seu queixo e os polegares massagearam as bochechas. Estava tão próximo que Finn conseguiu sentir o perfume de jasmim que amava, admirar seus cabelos negros lisos, observar os olhos amendoados e todas as partes dele que amava. Mordeu os lábios, pensando no que poderia dizer e se valia a pena falar sobre suas inseguranças.

━Notei que você tem estado assim desde que Ethan apareceu no congresso.

Leonard parou de lhe tocar e segurou suas mãos em vez de seu rosto. As bochechas de Finn ficaram frias sem o toque dele. Abriu a boca, mas fechou-a, sem saber como começar.

━Finn, você parece eu quando era pequeno. Eu queria que as pessoas adivinhassem o que eu estava sentindo e o que tinha acontecido. Me conta, o que você está sentindo?

O loiro respirou fundo e constatou que, se Leonard não fosse arquiteto ele com certeza daria um ótimo psicólogo. Seu peito apertou, assim como a garganta, e segurou-se para não chorar.

━Quando você me pediu para procurar um quadro ontem...

━Algo bem colorido. -Leonard acrescentou, fazendo-o rir- Aliás, eu estava tão preocupado com o jantar que nem vi se você comprou o quadro.

━Não comprei. Eu voltei sem nada porque... passei na frente de uma galeria de arte e acabei vendo a exposição do seu ex-namorado.

━Ok, tudo bem. -o asiático respirou fundo e semicerrou os olhos, encarando-o mais de perto- E? -sabia que algo mais havia acontecido

━E o encontrei. Conversamos. Discutimos. -falou as frases pausadamente, engolindo em seco ao final

O semblante de Leonard, sempre tão alegre e jovial, tornou-se sério e preocupado. Analisou o rosto de Finn, tentando buscar mais alguma pista escondida nas palavras que ele havia dito. Então suspirou e coçou o queixo, irritado pela simples existência de Ethan. Sabia como o ex podia ser sarcástico e maldoso.

━O que ele te falou?

━Que sente sua falta.

━Só? -Leonard arqueou as sobrancelhas e Finn engoliu em seco

━E ele disse que estava muito curioso com o fato de que você está namorando uma pessoa extremamente oposta a ele. E disse que... -tomou coragem para continuar- Talvez você tenha me usado para esquecê-lo. Como um substituto.

Leonard encarou-o com uma expressão tão irritada e incrédula que Finn achou melhor não acrescentar mais nada. Percebeu que a irritação era dirigida ao ex-namorado, mas mesmo assim ficou surpreso com sua reação. Olhou para os próprios pés, incapaz de perguntar se alguma parte daquilo era verdade, nem que fosse para acalmar as indagações turbulentas da sua mente insegura, mas permaneceu quieto.

Depois de alguns segundos se controlando para não xingar Ethan a plenos pulmões de todos os palavrões que conhecia, o asiático respirou fundo diversas vezes e encarou o namorado com compaixão. Acariciou seu ombro e pensou no que ele havia acabado de contar. Finn devia ter pensado bastante nas palavras para ter passado tantas horas sem lhe contar sobre o encontro.

Quis obrigar Ethan a ir embora, para fora daquela cidade e para longe de seu relacionamento. Além de ser um ótimo mentiroso, sabia o quanto ele conseguia ser extremamente persuasivo.

━Finn, eu estou irritado com você -o loiro olhou-o com os olhos arregalados e Leonard quase abraçou-o com pena.- Irritado por ter acreditado naquele babaca. Ele, que não sabe nada sobre o nosso relacionamento, que tem a responsabilidade afetiva de uma porta, ou seja, nenhuma. Finn, não pode deixar que as falas idiotas de uma pessoa mesquinha te deixem inseguro assim.

━Eu e ele somos opostos, extremamente diferentes -murmurou.

━Jesus! -Leonard exclamou- Sim, vocês são diferentes porque eu não gosto só de um tipo de homem. Ele é narcisista ao ponto de achar que eu só gosto de caras como ele, com o mesmo tipo físico e com a mesma personalidade ridícula. Finn, -Leonard fechou os olhos e puxou-o para sentar no sofá- eu sei e entendo como deve estar se sentindo, pois ele conseguiu o que queria, deixar você inseguro. Mas eu amo você.

━Eu sei que ele foi maldoso e teve a intenção de me deixar inseguro. Eu fiquei pensando bastante no que ele me disse. Idiota. -Finn murmurou com chateaçao

━Isso mesmo, ele foi um idiota total. Xingue ele. -Leonard incentivou-o e Finn gargalhou, deitando a cabeça nos ombros do namorado

━Desculpe, eu penso demais às vezes. Não devia ter deixado isso me afetar tanto -sussurrou.

━Eu entendo, não precisa se desculpar, meu amor. -beijou a bochecha do loiro.

Quando Finn levantou-se, um pouco mais confiante e certo do amor que Leonard sentia, colocou uma música para tocar enquanto organizava a cozinha e aproveitou para molhar as plantas e flores espalhadas pela sala. Quando olhou para o asiático, ele lhe deu um sorriso amoroso, ficando a lhe observar de longe com carinho.

Leonard, no entanto, estava irritado demais. Como Ethan ousava falar daquele jeito com Finn? Odiou-o ainda mais, mesmo sabendo que aquele sentimento não era saudável. Logo quando tudo estava dando certo (seu namoro e a empresa) seu ex-namorado tinha resolvido voltar para criar perturbações. E Leonard sabia muito bem do que ele era capaz.

_____

Archie leu novamente o currículo do último candidato, Vincent. Estava preparado para perguntá-lo sobre suas experiências, mas ele começou a falar de maneira calma, sem que pedisse:

━Não tenho experiência profissional. Nunca trabalhei e, sendo bastante sincero, preciso muito desse emprego.

Archie arqueou as sobrancelhas com curiosidade. Era um jeito estranho de se portar numa entrevista de emprego, certo? Vincent tinha um sotaque forte, mas uma voz doce e melódica. Sua coragem ao falar aquilo deixou Archie ainda mais curioso.

━O salário não é alto... -Archie começou a falar, mas foi interrompido

━É o suficiente para pagar o aluguel do meu estúdio. Sou muito bom fazendo doces e preparando cafés.

━Estúdio?

━É... -ele ficou sem graça e coçou o pescoço- Eu também pinto nas horas vagas. Além de escrever. Na verdade meu estúdio é um flat, é onde eu moro.

Archie reparou nas roupas dele: camisa flanela vermelha, calça jeans preta e um tênis surrado. E notou algumas manchas de tinta azul na barra da camisa.

━Li no seu currículo que você é confeiteiro.

━Sim, fiz um curso de confeitaria e outro de barista.

━Você é qualificado, mas...

━Mas não tenho experiência -Vincent completou tranquilamente;

O garoto encarou-o, surpreso com a sua honestidade, e viu que ele parecia nervoso. Suas mãos estavam no bolso da calça e ele possuía uma expressão bastante confiante.

━Eu só preciso de uma chance. Nunca tive a oportunidade de trabalhar numa cafeteria e esse é um dos meus objetivos.

━Você gosta de fazer doces?

━Doces são tudo o que sei fazer. Desde pequeno são minhas paixões. Cresci na Itália, mas sempre preferi a culinária francesa.

Archie arqueou as sobrancelhas, mais surpreso ainda. O sotaque estava explicado: ele era italiano!

━Você veio para cá há muito tempo?

━Na verdade estou aqui há cinco meses.

━Cinco meses?

━Sim -ele respondeu, um pouco desconfortável.

Ele mexeu nos cabelos, que estavam cortados quase rentes à cabeça. Seu pé direito começou a mover-se para cima e para baixo, indicando mais nervosismo. Archie anotou tudo o que havia acabado de descobrir sobre o último candidato do dia. Sua pele cor de chocolate quase brilhava sob a luz intimista da cafeteria.

━Se me contratar prometo que não darei trabalho. Eu não fico doente nunca, juro.

Quase riu com aquela afirmação, achando-a engraçada, mas comprimiu os lábios, segurando a risada. Ele claramente não possuía experiência com entrevistas de emprego e talvez aquela fosse sua primeira. Estava curioso para saber por que havia saído da Itália, mas teria de guardar suas divagações para outro momento. Archie não se importou nem um pouco com aquela frase, pois aquela era a primeira entrevista que conduzia. Além disso colocou-se no lugar de Vincent e resolveu não julgá-lo pelo seu jeito descontraído e honesto.

━Sou bastante responsável e pontual.

━Obrigado, Vincent. Já tenho tudo o que preciso. -sorriu em agradecimento

━Eu que agradeço. Vocês tem belas plantas aqui, adorei aquela begônia -apontou para a flor que estava num vaso em cima do balcão.

━Você sabe o nome dela?

━Claro, eu gosto de pintá-las -Vincent levantou-se.- E o espaço aqui é ótimo, muito bem decorado.

━Obrigado, Vincent -Archie agradeceu e o conduziu até a porta principal.

Antes de sair, Vincent passou as mãos pela nuca, de maneira nervosa, e perguntou:

━Se eu não conseguir o emprego você me avisa mesmo assim?

━Sim, sem problemas.

Ele estendeu-lhe a mão e Archie a apertou rapidamente, despedindo-se com um aceno em seguida. Horas atrás a tempestade tinha tomado conta da cidade, encharcando as ruas com uma chuva pesada e torrencial. Agora, o sol já começava a secar os paralelepípedos e as calçadas.

Ao observar Vincent afastar-se em cima da sua bicicleta, Archie suspirou e bocejou alto, sentindo-se cansado. Começou a organizar a cafeteria. Ainda não sabia qual candidato contrataria, mas era inegável que Vincent tinha sido o mais espontâneo de todos. Ele estava nervoso, mas observou que era calmo, contido, e sincero, qualidades que apreciava em uma pessoa. Além disso, ele realmente precisava do emprego.

Archie sabia o que era ficar sem dinheiro para pagar o aluguel. Olhou para a foto dele, reparando na pele escura, nos cabelos castanhos curtos e nos olhos claros. Precisava decidir-se logo. Mas também necessitava escolher um nome para a cafeteria. O lugar precisava de um barista e Vincent possuía os dois cursos, ou seja, podia tanto cozinhar quanto preparar os cafés.

Ainda precisava ir para casa e escolher uma roupa para sair com Ada. Ela era quase uma celebridade, portanto precisaria usar roupas mais sofisticadas.

Com um suspiro de inquietação parou para admirar o lugar. Sua cafeteria.

_____

As selfies haviam ficado bonitas e sentiu-se orgulhosa de tê-las tirado. Ada aproveitou a pausa para pegar uma bala de iogurte da gaveta da cômoda e colocá-la na boca. Sorriu ao saber que as pessoas tinham comentado e elogiado suas fotos recentes das férias.

Era difícil ser famosa no mundo virtual e não deixar a fama chegar à cabeça, mas Ada conseguia. Sua família era de origem humilde e eles haviam lhe ensinado a importância do trabalho e, mais importante, da necessidade de tratar todos com respeito. Os pais eram donos de fazendas e, por isso, Ada dividia seu tempo entre o campo e a cidade. Mesmo que agora tivessem dinheiro o suficiente para morar naquela mansão e viver com todos os luxos que conseguissem, estava orgulhosa por não ser como seus outros amigos que também eram ricos e pensavam ser melhores do que os outros.

O celular apitou e Ada sorriu ao ver uma mensagem de Julian aparecer na tela. Era estranho pensar que depois de terem feito 6 semestres da faculdade juntos só agora ele havia criado coragem para chamá-la para sair.

No início do curso Marc havia tentado lhe paquerar de um jeito extremamente sem noção e engraçado e lhe fazia: ele apenas ficava lhe encarando, sério, por longos segundos, principalmente nos trabalhos em grupo. Nutria um carinho imenso pelo amigo, mas agradecia à Natalie por ter lhe avisado sobre os gostos de Marc, que eram incompatíveis com os seus.

Leu as mensagens, que haviam sido escritas uma atrás da outra:

"Estou pensando em ir para a praia nesse final de semana"

"Aí pensei em te convidar"

"Podemos alugar uma casa lá"

Ada sorriu com lisonja, mas logo ficou nervosa. Aquele convite certamente implicava outra coisa. Pensou no corpo escultural de Julian, que havia visto inúmeras vezes durante as férias na casa de Marc e nas férias da faculdade, período durante o qual iam para a praia em grupo. Ele era realmente bonito, musculoso e atraente. Podia descrevê-lo como um filho do mar. Julian era querido, carinhoso e respeitava todas as pessoas.

Achava-o extremamente bonito, mas não sentia vontade sexual alguma, por ninguém. E aquilo era um "problema" com o qual estava lidando.

Havia percebido que não sentia vontades (desejos sexuais) por ninguém há pouco tempo. Conseguia achar homens bonitos, mas não sentia nada mais do que isso. Gostava de admirá-los e de olhá-los, mas quando pensava em algo envolvendo o próprio corpo e outra pessoa sentia um estranhamento enorme. E Julian não parecia ser o tipo de cara que entenderia seus limites. Ele aparentava ser como todos os outros caras que conhecia: só pensava em sexo.

Às vezes ficava surpresa ao ouvi-lo conversar com Marc tão abertamente e sorria quando ele fazia uma pergunta constrangedora sobre a vida sexual do amigo e de Archie. Julian era um bom ouvinte, não tinha preconceitos dos quais soubesse, mas sabia que ele talvez estivesse esperando algo que não poderia dar-lhe. Por isso respondeu:

"Desculpa, não poderei ir, tenho uma sessão de fotos no sábado".

Não havia mentido, realmente tinha que tirar fotos para uma linha de protetor solar. A resposta veio logo em seguida, tão rápido que seu coração acelerou junto:

"Eu jamais atrapalharia as fotos da top model mais famosa da cidade". 

Ada revirou os olhos, com as bochechas vermelhas e um sorriso largo no rosto. Continuou lendo: 

"Se estiver livre domingo podemos fazer algo divertido". 

Fez uma careta para a última palavra, perguntando-se o que ele queria dizer com aquela palavra. Ao lado havia um emoji com óculos escuros. Riu alto ao receber uma complementação:

 com o divertido eu quis dizer ir ao cinema, tomar um sorvete, comprar roupas para você fazer propaganda na internet..." 

E ele continuou: 

"E não sexo."

 "Quer dizer, estou aberto à interpretações", seguido de emojis cobrindo os olhos.

Mordeu os lábios e suspirou, deitando-se na cama com os pensamentos praticamente fervendo na cabeça. Olhou para o teto, perdendo-se nos cristais do lustre que havia acima da cama. Eles brilhavam com o reflexo da claridade que entrava pela janela aberta e Ada adorava as sombras que apareciam pelo quarto. Quando era pequena adorava fingir que estava numa festa de "gente grande" ao ver as sombras moverem-se pelo quarto quando havia vento e o lustre balançava.

Pegou o celular, depois de longos segundos de hesitação, e respondeu:

"Podemos sair depois da sessão de fotos, no sábado, o que acha?"

A resposta veio tão rápido que Ada começou a ficar preocupada, especialmente porque não sabia o quanto Julian lhe admirava e nem se ele lhe admirava pelos motivos certos ou só queria sexo. Gemeu com receio ao ler:

"Combinado! Vou escolher um lugar especial para irmos, confie em mim".

Podia apostar que no mesmo momento ele estava mandando mensagens para Marc, perguntando onde ficava o restaurante mais caro e chique da cidade. Riu com o pensamento, mas logo a angústia voltou ao seu peito. Sempre havia aquela cobrança, aquela pressão e aquela dúvida quanto aos encontros que tinha. Não suportava fingir que gostava de um cara apenas para não decepcioná-lo, mas, mais do que isso, lhe irritava quando eles tentavam mais do que estava disposta a fazer ou insistiam para darem o "próximo passo", como se o sexo fosse um ritual e uma necessidade básica no relacionamento. Aquilo lhe deixava frustrada principalmente porque preferia uma boa conversa ou uma saída a lugares novos.

Entretanto, sempre havia aquela cobrança sutil de seu subconsciente, avisando-lhe que nunca daria certo, porque os homens com quem saía estavam apenas esperando o "principal", que, para eles, era o sexo.

Olhou para a foto de Julian no chat de mensagens e suspirou. Ele era realmente bonito, mesmo que na foto aparecesse com um boné e um cigarro na boca. Gargalhou ao ver a selfie dele.

Entrou em seu perfil nas redes sociais e ficou vendo suas fotos. Sua favorita era uma em que aparecia em frente a um mar azul piscina. O sol refletia em sua pele dourada e bronzeada.

Quando olhou para o relógio, resolveu que era hora de escolher uma roupa para a saída com Archie. O achava muito simpático e corajoso por namorar com Marc. Além disso, adorava sair para comprar roupas e dar dicas de moda, portanto a saída seria boa para espairecer. Não gostava de sair com Natalie, pois os gostos da amiga eram bem mais fora de órbita do que os de Marc, ao ponto de comprar roupas que nem haviam sido lançadas ainda.

_____

A entrevista havia ocorrido de maneira tranquila. O entrevistador, Fernando, lhe fez perguntas sobre o ambiente de trabalho ideal e Marc mentiu sobre adorar trabalhar em grupo. Depois fizeram um tour pela empresa, que era gigante e possuía laboratórios para experimentação, escritórios, departamento financeiro e, claro, a fábrica de produção dos polímeros, que ficava um pouco mais afastada da sede principal. Enquanto caminhavam por ali recebeu alguns olhares, mas os ignorou, sem saber se a razão deles era porque possivelmente seria contratado ou por causa da sua expressão facial (que não agradava muitas pessoas).

Ao perguntar mais informações sobre a vaga descobriu que ganharia o dobro do que ganhava no trabalho atual, teria gratificações e oportunidade de subir na hierarquia da empresa, além de o horário ser o mesmo que já fazia. Ao se despedir, com um aperto de mãos, o entrevistador lhe disse que haviam poucas pessoas qualificadas para o trabalho e que com certeza ele receberia uma resposta ainda no mesmo dia.

Quando já estava na rua, acendendo um cigarro, Marc lembrou-se que havia esquecido de perguntar sobre quem havia lhe indicado. Xingou-se baixinho por aquilo, mas disse a si mesmo que esperaria a resposta da empresa.

Tragou profundamente a droga e, com irritação, pegou o guarda-chuva preto que carregava, odiando a chuva que tinha recomeçado há poucos minutos. Estava torcendo para realmente conseguir aquele emprego.

Valia a pena mudar de trabalho, até porque não estava gostando de onde trabalhava. Todos no emprego atual lhe pareciam extremamente falsos e entediantes; contavam suas histórias de vida para os colegas como se alguém se importasse, como se quisessem aprovação, para se mostrarem superiores e aquilo lhe irritava profundamente. Por isso, evitava ao máximo socializar com eles; recusava convites para festas, não falava sobre sua vida pessoal e fingia não ver certos olhares que algumas colegas lhe davam.

Sabia que falavam sobre si quando não estava, pois o que poderia ser pior do que não ter alguém sobre quem fofocar? Não estava ali para fazer amigos, mas para trabalhar. Entretanto, seu emprego não lhe dava felicidade. Era hora de mudar.

Terminou o cigarro e apagou-o na lixeira. Revirou os olhos com um risinho ao lembrar das palavras de Archie sobre jogar o lixo no lixo. E foi o que fez, checou para ver se o cigarro estava mesmo apagado, com medo de causar um incêndio, e colocou a bituca na lixeira. Abriu o guarda-chuva e caminhou até o carro, sentindo-se otimista e confiante. Mas como permanecer confiante quando seus pensamentos mudavam de rumo tão rapidamente, ansiosos por lhe mostrar as partes problemáticas e mal resolvidas da própria vida?

_____

Finn distribuiu os beijos pelo pescoço do namorado. Leonard tentou não pensar em Ethan, mais especificamente no quão irritado estava com a volta dele, mas foi inútil. Será que poderia fazê-lo desistir de seus joguinhos? Os dedos de Finn, subindo por seu abdômen de maneira delicada, não eram suficientes para afastar suas perguntas sobre o ex.

Estava um pouco zonzo com aqueles toques de Finn. Talvez estivesse muito ansioso e nervoso para senti-los por completo. Desejou que ele fizesse tudo com mais força, para desviar seus pensamentos de Ethan, e perguntou-se como ele reagiria se pedisse. Decidiu arriscar.

━Finn...

━Sim? -o loiro afastou-se e Leonard admirou seu rosto vermelho e os cabelos loiros encaracolados, bagunçados pelos seus dedos

━Se importa de fazer com mais força?

━Mais força? -ele franziu o cenho, confuso, e Leonard envergonhou-se de ter pedido

━Esqueça, continue.

E ele continuou beijando-lhe o pescoço, apertando-lhe com carinho e segurando sua nuca enquanto desabotoava sua calça jeans. Leonard então teve uma ideia. Empurrou Finn com força para encostar-se na parede e mordiscou seus lábios com prazer, de olhos abertos, pois não queria perder nenhuma reação dele.

O loiro resmungou, mas gostou daquela atitude diferente. Leonard então virou-o e o obrigou a encostar o rosto da parede fria. Finn logo sentiu as mãos dele apertarem seu quadril e puxarem suas mãos para trás, segurando-as nas suas costas. A respiração dele estava em sua nuca e sentiu sua ereção roçar nas suas calças.

━Leonard, o que deu em você? -perguntou, sorrindo e, subitamente, o asiático largou-o

Finn virou-se, sem entender, mas ao olhar para a expressão confusa e perdida do namorado, soube que havia algo errado.

━Não estou conseguindo me concentrar. -o asiático coçou a cabeça e mordeu os lábios

O loiro teve uma ideia. Puxou-o pela mão até o sofá da sala e empurrou-o delicadamente para sentar-se. Quando ele o fez, ajoelhou-se na sua frente e sorriu com timidez, apoiando as mãos em suas coxas.

━Vou te ajudar a relaxar.

Leonard sorriu, com pouca confiança, e apertou o pulso do loiro, incentivando-o a prosseguir. No entanto, sua mente divagou para outros lados, cogitando hipóteses e ações que poderiam ser concretizadas para afastar Ethan de suas vidas.

Seu zíper foi aberto e, sem delongas Finn abaixou sua cueca, revelando seu membro murcho. Ele tocou-o várias vezes, massageando-o, sentindo a textura e, quando abaixou-se para colocá-lo na boca, Leonard não conseguiu olhá-lo.

O namorado perdeu tantos minutos tentando fazê-lo ficar excitado que ficou com vergonha depois de um tempo. Colocou as mãos em seus ombros, obrigando-o a parar e segurou seu rosto com carinho.

━Desculpe, acho que não consigo.

━Tudo bem. -Finn sorriu fracamente

O asiático beijou-o nos lábios rapidamente e perguntou:

━Quer que eu faça em você? -arqueou as sobrancelhas, olhando para a ereção dele que despontava na calça de moletom

━Não, já vai passar -murmurou.- Vou ao banheiro.

Quando ele caminhou até o outro cômodo, Leonard enterrou o rosto nas mãos. Estava sentindo-se extremamente envergonhado quando recebeu uma mensagem de um número desconhecido. Adivinhou de quem era no mesmo momento.

"Oi, Leo, saudades de mim? Aposto que o seu namorado não sabe fazer como eu fazia... Ainda posso fazer, se quiser."

Ele estava online e, em seguida, recebeu uma foto de Ethan em uma praia paradisíaca. Ele estava nu. Mordeu os lábios ao vê-lo e, no mesmo momento, Finn voltou do banheiro e acomodou-se ao seu lado, enroscado em seu corpo. Empurrou o celular para o outro lado do sofá.

Finn riu e olhou-o, sem entender.

━Foi só eu sair que você ficou assim? -apontou para o meio de suas calças

Leonard quase xingou-se ao ver o modo como o corpo havia reagido ao apenas ver uma foto. Sentiu-se sujo e culpado em seguida.

━Finn, se importa se eu for a empresa agora, levar os papéis que arrumamos nas caixas?

━Agora? -Finn arqueou as sobrancelhas

━Quero contratar uma empresa que ofereça coquetéis de inauguração e agendar uma data para começarmos a trabalhar.

━Tudo bem... -Finn falou, um pouco decepcionado

A verdade era que Leonard precisava de um pouco de tempo sozinho e concentrar-se no trabalho lhe ajudaria a colocar os pensamentos no lugar. No entanto, não era só nisso que precisava fazer, pois o aniversário de Finn estava próximo e queria organizar uma surpresa legal para o namorado. Mas eram tantas coisas na sua cabeça que duvidava que conseguiria fazer tudo em tão pouco tempo.

━Quando eu voltar podemos assistir a um filme.

Levantou-se, beijou-lhe na testa e saiu rapidamente.

Finn desligou a TV, sem vontade de assistir nada sozinho. De repente a casa pareceu vazia demais e quis ter alguém com quem conversar. Olhou para o claviculário e decidiu ir até o píer caminhar e tentar acalmar seus pensamentos.

Leonard tinha se mostrado desconfortável, minutos atrás. Sentiu-se ridículo por não ter conseguido fazer o que ele havia pedido. E por não tê-lo feito sentir prazer.

O rosto esquentou de vergonha ao imaginar que talvez ele estivesse sem paciência para sua inexperiência. Não podia ficar ali com seus pensamentos. Pegou a chave da moto, o capacete e decidiu ir até seu lugar favorito.

_____

Marc estava no trabalho há 3 horas e um e-mail do entrevistador já havia chegado, felicitando-o pelo emprego que acabara de conseguir. Deu um sorrisinho de canto ao ler as palavras dele, mas pensou que deveriam ter gostado mesmo da entrevista para decidirem tão rápido. Ou pessoas menos qualificadas estavam se candidatando ou a pessoa que havia lhe indicado era realmente influente.

Ao final da mensagem havia um pedido importante:

"O senhor poderia vir aqui na sexta-feira para conversar com o seu novo chefe?"

Respondeu prontamente, confirmando o pedido. Daria o aviso prévio e pediria a demissão naquele mesmo dia. Até sexta-feira, arrumaria suas coisas e as levaria para a casa.

Então, sentindo-se alegre, começou a arrumar as coisas para ir embora daquele lugar do qual não gostava nem um pouco. Em seguida enviou um e-mail ao chefe, avisando-o da partida.

Colocou tudo em caixas que havia achado por ali nos armários, inclusive um porta-retrato que continha uma foto sua ao lado de Archie em uma praia paradisíaca. Sorriu ao guardá-la com cuidado, lembrando-se do quão bonito ele havia ficado com uma camisa de botões de estampa floral, bastante praiana, que havia lhe dado.

Haviam aproveitado tão bem aquelas férias, antes de irem para a casa de praia (e lá também)... Mordeu os lábios enquanto jogava algumas coisas na caixa sem pensar direito, perdido nas lembranças. Tinham ido a cassinos, visitado zoológicos... Haviam tirado inúmeras fotos, quer dizer, Marc havia tirado, pois Archie não queria aparecer. Contentou-se em tirar fotos dele espontâneas, sem que soubesse.

O celular vibrou no bolso da calça e pegou-o rapidamente, lendo a mensagem que a mãe havia mandado.

"Marc, gostaria que viesse aqui em casa. Desculpe por sábado. Há algo que preciso te contar."

Respirou fundo e fechou os olhos, tentando controlar sua irritação. Será que a mãe não percebia que queria espaço e tempo para pensar? O pai não havia lhe contado sobre a conversa que haviam tipo, imaginou, pois era a única explicação para o recebimento daquela mensagem. Sem respondê-la, mas sabendo que iria até a casa deles eventualmente, pois havia feito uma promessa ao pai, saiu daquele lugar, levando a caixa embaixo dos braços. Outro ciclo se fechava em sua vida.

_____

A loja era pequena, tinha cheiro de chiclete e suas prateleiras e araras possuíam luzes de led em tubo à volta, a maioria na cor rosa. Roupas coloridas estavam distribuídas dobradas ou penduradas. Os tons pastéis de algumas peças neutralizavam as cores mais neons espalhadas por todo o ambiente.

Os preços das etiquetas não eram tão altos como os preços das lojas que o namorado frequentava, mas também não eram baratos. Archie escolheu várias peças de tricô, com estampas bonitas e outras com desenhos fofos. Quando olhou para a sacola plástica rosa, onde colocou todas roupas que tinha gostado, mordeu os lábios ao ver a quantidade de peças ali contida. Mas Marc havia lhe dado um cartão para isso, não?

Quando lhe disse, no dia anterior, após o jantar na casa de Leonard, que sairia para fazer compras com Ada, ele pareceu lembrar-se de algo. Subiu as escadas, entrou na sala de lazer e voltou com um envelope. Archie olhou-o sem entender, mas pegou o papel.

━É um cartão de crédito. Pedi há um tempo e chegou esses dias, mas esqueci de te dar.

━Marc... -apertou os lábios e Marc revirou os olhos

━O limite é alto.

━Alto quanto? -arqueou as sobrancelhas com receio enquanto abria o envelope

━Muito alto.

━Você não precisava... O aluguel da minha casa me dá dinheiro suficiente para comprar minhas coisas.

━Archie, eu sei que não é suficiente.

Seu rosto ficou vermelho e quente instantaneamente. Ele não tinha falado com ironia, mas seriamente. Portanto, respirou fundo e pegou o cartão dourado entre os dedos. Na frente leu seu nome.

E agora ali estava, prestes a gastar bastante dinheiro na sua primeira compra com seu cartão de crédito. Seu orgulho havia ficado um pouco ferido, pois era como se fosse sustentado por Marc (e realmente era), mas não podia fazer nada por enquanto, ao menos não enquanto não inaugurasse a cafeteria.

Ada percebeu a expressão constrangida de Archie e passou um braço por seu ombro, levando-o em direção ao provador.

━As cabines são pequenas e poucas, por isso não são separadas por gênero. Hoje eu vou fazer vários looks com as roupas que você escolheu.

━Eu vou ser seu modelo?

━Modelo e cobaia.

Ada usava um perfume com cheiro de banana que era adocicado e combinava perfeitamente com sua blusa branca com listras amarelas e com seu all star amarelo. A jardineira jean curta que ela vestia e os brincos redondos e amarelos a deixavam parecida com uma cantora pop fashion. Os olhares que recebia eram um misto de choque e admiração.

Quando Archie entrou na cabine ela logo vasculhou a bolsa rosa dele e escolheu um cardigan azul bebê, uma camiseta azul-clara e uma calça jeans skinny azul. A outra combinação foi um suéter rosa pastel de tricô e uma calça cáqui bege. Mas Archie gostou mais do suéter amarelo de cashmere com morangos bordados no peito, que ela combinou com uma calça jeans cropped azul que tinha as barras dobradas.

Depois escolheu alguns moletons claros e mais suéteres (pois eram suas peças favoritas). Foi quando Ada sorriu, colocou as mãos na cintura e arqueou suas sobrancelhas bem delineadas.

━Você só comprou peças usuais, Archiezinho.

━São as que eu gosto... -murmurou

A amiga riu, colocou as mãos em seus ombros e o empurrou até uma arara... diferente. As roupas ali contidas eram mais elegantes, escuras e destoavam de todo o resto da loja.

━Quero que você pegue um blazer, uma jaqueta e uma camisa.

Archie aceitou o desafio. Escolheu um blazer slim bordô, uma jaqueta com gola alta verde-militar e uma camisa preta com botões dourados.

━Ótimo! São peças essenciais para qualquer pessoa. Elas combinam com tudo.

━Combinam com Marc.

━É verdade. Archie, você precisa comprar roupas mais alegre para ele. Marc sempre usa tons escuros.

━Também acho.

Pagaram as roupas no caixa, onde uma atendente com um batom rosa neon os atendeu com simpatia. Quando Archie olhou para o total da compra, tentou fingir não estar chocado e preocupado. Pegou o cartão da carteira com nervosismo e, quando digitou a senha, mordeu os lábios. O limite era "muito alto", como Marc havia dito, mas a compra também tinha dado um valor grande.

A transação foi aprovada e, com um suspiro, esperou a amiga pagar suas roupas. Quando ela terminou, Ada colocou um óculos de sol com lente azul e lhe perguntou:

━Que tal irmos comer um docinho?

O sorriso de Archie alargou-se e o de Ada também.

━Eu sempre estou disposto a comer um doce. -falou, rindo

Ela entrelaçou um braço no seu e partiram em direção à rua. Ada conhecia aquela parte da cidade, então Archie deixou-se guiar. Por onde passava as pessoas os olhavam e alguns a reconheciam. Percebeu que alguns transeuntes tiraram fotos, mas Ada não pareceu ligar.

Notou que os óculos que Ada usava serviam mais para esconder seu rosto do que para proteger-lhe do sol, pois o dia estava nublado após a chuva.

Tropeçou quando Ada lhe puxou para dentro de um estabelecimento quase escondido. Quando entraram, reparou que estavam em uma "bolaria", um lugar cuja vitrine estava recheada de bolos, tortas e doces. Não havia ninguém ali dentro exceto o atendente. Sua expressão boquiaberta e maravilhada fez Ada sorrir e ela lhe puxou pela mão até o balcão principal.

━Ada, seja bem-vinda! -o atendente disse, a reconhecendo

━Oi, Kevin! Como você está?

━Tudo certo.

━Muito movimento?

━Hoje não.

━Então eu vou ajudar vocês. -ela tirou o celular do bolso, que tinha uma capinha rosa de glitter, e começou a tirar fotos do ambiente e dos doces. Em seguida postou algumas em suas redes sociais e guardou o eletrônico.

━Puxa, assim meu chefe vai te pagar para comer aqui.

━Diga a ele que estou esperando um bolo grátis.

━Pode deixar. -ele sorriu- E o que vai pedir hoje? O de sempre?

━Hmmm... -Ada mordeu os lábios, tamborilando os dedos no vidro da vitrine- Sim, o de sempre.

━Milkshake de chocolate, panquecas americanas com calda de caramelo e um cupcake de morango.

Archie fez uma careta para o pedido. Era muito para quem era tão magra e desfilava algumas vezes. Mas não podia julgá-la, pois também comia bastante e não engordava.

━E seu amigo, como se chama?

━Archie -respondeu

━Archie, o que vai querer?

━Eu...

Teve vontade de pedir um doce de cada, de tão bonitos e coloridos que eram.

━Vou querer dois profiteroles, -leu o nome dos doces nas plaquinhas de cada um- um donut recheado com caramelo e um cupcake de morango. E um mocaccino grande.

━Escolham uma mesa e eu já levo para vocês.

━Obrigado, Kevin! -Ada piscou e caminhou em direção à mesa perto da janela

As sacolas estavam aos seus pés e, após conversarem sobre o clima, as roupas que tinham comprado e o ambiente onde estavam, Archie lhe perguntou, com curiosidade:

━Por que fez engenharia?

━Porque eu quis fazer algo que desse dinheiro. Não valia a pena cursar algo só pelo lucro que eu teria depois, sem amar o curso. Por isso eu mudei de curso e acabei não me formando em engenharia.

━Sério? -Archie não sabia daquela informação. Marc falava pouco dos amigos e acabava não perguntando.

━Sim. Agora estou cursando moda.

━Combina mais com você.

━Também acho.

Em seguida seus pedidos chegaram. Kevin trouxe primeiro o de Ada e depois o de Archie, pois ambos não cabiam na bandeja. A mesa ficou cheia e quase não conseguiram espaço para tudo.

Ada compartilhou um pouco do seu milkshake com Archie e, conforme foram comendo, deliciando-se com os doces, trocaram pedaços e mordidas. Ela sempre pedia a mesma coisa, portanto queria provar algo diferente.

━Eu sempre dou azar quando peço algo novo. Nunca gosto, por isso sempre peço o mesmo. Mas esse donut está incrível!

Archie adorou o fato de ela não ligar para o monte de comida que havia pedido. Se fosse Marc ele lhe olharia, icrédulo, e diria que precisava parar de comer tantos doces. Mas ao final ficaria feliz ao vê-lo comer tudo.

━Você pensa em fazer outro curso? Depois que se formar?

━Sim, de marketing. Acho que é essencial para quem tem contas conhecidas nas redes sociais. Mas e você, Archiezinho, pensa em fazer uma faculdade?

Se estivesse entre os amigos antigos de Marc e se ainda estivessem no início do relacionamento aquela pergunta teria sido feita de forma maldosa. Entretanto, Ada comeu seu cupcake e sujou o lábio em seguida, fazendo uma careta. Em seguida limpou a boca e olhou para Archie com atenção, esperando a resposta.

━É importante fazer um curso. -mexeu a colher no café com nervosismo- Terei que fechar a floricultura por conta do lucro pequeno, mas espero que a cafeteria prospere. Por isso pensei em fazer administração.

━Isso é ótimo. Te ajudaria a controlar seu negócio. Mas é isso mesmo que você quer? É um curso que te agrada?

Archie pensou nas plantas, nos doces que estavam comendo e perguntou-se se não seria bom aprender a fazê-los. Era algo que conseguia se imaginar fazendo: doces. Mas mesmo assim, um curso de confeitaria não era uma faculdade. Se optasse por fazê-lo continuaria sem um diploma.

━Eu gostaria de fazer doces. -murmurou

━Tem muitos cursos de confeitaria na cidade, acho uma ideia perfeita para você.

━Mas mesmo assim acho que preciso de algo mais concreto.

━Sempre há a possibilidade de fazer uma faculdade à distância.

Olhou para Ada boquiaberto. Não havia pensado naquilo. Poderia fazer uma faculdade à distância, com poucos créditos por semestre, assim conseguiria tempo para tudo, para Marc, para a cafeteria e para si.

━É verdade, à distância seria ótimo.

━Falando em distância, eu adorei ir para a praia com vocês. Precisamos marcar mais viagens. Da próxima vez podemos ir para a minha fazenda.

━Você tem uma fazenda? -arregalou os olhos

━Tenho. Gosto de cuidar das cabras que nascem, elas são muito fofas. E de andar a cavalo.

━Que legal! É difícil andar a cavalo?

━Não, é moleza. Nossa próxima saída será na fazenda então. Vou separar a égua mais bonitinha para você.

━E mansa, por favor.

━A mais querida que eu tiver. Vou separar o cavalo mais arredio para Marc, assim ele recebe umas patadas.

Archie riu ao imaginar aquela cena.

Nunca sequer havia estado perto de um cavalo, mas imaginar-se em cima de um, com o vento no rosto, em meio a natureza era bom o bastante para fazê-lo ansiar por aquela viagem.

━Está decidido então. Vamos Marc, eu, Julian e você.

━Falando no Julian, percebi que ele gosta de você. -Archie falou- Não que ele tenha me contado, eu só deduzi pelo jeito como te olha.

Ada desviou o olhar, com as bochechas vermelhas, e deu um sorriso fraco.

━Eu também gosto dele.

Comeu as suas panquecas, cortando-as em pequenos pedaços. O caramelo escorreu pelo prato. Archie comeu o profiteroles devagar, saboreando cada mordida. Sua barriga já começava a doer por conta do açúcar.

━Você ficaria com ele? Ou já ficou? Desculpe se eu estiver me intrometendo. -acrescentou

━Imagina, Arch. -ela sorriu e balançou a cabeça- É complicado. Julian é... -mordeu os lábios- O problema não é ele.

Ada suspirou, apertou as mãos e largou os talheres. Relaxou os ombros e apoiou a mão na testa. Nunca havia falado sobre como se sentia com relação a relacionamentos para ninguém. Não podia falar para Natalie pois ela lhe olharia como se fosse estranha, não entenderia. Mas ao olhar a expressão simpática de Archie sentiu vontade de contar-lhe tudo.

━Posso ajudar, de alguma forma?

━É que... Talvez Julian queira um outro tipo de relacionamento.

━Como o meu e de Marc?

Ada fechou os olhos e limpou a boca no guardanapo, rindo com nervosismo.

━Não. Talvez ele queira um relacionamento sexual.

━E você não quer?

Notou curiosidade e não julgamento na voz de Archie e quis abraçá-lo por ser tão compreensivo. Ele não estava lhe julgando, apenas tentando entender.

━Não. Eu não quero.

━Isso é normal. É só estabelecer os seus limites então.

Archie sorriu e voltou a comer. Em seguida tentou imaginar sua vida sem sexo. O namoro com Marc era extremamente sexual, portanto, nao poderiam ficar juntos se um dos dois não quisesse aquela parte da relação. Ele havia sido seu primeiro namorado, sua primeira transa... Tentou imaginar como seria não sentir aquela vontade borbulhante e o frio na barriga toda vez que o olhava, mas não conseguiu.

━Você pode tentar falar para ele. Julian é um cara legal, ele vai entender. -acrescentou

━Se você soubesse o monte de caras legais com quem eu saí que se mostraram ridículos no final... -ela suspirou com tristeza

Continuaram comendo seus doces, felizes pela intimidade recém criada. Ada era uma pessoa fácil de lidar e Archie também. Suas personalidades combinavam e, por isso, a amizade entre ambos era certa.

_____

O silêncio era bom para planejar. Surpreendeu-se ao perceber o quão produtivo já havia sido. Eram quase 16 horas e já havia decidido a data de inauguração: quarta-feira à noite. Enviou e-mails para várias empresas especializadas em festas de inauguração e terminou contratando uma conhecida e bem avaliada. Em seguida preparou uma lista de convidados (seus clientes mais fiéis e alguns clientes em potencial) e enviou para a empresa. O resto era com eles.

Então começou a pensar no que faria para Finn. Rabiscou num bloco suas ideias e coisas que Finn gostava: cálculos, café, cozinhar, sua moto, ler e quietude. Poderia fazer um encontro surpresa na cafeteria de Archie! O amigo com certeza gostaria da ideia. E poderia comprar um bolo temático de café! Anotou tudo com um sorriso no rosto, num rompante criativo, imaginando os olhos azuis alegres dele ao descobrir a surpresa.

E o que poderia dar-lhe de presente? Mordeu os lábios ao pensar. Finn gostava de coisas simples e artesanais. E se encomendasse dois suéteres iguais, um para si e outro para ele? Ou comprasse uma caixa bonita e enchesse de fotos, escrevesse cartas e decorasse? A cada ideia sua mão movia-se com mais rapidez sobre o papel.

Estava tão entretido com as possibilidades que deu um pulo quando a campainha da empresa tocou pela primeira vez.

_____

O píer estava vazio e Finn gostou de ouvir os pássaros piando alto enquanto se escondiam em suas árvores. O sol podia ser visto parcialmente no horizonte, refletido na água escura: fraco, escondido e pronto para despedir-se de mais um dia. Aproveitou que não havia ninguém na plataforma e caminhou até a beirada. Quando ali chegou, sentou-se. Os tênis quase encostaram na água.

O vento tocou-lhe gentilmente no rosto, levantando alguns cachos de seus cabelos loiros. Quem o olhasse de longe pensaria que era um ser de outro mundo, pois parecia um anjo.

Apoiou as mãos atrás de si e ficou observando as nuvens no céu cinza. Quando era criança adorava adivinhar com o que cada uma delas se pareciam. Anos atrás, num entardecer nublado como o que olhava, estava na casa de alguns amigos e amigas do ensino médio...

Olhou de um amigo para o outro, observando-os conversar. Estava sentado na cama, no quarto do anfitrião, conversando (ou tentando conversar) com todos ali. Arrependeu-se de ter aceitado o convite naquele momento. Talvez tivessem lhe convidado apenas por pena. O anfitrião não pareceu tão feliz assim por lhe ver quando chegou.

Pela janela do quarto um vento frio fez seu corpo inteiro arrepiar. O céu nublado estava quase tornando-se escuro, abraçando mais uma noite que chegava.

Todos estavam conversando em grupos ou em duplas, rindo, fumando e bebendo. O que fazia ali? Sentiu-se deslocado naquele ambiente. Quis sair dali, ir embora, mas sentia falta das poucas amizades que tinha.

Sentia-se sozinho na maior parte do tempo, pois os pais eram mais velhos e não entendiam sua solidão, nem por qual motivo não saía ou viajava com os ex-colegas da escola. Não era à toa que tinha passado boa parte da infância criando amigos imaginários.

E os amigos que tinha estavam ali naquela sala, lhe ignorando.

Suspirou com frustração e fechou a jaqueta jeans fina que vestia. Continuou com frio mesmo assim.

━Finn?

Um garoto aproximou-se com um copo na mão. Ele tinha cabelos castanhos e olhos cor de mel. Finn o reconheceu como um dos amigos de ensino médio e o cumprimentou.

━Como vai?

━Tudo bem.

━Não parece bem. Por que está aqui no canto? -fez uma careta

━Estou com frio -sorriu sem vontade.

━Não quer ir à cozinha? Estamos conversando lá.

Finn assentiu e o seguiu. A casa não era muito grande, mas era bem decorada, reparou enquanto caminhava pelo corredor principal.

Quando chegaram na cozinha, cumprimentou um grupo de amigos que conversava e entrou na roda. Eles continuaram conversando como se não estivesse ali e não fizeram questão de incluí-lo. Fazia parte do grupo de amigos deles nas redes sociais, mas era o único que esforçava-se para marcar algo. Geralmente era ignorado ou tinha seu convite recusado.

━Você não bebe, Finn? -uma das garotas perguntou

━Bebo, mas não gosto muito. -murmurou

Ela lhe deu um sorrisinho sarcástico e continuou conversando. ra sempre visto como careta por não fumar, não gostar tanto assim de beber e por não ter tido tantas experiências sexuais. Finn ficou vermelho e afastou-se do grupo.

Decidiu ir ao banheiro e, conforme caminhava, parou antes da porta do quarto onde estava momentos atrás, ao ouvir seu nome.

━Vocês não acham o Finn estranho?

━Ele é quieto apenas.

━Mas ele é chato.

━Acho que é timidez.

━Gente, ele é muito sem graça. Parece que nao tem personalidade. Está sempre sorrindo.

━Eu acho ele legal.

━Nao sei nem por que está aqui. Vocês insistiram em convidar. Nosso grupo é bem melhor sem ele.

O coração de Finn acelerou e apertou de tristeza. Já estava acostumado, mas mesmo assim era difícil ouvir. Estava dando aulas particulares e os alunos pareciam gostar de seu jeito, não sabia por que os amigos não o aceitavam como era.

Foi ao banheiro, lavou o rosto e olhou-se no espelho. Não iria chorar. Mas fingir que aquilo não lhe magoava e sentir-se deslocado do grupo de amigos era difícil. Havia dito para si mesmo que talvez eles tivessem mais intimidade entre eles, mas eles se conheciam há menos tempo, como podia?

Via suas fotos em festas, saídas para as quais não lhe convidavam e continuava dizendo a si mesmo que talvez eles fossem mais entrosados, que estava tudo bem. Quando surgia algum assunto no grupo eles conversavam sobre coisas sobre as quais não sabia ou não conhecia e era sempre deixado de fora.

Resolveu ir embora sem despedir-se.

Quando chegou em casa e entrou no grupo para ler as mensagens passadas, percebeu que era o único membro. Todos os outros haviam saído. Percebeu que não tinha mais ninguém e, mesmo que não quisesse, acabou chorando a noite toda por amigos que nunca haviam gostado de si.

_____

Como ele havia descoberto o endereço da empresa? Quando abriu a porta, com o rosto retorcido de raiva, quase mudou o semblante ao vê-lo com uma caixa em mãos. Passou as mãos pelos cabelos com frustração ao descobrir que havia apenas copiado a ideia para o presente de Finn do ex-namorado, inconscientemente.

━Como encontrou esse endereço?

━Sua mãe me deu. Você sabe como ela me amava. Passei por sua casa, mas você não estava lá.

━E você falou com Finn? -arregalou os olhos, irritado por ter de perguntar aquilo

━Ele também não estava lá.

━Ainda bem. Você gosta de machucar os outros, não é? -viu o sorrisinho dele crescer e bufou- Nunca teve nenhuma responsabilidade com suas palavras. Finn é o melhor namorado que eu tive. Já eu e você terminamos há anos, por que não me deixa em paz?

━Você sabe muito bem que não posso, Leo. Você sempre vai ser meu favorito. -ele piscou e Leonard teve vontade de empurrá-lo

━Favorito entre seus amantes, com quem você se deitava sem eu saber enquanto namorávamos? -perguntou com o cenho franzido e o coração acelerado

Olhou para a caixa que ele tinha em mãos e Ethan a largou no chão, aos seus pés. Apoiou uma mão no batente da porta e aproximou-se do asiático de maneira ameaçadora. Leonard agora via, depois de anos após o término, que eram o oposto um do outro. Enquanto era alegre, extrovertido e engraçado, Ethan era provocador, manipulador e cínico. Como pôde ter se apaixonado por ele, há tantos anos?

Então sentiu o característico perfume masculino que ele usava, reparou no sorriso torto, nos dreads bem arrumados e no estilo moderno de suas roupas. A resposta para sua pergunta estava ali. Apertou a mão na maçaneta da porta, querendo fechá-la na cara dele.

━Desde quando você é tão atrevido assim? -Ethan quase gritou

Leonard encolheu-se com aquele tom, surpreso demais para retrucar. Odiou cada arrepio que percorreu seus braços, sentiu nojo do próprio corpo por um dia ter gostado daquele comportamento e, pior, por ainda ter aquela reação.

Ethan mostrou uma expressão maliciosa que lhe fez estremecer e prendeu a respiração quando ele aproximou-se ainda mais. Sentiu calor em seu pescoço, os olhos dele devoraram cada centímetro de seu corpo, viu os dentes dele rasparem nos lábios carnudos, mordendo-os... E estremeceu. Afrouxou o aperto na maçaneta. As pernas ficaram bambas. Ele estava perigosamente perto.

━Se não sentisse nada por mim não estaria me olhando com essa cara tão irresistível. Gostou da foto que eu te mandei? -arqueou uma sobrancelhas- Esse pode ser nosso segredinho, o que acha?

Leonard fechou os olhos, tentando raciocinar e deu um passo para trás, balançando a cabeça. Olhou-o com mágoa no olhar. Engoliu em seco e encarou os próprios pés, se achando ridículo por mostrar-se tão fraco.

Ethan deu um passo para frente, como um predador, e ajeitou os dreads que caíam como uma franja pela lateral de sua cabeça.

Os olhos negros lhe encararam com luxúria, uma vontade que Leonard conhecia bem, algo do qual sentia falta, mesmo que inconscientemente. Quis afastar-se, fugir dali, fingir que nunca haviam tido um relacionamento, mas então ele tocou-lhe na cintura. E apertou os dedos ali. E puxou-o para si. Os abdomens se encostaram e Leonard enrijeceu. Os arrepios por seu corpo foram tão eletrizantes que esquentou como se estivesse com febre.

━Ethan, por favor, vá embora. -pediu baixinho, incapaz de olhá-lo tão de perto. Estava zonzo.

━Eu não sou uma assombração, pode me olhar. E além do mais, você não quer que eu vá embora. -sentiu a respiração dele em seu pescoço, as mãos em suas costas, massageando, apertando, machucando, beliscando... - Admita que sente falta disso.

Os dedos dele brincaram na barra de sua camisa, tirando-a para fora da calça. Em seguida subiram por baixo do tecido e apertaram seu mamilo esquerdo, fazendo-o encolher-se e estremecer. Mordeu os lábios com irritação.

O contraste entre as peles, que Leonard sempre havia achado tão bonito, somado ao calor conhecido do corpo de Ethan, obrigaram Leonard a virar o rosto, escapando daquele olhar ardiloso e daquela armadilha em forma de homem.

Ethan sabia como manipulá-lo. E era por isso que estava ali. Sabia que ele abriria uma empresa, pois havia perguntado para a mãe dele ao telefone e ela havia confirmado. Nada mais certeiro do que estar ali, não? Poderia ser o fotógrafo oficial da empresa e aproveitaria para transar com ele todos os dias naquele escritório. Mas antes precisava fazê-lo duvidar de seus sentimentos por aquele loiro ridículo.

━Você continua cheiroso. -murmurou, inspirando o odor perto do pescoço dele e fazendo-o se retorcer em seus braços, que formavam uma prisão a sua volta

Leonard respirou fundo e controlou-se, sabendo que estava louco de desejo. Não podia ceder. Não machucaria Finn daquela maneira. Precisou reunir toda sua sanidade mental para empurrá-lo.

━Vá embora. Agora. -O rosto estava quente e os olhos amendoados estavam vermelhos, sinal de que as lágrimas logo cairiam. Ethan suspirou com resignação.

━Você só está mentindo para ele, lá no fundo sabe disso. De qualquer maneira a empresa está muito bonita, se precisar de um fotógrafo sabe onde me encontrar. -retirou um cartão do bolso e o deixou em cima da caixa- Gosto de fazer um preço especial para pessoas especiais. -ele piscou daquele jeito charmoso e saiu pela porta da frente com passos largos, cantarolando como se estivesse feliz consigo mesmo

Leonard pegou a caixa, sem vontade alguma, fechou a porta e a chaveou. Sentou-se no sofá e deixou as lágrimas escorrerem. Chorou porque sabia que ele tinha razão: seu corpo havia lhe dito que sentia falta daqueles toques. Imaginar o semblante de Finn sorrindo e seus olhos azuis brilhando lhe fez chorar mais ainda. Como iria encará-lo na volta?

Minutos depois o rosto estava todo inchado e vermelho. Xingou-se por ser tão emotivo e olhou a sua volta, para o lugar que havia decorado e projetado. Pensou no rosto angelical dele, nos olhos azuis, na sua risada tímida e no jeito amoroso com que lhe beijava. Estava devastado demais para encontrá-lo. Iria para casa, só não sabia o que falaria. Nem como agiria.

Quis colocar a caixa no lixo, mas não o fez.

____

Os olhos de Archie se arregalaram ao checar o número de seguidores nas suas redes sociais. Ada havia tirado uma foto de seu lanche e lhe marcado. Depois, postou uma foto dos dois no provador da loja.

Observou o número de curtidas e de seguidores aumentar assustadoramente. Quando clicou na foto do provador, os comentários lhe fizeram sorrir. Vários diziam que era estiloso, bonito, fofo e delicado.

Ouviu um barulho na porta e logo ela abriu-se, revelando um Marc e um... Espelho. O sorriso no rosto de Archie logo morreu.

━Você perdeu a aposta na praia! -Archie retrucou, apontando para o objeto com o cenho franzido

━Não posso comprar um espelho que você já pensa em coisas sexuais? -deu-lhe um sorrisinho incrédulo, com as sobrancelhas arqueadas

Archie resmungou e levantou-se para ajudá-lo a fechar a porta e carregar o espelho até a sala.

━Como foi a entrevista?

━Eu consegui a vaga.

Archie sorriu, com uma expressão surpresa e abraçou-o pelos ombros. Beijou seus lábios, suas bochechas e entrelaçou as mãos em sua nuca, ficando na ponta dos pés para admirá-lo mais de perto. Marc relaxado e alegre era uma raridade de se ver, precisava guardar bem seu semblante na memória.

━Parabéns, você merece! O que te perguntaram na entrevista?

━Sobre minhas experiências profissionais e meus desejos para o futuro. O salário é o dobro. -sussurrou o ouvido de Archie e este arregalou os olhos- E o horário é o mesmo. Há possibilidade de subir na hierarquia da empresa.

━Isso é incrível demais!

Marc sorriu e abraçou-o pela cintura. Beijou seu pescoço, suas bochechas e subiu as mãos por dentro do suéter que ele vestia. Então afastou-se e arqueou as sobrancelhas.

━Seu passeio foi produtivo?

━Gostou do suéter? -Archie deu uma voltinha, rindo

━Rosa combina com você.

Marc pensou no quanto gostaria de arrancar aquela peça de roupa dele, por mais bonita que fosse.

━Podemos comemorar meu emprego novo amanhã à noite, o que acha?

━Ótima ideia! -Archie agarrou-se aos seus ombros e enfiou o rosto em sua jaqueta preta, que cheirava a cigarro

━Vou convidar Julian e Ada.

━Ada é um amor. Hoje eu comi bastante e ela pagou todo o meu lanche.

━Comeu doces, doces não são comidas de verdade, Archie.

━Como sabe que comi doces?

━Chutei.

━Não vai perguntar como foi a entrevista na cafeteria? -Archie riu ao provocá-lo e Marc suspirou

━Como foi?

━Entrevistei três candidatos e acho que já decidi quem contratar.

━Gostaria de conhecê-lo.

Claro que gostaria de conhecer o homem com quem Archie trabalharia. Precisava exercer dominância. Na verdade precisava deixar claro que não hesitaria em bater em alguém caso tentasse algo com seu namorado. Mas não diria aquilo em voz alta.

━Assim que eu decidir o nome da cafeteria. -Archie fez um biquinho e Marc controlou-se para não segurá-lo pelas bochechas

━Ótimo. Agora eu quero meu presente.

━Presente? -franziu o cenho, sem entender

━Presente por ter conseguido um emprego novo e melhor.

Só então Archie percebeu uma sacola pendurada no pulso de Marc. Ao ler o nome da loja, o rosto esquentou e colocou uma mão no rosto, envergonhado.

━O que você comprou dessa vez, Marc? -suspirou e pegou a sacola, abrindo-a em seguida

━Acertei na cor, não?

O olhar sádico percorreu seu rosto com malícia. Archie retirou a coleira e a guia de couro, ambas na cor rosa-bebê, da sacola. Dentro também havia umas tiras de couro, também rosas, que não entendeu. Mas ao pegá-las percebeu que elas envolveriam sua cintura e suas coxas.

━Vou tomar um banho bem longo no banheiro da suíte. Enquanto isso você pode se arrumar no outro banheiro.

Marc segurou seu rosto com ambas as mãos, deu uma piscadinha e subiu as escadas. Estava tão calmo e alegre que concentraria-se apenas em como fazer Archie gritar de prazer naquela noite.

━E o espelho?

━O espelho é decoração, Archie. Não seja tão pervertido.

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