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Eu não conseguia acreditar que estava vendo a Suzy na minha frente. A mais velha me abraçou com carinho e alisou meu cabelo como costumava fazer. Ela ainda estava tão bonita, nem parece que fazia dez anos que não a via. Quando a solto, ela sorri de forma amável e me observa:
— Como você cresceu! Está tão linda! Está cada dia mais parecida com sua mãe.
— Quanto tempo, achei que nunca mais veria você.
— Porquê não respondeu nenhuma das minhas cartas?
— Cartas? —Arqueio a sobrancelha e penso a respeito - Eu nunca recebi nenhuma carta sua.
— E porque está lavando as privadas? Isso é coisa daquela mulher não é?
— Está tudo bem, alguém precisava fazer isso. — Não queria marcar meu reencontro com Suzy dizendo meus infortúnios com minha madrasta.
— Qualquer um, menos você!
Então ela pega em meu pulso e começa a me puxar pra fora do banheiro. Eu digo para ela que estava tudo bem, mas ela continuava me puxando. Vocês devem estar se perguntando quem era ela e para isso precisamos voltar a anos atrás quando minha mãe ainda era viva.
Havia uma mulher chamada Bae Misuki que trabalhou para meus meus pais assim que construíram a mansão em que nasci. Misuki era uma mulher muito gentil e logo se tornou o braço direito de minha mãe. O problema é que Misuki tinha um marido extremamente violento que a agredia muito e um dia, quando foi trabalhar coberta de hematomas, minha mãe interviu e pagou os melhores advogados para prender o marido de sua funcionária. Misuki apesar de muito agradecida, não sabia como sustentaria ela e a filha que na época tinha apenas sete anos.
Foi quando meus pais convidaram Misuki para viver na mansão. Logo que Suzy chegou se tornou a menina de ouro pra minha mãe. Mamãe a ensinou a costurar e logo Suzy estava fazendo seus próprios vestidos. Quando nasci, Suzy já tinha quinze anos e estudava bastante pois queria ingressar na faculdade de moda. Quando mamãe faleceu, Suzy iria completar seus vinte anos e a perda foi tão grande que ela não conseguiu estudar devidamente e não ganhou a bolsa.
Meu pai insistiu para pagar a faculdade dela, mas a garota jamais aceitaria, pois ele já fazia a gentileza de permitir que ela e a mãe vivessem na mansão sem nenhum desconto no salário de Misuki. Então meu pai ofereceu o emprego de babá para Suzy que aceitou prontamente pois ela já era muito apegada a mim.
Com o dinheiro do salário mais uma ajuda de custo que Suzy só soube que meu pai pagava pra faculdade depois que ele faleceu, Suzy conseguiu se formar e seu emprego na Secret Garden já estava garantido. Ela se formou na mesma época que papai se casou com a broaca e uma das primeiras medidas que aquela mulher fez foi dispensar Misuki dizendo que se sentia desconfortável com uma empregada vivendo com eles.
Suzy mal havia ingressado na Secret Garden mas já mostrou que tinha a mesma visão da minha mãe e assumiu a posição de estilista chefe e logo depois diretora geral da marca. Kahi nunca gostou e sempre foi contra dizendo que Suzy queria na verdade o lugar do meu pai e este sempre batia na tecla que Suzy era como se fosse da família. Inclusive uma das maiores campanhas da Secret Garden que foi a primeira a parar na Paris Fashion Week foi totalmente desenvolvida e coordenada por Suzy.
Eu sempre me mantive próxima a Suzy, ela ia na mansão sempre que podia e me levava vestidos muito bonitos que ela fazia só pra mim. Me ensinou a costurar e disse que estava me preparando para assumir o legado da minha mãe. Quando papai adoeceu, Kahi assumiu o lugar dele na empresa e essa parte eu não sei bem o que aconteceu, mas parece que as duas só discutiam e nunca conseguiam entrar num consenso.
Quando meu pai faleceu, no outro dia Suzy pediu sua demissão. Foi um choque pois todos juravam que na falta de meu pai, seria ela que assumiria o manto de CEO enquanto eu ainda não tinha idade para isso. Muitos acharam que seria o fim da marca pois a Suzy tinha uma visão muito certeira na hora de criar as coleções e fazia questão de passar essa visão para todos os estilistas.
A última vez que a vi foi quando ela foi me visitar na mansão. Fazia pouco menos de um mês que meu pai faleceu e minha madrasta me mudou para um quarto menor nos fundos dizendo que o meu antigo quarto seria reformado, mais tarde eu saberia que essa reforma nunca aconteceu.
Suzy chegou trazendo uma sacola e eu estava deitada ainda deprimida na cama. Ela se sentou e alisou meu cabelo:
— Hey Happy Virus eu trouxe seu doce favorito, vamos comer?
Eu nem me movo na cama, continuo deitada e ela não desiste:
— Fiz três novos vestidos pra você e talvez eles fiquem largos mas é proposital pois quero que eles sirvam por muito tempo... Eu vim te contar que vou me mudar pra São Paulo.
— O quê? — Assim que ela diz, me sentei na cama e a observo incrédula — Você não pode me deixar também Suzy... O que vai ser de mim?
— Eu sei pequena, parece injusto mas apareceu uma oportunidade de emprego muito bacana lá. Vou desenvolver toda uma linha de roupas pra uma marca local e me ofereceram uma proposta de ganhos melhor e a minha mãe não tem andado muito bem então preciso de um bom salário para cuidar dela devidamente.
— Mas... você nem fala português?
— Mas meu inglês é impecável! Não se preocupe eu vou escrever para você e quando tiver seu celular, irei ligar todos os dias.
— Você vai voltar? — Eu sabia que seria injusto com ela se a insistisse que ficasse por minha causa, ainda mais considerando que ela e minha madrasta não se davam bem.
— Quando você assumir a Secret Garden voltarei pra você, é uma promessa.
Então ela me abraçou forte e alisou meu cabelo de um jeito que só ela sabia fazer...
E agora dez anos depois ali estava ela me puxando pelos corredores, eu estava muito longe de assumir a direção da Secret Garden e ainda sim voltou. Ela abriu a porta do salão principal onde os estilistas trabalhavam e caminhava fazendo barulhos com seu escarpan preto. Minha madrasta estava conversando com os estilistas e ela olha para a mesma com desdém. Yves e Olívia me encaram sem entender e eu juro que eu queria me jogar da janela:
— Suzy, vejo que já achou a sua velha amiga... — Kahi diz com frieza ao me ver. — Mas que bom que chegou. Eu estava preparando a equipe para recebê-la.
— Porquê Jiwoo estava esfregando uma privada? — Ela ignora todos os bons modos e os estilistas encaram em choque, ninguém ousava falar com Kahi daquela maneira.
— Bom... é a função dela no momento. Me pergunto porque a esta atrapalhando... Ainda não está no horário de descanso.
— Está me dizendo que a filha dos criadores da Secret Garden que deveria no mínimo ter uma posição na empresa é uma faxineira? O que está registrado em sua carteira?
— Isso não é assunto para discutirmos aqui Suzy. Por favor a solte e deixe que ela termine as suas funções. — A voz de Kahi saia calma mas eu podia ver que ela estava se remoendo em ódio por dentro.
— Jiwoo, como está assinado na sua carteira? — Suzy volta a sua atenção pra mim e eu engulo em seco.
Kahi me encara e eu sabia que estava ferrada se ousasse a enfrentá-la. Eu não queria enfrentar ninguém, fico feliz que Suzy queria me defender mas é melhor que as coisas fiquem assim. Por sorte a minha madrasta esqueceria da minha presença e me deixaria em paz pelo resto da semana se eu ficasse calada. Como não digo nada, Suzy prosseguiu:
— Eu não vou aceitar desvio de funções para nenhum funcionário seu. Como você mesmo disse em seu e-mail, precisa de mim pois minhas notórias habilidades serão de muito bom uso para esse novo passo que a Secret Garden vai dar. Então eu tenho uma nova condição. Jiwoo vai ser minha assistente pessoal enquanto estiver aqui.
— Creio que isso não será possível pois ela já é a assistente geral . — Kahi diz.
— Ótimo, então ela irá me ajudar também. A partir de hoje ela irá executar somente a sua função.
Kahi não gostou nada mas por fim concordou. Ainda de cara fechada apresentou Suzy para toda a equipe e descobri o quão bem sucedida ela se tornou. Ela não tinha uma marca própria, viajava pelo mundo desenvolvendo campanhas para as marcas mais prestigiadas do ramo. Suzy piscou para mim e no fundo eu não sabia como agradecê-la por me defender. Mas Kahi não deixaria isso barato e tive certeza disso quando ela me encarou com aquele olhar frio, eu tô ferrada.
Eu não tive como almoçar com as meninas porque a Suzy me alugou pelo resto da tarde. De acordo com ela, a mais velha escrevia várias cartas destinadas a mim e eu nunca vi nem suas cores. Ela já chegou a ligar até para minha madrasta algumas vezes onde ela afirmava sempre que eu tinha outros interesses agora e por isso não respondia as cartas. Não tivemos dúvidas que ela impediu nosso contato.
Suzy também me contou vários de seus feitos, o como se tornou bem sucedida e como é divertido trabalhar para tantas marcas. Me pergunto o porquê ela não quis a sua própria mas ela estava tão contente contando suas aventuras que percebi que talvez ela preferia assim.
A mais velha ficou revoltadissima quando soube que eu nunca ingressei na faculdade e quase não formei no ensino médio devido a todas as tarefas que eu tinha que fazer em casa e na empresa. Ela lamentou não ter voltado antes e eu disse que estava tudo bem, águas passadas não movem moinhos.
Quando cheguei em casa, Moon levantou num pulo do sofá e disse imediatamente:
— É verdade que a Suzy voltou? — Assentio e ela sorri, Moon também tinha memórias felizes com ela.
Quando Suzy era minha babá, ela brincava comigo e com a Moon. Todos os fins de semana ela nos levava num parque próximo ao rio Cheonggyecheon, nos pagava sorvete e algodão doce enquanto corriamos pela grama livres do peso de sermos as filhas de famílias magnatas. A melhor parte era o metrô, quando entrávamos, observávamos os estranhos e ela inventava histórias divertidas sobre cada um deles. Acho que foi o momento em que fui mais feliz na vida.
— Mulher como vocês se conheceram? Eu fiquei chocada quando ela falou com a Kahi daquele jeito. — Olívia diz.
— Ficamos. — Yves completa.
Contei a mesma coisa que lhes contei e as meninas ficaram boquiabertas. Enquanto contava a campainha tocou e era Junhoe trazendo as porções de frango frito. Ele também quis saber de Suzy e logo repeti toda a história para ele e no final todo mundo menos Moon que ja conhecia a história, ficaram de boca aberta:
— Aposto que ela voltou pra ficar de olho na mocreia. — Yves disse depois de dar uma mordida generosa num pedaço de frango coberto de maionese temperada. — Estou tão animada de poder trabalhar com ela, quero ser igual a ela quando crescer.
— Vai ser bom pra você também, vai poder mostrar seu talento já que vai trabalhar diretamente com os estilistas enquanto ela estiver aqui. — Junhoe diz e eu penso sobre.
Apesar de não ter a faculdade de moda, eu gostava de desenhar minhas coisas, de criar roupas diferentes e as vezes até brincava na pequena máquina de costura que a Yves tinha em seu quarto. Mas minha madrasta nunca me deu e nunca dará a oportunidade, afinal nem cursando moda eu estava. Por falar nela meu pocket vibra e vejo a seguinte mensagem:
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Pior que o capeta
Preciso que passe na mansão antes de ir para o trabalho. Venha assim que acordar, a aguardo aqui.
08:09PM ✔️
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— Minha madrasta quer me ver amanhã antes do trabalho. — Falo completamente desanimada.
— Nada que um tiro bem dado não resolva! — Moon diz e eu rio.
— Poxa amiga não dá só pra fingir que não viu a mensagem e seguir com a vida? — Yves disse e nego com a cabeça. Ignorar a megera era pior. — Boa sorte... Eu preciso deitar crianças pois amanhã será um dia cheio. Obrigada pela refeição Junhoe.
Ela sorri para nós e sai da cozinha rumo ao seu quarto. Junhoe acompanhou Yves com o olhar o tempo todo e Moon aproveitou da cara dele de babão pra zoá-lo:
— Vai até entrar mosquito nessa boca.
— Oppa já está na hora de contar pra ela como se sente. — Olívia diz mas Junhoe muda o assunto rapidamente.
Junhoe era apaixonado pela Yves e ele implorou para que eu e as meninas jamais contassemos a ela. Eu não conseguia entender como Yves não sabia disso, ou até sabia mas dava uma de boba. Aquela mensagem tirou todo meu ânimo e apenas decido ir dormir também e isso significava que eu tinha que chutar todos da nossa sala/cozinha. Deito e não consigo deixar de me sentir ansiosa, eu não gostava de voltar lá...
A mansão não mudou muita coisa. O jardim estava totalmente diferente mas a casa permanecia nas mesmas cores e preservada. Pelo menos isso ela podia fazer...
Toco o interfone e funcionários permitem a minha entrada. Sigo andando até o Hall de entrada e assim que entro, Wony aguardava no alto da escada e quando me vê sua cara fecha:
— Ah é você. Não era quem estava esperando.
Apenas dou de ombros e ela se vira saindo. O funcionário me avisa que Kahi estava tomando seu café da manhã e ele me leva até os fundos da propriedade, onde ela comia sozinha no jardim. Havia muita comida somente para ela e assim que me vê seu falso sorriso se abre:
— Jiwoo querida que bom que chegou sente-se. Está com fome? Sirva-se com o chá.
— Não obrigada! — No mínimo um arsênio ela deve ter jogado na comida para me oferecer de bom grado.
— Certo. Eu a chamei aqui pois tenho notícias maravilhosas para você.
— Estou ouvindo...
— Você tem se dedicado tão bem a Secret Garden que resolvi lhe promover a assistente pessoal. Vai ficar agora por conta de uma só pessoa e receber bem para isso.
A olho surpresa. Ela havia deixado óbvio que não me queria perto da Suzy e agora estava me oferendo a vaga de assistente pessoal? Aquilo não fazia sentido pra mim.
— Achei que não me queria perto da Suzy...
— Acho que você não me compreendeu bem. Jisoo volta da Itália amanhã e sua agenda já está lotada de compromissos. Porém seu agente pessoal teve que sair e pensamos que ninguém melhor que alguém da família para assumir esse papel.
— O quê? — Eu me pego pensando se eu deveria usar meu réu primário nesse momento. Jisoo me humilhava, ficar perto dela me fazia sentir mal. Prefiro uma fileira de privadas do que ter que passar o dia todo ao seu lado a paparicando. — Sinto muito mas vai ter que procurar outra pessoa.
— Devo lembrá-la que seu pai a pediu para sempre me obedecer? Você não pode recusar. Amanhã busque Jisoo no aeroporto e ah, antes que me esqueça, uma agente deve se vestir a caráter. Está vendo aquelas duas sacolas? — Ela aponta para duas sacolas de papel da marca Secret Garden que estavam beirando a mesa. — Wonyoung decidiu fazer caridade e lhe doou essas roupas. Seja grata a sua família.
Apenas assentio e fico cabisbaixa. Como eu disse a vida me odeia mesmo.
Coitada da nossa garota!! Não tem paz um instante.
Porque será que a Suzy voltou depois de todos esses anos?
Continuem ligados na fic e descubram.
Não esqueça da estrelinha ☆
Beijos da Anne 💋
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