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Eu sou a Chuu, na verdade meu nome é Jiwoo mas todos - fora a megera e suas crias - me chamam assim. Completei meus deprimentes 23 anos recentemente e depois de muita luta estou dividindo um apartamento com minhas besties. Mas isso não quer dizer que a vida melhorou muito já que eu ainda estou ligada a minha querida madrasta. Eu sou assistente geral no escritório da Secret Garden e seria até legal se a minha madrasta só me deixasse em paz um pouquinho. Eu literalmente era uma escrava em casa e no escritório as coisas não melhoraram muito. Sempre fui obrigada a fazer de tudo um pouco e isso é tão cansativo e toda vez que eu pensava em desistir, lembrava da promessa que fiz ao meu pai de que seria sempre gentil... Sério pai? Nem pra fazer um testamento descente?
Fora que estar ali, um lugar pelo qual meus pais lutaram tanto para construir, me fazia sentir conectada a eles, mas não era fácil e as vezes eu só queria colocar fogo em tudo e sumir. Só que eu já tenho tanto azar na vida e ser presa não parece divertido.
Mas você deve estar se perguntando, "Porque você não cortou relações com essas pessoas que lhe fizeram mal?" Não é tão simples assim. Foi difícil criar coragem para essa mudança na minha vida. Depois de tantos anos sofrendo na mão daquela narcisista eu tomei coragem e disse que iria morar com umas amigas. Ainda me lembro da cara delas quando contei. Era uma manhã de sábado onde eu não tinha que trabalhar e seria ideal para juntar minhas coisas e procurar meu rumo. A cobra mãe junto às cobras filhas tomavam café e apenas cheguei lançando a bomba. Jisoo me olhou com desdém, Wony a copiou e minha madrasta me olhou de forma azeda:
— Tem certeza disso querida? Acha que pode se virar sozinha? — Disse ela enquanto bebericava seu chá.
Jisoo e Wony continuaram me encarando, olhar de repulsa de Jisoo para mim era de irritar qualquer um, nunca dei motivo para me odiar, mas aparentemente não precisavam de um motivo. Wony é a mais nova e era muito irritante, mas no geral ela me deixava em paz. Não me implicava, não ficava me delegando tarefas, apenas me olhava com esse ar de entojada. Não posso dizer o mesmo de Jisoo que fazia de tudo para me atingir, como se servir a elas já não fosse o suficiente:
— Seu salário mal dá para se vestir de forma descente no trabalho, quem dirá viver sozinha. — Minha meia irmã mais velha então disse com um sorriso seco no rosto.
— Definitivamente é uma péssima idéia e além do mais, vai abandonar a sua família? tenho certeza que seu pai ficaria desgostoso se você nos deixasse. — A mais velha falou serenamente e na minha mente eu a atingi com um raio.
Eu odeio quando ela cita meu pai, isso é jogo sujo pois minha consciência sempre pesava. Mas eu estava decidida, não suportava mais viver naquele lugar, sabendo que eu sou apenas um zero a esquerda nessa família. Tentei viver ali pela memória do meu pai mas... Era doloroso demais. Então quando anoiteceu eu só peguei o essencial e arrumei em duas pequenas malas. Olhei para o meu quarto pela última vez, todas as lembranças felizes e as infelizes ficariam ali. Quando eu passasse por aquela porta, uma vida nova começaria.
Yves já estava lá fora me aguardando no carro e quando ela me viu, primeiro me consolou pois as lágrimas desciam como um rio e depois ela me disse como seria bom pra mim viver longe daquelas mulheres. Eu só não contava que quando que apareci para trabalhar o verdadeiro inferno começaria mas isso é assunto pra outra hora.
Por falar na Yves, ela era a amiga que fiz na Secret Garden. Fazia parte da equipe de estilistas e nossa amizade surgiu quando eu trabalhei como sua assistente. Desde então tem sido uma amiga fiel e foi ela que me convenceu a morar no apartamento com ela e Olívia.
Olivia era nossa maknae. Fazia faculdade de marketing e arrumou um emprego como assistente da broaca. Ela passava o dia todo bajulando minha madrasta e o tempo que podia falava mal dela para nós. Não julgo, pois a mulher conseguia fazer um inferno na vida de todo funcionário. Olívia quem deu a idéia de morarmos juntas mas de início eu não quis. Apesar dos pesares eu gostava de casa, cada cantinho me lembrava meus pais e era o que me confortava.
Mas o que me convenceu a sair de vez mesmo foi aquela noite em que minha madrasta disse que queria mudar todo o visual da marca. Aquilo foi inaceitável para mim... O conceito da Secret Garden era o legado da minha mãe e aquela mulher se achava no direito de mudar tudo. Eu bati o pé e insisti que aquilo era um erro e fui lembrada por ela que 79% das ações da empresa eram dela e isso a tornava majoritária. Eu nem sei direito quantas ações eu tinha pois havia outros acionistas que investiam na marca e eu sinceramente não queria brigar com ela. Kahi era um tubarão e eu no máximo uma sardinha.
Depois daquilo fui viver com minhas garotas e de inicio foi uma bagunça até que conseguimos nos ajustar. Eu estava sempre no pé da Olívia e nós duas sempre no pé da Yves. Viver com elas fez parecer mais fácil suportar o inferno na empresa.
Depois disso veio a Moonsua. Eu e ela éramos amigas desde crianças mas diferente de mim, Moonsua tinha pais vivos. O pai dela era um dos maiores acionistas da SAMSUNG, e ele queria que a filha seguisse os caminhos de negócios. Mas Moonsua nunca quis aquilo pra ela e claro as brigas vieram.
O Sonho da Moon era ser rapper, mas ela também não queria ser escrava de empresa alguma então ela lançava tudo de forma independente. Tentei convencê-la várias vezes a mudar de ideia e procurar uma empresa, pois se sem o apoio dos pais já era difícil, imagine sem uma empresa que pudesse gerenciar a carreira dela e investir.
Mas ela é tão determinada que quando coloca algo na cabeça dificilmente muda de idéia. Um dia ela me ligou dizendo que brigou com seus pais e estes a colocaram pra fora de casa. Não pensei duas vezes e a chamei para viver no nosso pequeno apartamento. Yves e Olívia no início eram contra pois o nosso apartamento realmente era muito pequeno. Havia a sala que já dividia espaço com a cozinha e área de serviço, um banheiro e dois minúsculos quartos. Eu dividia o quarto com Olívia e Yves devido a levar trabalho constantemente pra casa ficava no quarto sozinha onde era cheio de desenhos de roupas fora suas duas máquinas de costura.
Mas não podia deixar a Moon desamparada então agora eu dormia na sala, Moon dormia com Olívia e Yves continuava no seu quarto. No início foi meio estranho porque eu e as meninas somos quase que um arco-íris em pessoa e a Moon é exatamente o contrário. Mas aí descobrimos um amor em comum: Stray Kids.
Ah o que falar desses garotos? Eles me curavam todo dia. Poder ser agraciada de viver na mesma época que eles é a maior dádiva que eu poderia ter na vida. Eu ia em tudo que é evento que conseguia, Fan Meeting, Show, stage, ia no aeroporto acompanhá-los e eu não fazia isso sozinha obviamente pois até a Moon não resistia e ia com a gente. Nossa casa tinha pôster, Skzoo, canecas, os álbuns, photocards... talvez a gente fosse um pouco viciadas.
Gostava de todos os integrantes mas havia um deles que tinha um lugar reservado no meu coração, J.One vulgo Han Jisung. Eu me via exatamente como ele, e quando o vi pessoalmente eu tive a certeza que ele era o meu amor todinho. Mas como a vida não é um conto de fadas, o máximo que podia ter dele é o Quokka, seu personagem de pelúcia e todos os photocards que conseguia juntar. Fora as fanfics que eu lia que me faziam imaginar como seria se ele fosse meu... mas aí a gente acorda pra realidade e foca nos problemas da vida.
Han escreveu uma música que me descreve como tem sido a vida pra mim. Todo dia eu ouvia Another Day e me perguntava se alguém não contou a minha história para ele e ele decidiu compor pra mim. A minha vida tem sido apenas um dia após o outro, já fui sonhadora, eu já imaginei que a minha vida seria como uma fantasia, cada dia uma nova aventura e mil possibilidades de ser feliz... mas esse papo é ilusão e todos os dias fico convicta disso quando chego em casa, tiro sapatos e me deito jogando as pernas pra cima.
Another Day - SKZ
Meus pais sempre disseram que se eu fosse gentil, tudo seria mais fácil pra mim e sinceramente estava me cansando de ser gentil. Essa conversa de gentileza gera gentileza estava me esgotando, mas eu continuava, porque foi a última coisa que meu pai me pediu.
De toda forma não tinha tempo de ficar me lamentando pelas desventuras da vida, eu só cheguei a conclusão que Deus tem seus preferidos. Afinal como pode ser justo que uma garota tão podre como a Jisoo tenha tudo tão fácil? Ela era modelo e desde que seu rosto ficou em primeiro lugar entre os cem rostos mais lindos do mundo, sua vida que já era boa parecia um sonho agora. Ela era embaixadora da Gucci e Prada, fora que ela sozinha carregava as campanhas publicitárias da Secret Garden, está sempre viajando pelo mundo e as vezes eu penso que esse era o tipo de vida que eu teria caso meus pais nunca tivessem morrido. Teria me tornado fútil como minhas meias irmãs? Afinal eu nasci como uma menina rica e irônicamente hoje eu não tenho nada. Acho que a vida tem dessas mesmo.
Mesmo que eu estava me tornando cética a cada dia que se passa, alguma coisa em mim insistia em dizer que tudo iria mudar. Eu não sei como e quando, mas algo iria mudar...
— Não é possível que você não grelhou isso direito! — Moon dizia para Olivia depois de experimentar um pedaço de carne que a mesma fazia na chapa.
Estávamos num desses restaurantes de churrasco coreano comemorando o aniversário da Moon. Decidimos que pagariamos a conta para nossa amiga que aproveitou e pediu logo o maior kit. Eu não sei como a gente vai comer tudo aquilo mas como era aniversário dela ninguém foi contra.
— Você reclama demais! — Olivia diz e come um pedaço da carne mas sua cara não foi agradável. — Tá talvez esteja um pouco crua...
— Aí eu tenho que fazer tudo por aqui! — Yves pegou a espátula e começou a mexer na carne.
Eu não parava de pensar sobre a notícia do dia na empresa. Secret Garden ia começar a desenvolver roupas masculinas e para isso contrataram uma estilista de peso para dar início ao projeto. Depois que a marca parou de produzir só o conceito retrô entrando de cabeça nas tendências urbanas, sabia que era questão de tempo até algo do tipo acontecer.
— Terra chamando Chuu! Você nem tocou no seu copo, tá tudo bem? — Moon pergunta me tirando dos devaneios.
— Desculpe, não paro de pensar sobre a novidade de hoje. — Digo e então finalmente bebo um pouco do Soju.
— Tem certeza que a broaca não deixou escapar quem ela contratou? — Yves pergunta para Olívia novamente, já que ela era assistente da nossa chefe. Ela ficou o dia todo no pé da Olívia tentando arrancar alguma info.
— Ela só disse que foi uma ex funcionária. Não se lembra de ninguém Chuu? — Olivia pergunta e todas me encaram.
— Eu não sei. Já passou tanta gente nessa empresa que é difícil apontar um nome. — Falo fazendo uma trouxinha de alface, arroz e kimchi já levando a boca.
Isso era verdade. O quadro de estilistas nunca era fixo, a própria Yves já estudava a hipótese de sair e começar a investir em sua própria marca. Não me recordo de nenhum estilista que também era especialista em roupas masculinas, nossa empresa sempre foi focado no público feminino então se havia alguém eu jamais saberia.
A carne finalmente ficou pronta e comemos rapidamente. Ainda havia mais carne para grelhar mas só aquela primeira leva foi o suficiente para me encher. Só bebi dois copos de soju e pagamos a conta. Pedimos para embalar o restante da carne e logo estávamos no carro da Yves.
— O cinto crianças! — Ela diz e todas nos ajeitamos. — Moon quer ouvir alguma música?
— A gente não pode entrar nós quatro no carro e não ouvir Miroh.
Realmente se tornou um ritual. Sempre que estávamos em quatro, colocávamos Miroh pra tocar enquanto gritavamos a letra juntas no carro e naquela noite não foi diferente. Moon e Olivia faziam os raps e eu e a Yves os vocais. Quando chegava o clímax da música, Olivia e Moon que estavam no banco de traz até pulam, eu ria e mexia a cabeça descontroladamente e a Yves se controlava por causa da direção mas ela gritava a letra e mexia levemente a cabeça também.
Quando chegamos em casa a festa ainda não acabou, pois colocamos as músicas do SKZ pra tocar pegamos o Twistter e bebemos mais soju. Era sempre divertido fazer essa farra com as meninas.
Só não foi divertido quando chegamos nós três atrasadas na empresa. Seguimos pelos corredores e todos nos encaravam. Droga como pude deixar isso acontecer?
Kahi já estava aguardando nossa chegada com alguns funcionários. Assim que ela nos viu, arqueou a sobrancelha e disse:
— Imagine como me senti quando cheguei e minha assistente não estava presente para me passar a agenda do dia.
— Desculpe senhora Kahi. — Olivia disse e já se posicionou ao lado da sua chefe.
— Yves achei que tinha sido clara ontem sobre os horários que eu queria que o time de estilistas estivesse aqui.
— Me desculpe senhora, tivemos um imprevisto...
Ela nem responde, apenas caminha até mim e sua voz soa com frieza quando diz:
— E você deveria parar de atrapalhar suas amigas com o emprego! Pare de ser uma distração para minhas funcionárias, sua lista de tarefas já está atualizada, vá!
Apenas assentio e saio de lá. Como eu odeio essa mulher mas não podia fazer absolutamente nada contra ela. Verifico a lista de tarefas e já caminho para a primeira quando um café surge do nada na minha frente me assustando, olho direito e vejo que era Junhoe:
— Oi oppa, precisava mesmo.
— A megera já pegou no seu pé?
— Vamos fazer o que né - Pego o café e dou uma boa golada apesar de quente.
— Queria ter ido ontem no aniversário da Moon mas tive que ajudar meus pais...
— Aquilo de novo? — Pergunto preocupada.
O irmão de Junhoe acumulou uma dívida altíssima com agiotas e graças a isso a família vivia sendo ameaçada. O irmão havia sumido do mapa e toda vez que entra em contato diz que está juntando o dinheiro pra pagar e então os agiotas ficam em cima da família. Junhoe que havia ganhado uma bolsa de estudos na Inglaterra se viu obrigado a voltar pra ajudar os pais que não tinham pra onde ir para fugir dos agiotas. A polícia já foi procurada várias vezes mas a situação não se resolve e isso já ia fazer três anos.
Eu tinha pena de Junhoe, imagine você estudar pra caramba pra ganhar uma bolsa, juntar dinheiro e começar a vida num país novo onde você havia arrumado um emprego e até uma namorada e por causa do seu irmão você ter que abandonar tudo. Acho que no fundo todos somos perdedores.
— Junhoe eu preciso daqueles documentos! — Um funcionário diz logo atrás de nós.
— É hora do office boy fazer seu trabalho. — Ele pisca pra mim e sai andando.
Termino o café e também sigo para meus afazeres. Uma das faxineira estava afastada então fora minhas tarefas de auxiliar, eu também tive que pegar essa. Prendo meu cabelo num coque, pego o esfregão e o balde e sigo meu caminho. Na verdade, como todo mundo lá era bem organizado, os escritórios eram até tranquilos. Eu odiava mesmo era os banheiros e hoje era o dia de limpar os banheiros daquele andar.
Eu fiz o máximo de hora que eu consegui, limpei as salas, organizei algumas prateleiras, depois fiz meu papel de assistente e ajudei quem precisava e quase na hora do almoço eu decido deixar o feminino limpo. Coloco as luvas e observo a primeira privada bem na minha frente, já a encontrei de formas piores.
— Vamos começar logo com isso...
Joguei todos os produtos e comecei a esfregar. A porta se abre e eu já fico irritada, pois coloquei uma placa de todo tamanho avisando que o piso estava molhado e que deveriam usar os banheiros do outro andar. Mas continuo ouvindo os passos e eu digo sem me virar pois eu estava ocupada:
— O banheiro não está próprio pra uso. Por favor procure o do outro andar...
— Porquê eu estou vendo a Filha de Daejong e Jihyun esfregando privadas?
Paraliso ao ouvir o nome dos meus pais e me viro devagar. Quando vejo a velha conhecida em minha frente eu nem me seguro, apenas a abraço apertado.
Quem será que chegou e fez a Chuu ficar assim?
Aguardem o próximo capítulo.
Me digam o que acharam do primeiro capítulo.
Não esqueçam a estrelinha ☆
Bjs da Anne 💋
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