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point of view
JULIE CONNON
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Desvio o olhar do meu celular e olho para o loiro sentado na minha frente, que agora está escondendo o rosto com o cardápio.

-O que está fazendo agora?-Pergunto confusa, o vendo se abaixar e sair de trás do papel.

-Ahn. Nada, eu só..-Ele fala baixo, se inclinando na mesa e eu praticamente exijo respostas, colocando meus braços na mesa-Elas me viram..eu acho que me reconheceram.

Me viro para trás, tentando entender do que ele falava e noto ser seis garotas, ou melhor, o time de hockey da minha antiga escola. As garotas que ferraram a vida estudantil de muitos alunos, inclusive a minha vida social.

-Droga. Está acontecendo.-Ele fala assustado e eu quase rio, quando ele solta o cardápio e me encara-Me desculpe por isso.

-Janela do banheiro.-Digo, quando escuto o barulho de pessoas se levantando de uma vez e me viro na mesa, vendo ele correr.

Levanto da mesa, contornando os bancos e parando na frente das garotas que praticamente corriam.

-Você estava com o Corbyn Besson?-Amara pergunta quase gritando e eu reviro os olhos.

-Sim, Corbyn Besson está aqui.-Respondo de maneira óbvia, ouvindo seus gritinhos agudos-E a Beyoncé está no mercado comprando leite para os filhos.

-Então quem era aquele?-Liza se aproxima de mim, perguntando. Como se eu tivesse medo delas, já passou o tempo em que elas dominavam o mundo.

-Aquele era meu primo, Kian.

-Isso é impossível, ele é branco.-Reviro os olhos com o que eu escuto, que tipo de família tem apenas uma cor de pele hoje em dia? Ah sim, uma família racista.

-E eu sou preta. Tenho parentes orientais também, se quer saber.

-Se aquele era mesmo seu primo, por que ele correu para o banheiro?

-Por que as pessoas correm para o banheiro?-Faço uma pergunta retórica, vendo elas fazerem cara de nojo e então viram as costas, me fazendo rir.

Logo em seguida saio do lugar, contornando ele até chegar na janela do banheiro, onde ele tentava pular a janela.

-Você ta indo muito bem.-Digo debochada quando ele quase caí.

-Obrigada. Eu acho.-Ele fala e quando ele termina de passar a segunda perna seu corpo vira, me fazendo gargalhar, vendo ele coberto de neve-E obrigada por me ajudar lá dentro.

-Não foi nada. Certo, eu tenho que ir agora.-Digo, me afastando enquanto ele tenta tirar a neve de sua roupa.

-Espera, pra onde você vai?

-Olha, foi legal te conhecer, totalmente aleatório e bizarro também, mas eu tenho muita coisa pra fazer.-Respondo ainda caminhando, porém sei que ele está me seguindo.

-Como o que?

-Encontrar a minha mãe. Não se preocupe.

-Eu não estou preocupado, só estou curioso.

-Eu tenho que fazer muita coisa, então guarde sua curiosidade.

-Não. O que você vai fazer?-Ele sorri para mim, me deixando irritada, então me viro para ele.

-Tenho que tomar uma decisão que afetará o resto da minha vida e das pessoas que eu amo.-Respondo brava e respiro fundo, olhando para ele-Eu fui aceita na Columbia, em New York. E meu avô está doente, então não sabemos o que vai acontecer e eu tenho que ficar e cuidar dele e da minha mãe porque pode ser o último ano que terei os dois. Eu pedi que eles adiassem, mas disseram que eu perderia a bolsa.

Respiro fundo terminando de falar e arrumo minha touca, virando para ele novamente.

-Me desculpa pelo desabafo. Ninguém sabe sobre isso e eu vou surtar se mentir mais uma vez. De qualquer forma, feliz natal e boa vida.

-Espera. Por que não contou para sua família?-Ele corre atrás de mim e então eu respiro fundo.

-Minha mãe me obrigaria a ir.

-E você não quer?

-Quero, mas ela já é muito sobrecarregada com o trabalho e cuidar do meu avô, só não quero me tornar mais um peso para ela.-Dou de ombros e me viro para ir embora novamente.

-Para onde você vai?

-Já falei, encontrar com a minha mãe, no nosso concurso de inverno.

-Parece divertido.-Eu o olho estranho porém não falo nada, não posso o impedir de ir.

Além de que, Corbyn Besson parece desesperado por coisas de um cotidiano normal.

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1° edição: 25 de dezembro de 2019
2° edição: 31 de outubro de 2020
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