bright blue eyes
— Então, o que vocês acham?
As mãos de Max estavam na cintura quando ele entrou na sala, com o queixo levantado no ar e os cabelos loiros ainda molhados pelo banho recém tomado. Nos pés, apenas meias brancas para acabar com a sensação incômoda de pisar no chão de madeira gelado. Uma calça de moletom completava o look e, por cima da blusa branca que antes ele vestia, um suéter de natal. Verde e vermelho. Cheio de luzinhas que piscavam sem parar ao serem acionadas com um botão discreto no meio do tecido e um boneco de neve bem no meio que tinha uma cenoura no lugar do nariz. De tricô.
A primeira a dar risada foi Victoria. Correndo para o banheiro mais próximo em seguida, esvaziando sua bexiga antes que fizesse isso nas calças. O resto da plateia só acompanhou a risada: Tom, seu cunhado, tentou disfarçar levando a mão para sua boca. Sophie apenas gargalhou do filho, sem nenhuma discrição. Caroline, que vestia o mesmo suéter que ele, teve que limpar as lágrimas que se acumulavam no canto dos seus olhos.
Max parecia adoravelmente ridículo dentro daquele suéter. Ele, que sempre andava com a cara fechada no paddock, parecia pronto para socar qualquer um que cruzasse a sua frente durante uma corrida e que usava mais palavrões no rádio que a média normal dos pilotos, parecia totalmente inofensivo vestido daquela forma. Como um filhotinho de cachorro. Um adorável, com aqueles olhos azuis que brilhavam ao buscar a namorada no meio da sala.
— Ficou ótimo — Sophie falou, levantando-se do sofá em um pulo. — Fique do lado da árvore, querido. Eu preciso tirar uma foto disso.
A escolha dos suéteres tinha sido de Victoria, obviamente. A irmã de Max andou em mais de três lojas de departamento no último mês da sua gestação — parando para descansar a cada cinco minutos — até encontrar o que queria. Os suéteres natalinos mais bregas que conseguiu colocar as mãos para o irmão e a cunhada que, para a surpresa de todos, tinha ficado apenas adorável no conjunto de tricô.
Era muito pro pensamento lógico de Max compreender. Como Caroline Grace Alfs ainda se parecia como a pessoa mais linda do mundo inteiro — na opinião romântica dele e só a sua opinião importava — e ele prestes a virar chacota na internet assim que sua mãe postasse aquela foto na internet — ela, obviamente, postaria. A culpa deveria ser dos olhos escuros, tão diferentes dos seus. Ou dos cabelos castanhos que escorriam pelos ombros da monegasca e emolduravam seu rosto. Talvez — só talvez — fosse culpa dos lábios rosados que ofereciam um sorriso em sua direção.
— Fique ao lado dele, Caro! — Sophie indicou, já com a câmera na mão. — Eu quero uma foto de vocês dois assim.
Caroline não pestanejou antes de se levantar e, carinhosamente, abraçar a cintura de Max antes de posar para a foto. Não negaria um pedido de Sophie. Às vezes — muitas vezes — Max jurava que a mãe conseguia ter uma comunicação melhor com a namorada do que com ele. Caro adorava conversar e Sophie adorava conversar, então as duas acabavam se falando por horas toda vez que sua mãe ligava para ele — que desistia na metade da chamada para se divertir no simulador.
— Não estou achando os suéteres uma boa ideia agora, Grace.
O apelido tirou um sorriso sincero dos lábios rosados de Caroline. Nomeada após as duas princesas de Mônaco — Caroline como Caroline Luísa Margarida Grimaldi e Grace como a inesquecível Grace Kelly —, Max era o único a chamá-la assim. O único, em todos seus vinte e dois anos de vida, que dizia que Caroline Grace Alfs era um nome grande demais e que ela precisava de um apelido carinhoso. Caroline era Grace para Max e Max era Maxy para Caro. Ao contrário dele, ela achava que o dele era pequeno demais para ser aceito.
— É para relembrar os velhos tempos, Maxy — ela sussurrou de volta como resposta, um segundo antes de sorrir em direção ao celular que Sophie apontava em direção dos dois.
Quando a foto foi tirada e, brevemente, Sophie começou a editá-la para postar nas suas redes sociais — em todas — e mandar em todos os grupos que fazia parte, com cópia para os pais de Caro, a monegasca desviou o olhar para a enorme árvore rodeada de pisca-piscas brilhantes e bolas douradas que enfeitava o chalé alugado para a família Verstappen.
— Precisava ser tão... grande?
O piloto seguiu seu olhar, juntando as sobrancelhas em confusão ao voltar a observá-la.
— O que? Você achou grande demais? — questionou, confuso. Para ele, aquele era o tamanho normal de árvores natalinas. Ela, claramente, precisaria de uma escada se quisesse alcançar o topo. — Grace, é perfeita.
Apenas repetia exatamente o que o vendedor tinha dito para ele — logo depois de confessar que torcia muito para que Max fosse campeão mundial no ano seguinte. O simpático velhinho tinha levado o piloto até o pinheiro mais alto em exibição, falando que aquela era uma peça única do ano. Ninguém tinha levado ainda porque ninguém tinha uma sala que tivesse um pé direito tão alto.
Max tinha. Não era sua propriamente dita, mas a casa luxuosa que sua mãe alugava perto das montanhas Austríacas durante o final do ano era enorme. Enorme o suficiente para abrigar um pinheiro daquele tipo bem no hall de entrada.
Caroline se desvencilhou do abraço dele até ficar bem ao lado da árvore. Estava descalça, o que ajudaria a provar seu ponto. Já se sentia minúscula ao lado do namorado — que esbanjava 1,81m enquanto ela se aventurava nos seus quase 1,60 — mas nada era como se posicionar ao lado da árvore de natal e não medir nem a metade dela.
As sobrancelhas de Max se arquearam em surpresa quando percebera a diferença de tamanho, não guardando uma risada sincera que veio do fundo das suas cordas vocais ao notar o bico emburrado nos lábios de Caro. Ela não conseguiu não sorrir junto a ele, levantando seu pescoço ao máximo para que tentasse ver o final do pinheiro.
— Eu não conseguiria alcançar a estrela nem se estivesse em cima de uma escada — comentou, voltando o olhar para o piloto, que a encarava com um sorriso nos lábios cheios. — Que bom que vocês terminaram de enfeitá-la antes que eu chegasse até aqui.
— Próximo ano você pode ajudar com o pisca-pisca e com a guirlanda da porta. Mais que isso, só se arrumarmos um guincho para colocar você lá em cima — Max brincou, recebendo um tapa leve no braço da namorada, abraçando-a em sequência pela cintura.
Era inevitável. Não conseguia manter seus braços longes de Caroline Grace Alfs nem se ele se esforçasse muito para isso. Gostava de como o corpo dela se encaixava no seu e como a diferença de altura permitia que ele descansasse o seu queixo no topo dos cabelos dela. Gostava da maneira que ela apertava sua cintura, fornecendo-o um calor que o aquecedor do ambiente não era capaz. Gostava, acima de tudo, de tê-la ali. A menos de um passo de distância.
As férias de inverno marcavam o fim de um ano completamente incomum e de uma série de corridas em semanas seguidas e muitos voos adiados por causa da pandemia. Max podia contar com duas mãos quantas vezes tinha conseguido estar daquela forma com Caro durante os doze meses que se passaram.
Em janeiro, antes das coisas desandarem. Depois a agenda dos dois se confundiu em borrões e planos cancelados. Não pode estar presente no aniversário dela, em meados de junho. Não pode viajar com ela e com sua família para França, como fazia todos os anos. Não pode tê-la em nenhum Grand Prix, torcendo pela sua vitória e pronta para tê-lo nos braços no final de um dia bom ou ruim. Principalmente nos ruins.
Fizera uma boa temporada, mas seu nome já estava marcado em quase todos os terceiros lugares de todas as corridas. Aprendeu a apreciar quando isso acontecia, já que em outras vezes não conseguia passar pela bandeira quadriculada por inúmeros problemas mecânicos. Motor, asa dianteira, pane elétrica. Sobravam opções. E bem, havia também as inúmeras vezes que seu nome estivera envolvido em polêmicas depois de algumas entrevistas. Por uma frase tirada do contexto, ou por alguma besteira que ele tinha dito com a cabeça quente.
Aquelas eram as vezes que ele mais sentia falta da sua Grace. Era uma das únicas pessoas — senão a única — que conseguia lidar com ele quando as coisas iam para um caminho ruim. Passava as mãos em seus cabelos loiros, tateava seu rosto por cima das marcas da balaclava e desmanchava o semblante chateado que terminava com um bico pontudo nos lábios do piloto. 'Não fique assim', Caro pedia, arqueando as sobrancelhas e beijando cada parte do seu rosto até que ele voltasse a sorrir. Max atendia. Max sempre atendia. Era impossível resistir a ela.
Talvez outro relacionamento não sobreviveria a distância. As discussões, que surgiam ocasionalmente e as coisas que tinham sido quebradas durante o ano inteiro. Todas aquelas pequenas brigas que, à distância, se transformavam em coisas grandes. A ventania que se transformava em vendaval. A chuva de verão que, do nada, se tornava torrencial. Max implicava com Caro pelo tanto que ela se dava no trabalho — e nessa ocasião ele era Max para ela, o apelido carinhoso ficando para trás. Caro fazia qualquer comentário sobre ele precisar pensar um pouco mais antes de falar e Max encarava como uma crítica direta ao seu ego enorme. Iam dormir os dois brigados, silenciados e com uma mania feia de esperar a mensagem do outro que nunca vinha até o dia seguinte.
Eram problemas que seriam facilmente resolvidos com uma boa conversa, uma garrafa de vinho e um fim de semana espalhados por uma cama de lençóis confortáveis. Mas eles não tinham o vinho, um fim de semana ou uma cama para perderem seu tempo e as chamadas de vídeo sempre vinham em uma qualidade ruim.
Só durava tempo suficiente até um dos dois engolir o orgulho — que era enorme — e ligar para o outro, pedindo desculpas por um erro que não cometeu e reiterando mais uma vez o quanto não queriam estar distantes. Geralmente, Caro chorava. Geralmente, Max a acompanhava com os olhos marejados.
Aquilo nunca tinha mudado em três anos. Aquele sentimento forte e arrebatador que sentia na presença de Caroline e o calor que espalhava por todo seu corpo quando estavam juntos. Aquela vontade — boba, inexplicável — de procurar a mão dela toda vez que andavam lado a lado. O desejo de afundar o nariz nos seus cabelos para encher seu olfato com o cheiro do shampoo de chá verde que ela implorava para ele não gastar — 'compre seu próprio shampoo, Maxy!' — seguido sempre de uma risada que o recordava milhares de vezes porque estavam juntos. E, mesmo assim, ela sempre usava aquele shampoo nele quando tomavam banho juntos. Aquelas eram as pequenas coisas. As que realmente importavam.
Percebeu que encarava Caro há um tempo e, imediatamente, começou a gostar mais do suéter que vestia. Não porque ele tinha se tornado mais bonito aos seus olhos — ou, melhor, menos ridículo — mas porque recordava do jantar de natal que tiveram três anos atrás em Mônaco. Era uma comemoração aos velhos tempos.
Poucas pessoas lotavam o apartamento de um dos seus amigos. Max tinha acabado de encerrar uma temporada mediana — e mediana era pior que ruim para o neerlandês — e fugia dos comentários que eram piores ainda. Era obrigatório usar um suéter brega de natal e, bem, o Max daquela época ainda não era o Maxy da Caro e odiava suéteres natalinos.
Comprou o primeiro que apareceu na sua frente. Jurou para si mesmo que se livraria dele nos primeiros cinco minutos de festa. Odiou se encarar no espelho do elevador enquanto subia em direção ao lugar onde o jantar aconteceria.
Quando as portas do elevador se abriram, porém, ele se deparou com Caroline. Que, na época, ele não fazia ideia de quem era. Talvez, outrora, ela tivesse passado despercebida pela sua vida. Talvez seu rosto fosse comum demais ou sua beleza não fosse aquela típica das modelos que Max saía naquela época.
Mas Caroline Grace Alfs vestia um suéter natalino igual o seu. O mesmo desenho de presente estampado na frente. Azul e vermelho, em uma combinação nada óbvia para a data. Imediatamente, Max sorriu. Desfazendo a expressão dura que carregou durante tanto tempo que sua mãe o advertiu que aquilo traria rugas antes da hora. Ela sorriu de volta, mais por simpatia do que por qualquer outra coisa.
A memória que Caro podia ser péssima, mas ela nunca se esqueceria do 'eu gostei do seu suéter' que ele disse logo após descer do elevador. Aquele suéter que, mais tarde, ele confessaria que odiou em si mesmo. Os dois sorriram. Caro gostou de como ele ficava sorrindo — quando não estava com a expressão que pendurou no seu rosto assim que as portas de metal se abriram, parecendo prestes a empurrar alguém pela gola da camisa. Max realmente gostou do nome dela e ela gostou de como ele soava no sotaque pesado dele.
O piloto teve que se esforçar mais do que o usual para conseguir seu número. Não cabia alguém como ele na vida dela. Caroline tinha sido criada para ser exemplar em tudo o que fizesse e ter alguém que seus pais gostassem ao seu lado. O impasse não foi suficiente para conter Max. No dia seguinte, entregou um presente embalado de vermelho na casa dela. No outro, apareceu com flores. Em uma semana, passearam por Mônaco tomando sorvete e dando risada enquanto o cachorro de Max se embolava nas pernas de Caro. Em uma mês, era ela que se embolava nos lençóis da cama dele.
O resto era história. Mas o natal e suéteres bregas estavam diretamente envolvidos na vida dos dois. Usavam todo ano, como um lembrete de uma piada interna que seu ciclo de amigos inteiro já sabia. Um lembrete daquele primeiro dia: um Max emburrado, uma Caroline sorridente. As coisas não tinham mudado tanto assim.
— A internet deve estar explodindo com essa foto neste exato momento — Caro comentou baixinho assim que percebeu que Sophie dava risada enquanto encarava a tela do seu celular, levantando a cabeça para poder encarar os olhos azuis do piloto. — Talvez você devesse checar isso.
— Vou dar unfollow em absolutamente todo mundo que comentar sobre essa foto — ele respondeu, com um sorriso brincalhão nos lábios. Podia, ou não, ser mentira. Ele já tinha feito isso outras vezes quando cansou de ver as mesmas notícias da Red Bull Racing no seu feed. Faria o mesmo se virasse uma piada.
O que interrompeu o momento dos dois foi um choro fino — e alto — vindo do andar superior. Victoria se levantou em um pulo, checando a babá eletrônica que descansava em cima da mesa de madeira da sala antes de subir as escadas com pressa. Caro e Max se acomodaram no sofá, um ao lado do outro, e Tom deixou o celular para trás enquanto esperava a namorada aparecer com a verdadeira atração daquele natal.
Luka Heuts-Verstappen. Nascido em sete de dezembro de dois mil e vinte ás duas e quarenta e cinco, com pouco mais de dois quilos e setecentas gramas. O amuleto da sorte de Max, que com apenas seis dias de vida tinha visto a primeira vitória do tio na última corrida do ano, em Abu Dhabi. Agora, confortavelmente enrolado em um cobertor azul — azul Red Bull, como Max tinha lembrado quando presenteou o sobrinho com a manta —, com as mãozinhas curiosas para fora enquanto buscava a atenção da mãe e os olhos do tom azul mais límpido possível como era corria na genética da família Verstappen.
Victoria se sentou no sofá logo ao lado de Caroline, permitindo que ela e Max se movimentassem para ter uma visão clara do pacote mais adorável que já tinham colocado os olhos. Ele não tinha cara de joelho — como era a preocupação de Max assim que Victoria entrou em trabalho de parto. Ele era, na opinião sincera e nada suspeita de todos os presentes, a melhor versão da irmã e do cunhado e tinha conquistado o coração de toda a família antes mesmo de sair do hospital.
— Ainda estou impressionado como ele é parecido com você quando era pequena, Vic — Caro comentou baixo, como se o barulho fosse incomodar o pequeno. Luka apenas continuou a olhar para a mãe, que o observava com o sorriso mais coruja do mundo. Max sorriu sozinho ao observar isso. Sempre soube que sua irmã seria uma mãe tão boa para seu sobrinho quanto Sophie tinha sido para eles. — E ele dormiu quase a tarde inteira.
— Só acordou para mamar — Vic comentou, levantando o olhar para Caro. — Em vinte minutos estará dormindo de novo. Eu acho que carregar a barriga enorme foi mais difícil que esses primeiros dias dele.
Brincava, mas havia um ponto de verdade ali. Luka era um bebê muito tranquilo, apesar de acordar de três em três horas com um choro sofrido para se alimentar e trocar suas fraldas. Não sentia muitas cólicas — como relatado por Victoria e Tom no grupo familiar —, nem estranhava as pessoas que chegavam perto dele. Apenas continuava ali, encarando tudo ao seu redor como se pudesse distinguir o que não passava de um borrão.
— Escute, mamãe e eu precisamos fazer algumas compras de última hora para o natal — Victoria falou, observando o pequeno no seu colo lutar contra o sono entre bocejos e caretas. — Tom precisa passar no hotel dos pais antes da hora da ceia. Vocês dois se importariam em ficar com ele por algumas horas? Duas, no máximo. Provavelmente ele nem vai acordar até a gente voltar. Eu o levaria comigo, mas vocês sabem... Seria um pouco perturbador demais para ele.
A expressão de Max congelou nesse momento. Caro percebeu, ao seu lado, como todos os músculos bem treinados das costas do piloto tinham se enrijecidos como se ele estivesse prestes a entrar em pânico. Max sabia que era capaz de ninar o sobrinho por alguns minutos e pegá-lo no colo algumas vezes — mesmo que ainda bem desconfortavelmente —, mas a responsabilidade de ficar sozinho com ele por mais de dez minutos o aterrorizou.
— Claro que sim — a namorada respondeu antes que ele pudesse falar qualquer coisa, sorrindo em direção a Vic. — Você me disse mesmo que mal conseguiu comprar os presentes que queria com a chegada imprevisível dele. Fique à vontade.
Max nem sabia que Victoria tinha presentes para comprar. Achou que a imensidão de caixas que rodeavam a árvore já eram da família toda — e seu pai ainda nem tinha chegado com a esposa, Jaye e Jason Jaxx para completar os espaços disponíveis debaixo do pinheiro. Mais uma situação clara que ele tinha sido deixado de fora. Talvez Vic, Sophie e Caroline tivessem um grupo sem ele.
— Perfeito — Sophie comemorou a distância, levantando do sofá e passando a mão pelo vestido longo que vestia. — Vou pegar nossa lista.
Verstappen sustentou o sorriso amarelo até que todo mundo seguisse seu próprio caminho. Tom iria trocar de roupa, Sophie subiu até seu quarto para pegar suas anotações do que faltava para a festa das oito horas e Vic foi até o quarto onde estava com Tom para alimentar Luka e trocar suas fraldas mais uma vez.
Restou apenas Max, Caro, Spyke e Nelson, os dois cachorros do piloto que descansavam na beira do sofá sem entender que um surto interno começava a se formar dentro da cabeça de Verstappen. Mas extremamente preparados para isso. Acontecia com certa frequência.
— Por que você disse que sim? — Max questionou baixinho, arregalando os olhos claros para Caro. — Eu não sei tomar conta de um bebê!
— Maxy, sua irmã precisava de um favor — Caroline o repreendeu, arqueando as sobrancelhas. Não iria vencê-lo com o apelido e o biquinho nos lábios dessa vez. Colocá-lo dentro daquele suéter já tinha esgotado sua cota de boas ações do dia. — Ela acabou de ter um bebê e precisa de toda ajuda não invasiva que necessitar. Será só por duas horas, por Deus. Ele vai dormir durante todo o tempo.
— E se ele não dormir?
— Ele vai dormir — falou, certa do que dizia. — Pare de ser um libriano tão dramático. Você sabe que nós podemos dar conta disso.
Max estremeceu. Não sabia o que ser um libriano significava — diferente de Caroline que parecia entender o zodíaco inteiro — mas ser dramático era algo que corria em seu sangue. Podia sentir o desespero começar a corroê-lo por dentro, mesmo que houvesse grandes chances de Caro estar certa. Tudo ficaria bem. Luka dormiria por todo o tempo que sua irmã e mãe estivesse fora. Ele fez isso praticamente durante todo o tempo desde que haviam chegado na Áustria.
Foi exatamente o que aconteceu pelos primeiros cinco minutos assim que o carro com Victoria, Tom e Sophie saiu da garagem. Enquanto os dois continuaram ali, tensos, observando o pequeno que dormia calmamente no berço de madeira posicionado no quarto onde Vic e Tom passariam a noite. Parecia simples. Fácil, até. Talvez eles não fossem babás tão ruins assim.
— Eu te disse que seria tranquilo — Caro murmurou assim que sentiu Max abraçá-la por trás, encostando o queixo no seu ombro. — Ele é muito quietinho. Dizem que o bebê reflete a energia da casa e Vic e Tom...
Parou de falar quando percebeu que Max não planejava usar sua boca para conversar. O piloto distribuía beijos por toda a extremidade livre do seu pescoço, buscando contato com as pontas dos seus dedos por baixo do suéter de tricô dela que começava a se tornar descartável.
— Maxy... — ela reclamou, virando-se de frente para o namorado e segurando seu rosto com as duas mãos, encarando os olhos claros bem perto dos seus. — Não deveríamos fazer isso agora.
— Grace... — usou o mesmo tom que ela, fazendo biquinho enquanto a abraçava pela cintura. — Me dê um motivo para isso.
Não conseguiu refutá-lo. Max era muito bom com argumentos quando queria, principalmente quando podia usar a prática. E prática, nesse momento, eram os beijos carinhosos, os braços ao redor da cintura e o cheiro inebriante que não pedia licença para deter todos os sentidos de Caroline.
Fechou os olhos, beijando os lábios rosados e cheios de Max enquanto o segurava pelo pescoço, minimizando ainda mais a distância que os separavam. Ainda estavam no quarto de Victoria e Tom, então, como plano de fuga, Max desceu um pouco mais as mãos pelo corpo dela e a ajudou em um impulso para que Caro pudesse colocar as pernas ao redor da sua cintura.
Estava tudo tão agradável que Max desejou que os poucos minutos que sua irmã tinha dito que passaria fora se transformassem em mais. Seria perfeito se demorassem mais de duas horas. Só assim podia passar o resto da tarde entre os lençóis com Caro enquanto a observava de perto e recordava todos os mínimos detalhes do rosto — e do corpo — dela que a distância tinha tirado de sua memória.
Podia soar como a pessoa mais brega do mundo, mas não se importava. Não se estava com ela. Todo mundo sabia que existia um Max Verstappen pré e outro Max Verstappen pós Caroline. O segundo era definitivamente mais feliz.
— Eu senti sua falta — ele murmurou baixinho no meio do beijo, assistindo-a sorrir com os olhos quase fechados.
— Eu também, Maxy...
Era o melhor momento do seu ano. Saber que tudo continuava igual, que Caro continuava ali, que os natais continuavam especiais para os dois. Era a maior vitória entre todos os Grand Prix, tê-la em seus braços no escuro, certo de que ela era a pessoa que mais o conhecia no mundo e que mesmo assim tinha ficado. Ficado ao seu lado. Ficado com ele.
Quando Caro o agarrou pelo pescoço e Max colou ainda mais seus corpos, as luzes coloridas do suéter começaram a brilhar. O botão devia ter sido acionado, ela pensou, sorrindo ao ver as sombras coloridas começarem a brilhar no teto escuro do quarto.
— Victória se esforçou nesse — Max comentou sobre o suéter, fazendo Caro sorrir.
— Ela não perderia a oportunidade.
Ela sorriu antes de beijá-lo novamente, enfiando uma das mãos pelos cabelos loiros macios do piloto, que sempre estavam escondidos por um boné que tirava toda a magia dos seus fios. Era proibido que Max usasse aqueles na presença de Caroline. A monegasca tinha colocado essa regra pouco tempo depois que o conhecera.
Max a apertou novamente quando ouviu, pela segunda vez, o som de um 'clic' sendo acionado. Imaginou que as luzinhas coloridas iriam parar de brilhar, mas se surpreendeu ao percebê-las mudarem de cor dessa vez. Um mínimo instante antes que uma melodia natalina soasse por todo o quarto.
Não entenderam nada no primeiro momento, buscando de onde o som vinha. Demoraram a perceber que vinha deles mesmo — ou melhor, de Caro — e Max tateou todo o suéter da namorada em desespero, procurando o botão que desligasse a música.
Victoria realmente tinha se superado naquele ano. Um suéter de tricô que brilhava e tocava música natalina? Eles não estavam esperando por isso.
Quando finalmente encontrou e conseguiu desligar a música e as luzes, passaram os próximos segundos em silêncio. Os olhos dela brilhando contra os dele, a boca entreaberta e um desejo em comum: por favor, não acorde. Por favor, não acorde. Por favor, não acorde.
O silêncio durou aproximadamente trinta segundos. Trinta segundos entre a música natalina, os olhos arregalados de Caroline e o choro de Luka ecoar por todo o ambiente.
Não era um choro contido como o que ele dera mais cedo ou nas outras trinta vezes que os dois presenciaram isso acontecer desde que tinham chegado até a Áustria. Era sofrido. Como se ele estivesse determinado a colocar seus pulmões para fora enquanto Max entrava em pânico e Caro o ninava em seu colo.
— Eu disse a você — Max choramingou junto com o sobrinho, unindo as sobrancelhas enquanto a namorada andava de um lado para o outro, com os lábios extremamente inchados por culpa dos beijos dele. — Eu sabia que isso ia acontecer. Deveríamos ligar para Victoria?
— Ele só se assustou, Max — Caro respondeu, controlando seu tom de voz mas tentando se fazer audível no meio do choro agoniado. O colo deveria ter ajudado a acalmá-lo. Não entendia porquê isso não tinha acontecido ainda. — Ele deve parar em um instante.
Um instante se transformou em dois que logo se transformou em dezenas de minutos.
Cinco, dez ou vinte. Max tinha perdido a noção do tempo. Só sabia que era extremamente agonizante que seu sobrinho continuasse a chorar daquela forma depois de um pequeno — enorme — barulho como aquele. Desejou que Vic chegasse logo e pediu perdão em silêncio por, outrora, ter desejado que ela demorasse mais.
Procurou no Google 'o que fazer quando bebês choram sem parar' assim que o choro começou a mostrar sinais de que não pararia tão cedo. Encontrou um número enorme de fóruns de bebês e mães que pediam que ele se cadastrasse. Em um ato de desespero, se cadastrou em todo site de bebê que pediu seu e-mail. Se arrependeria assim que o algoritmo das suas redes sociais começassem a mostrar apenas anúncios direcionados a crianças, não muito tempo depois.
E nenhuma informação foi realmente válida para o cérebro desesperado de Max Verstappen.
Desceram as escadas até a sala, imaginando que uma mudança de ambiente pudesse ajudá-lo a se sentir mais confortável. Mas as luzes de natal que Max tentava mostrá-lo não ganhavam sua atenção. Nem o seu brinquedo favorito que estava esquecido no sofá. Muito menos os desenhos que Max tentava colocar em sua visão — 'Max, ele não tem nem um mês, por Deus, ele não quer assistir desenhos!'.
— Talvez seja fome — Caroline concluiu, apertando os olhos escuros enquanto continuava a tentar niná-lo em seu colo.
— Ele literalmente acabou de comer, amor.
— Talvez ele precise de mais. Ele está em fase de crescimento, não está?
Max achou que isso só começava na puberdade e seu sobrinho ainda nem tinha um mês completo, mas permaneceu em silêncio para não estressar Caro. Ele, certamente, era o dramático, mas ela era a desesperada entre os dois. Estava contando os segundos até o momento que Caro iria desistir de tentar fazê-lo parar de chorar — talvez começar a chorar junto a ele — e acabar ligando para Victoria.
— Segure ele por um instante, vou pegar a mamadeira que Vic deixou na geladeira — essa foi um dos ensinamentos da sua cunhada antes de sair. 'Tem leite na geladeira, um remédio no quarto para cólica e fraldas extras na bolsa, mas ele só deve dormir pelo resto do dia'. Ele deveria dormir. Se não fosse pela aventura dos dois.
— Eu não sei como fazer isso...
Ele iria continuar a reclamar, mas Caro já tinha entregue o bebê em suas mãos. Tentou segurá-lo da maneira que Sophie tinha ensinado quando o conhecera dias atrás — enquanto Vic continuava a falar 'não o segure dessa forma, ele não é um filhotinho, Max!' — prendendo o lábio superior entre os dentes enquanto tentava se concentrar. Não era difícil. Ele era capaz de ficar com o sobrinho por alguns minutos.
Luka não se acalmou, mas talvez o choro tivesse diminuído um pouquinho o seu volume. Agora, talvez ele não estivesse tentando colocar seus pulmões para fora. Talvez os vizinhos já não pudessem mais ouvir o barulho, mesmo que os que estivessem mais perto do lugar alugado por eles se encontrassem longe o suficiente para mal conseguir ver as luzes natalinas que enfeitavam a casa.
— Cheire a fralda dele — Caroline ordenou, procurando na bolsa que Victória levava de um lado para o outro fraldas limpas. — Ou é isso ou é fome. Ou cólica. Ou, meu Deus, não sei. Coisas-que-bebês-recém-nascidos-sentem.
— Deveríamos jogar no Google de novo? — Max questionou, torcendo o nariz ao levantar o pequeno em seus braços. — Ah, Caro, eu não quero cheirar a fralda dele.
— Oh, você vai cheirar a fralda dele — respondeu contrariada, suspirando aliviada assim que encontrou as fraldas e os lenços umedecidos.
— Nós deveríamos decidir isso de uma forma madura e honesta — Max falou, como se houvesse algo a ser discutido ali. Caro esperou que ele continuasse, mantendo as mãos firmemente apoiadas na cintura e os lábios pressionados em uma fina linha. — Par ou ímpar.
Caro não conseguiu segurar a risada nesse momento, mesmo que Max parecesse estar falando sério. Ela conseguia ver, por trás dos olhos claros dele, o desespero. Talvez não fosse muito bom com crianças. Mal tivera tempo de ver seus irmãos crescerem, entre uma corrida e outra e fora separado muito cedo de Victoria.
— Tá, eu faço isso — se deu como vencido, engolindo em seco antes de levantar seu sobrinho para que pudesse cheirar sua fralda. Caro revirou os olhos. Dramático. — Diaper check? Loud and clean.
A brincadeira com a frase usual 'radio check? loud and clear' que os pilotos falavam ao seu engenheiro antes de ir para a pista fez Caro sorrir, mas o sorriso não durou muito. Ok, o problema não era uma fralda cheia. Pelo seu semblante também não parecia ter cólicas. Talvez o pequeno Verstappen só precisasse de uma mamadeira extra.
Antes de fazer qualquer coisa, porém, Max decidiu se sentar no sofá antes ocupado por sua irmã. Pegou a manta azul — Red Bull — esquecida anteriormente, cobrindo seu sobrinho com todo o cuidado possível para que pudesse aquecê-lo. Talvez o ambiente não estivesse quente o suficiente. Talvez o macacão estampado com um leão — presente dele, óbvio — não estivesse o mantendo aquecido. Talvez... talvez... talvez...
Luka parou de chorar de imediato, quase como se uma alavanca tivesse sido acionada. Mas não pareceu ser pela manta ou por estar se sentindo aquecido. Quando Max se sentou no sofá, exatamente como Victoria mais cedo, permitiu que o mais novo dos Verstappen visse seu rosto, ainda que não tivesse uma visão tão bem desenvolvida.
Ao nascer, a visão do recém-nascido é limitada e ele só consegue focalizar algo que estiver a 20 ou 30 cm de distância dele — a distância ao seu rosto quando alguém o segura, ou o canto do berço. Ele ainda não consegue ver claramente além de 30 cm. Dentro dessa distância, o bebê examinará tudo curiosamente. No início, quando olhar para um rosto, a atenção dele será atraída quase diretamente para os olhos. Luka reconheceu, naquele momento, os olhos do tio, tão parecidos com o do seu primeiro amor: Victoria.
— Oi, pequeno — Max murmurou baixinho, com medo de recomeçar uma nova choradeira. Luka sorriu em sua direção. Obviamente era apenas um reflexo, já que ele ainda não sabia como sorrir. Mas foi o suficiente para fazer Max sorrir junto. — Fico feliz que conseguimos nos entender.
Luka continuava a olhar fixamente para Max que, em seu estado mais bobo possível, buscou Caro no outro lado da sala. Ela assentiu, encorajando-o a continuar. 'Finja que eu não estou aqui', seu olhar dizia, enquanto ela se sentava bem ao seu lado no sofá, em completo silêncio.
O piloto voltou a olhar para o sobrinho, limpando com as pontas dos dedos as lágrimas que tinham molhado seu rosto. Tão pequeno, tão adorável. Sorriu sozinho quando Luka pegou um dos seus dedos com a mão minúscula.
— Eu achei que você pudesse não parar de chorar mais e tirar meu trono de tio favorito — continuou, sem tirar os olhos dele. — Eu ainda sou seu tio favorito, não sou?
Não era como se tivesse uma competição ali, mas é claro que ele era. Cresceria com muito orgulho de Max. Já conseguia imaginar levando o sobrinho em vários Grand Prix enquanto ele crescia. Talvez ele também demonstrasse algum interesse pelos carrinhos de corrida que corriam em círculo. Mas sabia que nem ele nem Victoria nunca o obrigariam a seguir aquela profissão, apesar de ter uma estranha sensação de que aquilo estava em seu sangue. Victoria, quando competia, tinha sido tão boa quanto ele.
— Eu sei que sou, você não precisa confirmar.
Sorriu junto com Caroline dessa vez. Luka continuava a encará-lo como se aquela fosse a visão mais preciosa da sua vida e Max retribuía da mesma forma. Sentia que podia chorar naquele momento, mesmo que não fosse assim tão emocional. Tinha muito orgulho de Victoria, Tom e da família que eles estavam formando. Sabia que nunca faltaria amor por aquele pacotinho que se aninhava em seus braços. Nunca faltaria amor vindo dele.
Caro sorriu, desejando ter uma câmera em suas mãos naquele momento. Queria poder eternizar a imagem que tinha bem a sua frente.
Max, vestido naquele suéter colorido fofinho, natalino, brilhante e ao mesmo tempo um pouco ridículo, encarando profundamente o bebê que quase dormia deitado em seus braços. Luka tinha as pequenas mãozinhas fechadas, apertadas em volta do dedo dele e um bico nos lábios que lembrava muito facilmente as inúmeras fotos espalhadas pela internet de Max e Victoria quando eram menores.
E, se a imagem daquele bebê completamente adorável não fosse o suficiente, ainda havia o tio babão o encarando com o sorriso mais sincero que Caroline já tinha observado em seus lábios. Max continuava em silêncio, observando o pequeno dormir, ninado com o som do seu coração. Levantava, vez ou outra, os olhos claros como o mar mais azul do mundo — título que ela sabia que ficava entre Bahamas e a Polinésia Francesa — em direção a Caro, buscando sua reação.
— Você é muito bom nisso — ela sussurrou, com medo de que pudesse acordá-lo. Max sorriu orgulhoso, levantando os olhos para Caro. Podia ver um brilho de admiração no fundo dos dela.
Gostava de quando o parabenizavam depois de uma grande corrida ou de um treino fenomenal. Gostava da sensação de ter a Pole Position ou de manter o recorde de volta mais rápida em um circuito. Gostava dos elogios, do champagne e dos troféus que se acumulavam na estante da sua casa. Mas ouvir aquilo de Caroline estava em outro nível. Ele era bom com Luka. Aquele pacotinho pequeno favorito, vestido na sua cor favorita, parecia dizer em silêncio que todo o amor que o tio tinha por ele era recíproco.
— Eu fiquei com medo de não ser — confessou, fugindo do olhar da namorada. Sentia que podia chorar se encarasse ela naquele exato momento.
Tinha crescido com um tipo de amor diferente. Sabia que existiam inúmeras formas de afeto na vida, aprendeu isso na prática. Amava seu pai e era grato por tudo o que Jos tinha feito por ele, apesar das histórias não soarem saudáveis ou carinhosas quando ele falava em voz alta. Amava sua mãe, incondicionalmente, e a forma que ela fazia tudo por ele e por Victoria. Amava sua irmã, e tinha muito orgulho do que ela se tornara. Amava Caroline Grace Alfs, com todo o seu coração, por ela ter mostrado a ele em três anos o que estar com alguém significava. Mesmo alguém como ele, que às vezes perdia a cabeça, falava besteira e só precisava perceber que um erro não condenaria sua vida.
Agora amava, também, Luka. Um amor puro, sincero, que não esperava nada de volta. Sabia que ele não falaria nada. Só continuava a apertar seu dedo com muita força e encarar seus olhos até que o sono o vencesse mais uma vez.
— Eu sempre soube que você seria — Caro falou, deitando a cabeça no ombro de Max e aproveitando o momento que ele entrelaçou seus dedos, segurando Luka firmemente com a outra mão. — Você tem um coração enorme, Maxy. Foi a primeira coisa que eu percebi em você.
— Antes ou depois de descobrir que eu odiava suéteres natalinos? — brincou, assistindo-a sorrir.
Era tão simples quando estavam assim. Descontraídos, sorridentes, com as bochechas levemente coradas por causa das taças de vinho bebidas mais cedo. Leves, apaixonados, como eram no começo de tudo. Exaustos, depois de um ano que colocou em prova a vontade de estarem juntos.
Não sabia se era devido à proximidade que estava de Max, com aqueles olhos claros brilhando contra os seus escuros. Ou se era pelo perfume dele — que não era o caro que ele guardava no armário, mas aquele seu natural que ficava em seu corpo depois de um banho. Ou, ainda, se era pela maneira que ele brincava com seus dedos juntos com os dela, mas Caro nunca tivera tanta certeza do tanto que amava Max como naquela noite de natal. Quando eles só ficaram, em silêncio, observando Luka dormir e trocando olhares que diziam mais que poemas completos.
Quando Victoria, Tom e Sophie chegaram, Luka dormia como se seu sono nunca tivesse sido incomodado. Quando Vic perguntou se tudo tinha corrido bem, Max e Caroline assentiram mantendo o episódio do choro em segredo entre os dois. Mas alguma coisa — mesmo que pequena — mudou depois daquela tarde.
Max não tinha mais tanto receio assim que pegar o pequeno Luka no colo. Sentia-se confortável o suficiente para distraí-lo toda vez que Vic e Tom precisavam de um tempo e fazia visitas constantes ao apartamento dos dois quando o novo ano começara.
Assistiu os primeiros passos dele por vídeo-chamada com a irmã, ao lado de Caroline. Comemorou junto com Vic quando as primeiras palavras dele saíram — um 'mama' bem embolado. Tirou inúmeras fotos dele no seu aniversário de um ano, carregando-o no colo por boa parte da festa enquanto Vic e Tom pediam sossego.
E quando Luka estava grande o suficiente para formar frases, escondeu os olhos marejados quando ouvira um 'você é o melhor, tio Max' do loirinho que, fisicamente, tinha se saído um pouco mais como Victoria do que como Tom.
Sem dúvidas ele era.
E mais uma vez, aquele comentário o transmitiu o mesmo sentimento de ter ganhado todas as corridas da temporada. Quebrado recordes. Lançado novos desafios no Grid para quem viesse depois dele.
Tinha aprendido isso na marra, nas dores do passado e nas frustrações que vivenciaria no futuro. Era só a opinião de quem ele amava que importava em sua vida. O seleto grupo de pessoas que ele permitia entrar em sua vida e amá-lo de verdade — e ele amar, incondicionalmente, de volta. Longe dos palavrões feios que lançava nos rádios. Das brigas que — quase sem querer — arranjava nas corridas. Do semblante fechado que assustava qualquer um que cruzasse seu caminho. Longe de tudo, ele ainda era Max no final do dia. Tio Max para Luka. Big boy para Sophie. Maxy para sua Grace.
Não tinha dúvidas nenhuma que, nessas coisas, realmente era o melhor.
Não precisava de um grande troféu na prateleira para confirmar isso.
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É CEDO PRA DESEJAR FELIZ DE NATAL DO MUNDINHO PRA VOCÊS?
Esse é só o primeiro de uma série de contos natalinos que nós do mundinhof1 escrevemos para esse final de ano. Um por dia, coloquem o livro na biblioteca para receber as notificações!
Para as leitoras: espero que vocês tenham gostado ❤️ dei tudo de mim pra escrever o Max bem gado e bem feliz nesse continho.
Para a Bruna: AMIGA eu te desejo um natal cheio de luz e felicidade igual o do maxy e da grace! Te admiro muito como pessoa e como escritora e espero ter alcançado as suas expectativas com esse conto do Max (nunca achei que ia escrever com ele sos)!!!! Fiquei muito feliz quando vi seu nome no sorteio mas depois comecei a SURTAR pensando em escrever com o Charles ou o Max pra VOCÊ!!!! Você disse que queria algo bem feliz fofo cheio de arco íris e purpurina e eu espero ter entregue isso + O LUKA pra trazer a felicidade das fanfiqueiras que só querem ver o Maxy com o sobrinho. TE AMO AMIGA ESPERO QUE TENHA GOSTADO!!!!!
Para as meninas do mundinho: obrigada pela confiança para começar essa brincadeira e pela companhia e surtos conjunto nesses últimos meses!!! Sou muito feliz e grata por ter conhecido vocês e estou ansiosa para os próximos contos que vem por aí. Vcs estão no meu ❤️
com muito amorrrr,
lulis
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