''Quando chegou em casa no final do dia, sentia-se cansada das pessoas, do mundo e de si.''

— Cartas da Julieta

Chris 

───  Sábado❖ ── 10✦ ── 30h❖ ───

Acordei vendo que Eva não estava mais aqui, vejo as minhas roupas dobradas e organizada direitinho, no canto do chão ao lado da cama.

Dei um leve sorriso e vi uma pequena bandeja em cima da mesinha, tinha uma caneca de café e pão que provavelmente estava com manteiga.

Tinha um bilhete amarelo colocado na caneca, retiro ele e leio o que está escrito:

''Obrigada pela maravilhosa noite que me proporcionou ontem. Ansiosa pra repetir novamente, quando quiser é só me ligar. Ass: Eva''

Agora o meu ego estava lá nas alturas, nenhuma garota nunca tinha me agradecido dessa maneira pra mim, realmente ela era diferente e irei investir nela.

Me vesti e comi tudo que ela havia deixado. Dei uma ajeitada no quarto e saí de lá, dava pra ver alguns adolescentes bêbados dormindo por toda a casa, tenho certeza que a ressaca vai ser pesada em todos hoje.

Ao chegar em casa vejo dois carros parados dentro da mansão, reconheci um deles sendo o dos meus pais que era um carro prata e o outro preto azulado.

Entrei pelas portas do fundo, apesar de não ter bebido muito, estava com um pouco de dor de cabeça. Abri o armário pegando um copo de vidro e um analgésico, enchi o copo de água e joguei o cumprido na boca.

— Pelo jeito chegou agora em casa — Meu pai falou surgindo na cozinha segurando uma bandeja com três xícaras vazias e um prato entre as mãos.

— A empregada não veio? — perguntei desviando o assunto.

— Ela foi fazer compras — respondeu.

— Vou tomar um banho, até logo pai — falei correndo em direção ao meu quarto.

Nem prestei atenção em quem estava falando com a minha mãe que estava conversando, mas sei que é uma mulher por causa da voz.

Entrei no meu quarto, tomei um banho demorado e sai usando apenas uma toalha na cintura. Vejo a Janna sentada na minha cama, olhando a parede, mas especificamente no mural de fotos, eu tinha pregado alguns polaroides de momentos importantes pra mim.

— Janna não é bom entrar no meu quarto sem avisar — falei.

Ela se vira rapidamente pra mim, percebi que estava usando uma camiseta de mangas curtas cinza estilo social que tinha um pequeno nó no meio da barriga, short de cós alto branco e um estava usando sua rasteirinha preta, nos pés.

Mas o que mais chamou a minha atenção foi ver sua expressão de choro no seu rosto, ela sempre estava tão alegre, mas o seu olhar me fazia ficar preocupado.

Suas bochechas ficaram vermelhas, aí me lembrei que estava somente com uma toalha enrolada na cintura, caminhei em direção ao closet e peguei as primeiras roupas que vi pela frente e corri para o banheiro. Era uma camisa de mangas longas roxa com um desenho preto de ilha estampado, short jeans preto e calcei a minha cocker preta.

— O que aconteceu com você prima? — perguntei, me sentando ao lado dela e alinhando ao meu abraço.

— Me desculpe invadir o seu quarto assim — pediu — Pensei que não tinha chegado da festa de ontem, vi pelo stories dos alunos, que estava bem perto da Eva — explicou, percebi que na sua voz tinha um tom de ciúmes, mas tenho certeza que estava apenas se desviando da pergunta.

— Janna sabe que gosto muito da Eva, ela não é que nem as outras garotas, não se preocupe que quando me casar com ela, irei te chamar pra ser madrinha — expliquei, dei uma piscadela pra ela, vendo me encarar sem jeito — Não desvie da pergunta que te fiz, me conta o que está acontecendo — insistiu.

— Não sei se reparou, mas a mulher que está falando com a sua mãe, é a minha mãe, ela quer me levar pra morar com ela, nessa semana mesmo — explicou.

— O que? — perguntei surpreso.

— Isso mesmo que você ouviu — concordou olhando para os próprios pés.

— Você não pode ir, as aulas irão voltar essa semana, até solicitar uma matrícula num colégio, ficará várias semanas na fila de espera — respondi indignado.

No fundo, falava aquilo só pra fazer ela mudar de ideia, não queria que ela fosse embora, afinal é a única pessoa nessa casa que tem tempo pra mim.

Ela era pra mim como se fosse uma irmã, companheira de todas as horas, apesar de não ir em todas as festas ao meu lado, quando eu chegava de ressaca ela estava aqui pra cuidar de mim e me dar uma daquelas broncas horríveis.

— Sei — concordou.

— Você não pode ir embora — falei segurando na sua mão.

— Eu não quero ir agora também — revelou— Sei que quero morar com a minha mãe, mas ainda não estou preparada para deixar tudo para trás de repente — explicou.

Do nada a minha mãe entra no quarto, ela estava com uma expressão um pouco aliviada, sinto que está vindo boas notícias.

Ela estava usando um vestido de alcinhas finas branco que batia nos joelhos, usava um sapato de salto nude e seus cabelos estavam soltos, mas, ao mesmo tempo, úmidos, ela tinha esquecido de secar os cabelos no secador.

Ela olhou diretamente pra minha mão e da minha prima que estavam entrelaçados, ela apenas deu um sorriso, se aproximou de nós colocando a mão por cima.

— Janna não vai a lugar nenhum, afinal quem tem a guarda dela ainda somos nós — falou firme, ela se sentou do meu lado.

— Obrigada tia — Janna agradeceu, se aproximando dela e beijando a sua bochecha.

— Está no meio das aulas, não seria bom se mudar para uma cidade nova e longe de todo o conforto ao nosso lado — justificou.

— A minha mãe já foi embora? — Minha prima perguntou, mudando de assunto.

— Já sim — Minha mãe respondeu — Mas ela te deixou um beijo — falou.

— Ah sim entendi — Minha prima concordou.

— Quer o que para almoçar filho? — Minha mãe perguntou.

— Qualquer coisa está bom pra mim — respondi.

Minha mãe deu um beijo na minha testa e da minha prima e saiu do quarto. Pra distrair ela um pouco contou que fiquei com a Eva, ela ficou tão animada, afinal ela até inventou um shipper pra gente.