Capítulo V
Algumas semanas se passaram desde que Mari tinha chegado em Paris, visitava o túmulo de sua família todo o Domingo à tarde, trabalhava no Chalé de segunda a sexta, ia para a faculdade nos mesmo dia e quase todas as noites recebia a visita de seu amigo gatuno.
Ela tinha receio de não conseguir se adaptar na cidade, mas estava se dando muito bem. Sua casa estava perfeitamente arrumada, seus estudos andavam bem e tinha feito vários amigos, alguns da faculdade, outros do Chalé, e alguns de formas bem peculiares, como Chat Noir. Ela estava feliz com o rumo que sua vida estava levando.
Porém algo a incomodava, sempre se perguntou o motivo de ser a única sobrevivente do acidente, também se perguntava o porquê daquele fatídico acontecimento, Mari não conseguia aceitar a ideia, mas por mais que tentasse negar, aquele acidente era irrealista demais, parecia ter sido planejado.... Era algo muito estranho e suspeito.
Ela sempre ignorava esse fato, mas agora que tinha maturidade o suficiente para entender e investigar o caso, não ficaria parada como uma menina idiota que acredita que foi obra de Deus!
Estava voltando para casa naquele dia andando, mesmo que o salário do emprego fosse muito bom, ela não desperdiçaria dinheiro. Não quando pensava em presentear seu "amigo" Felix. Ela tentava fingir que não sabia da carreira de modelo do rapaz, porém isso era quase impossível já que ele estava em todos os lugares, como Outdoors ou em propagandas de perfumes.
Mas ela tentava, pois percebia que toda vez que alguém tocava no assunto, o rapaz se sentia desconfortável. Mesmo que soubesse que seu nome era Adrien, o chamava de Félix. Estava planejando contar a verdade para ele amanhã.
Marinette andava tão pensativa pela cidade que não percebeu quando entrou em um beco escuro, a garota caminhava sem preocupação, quando de repente ouviu o que pareciam ser vozes.
???: Então Rainha Vespa? O que achou do último tralho? - Diz uma voz grave e viril.
Rainha vespa: Ah foi divertido, por que Cupido Negro? Vai me dizer que Hawk Morth lhe meteu medo, de novo? - uma voz feminina preenche o lugar. Mari não era boba, percebeu o clima da situação e decidiu se esconder atrás de latas de lixo.
Cupido Negro: Não sou igual a você, não tenho sangue frio.
Rainha Vespa: Me poupe, matamos no máximo umas cinco ou sete pessoas, não foram tantas assim.
Cupido Negro: Mas algumas eram inocentes... Tinham crianças no meio!!! - A azulada gelou, se bobeasse a próxima a ser morta seria ela...
Rainha Vespa: Se não quiser mais fazer isso é só sair.
Cupido Negro: Você sabe que não quero. E mesmo que quisesse, não poderia simplesmente sair...
Rainha vespa: Então pare de reclamar! Você me dá nos nervos. - Assim que os dois chegaram mais perto, Mari conseguiu os enxergar melhor. O rapaz tinha o cabelo castanho escuro com luzes em cima moldado em um topete, já a mulher era loira, usava um rabo de cavalo e tinha olhos azuis mais escuros que os seus.
Os dois estavam com as mãos sujas de sangue....
Assim que saíram do beco a garota respirou aliviada, correu o mais rápido que conseguiu para casa.
"O que foi aquilo?!?"
Pensava enquanto subia as escadas.
"Quem eram eles?!? Cinco pessoas!!! Eles acabaram de matar cinco pessoas!!!"
Abriu a porta desesperada, correu para o banheiro lavou o rosto e depois deu uma olhada no espelho.
Estava pálida.
Entrou no quarto e percebeu que uma certa pessoa já a esperava sentado na janela. Mas ela não tinha cabeça para cuidar e seu amigo malicioso, não agora.
Chat Noir: Olá minha bela flor, como vai? - O loiro encarou a garota que passou direto por ele sem respondê-lo.
Chat Noir: Bridgette?
Marinette: Desculpe Chat, não estou com cabeça para brincar. - O garoto desceu da janela e se aproximou dela.
Chat Noir: O que houve? - Disse colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. A garota recuou e ele logo percebeu que o assunto era sério.
Marinette: Não quero falar sobre isso... - Sussurrou abaixando o olhar.
Chat Noir: Bugboo, sabe que pode confiar em mim não é? - O rapaz segurou seu queixo a fazendo encarar aquelas orbes verdes. Mari realmente adorava Chat Noir, ele era um idiota atencioso e carinhoso, sempre se preocupava com ela... Mesmo que não admitisse, estava começando a achar que gostava dele mais do que como amigo.
Marinette: Não se preocupe gatinho, não é nada demais. Eu só presenciei um assalto, não é nada com que se preocupar.
Chat Noir: Não se preocupe princesa, da próxima vez vou estar lá para lhe proteger, e pode apostar que vou encher a cara dele de porrada - Chat fez uma careta o que consequentemente fez a azulada soltar uma pequena e fraca risada.
Tentou ao máximo demonstrar que estava bem, ele já tinha seus problemas para se preocupar, não precisava mais dos dela também.
Marinette: Chat, poderia me deixar sozinha esta noite? Por favor?
Chat Noir: Eu adoraria dizer não, mas sei que não está bem, mesmo que tente me enganar lhe conheço muito bem Sra. Bridgette - Mari já estava cansada daquele nome falso, queria ouvi-lo a chamar pelo seu verdadeiro, mas decidiu esperar mais um pouco. A única que sabia sobre sua identidade era Alya, e queria que continuasse assim. Entretanto, tinha formado um forte laço com o loiro e queria que ele soubesse da verdade, pelo menos metade dela.
Marinette: Desculpe. - Ela o viu sorrir, pegou sua mão delicadamente e pousou um suave beijo na mesma.

Chat Noir: Boa noite princesa. - Ela sorriu em resposta.
Marinette: Boa noite gatinho. - Ela o observou pular a janela, segundos depois a trancou, e foi tomar banho.
Tinha de trabalhar amanhã, não podia se dar ao luxo de pensar em coisas banais. Se bem que cinco assassinatos não eram bem uma coisa simples assim. Colocou o pijama, pegou seu gato de pelúcia e foi dormir, ou pelo menos tentar.
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Chat abriu cuidadosamente a janela de sua casa, entrou em seu quarto e a fechou de volta.
Chat Noir: Esconder Garras. - Assim que pronunciou aquelas palavras seu traje foi evaporando e dando lugar a roupas simples.
Plagg: Pensei que ficaria mais tempo com ela. - Diz um pequeno borrão que era similar a um gato preto.
Adrien: Ela não estava bem, e não quis me contar o porquê. - Disse o loiro se jogando em sua enorme cama.
Plagg: A garota não tem obrigação de contar tudo pra você Adrien, lembre-se de que vocês são só amigos e não namorados. - O rapaz lança um olhar extremamente irritado para o gatinho.
Adrien: Obrigado por me lembrar disso.
Plagg: Onde deixou meus queijos? Estou morrendo de fome!
Adrien: Você é um robô! Como pode sentir fome? - ele arqueia uma das sobrancelhas.
Plagg: Posso pelo menos fingir não é? Até por que é muito bom comer! Mesmo que eu não sinta fome, ainda posso sentir o gosto das coisas e.... Está me ouvindo?!
Era óbvio que Adrien não estava escutando, sua mente pensava somente em uma coisa, ou melhor, em uma pessoa.... Uma certa azulada de olhos brilhantes. Ele lembrou de como ela estava pálida e.... aterrorizada, essa era a palavra certa para expressá-la naquele momento.
Estava bravo consigo mesmo por não ter conseguido ajudá-la, ficava se perguntando o que teria acontecido para ela ficar daquele jeito.
Decidiu espantar esses pensamentos, amanhã precisava se encontrar cedo com Fu, tinha informações que o faria arrancar os poucos cabelos que tinha.
Algo muito ruim estava chegando, e Adrien, ou melhor... Chat Noir estava praticamente 100% envolvido nisso, se ele encontrasse um jeito de acabar com os planos de Hawk Morth. Se ele pelo menos soubesse quais eram os planos dele já seria um belo começo para dar um fim no monstro que assombrava seus sonhos.
Há 10 meses atrás, ele encontrou o Chalé do mestre Fu, que ainda era uma simples casa de chá. Tinha chegado em um péssimo momento, já que a loja estava sendo assaltada.
Como ele possuía conhecimentos de artes márcias, decidiu ajudar o pobre velhinho. A partir daí foi criando uma amizade com Sr. Fu, e semanas depois ele ganhou Plagg, um robô, criado pelo velho, que se transformava em um traje especial o qual concedia ao dono habilidades extraordinárias.
Fu explicou que estava investigando uma certa facção criminosa que estava cometendo uma série de crimes de alto escalão. Disse que precisava de um espião para se infiltrar e conseguir informações sobre ela. O loiro automaticamente concordou em ajudar, desde o incidente que ocorrera com sua mãe, ele sempre tivera vontade de acabar com a criminalidade em Paris.
Se a cidade fosse menos perigosa, sua mãe não teria sido morta por bandidos no dia de seu aniversário de 13 anos.
Passaram-se alguns meses depois do acontecimento, e o loiro tinha ganhado a fama de Chat Noir. Era o homem mais procurado de Paris por assaltar diversos bancos e joalherias, não gostava de ter que recorrer a esse tipo de comportamento, mas tinha que parecer realmente um ladrão se quisesse se infiltrar na Akuma, nome da facção criminosa que estava investigando. Mais tarde descobriu também que o nome do líder que "seguia" era Hawk Morth, e que poucas pessoas já tinham o visto.
Recentemente tinha descoberto que ele tinha mandado alguns capangas para dar um susto em Fu a fim de fazê-lo parar de xeretar. Precisava avisar seu velho amigo, pena que não conseguiu informações sobre o dia em que isso ocorreria.
Decidiu dormir um pouco, afinal depois que saísse para o Chalé amanhã de manhã, teria de enfrentar o pai, pois Gabriel queria que o filho fizesse intercâmbio para o Canadá!
Seria difícil convencer seu pai de que ele não queria de jeito nenhum se mudar, mas tinha de tentar. Afinal, se antes não gostaria de sair da cidade por causa de seu emprego secreto, imagine agora que encontrou uma garota ao qual estava loucamente apaixonado!
Apagou as luzes e fechou os olhos pensando em uma certa moça de cabelos escuros como a noite e olhos claros como o dia.
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