Twenty Six
Eu tinha levado Chifuyu para minha casa. Eu fiquei preocupada que ele tivesse sofrido alguma concussão ou sei lá, mas ele acordou depois que eu terminei de fazer os curativos no rosto dele. Quando olhei para Chifuyu todo arrebentado e lembrei de tudo o que tinha acontecido, comecei a chorar. Eu estava me sentindo quebrada por dentro. Foi como se alguém tivesse arrancado parte da minha alma. Me sentia traída e usada. E olhar para Chifuyu e ver ele daquela forma só fazia todos os sentimentos ruins que eu estava sentindo naquele momento se intensificaram. Eu o abracei com força enquanto chorava e ele tentou me consolar. Pelo amor de Deus, eu quem deveria estar consolando ele! Afinal, quem está todo fodido é o Chifuyu.
-Desculpa.- eu solucei. -Não cheguei a tempo te de ajudar.
-Akemi, pelo amor de Deus, fica calma. Eu deixei Baji me bater. - Chifuyu disse, me olhando desesperado. Parei de chorar na hora e me afastei do loiro. Mas que porra...?
-O que está dizendo, Chifuyu, você ficou louco?- eu gritei, as lágrimas rolando descontroladamente pela minha bochecha. -Porra, eu fiquei desesperada! Chifuyu, você nem consegue abrir o olho e seu nariz deve tá quebrado, porra! Como assim você deixou Keisuke te bater? E, uau, que belo amigo ele é de ter te comido na porrada!
Chifuyu fez um barulho de gato estrangulado e se sentou para me encarar. Ele respirou fundo uma vez. Duas. Três.
-Akemi, você, sei lá, é retardada?- ele disse. Se Chifuyu não estivesse todo quebrado, eu definitivamente o teria socado! Olhei pra ele puta da vida. -Você acha mesmo que Keisuke ia trair a Toman? Porra, Akemi, usa esse seu cérebro.
-Do que está falando?
-Baji entrou na Valhalla com segundas intenções, é óbvio. Apanhei pra ele entrar na Valhalla, e, cacete, ele não entrou lá para destruir a Toman. Você sabe que a Toman é tudo pra ele. Ele tem outra coisa em mente.- Chifuyu disse. -Ele entrou na Valhalla para poder chegar no Kisaki.
-Você acha mesmo?- perguntei, baixinho. Chifuyu assentiu. -Ele te disse algo?
-Claro que não. E você realmente acha que Baji precisa me dizer algo? Eu o conheço. Que outro motivo ele teria? Porque ele te trataria assim? Caramba, Akemi, você deveria confiar mais nele. Baji é louco por você. Ele não te magoaria assim de propósito. Você sabe disso. Só está assustada demais pra enxergar.
É. Eu sei. Chifuyu tinha razão. Keisuke nunca agiria dessa forma, jamais faria algo contra a Toman, jamais machucaria o Mikey... E jamais me acharia perda de tempo. Ele tinha me pedido para confiar nele. E agora tenho certeza que era disso que estava falando. Girei a pulseira no meu pulso, a pulseira que ele me deu. Ele jamais me machucaria; certo?
Eu não queria mais me sentir daquela maneira. Não queria me sentir com medo e perdida. Eu tinha que confiar que meu namorado tinha um plano por trás daquilo tudo. Tinha que acreditar que Keisuke não estava me traindo daquela forma. Mas porque ele não falou comigo? Porque não atendeu minhas ligações na noite anterior?
Quando Chifuyu foi embora, me deixando completamente sozinha, achei que ia cometer uma grande idiotice. Eu estava surtando; ver Kazutora, definitivamente, não tinha sido bom. Nada naquele dia tinha sido bom. E eu estava morrendo por dentro, aos poucos. E toda vez que eu fechava os olhos, via o quanto Kazutora tinha mudado. O que me assustava mais do que tudo. O que ele era capaz de fazer?
Eu tinha me sentado no chão ao lado da porta quando Chifuyu foi embora e não tinha saído dali. Foi como se a porra do universo tivesse parado. Era como se eu tivesse caído dentro de um buraco e continuasse caindo e caindo e caindo. Listrado tinha vindo para meu lado, preocupado, e não saiu dali.
Peguei meu celular e liguei para a pessoa que mais me entendia no mundo todo. E, como esperado, caiu na caixa postal.
-Eu não sei o que tá acontecendo nem o que você tá fazendo. - eu falei, a voz embargada. -Eu preciso acreditar que isso seja, sei lá, um plano seu. E tudo bem. Tudo bem, ok? Mas, por favor, por favor, eu preciso de você agora. Eu... Não tô bem. Eu realmente preciso de você. Então, não importa que horas escutar isso, só... Me procura, tá? Eu te amo.
Eu desliguei o celular e o joguei longe, abraçando meus joelhos com força e sentindo meu peito doer. Era como se alguém estivesse o pressionando com força. Eu não conseguia sequer respirar. Eu sabia que estava a ponto de explodir. E simplesmente odiava isso, odiava não saber lidar com meus sentimentos. Porque, novamente, eu estava pensando em fugir. Fugir para longe dali, de tudo e todos. De Kazutora. Eu queria...
Eu queria morrer.
Eu não sei quanto tempo fiquei assim, naquele estado meio morta por dentro. Bateram na pora uma vez, mas eu não queria abrir. Não conseguia me levantar. Nem me mexer. Nem respirar.
Bateram de novo na porta.
Só vai embora. Eu estou morta.
A porta abriu com tudo e meu coração foi parar na garganta. Bom, pelo menos, se fosse um invasor, ele ia acabar logo comigo. E tudo ia simplesmente sumir.
Mas não era um invasor.
Era Keisuke, e só de bater o olho nele soube que estava extremamente preocupado. Ah. Ele deve ter escutado minha mensagem.
Ele me olhou, no chão, o rosto inchado e os olhos vermelhos, o cabelo completamente bagunçado. O celular jogado em um canto. O canivete a centímetros da minha mão.
Por um segundo, achei que Keisuke ia entrar em colapso. Ele chutou o canivete pra longe, como se, sei lá, eu fosse o pegar e enfiar na minha garganta. Eu não ia fazer isso.
-Pelo amor de Deus, Akemi.- ele sussurrou, se abaixando na minha frente. Ele também estava chorando. -Não faz isso.
-Eu não vou.- eu disse baixinho. Aquele sim era meu namorado. E não o babaca que eu tinha visto ontem e hoje de tarde. Eu o puxei pela jaqueta. -Tira isso, agora.
Ele não protestou antes de arrancar a jaqueta da Valhalla e a jogar para longe. Comecei a chorar de novo. Não conseguia evitar, aquilo era tudo uma grande merda.
-Desculpa.- ele disse e eu sabia que aquilo tudo também estava doendo nele. -Akemi...
-Eu sei. Eu sei. - eu disse colocando o rosto nas mãos. -Só me diz a verdade, Keisuke. Você... Você nunca trairia a Toman, né?
Eu o olhei. No olhar dele eu já sabia toda a verdade.
-Claro que não. Akemi, claro que não. Eu te pedi pra confiar em mim, não pedi? Porque não pode fazer isso? Porque não pode me deixar resolver as coidas do meu jeito?
-Porque machuca! Porque você não precisa fazer tudo sozinho, pelo amor de Deus, Kei.- eu falei o segurando pelos ombros. -Sabe como fiquei assustada? Com medo de ser verdade? Sabe como doeu ver você deixar a Toman e o como doeu ver o que fez com Chifuyu? Ou o que fez depois?
-Acha que não doeu em mim? Acha que não me incomoda pra cacete ter machucado o Chifuyu?- ele estava chorando e gritando. -Que não me mata te ver assim por minha causa? Que não me assusta ver Kazutora do jeito que ele tá? Meu Deus, Akemi, eu também estou assustado! Mas alguém tem que dar um jeito na porra do Kisaki! Pode, por favor, colocar um pouco de fé em mim? E me apoiar?
-Keisuke, você podia ter me falado.- eu disse, segurando o rosto dele com força. -Eu ia entender!
-Eu sei. E ia querer se envolver. E eu não quero isso! Eu vi o jeito que você ficou hoje quando estava perto de Kazutora. Eu não queria te envolver nisso. Akemi, eu só estou aqui, eu só estou te falando a verdade, porque fiquei com medo que você fizesse alguma merda.- ele falou. -Eu só ia contar a verdade pra você quando tudo isso tivesse acabado.
-Keisuke, você não precisa carregar o mundo todo sozinho!- eu disse. -Não faz mais isso comigo. Por favor. Eu sou sua namorada.
-Eu só quero você fora disso.- ele suspirou. -Você, Chifuyu... Eu não quero que ninguém se machuque. Bem, mais ainda.
-Você acha que ele também não sabe o que você está fazendo?- eu disse. Keisuke torceu o nariz.
-Não fala nada pra ele. Eu não deveria nem ter falado pra você.
-Keisuke...
-É sério, Akemi. Não se mete nisso.- ele falou tão seriamente que me assustou. Eu apenas assenti.
-Tá. Eu não vou. Mas, Kei... Não me deixa mais de fora. Não minta pra mim. Não me assusta assim, caramba!- eu disse. Keisuke me puxou para seus braços e me abraçou com força. Enterrei o rosto no peito dele.
-Desculpa.
Apenas o apertei em resposta. Pelo menos eu sabia agora a verdade. Pelo menos ele estava ali agora. Mesmo que tudo estivesse uma merda, mesmo que eu tivesse visto meu irmão e tudo tivesse dado errado... Pelo menos eu tinha Keisuke de volta. Mesmo que fosse em partes. E mesmo que tudo estivesse prestes a ruir.
-Por favor, não se mete em encrenca.- eu falei. -Eu não posso te perder, Keisuke. Eu morreria, entendeu?
-Para com isso!- ele falou segurando meu rosto para que eu o olhasse nos olhos. -Você não vai me perder. Nem hoje, nem amanhã e nem nunca.
Eu apenas o beijei. E desejei profundamente que aquilo fosse verdade.
Boa tarde gente! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Esses capítulos tão só sendo caos e depressão, eu adoroh. Por favor não me matem KKK prometo que antes de piorar melhora rs
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 11/08/21
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