Thirteen
O vento estava gelado e batia com força em nós conforme Keisuke acelerava. Eu tinha começado a tremer (sério, eu odeio mesmo vento gelado), então tinha me aproximado mais de Baji, esperando que o calor dele me aquecesse. Não sei se foi lá boa ideia. Ficar tão perto assim dele fazia meu estômago revirar. Droga, era um inferno. Eu nunca tinha me sentido daquela forma por outra pessoa que não ele, então por isso era extremamente irritante a constatação de que eu não tinha, nem de perto, o esquecido. E eu não podia me afastar dele, se me afastasse muito, o cabelo do infeliz ficava batendo no meu rosto. Então continuei como estava, com a bochecha pressionada nas costas dele e o apertando com força até demais. Como se ele fosse, sei lá, sumir por mais dois anos, quase três.
Quando ele parou a moto, pulei o mais rápido que consegui, me afastando de Baji. Tipo, ficar colada nele era desconcertante. Era ainda pior quando você queria ficar grudadinha numa pessoa e não podia. Por motivos de: você fudeu com tudo o que existia entre vocês.
Eu já sabia porque ele tinha me levado naquele lugar em específico, então nem esperei ele sair da moto antes de caminhar até a grade e me escorar nela, observando o rio logo abaixo. O vento estava batendo no meu rosto, mas já não incomodava tanto. Não da mesma forma que as minhas lembranças daquele lugar me incomodavam. Lembrar do como eu e Keisuke sempre, sempre, iamos ali quando queríamos fugir dos garotos, quando queriamos, sei lá, ficar sozinhos para variar. Já que Kazutora enchia o nosso saco, como o maldito insuportável que era. Fechei os olhos com força, tentando conter minha vontade de chorar. Até porque, se eu chorar, Keisuke vai ver e eu não quero dar esse gostinho a ele. Se o filha da puta da escola não tivesse cortado a merda do meu cabelo, eu ainda poderia usar ele para esconder, mas meu cabelo tinha ficado curto demais para isso.
-A gente vinha muito aqui.- Keisuke disse do meu lado. Estava tão perdida no meu próprio mundo que nem percebi ele se aproximar. Não me virei para ele; não conseguia olhar para Keisuke, tinha bastante certeza que se o fizesse, tudo o que eu estava tentando esconder nos últimos anos ia sair com força de mim. E seria uma verdadeira catástrofe. Tudo o que eu menos precisava no momento era ficar chorando que nem uma condenada do lado de Keisuke.
-É.- eu disse, porque o que mais eu poderia dizer, afinal? As coisas entre nós estavam completamente cagadas. E talvez até perdidas.
-Quando você me deu aquele tapa e disse que eu acabei com sua vida, uma parte de mim meio que morreu.- Keisuke falou e eu senti minha garganta fechar.
-Kei...
-Eu sei que foi da boca pra fora. Não significa que não tenha doído, Akemi. - ele falou e, por Deus, eu nem conseguia olhar para Keisuke. -Eu mudei. Não sou mais a mesma pessoa que você conheceu.
-E quem disse que eu sou a mesma?- eu falei, me virando para ele. Baji apenas revirou os olhos.
-Você não mudou, continua sendo chata e irritante e não me deixando falar.- ele retrucou. Soltei um grunhido frustrado.
-E você também não mudou merda nenhuma, continua sendo um maldito insuportável!- eu reclamei, cruzando os braços. Ficamos assim, nos encarando, por um tempo. E ai Keisuke deu um sorriso e eu relaxei. Nem tinha percebido o quão tensa estava até aquele momento. Droga!
-O que quero dizer, Akemi, é que mesmo que eu tenha mudado e você também, mesmo que eu tenha ficado dois anos sem te ver... Eu ainda me importo com você.- ele disse e dessa vez eu desviei o olhar. Droga, eu odiava o efeito que ele tinha em mim.
Keisuke se aproximou de mim por trás e se eu não tivesse tão concentrada em não surtar, eu teria dado um soco na boca dele. Senti todos os pelos da minha nuca se arrepiando quando senti a respiração dele contra meu pescoço.
-Você ainda sente algo por mim?- ele sussurrou no meu ouvido. Babaca metido!
-Nem fudendo. - nossa, como eu era mentirosa. Nem sei como minha voz não saiu rasgando por causa do quão próximo ele estava de mim.
-Certeza?- ele perguntou, o nariz roçando meu pescoço. Apertei a grade com força, tentando não me descontrolar ali. Mas é meio difícil fazer isso com um filha da puta lindo e por quem você é apaixonada te provocando.
-Absoluta, cem porcento.- eu murmurei, já sem tanta convicção assim.
Keisuke beijou meu pescoço, tão suavemente que quase foi imperceptível. E também foi o suficiente para me fazer estremecer. E ai ele se afastou e, droga. Eu já estava condenada. Me virei bruscamente para ele, o puxando pela gola do uniforme da Toman e o empurrando contra a grade, puta da vida.
-Pare de brincar comigo. - eu disse irritada e o soltei, dando um passo para trás, me afastando dele. Passei a mão pelo rosto com força. -O que você quer de mim, Keisuke? Sim, cacete, sim, eu ainda sou apaixonada por você. É isso que você queria ouvir, insuportável do caralho?
Eu comecei a me afastar. Aquilo era demais, eu claramente não sabia lidar com o que ainda sentia por ele. E não queria que ele ficasse brincando com aquilo. Se ele não sentia o mesmo, ok, não é como se não fosse culpa minha. Mas ficar brincando com o que eu sinto, ah, ai não!
-Me leva pra casa. Por favor.- cacete, eu ia começar a chorar. Mas ele nem se mexeu. Continuou me olhando e, então, balançou a cabeça.
-Você sempre entende tudo errado, né, Akemi?- ele disse.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Keisuke estava na minha frente de novo. E antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer com aquilo, a boca de Keisuke já estava grudada na minha. Eu entrei em choque real. Não estava preparada para aquele momento. Achei que Keisuke me odiava, mas ele estava me beijando? Meu Deus, eu realmente fiquei parada ali, enquanto a boca dele estava pressionada na minha.
-Me beija de volta, sua idiota.- ele murmurou sem se afastar. Ah, certo. É isso que eu deveria fazer.
Eu coloquei a mão na nuca de Keisuke, o puxando para mais perto de mim e o beijando. Achei que ia desmaiar quando senti a língua dele envolvendo a minha sem nenhuma pressa, como se pudessemos fazer isso pela noite toda. Eu teria mesmo caído no chão se Baji não estivesse me segurando com força. Meu Deus, eu estava surtando de novo.
Estar tão próxima dele, estar literalmente o beijando, era algo que eu jurava que jamais ia acontecer de novo. E, para variar, eu estava errada. Pela primeira vez, não me importei nem um pouco em estar errada.
Não sei por quanto tempo ficamos ali, parados, nos beijando. Só sei que foi bastante tempo e, sendo sincera, eu não queria que tivesse acabado. Mas ele se afastou e eu me afastei também, meus lábios provavelmente estavam vermelhos depois disso. Uau, se eu soubesse que tudo isso ia acontecer essa noite, não teria enrolado tanto para fugir de casa.
Mas o que acontecia depois disso, afinal? Isso iria resolver todos os problemas entre Keisuke e eu?
E ai ele sorriu para mim, e eu soube que não precisava me preocupar tanto assim. E nem surtar. Keisuke colocou a mão na minha bochecha e balançou a cabeça.
-Sua idiota, achou mesmo que eu iria conseguir te esquecer?- ele sussurrou. E aquilo era tudo o que eu precisava ouvir.
Boa noite gente! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Eu realmente queria postar logo esse capítulo porque achei que ele ficou pitico. Claro que ainda tem muita coisa pra rolar né rsrs
Espero que estejam gostando!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 07/08/21
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