Six
Doze anos no futuro
Eu realmente achei que as coisas pudessem ser diferentes. Afinal, o que tornaria Mikey uma pessoa ruim era matar meu irmão e isso não tinha acontecido graças a Takemichi. E, ainda assim, Kisaki deu um jeito de fuder com tudo. Eu não sabia o que tinha acontecido com Mikey, não de verdade; fazia anos desde a última vez que eu o tinha visto. Se eu fosse ser sincera, fazia anos desde que eu havia vivido meus dias sem nenhuma preocupação. Agora, se eu saía de casa, era com medo de algo ruim acontecer. Se Mitsuya saía de casa, eu tinha medo que ele nunca mais voltasse. Era isso que Kisaki Tetta tinha causado na minha vida. Porque a gente não percebeu antes, quando ainda eramos jovens idiotas, que esse cara foderia com nossas vidas? Eu o odiava tanto que sequer era capaz de descrever. Era culpa dele Keisuke ter se tornado um merda, era culpa dele Draken estar no corredor da morte, era culpa dele Mikey ter sumido. Era culpa dele Hakkai ter se tornado o que se tornou para proteger Yuzuha.
Merda. Eu estava ficando ansiosa de novo. Toda vez que pensava no que tinha dado errado na minha vida, ficava assim. Era como se um pedaço de mim estivesse faltando.
Eu deveria ser feliz! Deveria mesmo. Eu merecia isso. Mas como eu seria inteiramente feliz se tive que sair de Tokyo para fugir de Keisuke e Kisaki e toda aquela merda? Se tive que largar meu irmão para trás e nem falar para ele que me mudei para Paris, com medo do que Keisuke faria se descobrisse?
Ele não era mais a mesma pessoa que costumava ser quando éramos mais jovens. Definitivamente não era mais o garoto que eu tinha amado com todo meu coração, por quem eu tinha arriscado minha vida. Ele era, agora, uma pessoa ruim. E eu odiava quem ele tinha se tornado, odiava com todas as minhas forças.
Quando Keisuke se aproximou de Kisaki, achei que ele tivesse algum plano para derruba-lo. Mas ele não tinha; se não podemos vencer ele, Akemi, a melhor opção é ficar do lado dele. Foi o que Keisuke tinha me dito. E eu não ia apoia-lo naquilo. Então, terminamos.
Eu achei que fosse morrer. Ficou ainda pior quando Keisuke começou a fazer tudo o que Kisaki mandava. Eu nunca fui capaz de entender o porque... Agora acho que seja por causa do Mikey. Mas isso não muda absolutamente nada.
Depois que terminei com Keisuke, a única pessoa com quem pude contar... Foi Takashi. Ele ficou ao meu lado o tempo todo depois que Keisuke virou um otário. Eu não percebi, exatamente, em que momento me apaixonei por ele. Foi difícil cair na real porque não queria que nossa amizade fosse arruinada da forma que meu relacionamento com Keisuke tinha sido arruinado.
Mas quando não aguentava mais aquilo, quando o beijei a primeira vez... Ele me beijou de volta. E eu percebi que mesmo que aquilo desse terrivelmente errado, não importava. Mitsuya sempre estaria ao meu lado.
Escutei o barulho da porta do apartamento abrindo e meu coração foi parar na garganta. Eu sempre ficava assim quando a porta se abria. Mesmo que sempre fosse Mitsuya voltando pra casa.
Ele entrou e eu dei um suspiro aliviado, me jogando nos braços dele. Mitsuya me abraçou, passando a mão calma pelas minhas costas. Ele entendia bem meus medos.
-Não precisa se preocupar, Mimi. Eu estou bem aqui.- ele falou dando um beijo na minha bochecha. -Aliás, toda essa preocupação não faz bem pra você. Nem para o bebê.
Eu revirei os olhos. As vezes toda essa calma dele era revoltante. Quero dizer, ele podia surtar de vez em quando! Mas ele nunca surtava e, principalmente, nunca surtava comigo. Mas Mitsuya sempre tinha sido assim.
Quando casamos, a gente teve que fazer isso sem que mais ninguém soubesse. As únicas pessoas que foram tinham sido meu irmão e as irmãs dele. Deprimente, né? Bom, não foi deprimente. Foi o melhor dia da minha vida, mesmo que a gente estivesse fazendo isso as pressas e com medo de dar uma merda colossal. Tudo podia mesmo ter dado errado. Mas não deu. E estava tudo bem. Nós estávamos bem.
Passei a mão pelo rosto dele e Mitsuya a segurou ali. Sorri para ele. Era difícil ficar tão preocupada quando estavamos juntos. Encostei a testa na dele e fechei os olhos, sentindo a respiração quente dele contra meu rosto.
-Como você tá?- ele perguntou, a mão na minha bochecha.
-Bem. Eu fui no médico hoje. Ele meio que falou sem querer o sexo do bebê. - eu disse e Mitsuya sorriu pra mim. -Você está condenado a viver com mulheres, Takashi.
Ele riu e me beijou e, ah. Quando ele estava assim até mesmo me fazia pensar que talvez tudo ficasse bem no final.
Segurei o rosto de Takashi em minhas mãos, o beijando com todo o amor que eu tinha para dar. Os momentos tranquilos, ultimamente, vinham sendo raros. Mas muito bem vindos.
-A gente já tem o nome perfeito pra ela.- ele comentou quando se afastou. -Vai ser...
Mas eu não soube qual nome seria. Porque a porta foi chutada com força e completamente escancarada. Takashi se colocou na minha frente na hora e eu senti minha garganta fechar. Me senti uma idiota por ter largado a arma no quarto.
-Baji. - Mitsuya disse e eu senti como se tivessem aberto um buraco entre meus pés. Meu pior pesadelo virando realidade. Me estiquei e olhei por cima do ombro de Takashi, apenas para ver Keisuke com a arma apontada diretamente para o peito dele. Senti meu coração ir parar na garganta. -Abaixa isso.
-Como achou a gente? - eu disse num sussurro. Keisuke deu uma risada ácida.
-Não podiam se esconder pra sempre, sabia?- ele zombou. Takashi me impediu de dar um passo a frente, me mantendo ali. Meu coração batia na garganta. -Vocês são dois traidores.
-Para com isso, Keisuke. - eu disse, a voz embargada. -Não faz isso.
-Você me deixou.- ele disse num sussurro. -Me trocou por ele?
-Você que causou tudo isso!- eu disse, exaltada.
-Akemi. - Mitsuya murmurou. Respirei fundo.
-Não faz mais merda, Keisuke. Deixa a gente em paz. Por favor. Só vai embora!- eu implorei. -Quer que eu me ajoelhe e implore?
-Eu não quero nada disso, Akemi. Meu papo não é com você. É com ele. Um traidorzinho de merda da Toman, que estava ajudando Chifuyu a derrubar o Kisaki.- Keisuke disse. -Sabia que ele morreu? Kisaki o matou. Está caçando o Hanagaki também. Mas eu preferi vir caçar vocês.
Senti meu mundo girar e girar e eu ia desmaiar. Tentei ir para frente de Takashi, porque precisava acreditar que Baji não me machucaria, mas ele não deixou.
-Como pode falar assim? Chifuyu... Ele era seu melhor amigo!- eu gritei, meus olhos ardendo por causa das lágrimas. -Como pode ter se tornado esse monstro frio?
-As vezes você precisa fazer coisas do tipo pra proteger quem ama.- ele disse.
-Não precisa fazer isso, Baji. Eu deixei a Toman e todas essas merda. - Takashi disse. Baji riu. -Pelo menos não machuque a Akemi.
-Meu papo é com você. E eu já estou de saco cheio dessa falação.
Eu sequer tive tempo de dizer algo antes do barulho do tiro ecoar. Atingindo Mitsuya com tudo no peito. Eu gritei conforme ele caía, o sangue dele escorrendo pra todo lado. Me ajoelhei, pressionando o ferimento, desesperada, meu coração trovejando.
Minhas mãos estavam vermelhas.
Meu coração ia sair pra fora.
-Não! Não! Não!- eu disse enquanto tentava pressionar o ferimento. Ele segurou minha mão. As minhas lágrimas caiam no rosto dele.
-Tá tudo bem.
-Para! Não tá tudo bem!- eu gritei e ele riu, sangue saindo de sua boca.
-Você sempre foi desesperada, Mimi.- ele murmurou. -Eu te amo.
Os olhos dele se fecharam. E eu gritei, em puro desespero. Porque o coração dele... Já nem estava mais batendo. Takashi não estava respirando; seu peito sequer se movia.
-Não faz isso comigo!- eu gritei, como se isso fosse traze-lo de volta. Mas não ia.
Eu gritei até minha garganta doer, agarrada ao corpo já sem vida de Takashi, minhas lágrimas descendo pelo meu rosto. Eu tinha tudo em um minuto e agora não tinha mais nada. Isso era justo? A vida era justa? Isso não deveria ter acontecido; nada disso deveria ter acontecido.
Ele não deveria ter morrido. Não assim! Não sem conhecer a nossa filha, não sem podermos escolher juntos o nome dela. Ver ela crescer e aprontar tudo o que um dia Mitsuya e eu tínhamos aprontado. Ficar juntos até morrermos. Mas não assim; ele não deveria ter morrido. Ele tinha que estar aqui, comigo. Não era justo! Não era justo que isso tivesse acontecido, que eu o tivesse pedido em questão de minutos!
Era como se um buraco tivesse se formado no meu coração, na minha alma.
E o sangue de Takashi estava nas minhas mãos, no chão, grudando nas minhas roupas. Eu não me importava; eu... Eu queria ele aqui, comigo. E eu o tinha perdido para sempre agora.
A dor era insuportável. Eu não tinha mais nada agora. Eu estava viúva e minha filha órfã do pai. Isso... Porque? Apenas porque? Nós tínhamos ido embora; a gente tinha largado tudo! Então, porque?
Keisuke ainda estava ali. A arma abaixada, me olhando. Olhando para o sangue em minhas mãos, para o amigo que ele tinha acabado de matar. Eu olhei para ele, todo o ódio do mundo naquele olhar.
-Eu te odeio!- eu gritei pra Keisuke. -Você é ainda pior que o Kisaki! Eu te odeio, te odeio com todo meu coração por tirar de mim o pai da minha filha e a pessoa que eu amo!
Ele pareceu chocado pela primeira vez. Se dando conta do que tinha feito, do que me tinha tirado. De que Takashi e eu não tínhamos apenas nos casado, mas estávamos construindo nossa família juntos. E ele tinha tirado isso de nós. De mim.
-Você está...
-Eu te odeio, Keisuke. - eu disse num sussurro, me levantando. -Você é o pior ser humano do planeta e ter me envolvido com você foi um erro! Eu deveria ter deixado Kazutora te matar! Espero que o inferno seja agradável, porque é pra lá que você vai, seu puto!
As lágrimas escorriam de forma furiosa pelo meu rosto, meu coração trovejando no peito. Eu não me importava que Keisuke estivesse armado. Se ele quisesse me matar... Eu não tinha forças para me importar. Se ele me matasse, eu estaria novamente com minha família. Não importava; nada mais importava agora.
-Eu... - ele começou a murmurar.
-Você se tornou um monstro. Eu deveria ter dado um jeito em você quando percebi que não era mais a pessoa que eu amava. Olha o que você fez! Você... Tirou tudo de mim. Primeiro, acabou com minha sanidade mental, me fez querer morrer. E agora que estava feliz e recuperada e tinha superado tudo o que você me causou... Você tira a vida de quem eu mais amo. Eu te odeio!- eu gritei com toda minha raiva, minhas lágrimas caindo de forma furiosa.
Ele parecia atordoado. Aproveitei isso para pegar a faca que estava na mesa e ir até ele. Acho que Keisuke nem percebeu quando a enfiei em seu pescoço. Acho que nem eu sabia o que estava fazendo quando o fiz. Arregalei os olhos conforme o sangue dele escorria e manchava minhas mãos ainda mais.
Keisuke caiu engasgado e me olhou. Ele parecia tão triste; e então, morreu aos meus pés.
O que eu tinha feito?
Tremendo, peguei o celular. Tremendo, liguei para a única pessoa que eu podia contar.
-Keke?
-Kazutora, Mitsuya morreu.- eu disse, assombrada. Meu irmão ficou em silêncio. -E eu matei o Keisuke. Não sei o que fazer.
-Puta que pariu. Akemi, você precisa sair do país. Tipo, urgentemente. Eu vou te ajudar. Mas saí dai. Sério.
Eu estava chorando de novo quando desliguei o celular. Os dois caras que eu tinha amado estavam mortos na minha sala de estar. E o sangue de ambos manchava minhas mãos. Puta que pariu.
Takemichi, eu espero que você mude esse futuro. Caso contrário, estarei condenada.
Tá, admito que esse capítulo foi um tiro na testa, mas é pra entenderem melhor a situação da Akemi do futuro e do como ficou cagado o dela K
Eu nem ia fazer os futuros dela, mas eu realmente gostei de escrever esse capítulo então decidi postar & já pensei nos outros dois futuros possíveis da Akemi hehehe apesar de que vá demorar um pouco pra rolar
ENFIM, não me odeiem, é apenas um futuro que claramente vai ser mudado pelo trio de idiotas vulgo Takemichi, Chifuyu e Akemi
Espero que estejam gostando!
~Ana
Data: 14/08/21
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