Nineteen
O dia estava horrível. Não no sentido de eu estar tendo um dia péssimo, mas porque o dia estava feio mesmo. Estava chovendo horrores, parecia que o mundo ia desabar a qualquer instante. O que acabou completamente com meus planos para aquela tarde. Emma e eu íamos para a praia juntas com Draken e Mikey, mas alguma força divina olhou para nós e pensou "hm, hoje não meus queridos" ai, BUM! Chuva infernal que não parou nem por um maldito instante. Eu já estava prestes a surtar, porque, sério, eu simplesmente odiava ficar sozinha em casa. E foi ai que Keisuke apareceu na porta. Quase como se ele tivesse lido meus pensamentos. E, sabendo o quão bem ele me conhecia, eu não duvidava que ele tinha ido até ali só para que eu não me sentisse sozinha. Era por essas coisas que pareciam tão irrelevantes e sem importância nenhuma e que, na verdade, significavam muito, que eu amava ele.
Eu nem tinha dito nada antes de puxar Keisuke para dentro. O cabelo dele estava meio molhado por causa da chuva e ele não me deixou usar o secador, o que me deixou bem revoltada. Ele ainda ia deixar eu fazer tranças no cabelo dele, ia sim. Eu não desistiria tão fácil assim da ideia e quando ele menos esperasse eu teria feito uma linda trança naquele cabelo comprido.
Também não fiquei surpresa quando vi que ele estava segurando um gatinho enrolado na jaqueta. Conhecia Keisuke o suficiente pra saber que ele deve ter visto o coitado na chuva e sozinho no meio do caminho e o pego. Nós demos água e comida para o gatinho, que era incrivelmente dócil e quietinho.
A gente tinha ido para o sofá e colocado um filme qualquer para assistir, mas não nego que nem prestei atenção. Eu tinha deitado a cabeça no colo dele e Keisuke ficou mexendo no meu cabelo, o que me fez ficar morrendo de sono. O filme também estava chato pra caralho, então eu ia mesmo acabar dormindo ali.
Eu bufei revoltada e me sentei no sofá, o que fez Keisuke me olhar confuso. Torci o nariz.
-Esse filme é chato.- eu disse.
-Você que é chata.- ele falou, passando os braços ao meu redor e me puxando para perto de si.
-Igual você. - falei me sentando no colo dele e envolvendo minhas pernas ao redor da cintura de Keisuke. Ele me abraçou e segurei o resto dele nas minhas mãos, o olhando. Cacete, eu o amava tanto que doía. -Já te falei que você parece um vampiro?
-Já. Umas mil vezes.- ele disse entediado e eu dei risada, me inclinando para beija-lo.
Eu podia passar a tarde toda beijando Keisuke. Tipo, foda se o mundo caindo lá fora e o filme merda passando na televisão, tudo o que eu precisava era dele. E Keisuke estava exatamente onde eu queria: junto comigo.
Ele sempre me beijava com suavidade, o que era engraçado porque nada em Keisuke era sutil. Tipo, ele está sempre socando alguém! Parece um bicho selvagem. Ninguém olha pra esse menino e pensa que ele é um namorado carinhoso. Mas ele é. Mil vezes melhor do que eu e talvez seja mil vezes melhor para mim do que eu para ele. Mas Keisuke não parece se importar com o fato de eu não ser nem de perto tão boa em demonstrar amor e carinho quanto ele. Acho que se ele não gostasse de mim por quem eu sou, não teria voltado comigo depois de tudo o que rolou entre a gente. Quando paro pra pensar, não consigo me ver com outra pessoa que não seja ele.
Eu me afastei um pouco dele, o que era bem difícil de fazer quando toda vez que a língua dele envolvia a minha eu me desligava de todo o resto, e olhei nos olhos dele, minhas mãos entrelaçadas no cabelo escuro dele.
-Eu amo você. - eu acabei soltando. Claro que eu já tinha dito que amava ele antes, mas dessa vez era diferente. Não sei explicar. Foi como se eu literalmente tivesse colocado todo meu coração naquelas palavras. Como se eu estivesse completamente exposta e ele pudesse me ver inteira agora. Ele também sabia que era diferente, porque segurou meu rosto e pressionou a testa na minha.
-Também amo você. - ele disse baixinho. Droga, esse menino ainda ia me matar.
Deitei a cabeça no ombro dele, o nariz roçando a curva do pescoço dele. Foi engraçado ver Keisuke arrepiar e eu dei um sorriso diabólico. Então ele tinha um ponto fraco. Me aproximei mais e beijei o pescoço de Keisuke. De novo e de novo. Ele bufou com irritação e eu dei risada.
-Não vou conseguir prestar atenção no filme se você ficar fazendo isso.- ele reclamou. Eu dei de ombros.
-O filme é uma merda, de qualquer forma.- eu disse me esticando para olha-lo nos olhos. Ele apenas arqueou a sobrancelha e eu suspirei, derrotada.
Me virei para ver o filme. Cara, não tinha acontecido nada demais nos últimos dez minutos e continuava um porre. Estava preparada para dizer isso a Keisuke quando senti a boca dele no meu pescoço. Que filho da puta vingativo! Fechei os olhos com força, ainda mais quando ele mordeu de leve meu pescoço, aqueles dentes afiados raspando pela minha pele. Senti meus pelos arrepiando e Keisuke riu contra mim. Bufei irritada e me afastei para olhar esse maldito.
-Eu te odeio, sabia?- eu disse e ele sorriu com divertimento. Me inclinei e o beijei.
Diferente dele, eu não era carinhosa. Então quando o beijei, não foi com suavidade. Minha língua envolveu a dele com certa urgência e eu passei os braços ao redor do pescoço de Keisuke, o apertando com força contra mim. Estremeci de leve quando ele colocou a mão gelada dentro da minha camiseta, a subindo pelas minhas costas, me puxando para mais perto de si.
-Então é assim que você trata alguém que odeia?- ele perguntou, a boca ainda pressionada contra a minha.
-Cala boca, Keisuke. - eu murmurei, voltando a beija-lo. Ele mordia meu lábios inferior de leve e aquilo ainda ia me matar.
Eu podia ficar assim o dia inteiro. Não estava nem ai. Eu não pretendia me afastar dele tão cedo. E, como se ouvindo meus pensamentos, meu celular começou a tocar. Eu bufei irritada e me afastei dele. Nós dois estavamos respirando ofegantes. A boca dele estava muito vermelha, o que me fez rir.
Levantei e fui em busca da porcaria do celular. Só não atendi na base da grosseiria porque olhei na tela e vi que era uma ligação da minha madrinha. Torci o nariz.
-Oi, madrinha.- falei quando atendi. -Está tudo bem?
-Tudo bem. Olha, Akemi, você consegue se virar ai sozinha hoje? Não vou conseguir chegar em casa por causa da chuva então vou dormir na casa da Fumiko.
-Ah. Tudo bem. Eu dou conta de ficar sozinha um dia, sabia?- eu disse torcendo o nariz e ela deu risada. E então, ficou em silêncio, e eu sabia que tinha algo errado. -Madrinha? Tá tudo bem mesmo?
-Sim, comigo está tudo bem. Akemi, não tem jeito fácil de dizer isso, e eu esperava que pudéssemos conversar disso pessoalmente quando eu chegasse em casa, mas não vou voltar hoje e não queria que você descobrisse por outra pessoa que não por mim. - ela começou a falar e meu coração batia acelerado dentro do peito. Do que ela estava falando?
Keisuke deve ter percebido que tinha algo errado, pois se levantou e veio até mim.
-Seu irmão saiu do reformatório faz uns dias. E eu tenho a guarda dele e a sua, mas não faço a menor ideia de onde ele está.
Fiquei em silêncio. Minha cabeça começou a girar e foi como se tivessem aberto um buraco no chão e eu estivesse caindo e caindo e caindo. Eu não escutei mais nada que veio depois que ela disse "seu irmão saiu do reformatório".
-Akemi, está me escutando?
-Tá bom. Eu te ligo antes de dormir. Se cuida.- felei meio automaticamente e desliguei antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.
Keisuke estava parado na minha frente, me olhando com a mais pura preocupação. Meu assombro deveria ser nítido.
-Ake, o que aconteceu?- ele disse e me segurou pelo braço com cuidado, como se eu pudesse quebrar. Eu nem conseguia falar de tão chocada que estava. Comecei a gaguejar, as palavras saindo meio atrapalhadas. Nem conseguia montar uma frase.
Keisuke me segurou pelos ombros e me fez olhar em seus olhos. Aquilo era o suficiente para fazer uma parte de mim se acalmar. Eu respirei fundo, tentando controlar minha ansiedade. Keisuke não disse mada, apenas me puxou e me abraçou, tentando me acalmar passando a mão pelo meu cabelo.
-Kazutora saiu do reformatório. - eu disse num sussurro. Sabia que ele tinha escutado apenas porque todos os músculos do corpo dele ficaram tensos. -Não sei o que fazer.
Ele ficou em silêncio por um bom tempo, apenas me apertando em seus braços como se aquilo, de alguma forma, pudesse ser capaz de tirar toda a negatividade que tinha se instalado ali. Bom, em partes podia mesmo.
-No momento, Akemi, o mais importante é você não deixar isso te destruir. A gente lida com o resto depois.- ele disse e eu apenas assenti. Keisuke segurou meu rosto em suas mãos. -Você não está mais sozinha, Ake. Nunca mais vai estar.
Eu o abracei com força, contendo minha vontade de chorar. Kei tinha razão. Eu não estava sozinha. Não precisava mais carregar tudo sozinha. E talvez fosse a hora de colocar tudo para fora. E começar a me curar de tudo aquilo.
Boa tarde gente! Tudo bem com vocês? Espero que sim
Início do capítulo tudo lindo e no final apenas caos, porque a gente gosta mesmo é de sofrimentoh
Aliás, eu realmente ando postando muitos capítulos dessa fanfic, meu Deus KKKK em minha defesa é porque temho muito capítulo pronto (no momento tem 15 só esperando para serem postados) então desculpa, mas sou a doida da atualização porque simplesmente não consigo postar um por dia/semana
Enfim né KKK
Espero que estejam gostando!
~Ana
Data: 09/08/21
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