Nine
Aquele dia depois da aula, Kei foi lá pra casa. Não tinha ninguém além de nós porque minha madrinha estava trabalhando e Kazutora tinha saído, sem nem avisar nada! Apenas espero que ele não tenha se metido em algum novo tipo de merda, sinceramente. Talvez eu devesse confiar mais no meu irmão, mas, é. Complicadinho, né? Principalmente depois de tanta coisa merda que aconteceu. Claro, Kazutora tinha mudado. Isso não significava que eu não tinha mais medo de algo ruim acontecer de novo. Eu ficava meio insegura toda vez que meu irmão saía sozinho, mas entendia que hora ou outra eu teria que colocar um pouco mais de fé em Kazutora.
De qualquer forma, aquele dia estava extremamente frio e eu estava muito cansada. Tinha passado o dia anterior estudando até de madrugada para uma prova e realmente só queria deitar e dormir quando cheguei em casa. Kei queria assistir filme, mas desistiu da ideia quando me viu quase desmaiando de tanto cansaço. Então a gente foi para o meu quarto e deitamos na minha cama.
Kei tinha me abraçado e me puxado até que minhas costas estivessem contra o peito dele, o braço de Keisuke passando por cima de mim e o rosto dele enterrado no meu pescoço. Estavamos enrolados no cobertor, agarradinhos, então não foi tão difícil assim cair no sono. Na verdade, acho que não dormia tão bem assim há muito tempo, se for ser sincera. Eu não precisava me preocupar se Keisuke estava bem ou não porque ele estava exatamente ali, comigo, então eu podia dormir em paz. Algo que talvez eu nunca vá admitir é isso: eu ainda tinha medo. Ainda estava assustada, mesmo que eu tentasse fingir que não. Kisaki tinha tentado fazer Kei ser morto. Então o que garantia que ele não tentaria de novo? Eu estava constantemente assustada com essa possibilidade. As vezes, sequer conseguia dormir.
Então por isso caí em um sono tão profundo que me fez inclusive sonhar. Mas o sonho não foi tão bom assim, honestamente. Eu acordei assustada, o coração acelerado e batendo na garganta.
Ele estava morto no meu sonho.
Mas Keisuke não estava morto, ele estava bem ali e, pela respiração dele eu conseguia dizer que tinha acordado quando me sobressaltei.
-Você teve um pesadelo?- ele murmurou no meu ouvido, meio acordado, meio dormindo.
-Ahan.- eu disse me virando apenas para o apertar em meus braços. Estava tudo bem, estava tudo certo.
-Quer falar sobre?- ele perguntou, passando a mão no meu cabelo. Fechei os olhos de novo.
-Não.- eu murmurei. -Amanhã é Natal.
-Achei que não gostasse dessas coisas.- ele disse e eu suspirei.
-Eu não gosto mesmo. Mas a gente podia sair hoje.- eu disse enrolando o cabelo dele no meu dedo.
-Com esse frio do caralho? Eu nem quero sair daqui.- ele disse e eu dei risada. Sinceramente, nem eu queria.
Me assustava pensar no como as coisas andavam calmas ultimamente. Quero dizer, na medida no possível já que Keisuke era a porra de uma bomba relógio. Mas eu tinha me acostumado com os humores dele. Eu sabia como lidar com Keisuke Baji melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. E se eu fosse ser sincera, eu gostava dele por ser quem era, o pacote completo. Eu não mudaria nada. Mas o que eu quero dizer é que me assusta as coisas estarem calmas. E eu sentia que quando a merda explodisse de vez, ia vir com força total. Isso era uma verdadeira bosta e eu odiava o sentimento.
Bem, claro, nem tudo estava tão calmo assim já que Takemichi tinha vindo do futuro novamente porque a situação tava uma bosta. E eu ainda estava receosa em relação aos planos de Kisaki. É claro que ele estava aprontando algo. O que estavamos deixando passar, droga? O que ele sabia que nós não? Porque ele estava sempre há mil passos na nossa frente? Eu odiava isso! E odiava Kisaki com todo meu coração.
Chifuyu tinha me avisado mais cedo que ele e Takemichi teriam, hoje, um encontro com Kisaki e Hanma para acertar tudo o que fariam amanhã para impedir Hakkai. Por mais que eu quisesse me meter e ir até a porra da igreja ajudar, sabia que não era boa ideia me envolver naquilo. Ainda assim, uma voz irritante gritava no meu ouvido dizendo que eu tinha que ajudar de alguma forma. E meu medo era que talvez essa voz tivesse mesmo razão.
-No que você está pensando?- Keisuke murmurou, torcendo o nariz para mim. Eu dei um longo, pesado e dramático suspiro.
-Nada que importe, sinceramente. - eu falei, passando minha perna por cima do quadril dele. Ele era tão, tão quente que eu já nem sentia mais frio. E estar abraçada com Kei era sempre confortável. E tudo o que eu precisava. Me trazia uma sensação de paz que eu não era capaz de explicar. -Você podia me levar pra tomar sorvete.
-Você é doida.- ele disse, o nariz roçando minha bochecha, a mão dele deslizando pelas minhas costas. -Sair nessa porra de frio pra tomar sorvete. Sinceramente, Akemi, te falta noção.
-Você é chato pra caralho, sabia? - reclamei, tentando me afastar dele. Mas o aperto de Keisuke era forte o suficiente, então sequer conseguia me mover. Honestamente, eu nem me importava.
-Se você quiser mesmo, te compro um sorvete. O que eu não faria por você, né?- ele disse e eu dei um sorriso.
É, Takemichi e Chifuyu. Eu vou mesmo acabar me envolvendo nessa briga que prometi não me meter. Porque tudo o que menos quero no mundo é ver esse Keisuke desaparecer. E dar lugar a algo ruim.
Vou ajudar eles a parar Kisaki Tetta. Quer queiram, quer não.
Data: 16/08/21
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