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Capítulo 15 - Fechem os panos. Fim do último ato

Três dias contados se passaram desde então. Neles, Naruto não dormiu muito bem. Até nos sonhos ele era perseguido por Sasuke, ameaçado por Itachi e confrontado por Gaara, e o final era sempre o mesmo: a solidão angustiante de não ter feito quase nada para merecer algo além disso. Mas nem mesmo o sonho (ou, nesse caso, pesadelo) conseguia ser pior que a realidade em si. A realidade não tem um despertador que te acorda às 6h30 e te livra do terrível cenário de alguns segundos atrás.

Enquanto para Naruto tudo isso havia sido uma agonia, para Itachi havia sido reconfortante. Ele conseguia, aparentemente, prever os próximos passos de Sasuke — contava com eles, na verdade. Mas Itachi não era vidente, e seu erro sempre foi subestimar seu irmão mais novo, essa era a verdade. E quanto a Gaara, bem, ele vivia em paz consigo mesmo, graças às regalias da ignorância, a não ser pelas alfinetadas que brotavam em sua mente, tipo a de que "seria bom ter o Itachi aqui comigo agora...", porém, como ele não estava num dos sonhos do Naruto e nem estava tão bêbado quanto no dia da festa, acabava não tendo disposição de ir confrontar Itachi sobre o que queria esclarecer; como sempre, desconsiderando o próprio bem-estar, em favor disso.

Já Sasuke, esse vivenciava seus dias cogitabundo, com uma certa calmaria incompreensível para alguém que havia experienciado tantas revelações em tão pouco tempo. Assim ficou, aliás, até a noite, pois pelo menos agora, depois de refletir bastante no fim de semana, Sasuke sabia exatamente o que faria quanto a tudo aquilo.

Mas uma certeza é que estava decidido a não fazer mal algum a Gaara, que havia sido o único sincero com ele naquela história suja toda, o único que sempre pareceu... inocente e bem-intencionado nas suas ações, como naquela conversa deles na festa de Sasuke sobre como lidar com o Naruto.

Ele desbloqueou Naruto na mesma hora e enviou uma mensagem, uma simples mensagem desconexa que deixaria Naruto sem entender nada até segunda-feira de manhã. "Tudo bem", dizia a mensagem, apenas. E então Sasuke voltou a bloqueá-lo da sua lista de contatos.

•      •      •

Na manhã seguinte, Naruto precisou esperar ansiosamente até o horário da saída para receber uma explicação de Sasuke quanto àquela mensagem, e mesmo assim não a teve. Não exatamente.

Depois de ser ignorado mais um dia na escola por Sasuke, Itachi e Gaara, e por tanto tempo, sua mente começou a se conformar com certas coisas. A primeira era que aquela má energia em volta dele — Naruto ainda adorava falar sobre "energias" — estava afetando até mesmo sua sociabilidade com aquelas outras pessoas que outrora fofocavam com ele pelos corredores, que o idolatravam por um papelzinho merda de 20 minutos de peça, que queriam transar com ele, até. Que queriam ser ele. Muito mal colegas ele podia dizer que tinha, ainda.

A segunda coisa é que Naruto também aderiu à ideia de que era um mártir, e tudo bem, se isso significasse manter Gaara bem. Dessa vez, ele não tinha mais planos mirabolantes para virar o jogo ou ferir Sasuke através dos sentimentos dele.

E a terceira coisa era que confiava em Sasuke, que sabia que, mesmo bravo, ele era um garoto legal, com quem passou as últimas semanas de forma bem íntima, e que ele não faria nada para machucar ninguém. Sabia que Sasuke era um namorado atencioso, um amigo fiel e um irmão revoltado. Uma combinação que com certeza estaria a favor de Naruto.

As horas demoraram mais a passar, sim. A ansiedade, boa e velha amiga, não deixava barato saber que o psicológico de Gaara estava nas mãos melequentas de Sasuke, deixando Naruto cada vez mais nervoso. Isso não era um ensaio, era pra valer; vamos, pessoal, se apressem, entramos em 5 minutos e estamos com a casa lotada!

Quando o sinal tocou, Naruto correu para a saída. Ele não queria se atrasar e dar ao Sasuke a desculpa de que ele havia demorado demais para chegar, e então precisou ir embora — apesar de Itachi ainda estar arrumando seu material na mochila quando saiu.

Mas Naruto ainda teve que esperar uns seis minutos até Sasuke finalmente vir em sua direção, à entrada do colégio.

— Lá em casa, hoje, umas sete horas. Tu pode ir? — perguntou Sasuke, parando à sua frente.

— Sasuke, primeiro quero te pedir desculpas por tudo o que aconteceu — falou Naruto, aflitivo. — Eu só não soube lidar, eu acho. Não sei... Só, por favor, me dá o vídeo, que o Gaara não merece isso.

Sasuke o fitou.

— Eu sei que não merece. Por isso quero que você vá lá em casa, com calma, e vamos conversar. Ainda não consegui... entender tudo, exatamente. Quero ouvir o que tem a dizer. — E sorriu de canto, sem jeito. — E você aproveita pra revirar a casa, se quiser, pra ver se tem mais câmeras escondidas por aí. — Sasuke até se permitiu rir agora. — E aproveita também pra chegar meu celular e o do Itachi. Você mesmo vai apagar e conferir. Mas não se preocupe. Não pretendo permitir que nada de ruim aconteça com o Gaara. Ele é um cara legal.

— Sim, ele é — confessou Naruto, suspirando com alívio agora, depois de dizer isso e depois de ouvir tudo o que Sasuke lhe falou. Naruto olhou ao redor, e o alívio não durou muito, nunca durava mesmo, quando Itachi atravessou o portão, caminhando na direção deles, que estavam nas beiradas do gramado.

— Sasuke — disse ele, ignorando a presença de Naruto —, vamos, ainda tenho que preparar o almoço.

E saiu, marchando para o estacionamento, sem olhar para trás.

Naruto o encarou com certa rigidez. Precisou repetir para si mesmo que não precisava mais ter medo; que estava tudo bem; que, talvez, se tivesse jogado limpo desde o começo com Sasuke, nada disso estaria acontecendo; que o único culpado daquela história toda era única e exclusivamente Itachi.

Sasuke deu dois passos à frente nesse momento, segurou Naruto com leveza pelos braços e deixou um selinho na bochecha dele, e Naruto pôde relembrar a capacidade ilustre de Sasuke permanecer tão sereno e até mesmo cheiroso após um dia exaustivo de aula.

— Até mais tarde, Naruto — disse ele, e seguiu Itachi até o carro.

•     •     •

Se não fosse pela tão boa estrutura e decoração inconfundível, a casa dos Uchiha seria irreconhecível para Naruto. O sol ainda se punha, atrás dele, e não tinha jovens entrando ou saindo dali, e nem mesmo uma música alta ou luzes de LED dançando pelas ruas do bairro, como no dia da festa de Sasuke. Agora, porém, a casa dele parecia a de um apresentador de TV famoso, e não de um rapper que adora festanças. Continuava bonita, é claro, mas também mais séria do que antes. Mais simples, se é que isso era possível.

Às 19h17, Naruto bateu à porta. Às 19h18min32seg, Itachi atendeu; às 19h18min58seg Naruto entrou, sem trocar uma palavra sequer, e/mas foi só às 19h19min42seg que ele começou a sentir o mais puro medo do futuro.

Ambos caminharam juntos até a sala, e Itachi mandou Naruto sentar no sofá. Mandou. E é óbvio que Naruto obedeceu, embora o pensamento de estar sendo ordenado por aquele babaca mais uma vez ainda o incomodasse. Itachi foi até o pé da escada e de lá chamou por Sasuke, que respondeu um "já vou", do andar de cima. Naruto ficou ainda mais desconfortável, agora enfiando as mãos entre as coxas, para aquecê-las e para que parassem de tremer.

— Está com sede?

Naruto ficou em estado de alerta. Chegou a titubear enquanto fitava Itachi.

— Não...

— Certeza? Água, suco... ainda sobrou vodka também, da festa. Não sei como. — Considerando que, para adolescentes do colegial, bebida alcoólica era como... bem, bebida alcoólica.

— Não, obrigado...

Ora veja, Quaresma; Naruto sabe dizer "obrigado", afinal.

Sasuke desceu logo em seguida, pipocando pelas escadas. Assim que avistou Naruto ali sentado, respirou fundo e caminhou mais lentamente até lá, sentando-se no braço do sofá, um tanto distante dele. Próximo de onde, dias atrás, Naruto havia sido obrigado a kkkkkkkk beber uma lata de cerveja usando apenas a kkkkkkk boca.

— Oi, Naru — disse Sasuke.

— Oi, Sas — respondeu Naruto.

Itachi revirou os olhos e avisou:

— Vou ficar lá em cima. Me chame se precisar de alguma coisa.

— Não. Você também fica. — E apontou para o sofá, bem ao lado de Naruto. — Senta.

Itachi reclinou a cabeça para o lado. Encarou Sasuke e percebeu que ele estava falando sério, e mesmo achando isso ridículo, fez como ele queria e se sentou. Seu cotovelo intencionalmente ficou encostando no de Naruto, que suspirou frio mais uma vez.

— Fiquei pensando um tempão nisso tudo — principiou Sasuke. — Vocês dois me fizeram pensar, na verdade. Eu te chamei aqui para resolvermos as coisas, não foi? — perguntou a Naruto, que anuiu com receio. — Mas acho que não te perdoei por tudo ainda. Nem você. — Itachi sabia que estava falando para ele agora. — Vocês me enganaram, me manipularam... A mim e ao Gaara. São uns mentirosos de merda, os dois, isso sim, e agora Gaara também sabe disso. — Naruto recuou o olhar. — Ou pelo menos vai saber. Acham tão divertido, não é, brincar de controlar a vida das pessoas, de fazer "justiça". — Agora foi Itachi que recuou o olhar, desviando-o de uma vez, respirando fundo em seguida. Aguardando. — Não é bom estarem no lugar em que estão agora? Se sentindo observado, dependendo da ação de alguém para ter uma reação, se sentir impotente e sem livre-arbítrio. Essas coisas. — Encarou Naruto. — E eu ainda não entendi... por quê. Por que não me contou? Achou que eu deixaria isso continuar acontecendo se soubesse disso tudo?

— Se tivesse boa vontade de fazer a coisa certa, de me entregar o maldito vídeo e evitar que eu ficasse mais humilhado do que eu estou, eu não estaria sentado no seu sofá ainda. — disse Naruto, desviando o olhar. — Mas, em vez disso, está palestrando essa merda moral aí. Não sei o que pretende, Sasuke, mas, vendo o que está fazendo agora, parece que eu tinha razão em achar isso. Que você sempre foi algo além do que aparenta.

— É. E eu também tenho razão, agora que meus olhos foram abertos — respondeu Sasuke. — Pelo menos agora você aprendeu a se importar com alguém que não você mesmo para proteger essa pessoa que ama.

— Olha quem fala. Sasuke Uchiha.

— Eu sempre te tratei bem — Sasuke prosseguiu dizendo. — Fiz de tudo para que ficasse confortável com nosso namoro, porque achei que estivesse tão afim quanto eu.

— Nossa, mas como você hipócrita. — Naruto até se permitiu rir. — Cada passeio, cada palavra bonita, cada presente que você me dava na verdade era pra você mesmo, porque você amava aquilo que idealizou de mim. Se me agradava, era pra me manter perto de você, e não pelo simples prazer de agradar alguém. É um mimadinho orgulhoso, se quer saber.

— Você parece saber bastante do assunto. Pelo menos eu não reprimo os sentimentos e carências do meu melhor amigo pra mantê-lo por perto. Tô ligado que você faz dele tipo um mordomo afetivo, não é esse um dos termos que você adora usar?; e eu já havia percebido isso há um tempo.

— Bem, pelo menos eu não faço do meu irmão mais velho uma babá social. Sem ele, você não teria um amigo sequer. Eles só ficam perto de você, os que ainda se rebaixam, porque teu irmão é o bam-bam-bam do time da escola.

— Não os culpo. O que deve ser difícil mesmo é ser seu amigo interessado num papel na próxima peça da escola e descobrir que você interpreta tão bem quanto uma pedaço de pau — retrucou Sasuke, surpreendentemente.

Itachi, que estava quieto desde o começo daquela conversa, assim ficou até então, limitando-se a encarar ora Naruto, ora Sasuke com um sorrisinho no rosto. Mas quando Sasuke o fitou, indagando implicitamente sobre aquela cara sonsa dele, Itachi não resistiu, e se manifestou:

— "Às vezes, é difícil. Mas, cedo ou tarde, todos os homens se revelam." — E sorriu mais. — É de Vingadores: Era de Ultron.

Sasuke o respondeu à altura, com o mesmo filme:

— "Às vezes, o que quero ouvir não é exatamente o que quero ouvir."

Itachi sorriu mais, porque:

— Essa sim é uma boa citação para te descrever. Chega até ser irônico ela sair da sua boca, porque o que você quer ouvir não é nem o que você quer ouvir e nem o que você não quer. O fato é que você simplesmente não quer ouvir, mas sim apenas ser ouvido. Sempre.

Naruto começou a ficar confuso com aquela conversa toda intelectual e codificada sobre um filme bobo de super-heróis. Ainda estavam falando de eles três? De Naruto? De Naruto e eles?

— Você tem que entender que não pode me proteger de tudo — explicou Sasuke, decodificando o que aquela baboseira toda queria dizer. — E nem achar que está se protegendo ao me proteger. Eu não sou mais sua responsabilidade de quando o pai e a mãe não estão por perto. Não somos mais os irmãos mais novo e mais velho de quando deixavam a gente sozinhos em casa e nos mandavam não aprontar nada de errado. E nem você é mais aquele cara. O Itachi que cuidava de mim assumia a culpa pelas besteiras que eu fazia nunca faria o que você fez. O Itachi que eu conhecia, na verdade, não deixava de fazer as próprias merdas usando as minhas como justificativa para deixar de fazê-las. O irmão que eu conhecia não é esse que se autodelegou à função de ser a porra de uma sentinela moral pra mim ou sei lá. Bem, seja como for, você falhou.

O sorriso de Itachi sumiu. Ele estava sério agora. Feito de refém.

— Nós somos irmãos, Sasuke. Somos exatamente isso um para o outro, só podemos contar com a gente para qualquer coisa, ninguém mais. Eu amo você. Só quero que fique bem.

— Então não se preocupe quanto a isso. Vou ficar. Eu sou mais forte do que pareço.

— É — brincou. — Eu sei disso.

— O lance é que estou magoado. Por mim e pelo Gaara, que também estaria, se soubesse. Talvez denunciasse você — apontou a Itachi —, e talvez terminasse com qualquer chance de voltar a ser seu amigo de novo — agora Sasuke indicou Naruto. — Mas eu vou fazer melhor e mostrar a vocês como é bom ser manipulado. — Naruto e Itachi (que pela primeira vez, desde que se lembrara, foi surpreendido por Sasuke) examinaram-no ao mesmo tempo, tentando ler o que viria a seguir. Não conseguiram. — A primeira coisa é que meu gif tem que ser apagado.

Naruto rapidamente, como se já esperasse por isso, mas também como se já estivesse alerta por N motivos, buscou o celular no bolso de trás da calça.

— Primeiro vocês — disse ele.

Sasuke o olhou como se fosse um idiota. Ele nunca havia olhado para Naruto assim antes.

— De jeito nenhum. Desbloqueie o celular e me dê. Eu vou vasculhar e apagar o gif de onde estiver.

— Nada feito.

Itachi reclinou seu corpo até Naruto, projetando-se sobre ele, agarrando-o pelo pescoço.

— Entrega a porra do celular — Itachi mastigou as palavras na boca; e quando Naruto instintivamente ergueu o braço para Sasuke, Itachi acrescentou: — Desbloqueado.

Naruto o fez, entregando-o a Sasuke. Itachi o soltou. Naruto massageou o pescoço e Sasuke lançou um olhar repreensivo a Itachi, que ignorou.

Enquanto vasculhava pelo WhatsApp, Galeria, Bloco de Notas, aplicativos de nuvem e por qualquer outra forma de Naruto ter armazenado aquele gif, Itachi e ele ficaram ali, sentados, num silêncio corrosivo que só era interrompido pelo barulho das teclas que Sasuke apertava e das notificações ínfimas que o celular de Naruto recebia.

Até que, não muito tempo depois, tudo estava feito. Sasuke havia encontrado o gif na galeria de Naruto e num grupo do WhatsApp em que só ele estava. Então entregou o celular de volta ao dono.

— Pronto. E é melhor não ter salvo em outro lugar — disse Sasuke. E Naruto pensou que, naquele momento, o semblante e tom de voz dele eram bem parecidos com os que o... Itachi usava.

— A-Agora é a sua vez — falou Naruto, guardando o aparelho no bolso, ainda receoso, esperando Sasuke fazer o movimento de pedir a Itachi o celular dele para apagar o vídeo.

Mas o movimento não veio. Em vez disso:

— Ainda não — disse Sasuke. — Ainda não. Porque, como eu disse, vou mostrar a vocês como é bom ser manipulado. Mostrarei a vocês. Aos dois. E essa é a condição para você levar o vídeo contigo ou apagá-lo aqui e agora. — Sasuke sorriu.

Sasuke. Sorriu.

— Fala logo o que você quer com tudo isso, Sasuke. O que tá pretendendo? — Itachi interviu.

— O que eu quero? Ah, relaxa, mano. Já, já você vai ver o que eu quero. O que você quer também. Mesmo com a desculpa esfarrapada que já me deu, tô sabendo que não foi só por mim que fez tudo isso. Que fez logo com o Naruto, digo. Então relaxa. Por enquanto. — Sasuke encarou Naruto, e ordenou: — Levanta. E tira a camisa. — Naruto o encarou estático.

— O q-quê?

— Isso se ainda quiser proteger o Gaara — revelou Sasuke, e repetiu, para o caso de Naruto não ter ouvido bem: — Eu mandei ficar de pé. Na minha frente. E tirar a camisa.

— Sasuke — disse Naruto, que acabou levantando automaticamente, como ele havia ordenado, mas para implorar. — Por favor. Não faça isso. Você não é assim.

Sasuke examinou Naruto, agora à sua frente: um Naruto com o semblante retorcido, acuado, implorando; nada parecido ao que ele estava acostumado.

— E você também não é assim. — Ele apontou para Naruto e sua ceninha. — Sei que não. Faça o que eu disse logo.

Até aqui, até nas atuais circunstâncias, Sasuke era um mimado que não aceitava "não" como resposta. Mas o que chocou mesmo Naruto foi a capacidade dele de ser tão chantageador, igualzinho ao irmão. Talvez ainda mais dissimulado que o próprio, aliás.

— O que você está pretendendo, Sasuke? — perguntou Itachi, arqueando uma sobrancelha.

— Cala a boca — disse ele. — Estou falando com o Naruto agora, ainda não percebeu? — Então retornou a ele: — Vamos, Naruto. Agora. Última chance.

Sasuke lembrou das vezes que Naruto mentiu pra ele, das vezes que fez coisas por maldade, só pra magoá-lo, como na vez do cinema, que fugiu e deu um bolo de quase 3h em Sasuke, fazendo-o ir buscá-lo no banheiro masculino do shopping; como no dia que Naruto o humilhou no teatro. Como no corredor e na entrada da escola, com os bombons e o cartaz. Ele não merecia aquilo, o Sasuke.

— Eu sinto muito se te machuquei, Sas. Mas acontece que...

— Três...

— ... que escolha eu tinha? Confrontar o Itachi e ele me bater? — Apontou para ele. — Contar a você, que falaria com ele e então ele saberia que eu falei contigo e me bateria do mesmo jeito?? Me desculpa!

— Dois...

Naruto já havia tido encontros como esse com Itachi, encontros de ameaças. Ele sabia bem o tipo de coisa que acontecia no final daquela contagem. Então fez a coisa mais sensata que poderia fazer no momento: calou a boca e levou as mãos à barra da camisa.

Sasuke parou a contagem também. Observando. Itachi fez o mesmo, de onde estava.

Se havia verdades absolutas, conclusões incontestáveis neste vasto Universo do qual pouco se sabe, uma delas é a de que Naruto era lindo. Por mais que Sasuke precisasse se concentrar nos próprios pensamentos também, e que Itachi nunca fosse admitir isso em voz alta, nem ele conseguia desviar o olhar de Naruto naquele momento, que dançava com os dedos nervosos sob a timidez lenta de se despir. Quando a camisa dele ultrapassou a cabeça e finalmente foi retirada, Naruto sentiu frio, um frio terrível de olhares perscrutadores sobre seu corpo. De fato, ele era muito bonito, inteiramente bonito. Naruto abraçou o próprio corpo.

O que ele não faria pelo Gaara...

— Itachi. — A atenção dele foi drenada pela voz de Sasuke. Ficou o encarando. — Chega mais perto. — Sasuke bateu no assento ao seu lado e, ainda que desconfiado, Itachi o obedeceu, saindo do braço do sofá para se acomodar sobre as almofadas. — Agora desabotoa o seu short.

Sasuke também se lembrou de Itachi. Das possíveis vezes que deve ter mentido para ele, que deve ter batido em Naruto ou alimentado aquela encenação toda com coisas tão íntimas e preciosas para Sasuke como uma paixão. Sasuke lembrou que o seu irmão foi o principal brincante com o que ele sentia.

— Não foi participar dessa droga. Esquece — disse ele.

Sasuke o encarou com divertimento.

— Ah, você vai. Vai sim. Porque se não fizer, vou agora mesmo enviar esse vídeo pro Gaara. Pros pais do Gaara. E pros nossos pais também. E eu não estou nem aí pro que vai acontecer depois disso.

— Eu sou seu irmão mais velho. Você não está falando sério.

Sasuke debochou, rindo.

— Quer apostar?

Itachi odiava ser encurralado; posto contra a parede. Mas, sendo por Sasuke, além de o irritar, isso também lhe deu orgulho, de certa forma.

De todo jeito, não; Itachi não queria apostar hoje. Obrigado, por nada.

Então, tão sensato quanto Naruto perante aquela situação, Itachi deu espaço com os dedos entre a camiseta e o short, e o desabotoou calmamente, jogando o quadril para cima, deixando sua boxer e suas coxas parcialmente visíveis. Ele estava começando a entrar no clima. A entender o que estava acontecendo ali. Sasuke sorriu confidente tanto para ele quanto para Naruto, que já estava quase lacrimejando. Ele precisava de um tempo para digerir tudo, e teve, de certa forma, quando Sasuke começou a explicar:

— Embora eu não tenha contado a ninguém o que era — começou ele —, eu fiz um pedido quando apaguei as velas do meu aniversário, e acho que essa é a chance para o que eu pedi. Querem saber o que era? — E sorriu. — Uma noite com você, Naruto, para que nós dois conseguíssemos dar um outro passo no nosso relacionamento. Sabe. Depois de tudo. Eu realmente gostava muito de você. Ainda gosto. E também desejei que Itachi se divertisse, já que ele havia planejado aquela festa toda por mim e para mim. Você se divertiu, Itachi?

— Não diria bem isso.

— Bom, então você também tem uma chance agora.

— Ah, tenho?

Sasuke assentiu.

— Tem, sim — disse. — Naruto, chega mais perto.

Naruto o fez.

— Agora ajoelha.

— Não, Sasuke, por favor...

— Ajoelha.

— Sasuke, por fav-

— Três. Dois...

Naruto obedeceu. Chegou um pouco mais pra frente, se apoiou nas pernas de Itachi e se ajoelhou. Itachi o fitou impassível.

— Toca nele agora.

Por favor, por favor..., Naruto repetia a si mesmo enquanto isso. Com mãos trêmulas, Naruto desenhou movimentos pelos joelhos, coxas e até braços de Itachi, que fez uma expressão entediada no começo, mas a partir de determinado momento aquilo tudo, Naruto o envolvendo com tanta liberdade, começou a irritá-lo.

— Você entendeu o que eu quis dizer — repreendeu Sasuke. — Eu mandei tocar nele.

Naruto engoliu em seco a sua relutância, que agora lhe dava indigestão, e levou a palma até a boxer de Itachi, e o apalpou, e deslizou os dedos por sobre ele, indo e vim, de cima a baixo, tentando estimulá-lo. Sem muito sucesso.

— Esse merda não me excita. Eu só consigo ter pena dele. E nojo — cuspiu Itachi, com ranço na boca.

Sasuke imediatamente jogou o quadril para o lado e se reclinou. Para a surpresa dos dois, ele buscou a mão de Naruto, pondo a sua sobre a dele, e o auxiliou nos movimentos enquanto observava com cuidado e fixação as reações de Itachi, que fazia o mesmo com ele. Sob aquele contato visual, aquém dele mas também sentindo-se vigiado por ele, Naruto apenas deixou que Sasuke o conduzisse, e apertou o membro de Itachi quando Sasuke apertou por cima da sua mão, e sentiu Sasuke acariciando Itachi através, com menos pressa e mais força do que quando o próprio Naruto estava fazendo. Sem romper o contato visual com o irmão dele. Itachi, então, começou a ficar duro, suspirando pesado, e foi aí que Sasuke deixou Naruto seguir com o trabalho sozinho, fazendo Itachi fechar os olhos e, possesso, suspirar ainda mais pesado.

Assim que viu Itachi ficar completamente duro agora, Sasuke ordenou a Naruto:

— Tira o short dele.

Naruto imediatamente obedeceu, recolhendo a própria mão como se estivesse querendo livrá-la de algo radioativo. Itachi separou as pernas e deixou, ainda que com a expressão relutante, que Naruto fizesse o que foi mandado. Enquanto isso, Sasuke retirou sua camiseta, jogando em algum canto da sala, o que o lembrou do dia do jogo da garrafa, onde teve que fazer a mesma coisa. Isso lhe trouxe uma nostalgia despropositada e tola, mas que agradou a Sasuke. Quando terminou com Itachi, Naruto deixou o short dele junto da camiseta de Sasuke, pelo chão. Itachi estava só de boxer e camisa agora; e Sasuke e Naruto, sem camisa.

Em seguida, Sasuke retirou o próprio short também. Jogou-o na mesma pilha, ali perto. Naruto, agora sim, estava prestes a chorar. Mas não queria dar mais essa vitória àqueles dois.

— Vem cá — exigiu Sasuke, agarrando Naruto pelo cabelo e puxando-o para si. Naruto, apertando os olhos com força, sentindo o couro cabeludo reclamar, engatinhou até Sasuke, que agora precisou o rosto dele no seu abdômen. — Minha vez — disse ele, e buscou a palma de Naruto mais uma vez, esfregando-a com a sua contra o seu pau. Naruto era tão macio.

A essa altura, Naruto já havia pegado o jeito, e tocar em Sasuke — embora estivesse com uma terrível raiva por aquela situação toda de agora — ainda era menos pior do que tocar em Itachi. Ou talvez não, ele não sabia ao certo. Mas tentou se concentrar em deixar a mente em modo automático, divagando e servindo a Sasuke como ele quisesse. Ele se empenhou ali. Mesmo sob o comando tátil de Sasuke, Naruto aumentou a velocidade, agarrando o contorno desenhado do pênis de Sasuke sob a boxer, masturbando-o com a força que antes Sasuke exigiu dele com Itachi. A essa altura também, Sasuke já estava começando a ficar bem, bem duro.

Enquanto observava, além de duro, Itachi agora também estava dolorido, presenciando aquela cena toda, que, querendo ou não, o excitava. Itachi levou a mão ao pau e começou a se masturbar lentamente. Acabou fechando os olhos gradativamente enquanto isso, reimaginando a cena que acontecia ao seu lado quando de repente sentiu seu pulso sendo segurado e forçado a ficar parado. Sasuke o estava proibindo até disso.

— O Naruto faz isso pra você — indicou ele. Sasuke o buscou novamente pelos cabelos e o conduziu até Itachi, que o aguardava agora com o semblante mais receptivo do que na primeira vez. Ele entreabriu um pouco as pernas e puxou Naruto pela nuca quando Sasuke o soltou, resvalando rosto dele contra o seu pau, sentindo os lábios de Naruto acariciarem sobre sua extensão, aquecendo sua base e formigando a glande, numa tortura prazerosa. Itachi jogou a cabeça para trás, retirou a camisa que usava, deixando Naruto continuar sua nova função sozinho. E ele continuou, reprimindo o choro e trabalhando bem mais lentamente do que sob controle, e com menos ímpeto também, mas se esforçando ao máximo.

— O Gaara é melhor do que você nisso — disse Itachi.

Os pelos de Naruto se retesaram quando ouviu isso, e então ele engoliu em seco.

— Vamos ver se é mesmo — Sasuke falou. — Agora põe na boca — ordenou a Naruto.

Se para Sasuke, principalmente, Naruto era incontestavelmente lindo, para Itachi, Sasuke era infinitamente mais. Supôs que ele estava tomando banho antes de descer ao encontro dele e Naruto, porque só agora havia reparado que as mechas dele ainda não estavam completamente secas. Uma gota solitária despencou de um dos fios e escorreu um caminho pelo pescoço de Sasuke, pela clavícula, pelo mamilo e torso de Sasuke, dançando sobre sua pele alva, sobre as proeminências do seu abdômen magro, até sumir ao ser absorvida pela barra da boxer dele. Itachi acompanhou todo o trajeto daquela simples gota, e ficou focado nisso enquanto Naruto, com um nervosismo trêmulo, abaixava a última vestimenta de Itachi, que não pareceu se importar muito. Ele estava concentrado em outra coisa. E a coisa-Sasuke também estava concentrado nele, e isso era, além de lindo, excitante.

Naruto dedilhou a cintura de Itachi com cautela, passando da virilha até a base da coluna, pairando sobre as nádegas dele. Itachi entendeu o que aquilo queria dizer, então ergueu o quadril para que Naruto pudesse remover o que sobrara da sua roupa. Quando viu o quanto Itachi estava duro, Naruto apenas engoliu em seco, não sabendo o que deveria fazer a seguir. Não querendo ter que fazer nada a seguir.

— Põe na boca — lembrou Sasuke.

Itachi ignorou quando, inseguro, Naruto buscou seu pau pela base e o manteve erguido, não mais tombado sobre a sua barriga tão alva quanto a de Sasuke. Naruto o manteve mais ereto — se é que a expressão ainda era cabível — enquanto meditava, na verdade, sobre o que fazer com ele. Ou melhor, como.

Decidiu não pensar muito nisso, caso contrário não conseguiria. Naruto projetou o corpo para frente e, assim como Sasuke ordenou, pôs Itachi na boca de uma vez, descendo o máximo que conseguiu; para voltar agora com os olhos fechados, a garganta comprimida e uma certa vontade de vomitar ou cuspir. Itachi suspirou pesado quando ele fez isso, não deixando de mirar em Sasuke por um momento sequer.

— De novo.

Naruto segurou Itachi pela base novamente, decidindo ir com mais calma e menos profundamente dessa vez. Ele começou pela glande, lambendo-a toda, indo e vindo com o atrito da sua boca, deixando que Itachi, inconscientemente se masturbasse por entre seus lábios sempre que ele erguia o quadril ou apertava Naruto pela nuca contra sua virilha, e só parava quando ouvia sons abafados de um Naruto se engasgando. Mas que logo retomava a sequência, com uma técnica própria dele, conhecida mas nem tão seguramente efetuada: Naruto brincava com a glande primeiro, depois punha Itachi na boca e descia seus lábios até onde conseguia, e ao subir o massageava por toda a extensão, fazendo um vaivém ao chupá-lo, e parando em seguida para respirar, salivar e massagear a garganta.

Querendo ou não, Naruto estava duro, muito duro, o que só deixou as coisas piores, pois parecia que Sasuke não estava pretendendo recompensá-lo, nem dar atenção a ele nesse sentido, naquela noite; e sim em puni-lo.

Sasuke observou tudo com minúcia enquanto deixava pender a cabeça para o lado, assim como Itachi. Ele foi ficando cada vez mais duro sob a boxer, e abraçou sua rigidez com uma das mãos enquanto, com a outra, separou discretamente as pernas, para conseguir se tocar melhor. Deslizou os dedos rasteiramente pela barra da cueca e massageou seu pau tão ritmadamente que se assemelhava à força que Naruto usava em Itachi; até que enfim Sasuke começou a se masturbar de verdade, com pressa e desejo e ansiedade, gemendo um ar seco de luxúria entre os lábios secos; o peitoral subindo e descendo enquanto resfolegava, sempre que permitia um olhar ao que Naruto fazia por Itachi. Em Itachi.

— Vem até aqui, Naruto — mandou Sasuke, então. Ele não precisava fazer nada daquilo, ou seja, se tocar. Ele, pela primeira e talvez única vez, tinha Naruto à sua disposição para isso.

Itachi observava tudo com admiração e, apesar de estar puto com Sasuke por armar aquilo, e com certo asco de Naruto, que mesmo com toda a beleza do mundo ainda era o Naruto, Itachi mesmo assim ficou orgulho do seu irmão, do seu irmãozinho, que finalmente reconheceu quem era o seu namorado e o que ele sempre mereceu, desde o começo. Itachi ensinou Sasuke bem, ainda que ele não soubesse que estava sendo ensinado. Itachi havia feito todo aquele caminho para que o distanciamento de Naruto e a sua raiva por ele o fizessem ter coragem para se vingar. Para fazer justiça. Fazer o que estava fazendo agora, e que estava uma delícia. Ao menos para chupá-lo o Uzumaki Júnior servia. Mais ou menos.

Por ainda estar se recuperando, e com a mente aturdida e talvez sem o oxigênio necessário para trabalhar com precisão, Naruto ficou parado onde estava, apenas fitando o pau de Itachi, que voltou a tombar sobre seu abdômen, tão pesado quanto antes, agora melado e lubrificado pela sua saliva e seu esforço. E Naruto só deu por si quando sentiu seu couro cabeludo doendo de novo, quando sentiu Sasuke agarrá-lo com força pelo cabelo, exigindo seus serviços. Isso excitou ainda mais Itachi, se ainda fosse possível. Ele nunca vira Sasuke tão sexy em toda a sua vida. Tão imponente. Se perguntou em que lugar esse prisma de personalidade dele estava durante todo aquele tempo, pois teria ido até lá soltá-lo antes.

Naruto de novo engatinhou até Sasuke, praticamente parando de quatro diante dele. Apoiou os cotovelos no sofá enquanto encarava Sasuke e a ereção dele sob o tecido. Dava para ver a glande se umedecendo lentamente com pré-gozo e também o quanto Sasuke queria que Naruto o aliviasse. Então, primeiro Sasuke mandou que ele tirasse sua boxer, o que Naruto fez logo, com o mesmo mecanismo que usara para Itachi, e, assim como lhe foi ordenado, ele masturbou Sasuke por um tempo antes de abocanhá-lo; e então seus movimentos usando a boca recomeçaram.

Naruto saboreou Sasuke com a língua e a usou para desenhar nele pinturas inteiras, com o jeito que havia pegado com a tarefa; deixou que Sasuke fizesse o mesmo que Itachi e golpeasse sua boca, o que deixou Naruto comprimindo os olhos e segurando com força as almofadas do sofá. Viu quando Sasuke decidiu experimentar ir até mais fundo, o máximo que podia dele, então Naruto relaxou a garganta e separou ainda mais os lábios para recebê-lo; e teve como recompensado um gemido alto e agoniado de Sasuke; aparentemente deleitado com uma nova e prazerosa sensação.

Itachi, ao lado dos dois, tentava a todo custo também obedecer a Sasuke e não se tocar. Ele esperaria até Sasuke decidir que podia, e isso o excitou ainda mais. Itachi entrefechou os olhos e reclinou um pouco a cabeça ao apoio do sofá, o mínimo para conseguir ainda observar aqueles dois, se concentrando também nas palavras ininteligíveis que Sasuke dizia, nos seus gemidos guturais e cansados.

Aquela cena acalentou Itachi, e um deleite em forma de letargia, em forma de um sonho há muito tempo guardado o aqueceu. E quando menos percebeu...

— Eu te amo, Sasuke — Itachi se pegou dizendo, com os olhos marejados de prazer. Mas também de muita, muita dor.

O olhar de Sasuke vagou dos fios loiros de Naruto para encontrar Itachi tão desfeito quanto ele, ao seu lado, com uma única lágrima escorrendo pela sua bochecha, de forma lenta e pesarosa. Sasuke o fitou enquanto sua consciência oscilava, porque Naruto estava fazendo um ótimo trabalho; ele tentando compreender exatamente o que aquelas palavras queriam dizer; uma coisa flutuando entre eles. Itachi pôde ler, no olhar de Sasuke, algo que talvez fosse indiferença, mas que talvez também poderia ser pena. Ou simplesmente algo que Itachi não conseguiu interpretar.

Sasuke sorriu e serpenteou o braço por sobre os ombros de Itachi com muito cuidado. Com a palma, segurou-o pela nuca e o manteve assim, parado. Fez um carinho nos seus cabelos e sorriu de novo. E o puxou para um beijo. Itachi inspirou aquele beijo como se sua vida dependesse disso, como se nunca mais fosse ter aquela oportunidade, e talvez não tivesse mesmo; agarrando igualmente Sasuke pelo pescoço, conduzindo sua língua pela dele, brincando com os lábios dele ao pressioná-lo com os seus; e Sasuke o beijado do mesmo jeito, voraz, com certa, com muita raiva dele, na verdade; se permitindo até mordeu o lábio inferior de Itachi por causa disso, sorrindo no beijo, ao fim. Retornando ao lugar de antes, separando-se dele para dizer que:

— Eu também te amo. — E o acariciou na nuca.

"Então eu não sou mais única e exclusivamente o seu príncipe encantado...?", pensou Naruto, com uma mordacidade que feriu apenas a ele próprio.

— Vocês são tão... — ele começou a dizer. Quando...

Itachi girou seu rosto com um tapa estalado.

— Cala a boca.

De repente, Sasuke empurrou Naruto para longe, fazendo-o cair sobre os próprios tornozelos. Itachi encarou a cena com curiosidade. É, parecia que Naruto realmente não era mesmo o príncipe encantado dele, afinal.

Sasuke puxou Itachi novamente pela nuca, para perto, e lhe confidenciou uma verdade:

— Eu não esqueci o que você fez também. Agora é a sua vez.

E foi logo buscando Itachi pela mão, que não lutou contra ou resistiu, e conduziu Itachi até o seu pau, obrigando-o a abraçá-lo, ali e agora, como Naruto havia feito — como Naruto, que agora só observava tudo estático, mas agradecido pelo descanso.

Sasuke lembrou de todas as vezes que Itachi tomou o seu lugar, nas decisões que cabiam a ele próprio fazer. Então, já que era disso que ele gostava de fazer, não é?, decidir e fazer as coisas pelos outros, que fizesse mais essa.

Itachi não fez menção a se afastar, nem tentou golpear Sasuke por isso. Pelo contrário, fez o que ele mandou e o masturbou enquanto pendia a cabeça para trás, embebido de uma nova onda de prazer.

Itachi teve facilidade nisso, graças a Naruto, que já havia lubrificado Sasuke para ele, e vai ver essa fosse a intenção de Sasuke desde o começo. Ou não; mas Itachi gostou, adorou pensar que sim.

Ele foi ousando cada vez mais, a cada gemido e suspiro que Sasuke dava; indo e vindo com uma calma torturante com a mão, usando a ponta dos dedos para brincar com a glande, e os mesmos dedos para massagear as bolas; de repente aumentando com força a velocidade ou diminuindo-a com a mesma calma torturante de antes, deixando Sasuke ensandecido de prazer, despejando pré-gozo na palma de Itachi, o que o fez trabalhar melhor, inclusive. E também ensinando umas coisinhas novas ao Naruto que observava tudo, por que não.

— Afinal de contas — perguntou Itachi —, o que você está sentindo por mim agora? Raiva ou tesão?

Sasuke sorriu, e a resposta que veio dele saiu cansada e suprimida entre os lábios gélidos por saudade de beijos. A resposta de Sasuke veio, sobretudo, gemida por ele

— Um é consequência do outro — disse.

Logo em seguida, porém, tomou a mão de Itachi e a retirou de si.

— Chupa — falou Sasuke, com uma certa frase implícita pairando sobre essa. Eu quero que você sinta o meu gosto. E sorriu.

De novo, Itachi não relutou. Encarando-o enquanto fazia isso, ele levou os mesmos dedos à boca e primeiro ameaçou lambidas, provando, como havia dito no jogo de verdade ou desafio; Sasuke lembrou disso, o que o motivou ainda mais. Ele tomou Itachi pelo punho e forçou dois dedos dele por entre os lábios de Itachi, enfiando-os com força para que ele sentisse a própria quentura e umidade da língua sob o indicador e médio, e também o gosto salgado do próprio Sasuke na sua boca.

Sasuke assumiu mais uma vez o controle e foi ordenando com a palma as estocadas na boca de Itachi, repetindo os movimentos que ele havia feito ao masturbá-lo. Por fim, pressionou o punho de Itachi, fazendo-o colocar tudo na boca, até às juntas, engasgando-o por consequência. E então o soltou; e Itachi relaxou a mão, deixando-a tombar ao lado do corpo enquanto ele mesmo voltava à posição de espectador.

— E eu ainda não esqueci de você — Sasuke avisou a Naruto.

Querendo mostrar proatividade — talvez Sasuke até fosse legal com ele por isso, talvez até cumprisse o que prometeu, afinal —, Naruto não esperou Sasuke ir buscá-lo, e rastejou até dele, de quatro, com receio. Admirando a cena, Itachi começou a se masturbar, e, como Sasuke não o repreendeu, nossa, ele fez valer essa chance, o seu lugar vibe naquele show.

Naruto encaixou o rosto entre as pernas de Sasuke e começou lambendo suas as bolas, arrancando todos os arfares que Sasuke tinha no momento. Depois, trilhou um caminho sinuoso com a língua pela base, toda a extensão e por fim a glande, e brincou mais no fim, como viu Itachi fazer com os dedos, antes. Sasuke, porém, dessa vez segurou Naruto pelos cabelos e o forçou a ficar parado, a partir de agora erguendo o quadril contra seu rosto, socando a boca dele enquanto Naruto suprimia sons entalados na garganta, salivando, apertando os olhos com força. E não demorou muito para Sasuke perceber que iria gozar, então agarrou com mais necessidade aqueles fios loiros e também a bochecha dele, e mais uma vez o empurrou contra seu pau, até onde podia e não podia. Itachi percebeu e aproveitou o momento em que Sasuke estava simplesmente deslumbrante para deslizar sua mão pelo abdômen e peitoral dele, sorrindo ao brincar com os seus mamilos, acariciando todo o seu torso, o quanto estava quente e ansioso para se aliviar, e o quanto Itachi satisfeito em presenciar aquilo tudo. E a melhor parte, e também a mais ousada, foi quando Itachi levou seus dois mesmos dedos de antes à boca de Sasuke, que surpreendentemente os recebeu de bom grado, deixando o indicador e médio de Itachi fluírem dentro da sua boca, indo e vindo num ritmo deliciosamente lânguido. Itachi pensou que seria ótimo ter aquela boquinha dele mais vezes, e para mais coisas.

Sasuke começou a gemer com mais aflição contra os dedos de Itachi, que acabavam abafando seus sons, deixando-o quase desesperado; ansioso; tremendo de calor e energizado por inteiro, já extasiado quando seu orgasmo finalmente veio, arrebatando-o por completo; sufocando Naruto com o líquido que encheu sua boca e estufou sua garganta, enquanto ele tentava administrar com o tanto que sua boca já estava preenchida pelo membro de Sasuke, sempre com uma nova investida. Pois foi só quando Sasuke o soltou que Naruto pôde finalmente se resguardar, distanciando-se para cair mais uma vez sobre os tornozelos, tentando engolir tudo; cuspindo ou deixando escorrer boa parte pelos cantos da boca.

Naruto novamente massageando o pescoço, tossindo. Sasuke, pelo contrário, relaxando pesado mas leve no sofá, sorrindo luxúria e suspirando um prazer extasiante, fechando os olhos enquanto chupava os dedos de Itachi que ainda estavam na sua boca.

Sasuke poderia ser muitas coisas, mas ele tinha uma boquinha tão boa..., pensou Itachi.

Quando Itachi finalmente retirou seus dedos dele — não sem enfrentar relutância —, observou o filete de saliva que o acompanharam, e isso instigou Itachi. Ele os recolheu com rapidez e os levou logo à boca, chupando-os como se tivessem o gosto do melhor açúcar do mundo.

E Naruto até chegou a pensar que havia acabado. Mas, embora Naruto não tivesse percebido ainda, por estar ocupado demais em se recuperar, o torso de Sasuke ainda estava manchado de sêmen, e isso era inaceitável.

— Limpa. Tudo.

Naruto chegou a pensar se... deveria... sair para buscar um papel, um pano ou um...

Que ingênuo.

— Com a boca — disse Sasuke, mais uma vez separando um pouco as pernas para recebê-lo.

Naruto fungou, reprimiu o choro e expirou pesado, e só então engatilhou até Sasuke, mas muito lentamente, como se o assoalho fosse de gelo e pudesse quebrar a qualquer momento. Itachi fez da velocidade dos seus movimentos um reflexo dos de Naruto, agora se masturbando com a mesma vagueza que Naruto engatinhava.

Ao chegar em Sasuke, ele se pôs entre suas pernas, apoiando os cotovelos ao redor do seu corpo de Sasuke, no sofá, observando como o peitoral dele ainda subia e descia, na tentativa de voltar ao ritmo normal. Em qualquer outro contexto, talvez até em outra existência, Naruto acharia Sasuke bonito também. Lindo. E acharia a visão de agora talvez uma das mais lindas que já presenciara. Talvez. Em outra vida.

Naruto reclinou o pescoço e começou, de baixo a cima, limpando as gotículas que se acumulavam no umbigo de Sasuke e perto do seu quadril; passando pelo seu abdômen e por fim sorvendo o que sobrara de sêmen na glande.

Quando acabou, Sasuke encarou Itachi, e levou Naruto pela nuca até ele. Mas Itachi o encarou sem entender.

— Você ainda não acabou — Sasuke explicou a Naruto, que não entendeu. Entretanto, Itachi sim, então retomou seus movimentos, mais rápidos agora, apressando o punho ao se tocar, serpenteando os dedos com mais força ao redor do pênis, suspirando muito, arfando pesado, gemendo algo que, se não fosse delírio de Naruto, se parecia com "ah... sas... ke...".

Mais rápido e mais rápido, e mais forte, e mais pesado, mais prazer e força e rapidez e nervosismo e o delírio que só o prazer pode oferecer: foi assim, nesse descontrole ansioso, que Itachi gozou, urrando uma dor quente e relaxante, resfolegando muito. Sasuke esperou que Itachi viesse todo, inteiro, assim como Naruto esperou, e quando o orgasmo finalmente veio, ele sentiu a pressão por trás que o forçou a aproximar o rosto, com Sasuke oferecendo, em nome dele, a sua boca, nariz, bochechas, queixo e pescoço de Naruto para Itachi colorir com a sua espessura e umidade e efervescência salgada do seu orgasmo.

•      •      •

Não muito tempo depois, Naruto estava sentado naquele mesmo sofá em que havia trabalhado. A pilha de roupas que estava formada ali ao lado, aliás, já fora desfeita a essa altura, pois todos já estavam quase totalmente vestidos. Sasuke ainda tentava repor a camisa no corpo enquanto enchia um copo d'água ao mesmo tempo. Ele achava divertido fazer duas coisas ao mesmo tempo.

— Só vê se me entrega até segunda-feira. Vou precisar. Mas pode passar o fim de semana conferindo se tem alguma coisa a mais, se quiser — disse Itachi, entrando a ele seu celular desbloqueado. Estático ainda, Naruto não conseguiu ter a reação de pegar o aparelho que tanto almejou desde que entrou naquela maldita casa. Então Itachi só o jogou ao seu lado. — Não fizemos cópias nem nada disso. Esperamos que você também não.

Esse nem parecia o mesmo Itachi de antes, impositivo e intimidador. Agora, esse Itachi aparentava uma serenidade e até uma incapacidade de machucar qualquer ser vivo. Agora, esse Itachi falava "esperamos", no plural, como se as atitudes ou ainda as personalidades dele e de Sasuke fossem as mesmas. E talvez fossem.

Lá na cozinha, Sasuke finalmente conseguiu vestir a camisa e também encher o copo com água. E foi bebendo até a sala, onde apenas lançou um olhar que Naruto não conseguiu interpretar bem, e então subiu as escadas. De repente Itachi ouviu:

— Sobe logo, Ita — gritou Sasuke lá de cima. — Acho que nós dois precisamos de um banho.

De algum jeito, Naruto entendeu aquilo como uma ofensa a ele. Porém, não que importasse.

— Tá! — respondeu Itachi, sorrindo. Então voltou a Naruto: — Fecha a porta quando sair. — E se apressou, subindo de dois em dois os degraus, de encontro a quem lhe exigia a presença.

Naruto chorou um pouco mais antes de sair. E um pouco mais depois de um pouco mais de antes. Recolheu o que sobrou da dignidade, assim como o celular desbloqueado ao seu lado, e partiu em seguida. E quando bateu a porta da entrada, apesar de ainda muito abalado, ele sorriu. Para si, para Gaara. Por si. Por Gaara.

•     •      •

Naruto também mandou uma mensagem a Gaara naquele dia de sábado, um dia depois da visita à casa Uchiha. Todavia, Naruto não tinha a ousadia ou pretensão de achar que ele lhe responderia, é claro. Naruto conseguia compreender a raiva do seu amigo; dava razão a ela. Ele também sabia que Gaara não assumiria mais o mesmo papel naquele espetáculo que Naruto montou e roteirizou e dirigiu desde os primórdios de sua amizade. Dessa vez, eles haviam trocado de papel, e essa era a vez de Naruto passar por cima do próprio orgulho, da mágoa e da razão para fazer o que devia ser feito. E, parando para pensar agora, uma mensagem não era tão penosa quanto o que ele fizera por Gaara há um dia atrás, na casa dos Uchiha. Este era o último ato, onde, na trama, o protagonista se redime e sofre uma tremenda mudança pessoal após passar por muita coisa e preconiza um final feliz, ou não, nessa épica, replicada e já (re)conhecida jornada do herói.

Oi. Podemos conversar?

Naruto ficou vários minutos sem resposta, tantos minutos que ele achou que ela nem viria. Gaara também achou, mas quando se viu digitando, não conseguiu parar, e enviou logo, antes que se arrependesse.

Depende. O quão disposto a ouvir você está?

Com certeza, bem mais do que antes. Pode acreditar, respondeu Naruto, no mesmo minuto! Sei disso agora. Me desculpa por tudo.

Sei. E quão disposto a dar explicações de verdade?

Bem mais do que antes, escreveu Naruto. Mas depende também. Quanto tempo você tem sobrando?

E a resposta que Gaara deu o fez rir antes de enviar, de tão irônica e sarcástica, qualidades que Gaara nem sabia que tinha. Mas ele também não sabia que Naruto tinha a hombridade, a capacidade de pedir desculpas por algo também. Mais uma noite de surpresas, afinal.

Tá em casa?

Tô.

Então me espera. Quando estiver na sua porta, vou mandar mensagem.

Okay. E, Gaara...

Naruto demorou um minuto inteiro para completar a mensagem. Sem mesmo ele entender a complexidade e abrangência das seguintes palavras.

Obrigado. Obrigado mesmo.

•      •      •

Naruto contou tudo. Da pulseira que Itachi havia tomado dele e então se livrou dela vaso adentro até o fato de ter sido imposto a namorar o Sasuke. Contou do dia em que foi ao cinema obrigado por Itachi, quando acabou passando as horas seguintes trancafiados no banheiro masculino, conversando com Gaara. Contou do dia no teatro, em que Sasuke apareceu de repente com aquela história de "quero ser ator", e também sobre aquele dia em que sentaram juntos na mesa da galera do time, e também confessou a Gaara sobre a primeira vez que Itachi chegou até ele no corredor, quando falava com Gaara, e deu uma prensa nos dois, e então o agrediu no banheiro masculino, e mais tarde com o lance do sapato encharcado de mijo. Explicou tudo sobre o que se lembrava e que Gaara queria saber. E, claro, contou a Gaara porque achava que de repente Itachi havia se interessado por ele, se há tanto tempo estudavam na mesma escola, na mesma sala, e a possibilidade nunca veio antes. E também contou a Gaara sobre o gif de Sasuke, e então sobre o vídeo de Gaara, e o que teve que fazer para recuperá-lo.

— Uau — essa pareceu a coisa mais coerente a se dizer naquele momento, para Gaara. — Você está... bem, Naru?

— Agora estou — disse ele, lacrimejando. — Estou porque... voltamos a ser amigos. Voltamos a ser amigos — Naruto fungou —, né?

— Naruto! É claro, amor. É claro que sim. Sempre. — E então Gaara o abraçou. — Mas por que não me contou tudo isso antes?

Naruto aproveitou aquele abraço e se aninhou mais no seu colo. Eles estavam sentados na sua cama, no quarto, e Kushina estava lá embaixo preparando lasanha para eles enquanto Minato assistia TV. Assim que Gaara chegou, Minato o cumprimentou mas não fez questão de esconder que não era ele quem esperava receber num sábado à noite. E quando perguntou se "o Itachi não vem hoje com aquele seu namorado?", Naruto só puxou Gaara pelo pulso e fugiu com ele para o quarto.

— Não sei. Medo, principalmente. Ou orgulho. Achei... que pudesse resolver sozinho. Que estava tudo sob controle. Eu sempre soube que não sou um cara fácil; sei que dou trabalho. Só não... queria dar mais esse.

— Não seja bobo — falou Gaara, rindo de uma piada analógica que provavelmente só ele achou graça. — Amizade é como um emprego. Se você não me desse trabalho, eu estaria desempregado. Faz sentido?

Naruto riu, achando essa analogia uma idiotice. Mas ele havia sentido falta de analogias idiotas como aquela.

— Sim. Com certeza faz.

— Então, para que nenhum de nós seja demitido ou receba uma carta de demissão, vamos regulamentar as condições de trabalho, tá bem? A principal delas é: sem mentiras.

— Tudo bem. E o restante?

— Hum... O restante vamos vendo durante nossa carga horária. Que tal?

— Tudo bem.

— E você já apagou o vídeo?

— Já. E conferi o celular. — Naruto mostrou a Gaara. — Não achei mais nada.

— E apagou também o gif do Sasuke?

— Sim.

— E tem cópias?

— Não. Apaguei mesmo.

— E como sabe que eles não têm cópias?

— Pois é. Não sei. Vou ter que confiar neles. Assim como eles confiaram em mim.

— Não é a coisa mais esperta a se fazer. Você sabe.

— Eu nunca fui muito esperto mesmo.

— E vem falar isso logo pra mim? — disse Gaara, rindo; o que acabou provocando a risada de Naruto também. — Mas, embora eu não confie neles... confio em você. Ainda te amo.

Naruto ergueu o rosto nesse momento, encontrando o de Gaara sorrindo para ele. Aí sim Naruto começou a chorar.

— Eu também te amo, Gaara. Te amo muito — ele disse.

Lá debaixo, Kushina anunciou que a lasanha estava pronta.

•      •      •

Na segunda-feira, Naruto foi o primeiro a chegar na sala quando o sinal tocou, e fez questão de deixar o celular de Itachi na carteira em que ele geralmente sentava, ao fundo da sala.

Quando ele chegou, encarou o aparelho com um sorriso presunçoso no rosto. No fim das contas, já esperava que Naruto não teria culhões nem para isso; para encará-lo.

•      •      •

A galera do time nunca mais falou com Naruto; nem Sasuke e muito menos Itachi. Nem com ele, nem com Gaara. O que era um alívio. Um fato era que, desde aquele sábado, a amizade tanto de Gaara e Naruto quanto a fraternidade de Itachi e Sasuke se solidificaram ainda mais.

Mais forte do que os opostos se atraírem é o fato dos iguais se manterem.

— Quer namorar comigo? — Naruto disse uma vez a Gaara, enquanto esperavam sua condução cheg ar, no ponto de ônibus.

— O quê?

— Perguntei se quer namorar comigo.

— Tomamos banho juntos, eu limpo seu vômito quando tem indigestão e contamos e fazemos coisas um pelo outro que nem conseguimos citar agora. Isso já não é um namoro? Ou algo melhor do que um? Além disso, é o pior pedido de namoro que eu já vi — Gaara disse, achando muita graça.

— Isso é um "não"?

— Isso é um "olha lá, seu ônibus está vindo".

E estava vindo mesmo.

•      •      •

A formatura que eles sonharam não era exatamente aquilo: uns quatro a cinco familiares de cada aluno numa mesa em um enorme e abafado salão que desaguava num jardim e num púlpito. Era um dia quente, e não só quente, como também sem qualquer brisa, e o ar-condicionado do salão já não estava dando vazão. Por causa disso, a cerimônia foi bem mais rápida do que o planejado, porque ninguém merecia enfrentar aquele calor escaldante com roupas de gala como estavam.

O diretor falou aquelas palavras motivacionais de sempre sobre o futuro incerto daqueles jovens que ele queria fazer parecer que com certeza sabia das coisas maravilhosas que viriam a cada recém-formado aluno ali presente; depois veio a coordenadora a falar, e em seguida os representantes das turmas do terceiro ano, que disseram praticamente as mesmas palavras sem graça das pessoas que vieram antes deles. E então a entrega dos diplomas simbólicos.

Foi a primeira vez que Naruto viu Itachi, Sasuke e os pais deles juntos, como uma família. Foi a primeira vez que Itachi e Sasuke viam os pais desde bastante tempo também.

No fim, enquanto os pais tinham que ir a uma fila para assinar alguma coisa que Naruto não prestou atenção, Sasuke se aproximou dele e de Gaara. Eles estavam perto da saída, fofocando sobre o penteado ridículo da coordenadora, que praticamente derreteu de calor àquela altura.

— Oi — disse Sasuke. Mas nenhum dos dois lhe respondeu. — Eu só queria pedir desculpas a vocês dois. Por tudo. Vamos passar um tempo fora da cidade.

Como se eles estivessem ligando muito para isso,

— Você é tão hipócrita e baixo quanto seu irmão mesmo — Gaara logo cuspiu. Sasuke, com três frases e aquela cara sonsa dele, já havia conseguido estragar o seu fim de formatura. — Tenho nojo de vocês.

— Nunca quis que vocês se machucassem. Principalmente você, Gaara.

— Bem, nunca saberei se é verdade mesmo. O que eu sei é que você e seu irmão chantagearam o meu amigo e depois vocês...

— Gaara — interveio Naruto. — Tudo bem. Chega.

— Não tem problema ele falar — comentou Sasuke.

— O problema não é ele falar. Sou eu quem não quer mais ouvir nada sobre esse assunto.

— Mas e você? Quer dizer mais... alguma coisa? Entendo se estiver chateado ou...

— Chateado? — Naruto riu. — Isso não passa nem perto...

— Algum problema, Sas? — perguntou Itachi ao aproximar, serpenteando o braço por cima dos ombros de Sasuke. Gaara abaixou o olhar.

— Nenhum — respondeu Sasuke. — Nenhum problema.

— Legal, então. — Itachi olhou por cima dos ombros. — Vamos. A mãe e o pai estão chamando. Foi bom rever vocês, garotos — sorriu Itachi, puxando Sasuke consigo para longe dali. Naruto, que não havia desviado o olhar deles por um momento sequer, observou quando entraram no carro com os pais deles. E os quatro pareciam bem secos um com o outro.

E dali em diante, eles (Itachi, Sasuke e Naruto, Gaara) praticamente nunca mais voltaram a se cruzar nessa história.

— Meus pais — principiou Gaara — disseram que iam me levar no Burguer King depois daqui. Pediram pra chamar você também. Quer vir?

— Tenho que ver com os meus pais.

— Eu peço pra eles. Se deixarem, você vem?

Naruto sorriu.

— Sempre — respondeu.

Porque o amor — aquele que inventamos e que nos ajudam a inventar — às vezes é mesmo nada mais que um transtorno, um inchaço, ou então a própria dor, a fadiga, quando não a própria doença. Mas também é a cura, ou então aquele analgésico esquecido na maleta de remédios, que na verdade pode ser apenas um placebo em forma líquida, de pílula ou por injeção. E, bem, tudo o que vier daí, dessa enfermidade-cura a qual todos estão sujeitos, seja provocada por algo externo ou simplesmente sentida de dentro do corpo com fervor... é apenas o seu efeito colateral.

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